Considere estas orações: I. Os avaliadores não estão imunes...
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Ano: 2024
Banca:
FUMARC
Órgão:
Prefeitura de Betim - MG
Provas:
FUMARC - 2024 - Prefeitura de Betim - MG - Assistente Social
|
FUMARC - 2024 - Prefeitura de Betim - MG - Enfermeiro 24h/40h |
FUMARC - 2024 - Prefeitura de Betim - MG - Psicólogo |
FUMARC - 2024 - Prefeitura de Betim - MG - Fonoaudiólogo |
FUMARC - 2024 - Prefeitura de Betim - MG - Nutricionista |
FUMARC - 2024 - Prefeitura de Betim - MG - Analista de Gestão da Saúde |
FUMARC - 2024 - Prefeitura de Betim - MG - Farmacêutico |
FUMARC - 2024 - Prefeitura de Betim - MG - Fisioterapeuta |
FUMARC - 2024 - Prefeitura de Betim - MG - Educador Físico da Saúde |
FUMARC - 2024 - Prefeitura de Betim - MG - Cirurgião Dentista - PSF |
FUMARC - 2024 - Prefeitura de Betim - MG - Contador da Saúde - 20h |
FUMARC - 2024 - Prefeitura de Betim - MG - Terapeuta Ocupacional |
Q2499819
Português
Texto associado
INSTRUÇÃO: A questão refere-se ao texto seguinte.
Se a ciência é feita por humanos e eles falham, como confiar nela?
Em agosto de 2021, a Agência Federal de Saúde dos Estados Unidos, a
FDA (Food and Drug Administration), postou um tuíte inusitado, mesclando humor
e desespero: “Você não é um cavalo. Você não é uma vaca. Sério, pessoal. Parem
com isso”. O tuíte trazia o link para uma página da FDA explicando por que não se
devia usar ivermectina para o tratamento da COVID-19.
A razão do apelo era simples: muita gente estava tomando o medicamento
de uso veterinário, mesmo com as dezenas de alertas sobre efeitos colaterais em
humanos e falta de eficácia comprovada. Verdadeira febre em diversos países, a
corrida por esse remédio começou a partir de estudos cheios de vieses e erros
metodológicos, tendo sido agravada pelo modo como a ciência é transmitida para
a sociedade.
O caso da ivermectina é apenas um exemplo da pandemia de desinformação que confunde as pessoas e desafia a credibilidade da ciência. O modo como
o processo científico opera não costuma ser ensinado nas escolas nem divulgado
amplamente nas mídias. Longe da visão clássica do cientista fazendo uma única
descoberta que mudará o mundo, os pesquisadores trabalham em equipes que
desenvolvem hipóteses, e essas hipóteses são testadas em experimentos que não
raro chegam a resultados contraditórios.
Muitas vezes, só a repetição dos experimentos em contextos diferentes
ajuda a formar um consenso científico sobre determinado tema. Além disso, se a hipótese não for corretamente formulada, se os experimentos não forem bem conduzidos, e se as análises forem enviesadas, teremos resultados que não refletem
a realidade. Infelizmente, parte da produção científica se constitui de artigos desenvolvidos nesses moldes, o que só aumenta a confusão.
Cientistas são seres humanos passíveis de cometer erros – algo que é
compreendido e analisado no processo científico. E é justamente por isso que resultados submetidos a revistas científicas são primeiramente avaliados por outros
cientistas da área. Isso não impede a ocorrência de erros, já que os avaliadores
também não são imunes a eles, mas pode funcionar como uma peneira, em maior
ou menor grau.
E aí entra outro complicador: existem revistas científicas que não são motivadas pela qualidade e impacto dos achados, mas pelos lucros financeiros, com
pouco ou nenhum escrutínio dos resultados – é a chamada revista predatória. Pesquisadores podem acabar escrevendo para essas revistas por desconhecimento
ou de forma proposital, já que as métricas tradicionais de desempenho acadêmico
levam em conta a produtividade: quanto mais artigos publicados, mais chances de
evolução na carreira.
Se a avalição do grau de confiabilidade de artigos e revistas científicas já
é uma tarefa difícil mesmo para equipes de cientistas íntegros e bem treinados,
como garantir que pessoas alheias ao ambiente acadêmico consigam diferenciar
artigos bons e ruins? E mais: como garantir que uma questão complexa ou uma
decisão de saúde pública não se fundamente em apenas um único artigo?
Enquanto a ciência é dinâmica e movida pela contestação, as pessoas
querem respostas rápidas e simples para perguntas complicadas: ovo faz bem ou
faz mal? Qual o melhor remédio para COVID-19? É fácil encontrar respostas pontuais em meio aos milhares de artigos científicos publicados todos os anos, mas o
que de fato importa é chegar às explicações mais adequadas com base na análise
das melhores evidências disponíveis.
Não é incomum, porém, que se use a ciência para reforçar um ou outro
lado de interesse. É o que chamamos de cherry picking, uma alusão ao ato de
colher as cerejas maiores e mais vermelhas, na tentativa de afirmar que todas as
cerejas existentes são assim.
Mostrar apenas as pesquisas que nos interessam e descaracterizar estudos promove pseudociências e fortalece o negacionismo e determinadas agendas
políticas, confundindo ainda mais a população. O uso distorcido de evidências interfere em tomadas de decisões governamentais e põe em risco o bem-estar mundial, uma vez que constitui uma ameaça à saúde pública.
A ciência é a mais eficiente estratégia humana para conhecer o mundo e
deve seguir projetando confiança, mesmo reconhecendo que opera num certo grau de incerteza e com inúmeros desafios. Tornar as nuances acadêmicas cada vez
mais conhecidas da sociedade ajudará a entender que conclusões definitivas não
são simples e que, muito além do apego a um artigo de forma isolada, o apoio e a
confiança nos processos científicos nos ajudarão a chegar às melhores respostas
e soluções para a humanidade.
(SOLETTI, Rossana. Se a ciência é feita por humanos e eles falham, como confiar nela? Folha de S. Paulo, São Paulo, 29 jun. 2023. Blog Ciência Fundamental.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/blogs/ciencia-fundamental/2023/06/se-a-ciencia-e-feita-por-humanos-e-eles-falham-como-confiarnela.shtml).
Considere estas orações:
I. Os avaliadores não estão imunes a equívocos. II. Os trabalhos científicos são submetidos a uma revista. III. Os avaliadores não são capazes de apontar todos os erros. IV. Os cientistas são seres humanos passíveis de cometer erros. V. Os trabalhos científicos são avaliados por cientistas da área.
Assinale a alternativa em que essas orações se articulam num período cuja redação é clara, correta e coesa.
I. Os avaliadores não estão imunes a equívocos. II. Os trabalhos científicos são submetidos a uma revista. III. Os avaliadores não são capazes de apontar todos os erros. IV. Os cientistas são seres humanos passíveis de cometer erros. V. Os trabalhos científicos são avaliados por cientistas da área.
Assinale a alternativa em que essas orações se articulam num período cuja redação é clara, correta e coesa.