[...] a Reforma significou não tanto a eliminação da dominaç...

Próximas questões
Com base no mesmo assunto
Q2115201 Sociologia
[...] a Reforma significou não tanto a eliminação da dominação eclesiástica sobre a vida de modo geral, quanto à substituição de sua forma vigente por outra. E substituição de uma dominação extremamente cômoda que, na época, mal se fazia sentir na prática, quase só formal muitas vezes, por uma regulamentação levada a sério e infinitamente incômoda da conduta de vida como um todo, que penetrava todas as esferas da vida doméstica e pública até os limites do concebível. 
(WEBER, 2004, p. 30.)

Max Weber realizou estudos pioneiros e elaborou importantes teorias da sociologia econômica e da sociologia das religiões. Em seus estudos concluiu que:
Alternativas

Gabarito comentado

Confira o gabarito comentado por um dos nossos professores

Vamos entender como responder corretamente a essa questão, que envolve as teorias de Max Weber, um dos pilares da Sociologia.

A alternativa correta é a D:

"A explicação religiosa da vocação foi de extrema importância para justificar as divisões do trabalho capitalista, pois tais divisões não poderiam ser injustas, pois cada indivíduo tinha a função que Deus havia lhe destinado."

Max Weber, em seus estudos sobre a sociologia das religiões e a sociologia econômica, demonstrou como a ética protestante influenciou o desenvolvimento do capitalismo. Segundo Weber, a noção de vocação no protestantismo, especialmente no calvinismo, conferia um sentido religioso ao trabalho e à vida econômica. Acreditava-se que o sucesso material era um sinal da graça divina, o que incentivava um comportamento disciplinado e racional no trabalho, contribuindo para o desenvolvimento do capitalismo.

Justificativas para as alternativas incorretas:

A: "A indisciplina, a corrupção e a promiscuidade das Igrejas durante o século XVI fizeram com que os fiéis repudiassem qualquer relação entre fé e atitudes relacionadas ao cotidiano."

Essa alternativa está incorreta porque Max Weber não argumenta que os fiéis repudiassem a relação entre fé e cotidiano. Pelo contrário, ele mostra como a ética protestante integrou profundamente a fé às práticas diárias, especialmente em termos de trabalho e comportamento econômico.

B: "O capitalismo seria fruto de determinada característica do desenvolvimento humano que só os que alcançassem a fé teriam; o que geraria a organização ou não da vida em sociedade."

Embora Weber relacione o desenvolvimento do capitalismo com a ética protestante, ele não afirma que o capitalismo é fruto de uma característica exclusiva dos que alcançam a fé. Ele argumenta que a ética protestante criou condições favoráveis ao desenvolvimento do capitalismo, mas não que a fé seja uma condição necessária ou exclusiva para isso.

C: "Os processos sociais poderiam ser explicados apenas pelo fator econômico. As crenças, os valores e as ideias individuais e sociais seriam elementos complementares e decorrentes especificamente desse fator."

Essa alternativa está incorreta porque Max Weber enfatiza justamente o contrário: ele argumenta que os processos sociais não podem ser explicados apenas pelo fator econômico. Ele destaca a importância das crenças, valores e ideias, especialmente a ética protestante, como fatores fundamentais para o desenvolvimento do capitalismo.

Espero que esta explicação tenha ajudado a compreender melhor as teorias de Max Weber e como elas se aplicam a esta questão. Se tiver mais dúvidas, estou à disposição para ajudar!

Clique para visualizar este gabarito

Visualize o gabarito desta questão clicando no botão abaixo

Comentários

Veja os comentários dos nossos alunos

Correta: A explicação religiosa da vocação foi de extrema importância para justificar as divisões do trabalho capitalista, pois tais divisões não poderiam ser injustas, pois cada indivíduo tinha a função que Deus havia lhe destinado.

“... a peculiaridade desta filosofia da avareza parece ser o ideal de um homem honesto, de crédito reconhecido, e, acima de tudo, a ideia do dever de um indivíduo com relação ao aumento de seu capital, que é tomado como um fim em si mesmo. Na verdade, o que é aqui pregado não é uma simples técnica de vida, mas sim uma ética peculiar, cuja infração não é tratada como uma tolice, mas como um esquecimento do dever.

O trecho citado se refere as discussões realizadas por Max Weber no livro A ética protestante e o espírito do capitalismo. Para o autor a ética protestante é uma ação social voltada para uma outra ação social, o espírito do capitalismo (gerar lucro). Com essa relação entre as duas ações é que há a discussão de Weber acerca do desenvolvimento do capitalismo em países que tinham o protestantismo como religião. Nesse sentido, para o autor a ética protestante, como ethos de vida, era a base ascétia que fazia com que o capitalismo se desenvolvesse, pois a ascesse protestante dizia que para saber se voce está salvo era preciso trabalhar cada vez mais e investir os lucros do trabalho.

D

Claude

D. A explicação religiosa da vocação foi de extrema importância para justificar as divisões do trabalho capitalista, pois tais divisões não poderiam ser injustas, pois cada indivíduo tinha a função que Deus havia lhe destinado.

Essa alternativa expressa corretamente uma das conclusões de Max Weber em sua análise da relação entre a ética protestante e o "espírito" do capitalismo.

Weber argumentou que a doutrina calvinista da predestinação e da vocação profissional contribuiu para legitimar e reforçar valores e comportamentos coerentes com o capitalismo emergente, como a dedicação metódica ao trabalho, a austeridade, a poupança, a racionalização das atividades.

Ao considerarem sua vocação profissional como um chamado divino, os protestantes ascéticos acabavam por aceitar e justificar as próprias desigualdades sociais e divisões do trabalho capitalista como desígnios de Deus.

As outras alternativas estão incorretas em relação às ideias de Weber:

A) Weber não via a Reforma nesse sentido de ruptura total com as religiões, mas uma mudança de forma na dominação religiosa.

B) Weber não atribuía o capitalismo a uma característica inata do desenvolvimento humano ligada à fé.

C) Weber criticava justamente as abordagens que explicavam os fenômenos sociais apenas por fatores econômicos, enfatizando a importância de elementos culturais e religiosos.

explique mais detalhadamente a letra B (pq eu errei...)

Certo, vamos explicar com mais detalhes porque a alternativa B está incorreta em relação às ideias de Max Weber:

B) O capitalismo seria fruto de determinada característica do desenvolvimento humano que só os que alcançassem a fé teriam; o que geraria a organização ou não da vida em sociedade.

Weber não via o surgimento do capitalismo como fruto de alguma característica inata ou determinada pelo desenvolvimento humano atingido através da fé religiosa. Sua análise era muito mais sociológica e histórica.

Para Weber, o capitalismo moderno não surgiu de uma suposta "vocação" humana natural conectada à fé, mas sim de um complexo processo social e cultural, especialmente relacionado à ética protestante.

Mais especificamente, Weber argumentou que alguns valores e práticas presentes nas doutrinas protestantes ascéticas (calvinismo, puritanismo, pietismo, etc), como a noção de vocação profissional, a valorização do trabalho duro e metódico, a vida regrada e austera, acabaram por ser coerentes e reforçar um ethos capitalista emergente.

Porém, Weber não reduzia o capitalismo a um simples desdobramento da fé protestante. Havia outros fatores cruciais como o racionalismo, o direito racional, a ciência experimental, a separação das esferas (econômica, política, religiosa), etc.

Então, contrariamente à alternativa B, Weber não enxergava o capitalismo como resultado de alguma vocação humana intrínseca à fé religiosa, mas sim de constelações históricas e culturais específicas que possibilitaram seu surgimento na Europa Ocidental moderna.

Clique para visualizar este comentário

Visualize os comentários desta questão clicando no botão abaixo