Em determinado momento do texto, o autor questiona: “Qual o...
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Com base no mesmo assunto
Ano: 2025
Banca:
Instituto Fênix
Órgão:
Prefeitura de Agrolândia - SC
Provas:
Instituto Fênix - 2025 - Prefeitura de Agrolândia - SC - Assistente Social
|
Instituto Fênix - 2025 - Prefeitura de Agrolândia - SC - Engenheiro Agrônomo |
Instituto Fênix - 2025 - Prefeitura de Agrolândia - SC - Fiscal Ambiental |
Instituto Fênix - 2025 - Prefeitura de Agrolândia - SC - Assistente Social Educacional |
Instituto Fênix - 2025 - Prefeitura de Agrolândia - SC - Diretor do CECA |
Instituto Fênix - 2025 - Prefeitura de Agrolândia - SC - Farmacêutico |
Instituto Fênix - 2025 - Prefeitura de Agrolândia - SC - Fiscal Superior de Obras e Posturas |
Instituto Fênix - 2025 - Prefeitura de Agrolândia - SC - Fonoaudiólogo |
Instituto Fênix - 2025 - Prefeitura de Agrolândia - SC - Psicólogo da Família |
Instituto Fênix - 2025 - Prefeitura de Agrolândia - SC - Turismólogo |
Q3195059
Português
Texto associado
TEXTO PARA A QUESTÃO.
Escolhendo times na escola
Se eu pudesse voltar atrás, não participaria dos jogos da
exclusão, dos jogos da rejeição da minha infância.
Teria boicotado, feito greve, discursado contra.
Há dores que demoram para doer. A consciência social nem
sempre é pontual, nem sempre está desperta desde cedo.
Eu não previa os efeitos danosos para tantos outros meninos
como eu.
Uma vez que eu não arcava com o preconceito, não entendia
a sua influência perniciosa, o seu papel desagregador, o seu
exemplo antieducacional.
Nas aulas de educação física, o professor indicava dois
colegas para escolher os times. Cada um desfrutava do direito de
chamar, alternadamente, integrantes para sua equipe.
Eu sempre fui boleiro, e terminava sendo um dos primeiros
recrutados. Não penava como alvo da perseguição. Dispunha da
confiança imediata dos meus semelhantes, então me calava.
Depois que os melhores eram convocados, numa disputa de
preferência por quem havia mostrado habilidade nas peladas do
recreio, acontecia um bizarro concurso para evitar os piores no
próprio time.
Os capitães se digladiavam para não contar com os “pernas
de pau” em sua formação. Xingavam publicamente os que
sobravam no final da seletiva.
Disparavam desaforos para crianças indefesas que estavam
ali justamente para aprender futebol. Crianças que não tinham
nenhuma obrigação de conhecer os fundamentos do esporte.
— Pode ficar, jogamos com um a menos.
— Ele não, é muito ruim.
— Nem colocando de goleiro.
— Ele não presta nem como poste.
Qual o propósito da escola senão dar chance para quem
nunca entrou em campo? Mas vivemos num país segregador,
pulando etapas, em que é difícil ensinar o básico. Parece que
todo mundo deve nascer sabendo.
Assim muitos jovens perderam a vontade de comparecer a
interações coletivas, postos de lado já nos ensaios e treinos da
vida.
Eu queria pedir desculpa retroativa a todos que foram
zombados nas peneiras estudantis, apelidados de “perebas” ou
de “babas”, ofendidos pela sua aparência, num bullying perigoso
sobre obesidade e demais características físicas.
A todos que não receberam uma mísera oportunidade, um
único incentivo, a proteção do acolhimento, o cuidado para se
entrosar pouco a pouco, sem a hierarquia sumária de valor, sem
o julgamento prévio.
Lamento a minha passividade. Tão obcecado no meu
desempenho, focado no meu individualismo, egoísta nos dribles,
feliz com a fragilidade do adversário, eu não via na época o
quanto eles sofriam com qualquer erro, qualquer passe torto,
qualquer tiro a gol longe da meta, defenestrados por
antecipação. Atuavam sob o signo do pânico e da opressão, para
confirmar expectativas e agouros. Não se encontravam
relaxados ou motivados. Experimentavam um terrorismo
psicológico desmedido. Não usufruíam de paz para tentar, falhar,
retomar, condenados a provar o engano nos primeiros minutos
de bola rolando. A indisposição reforçava os estereótipos, os
rótulos, os recalques.
Já começávamos a aula derrotados moralmente.
Autor: Fabrício Carpinejar - GZH (adaptado)
Em determinado momento do texto, o autor questiona:
“Qual o propósito da escola senão dar chance para quem nunca
entrou em campo?” Com essa indagação, Carpinejar está
evidenciando uma crítica relacionada ao ambiente escolar. O
que o autor pretende destacar com essa reflexão?