A imagem acima reproduz um cartaz do movimento feminista fr...

A questão apresentada se relaciona ao debate sobre o uso do véu e suas implicações sociais e culturais no contexto do feminismo e dos direitos das mulheres. O cartaz do movimento feminista francês NPNS (Ni Putes Ni Soumises) destaca a questão do véu como um símbolo de opressão, enfatizando a ideia de que ele serve como um instrumento de controle patriarcal sobre as mulheres. O uso do véu, particularmente em países ocidentais como a França, tem sido objeto de intensos debates, principalmente em torno da liberdade individual versus a imposição de normas culturais e religiosas. Neste contexto, o movimento feminista denuncia que o uso obrigatório do véu reflete valores patriarcais e reforça a submissão feminina.

A questão do véu remete a políticas de secularismo e laicidade do Estado francês, onde o debate sobre a neutralidade religiosa no espaço público ganhou força, especialmente com a Lei de 2004, que proibiu o uso de símbolos religiosos ostensivos nas escolas públicas. Essa legislação foi interpretada por muitos como uma forma de assegurar os princípios republicanos, mas também gerou críticas, especialmente de comunidades muçulmanas, que viram a medida como um ataque à sua identidade cultural. A partir desse cenário, os movimentos sociais feministas como o NPNS se posicionaram contra o uso obrigatório do véu, argumentando que ele representa a submissão das mulheres aos ditames de uma sociedade patriarcal.

O debate sobre o véu reflete a tensão entre a preservação da identidade cultural e a luta por direitos universais. Em países ocidentais, a discussão muitas vezes gira em torno do conflito entre os direitos humanos e as práticas culturais/religiosas. Em termos econômicos, a questão do véu também se conecta com as políticas de imigração e integração em países da União Europeia, onde populações de origem imigrante, em sua maioria de países islâmicos, enfrentam desafios na adaptação às normas sociais e econômicas vigentes. Estudos mostram que mulheres que usam o véu podem enfrentar discriminação no mercado de trabalho, exacerbando desigualdades de classe e gênero.

I. A afirmativa está correta. O movimento feminista francês NPNS identifica o uso obrigatório do véu como uma manifestação clara de valores patriarcais e sexistas. Para o movimento, o véu é entendido como um símbolo de controle e submissão das mulheres em sociedades onde o patriarcado ainda é predominante. O movimento critica a imposição do véu sobre as mulheres e questiona as estruturas de poder que mantêm essa prática, ressaltando que, em uma sociedade igualitária, os homens não usam o véu como símbolo de opressão.

II. A afirmativa está incorreta. O movimento não defende o uso do véu como um símbolo identitário da tradição muçulmana. Pelo contrário, o NPNS considera que a prática do véu reflete a dominação masculina e uma forma de alienação das mulheres. Ainda que o véu seja, de fato, uma tradição em muitas culturas muçulmanas, o movimento feminista questiona a obrigatoriedade do seu uso e a forma como ele é imposto às mulheres, argumentando que isso nega a elas o direito de escolha e reforça as desigualdades de gênero.

III. A afirmativa está incorreta. O movimento não vê o uso do véu como uma expressão de liberdade religiosa garantida pelo Estado francês. Pelo contrário, o NPNS argumenta que o véu é um símbolo de opressão e alienação. A liberdade religiosa, embora garantida pelo Estado laico francês, entra em conflito com as práticas que o movimento feminista interpreta como nocivas à emancipação feminina. O Estado francês, por meio de sua política de laicidade, busca equilibrar essas questões, mas o NPNS vê a imposição do véu como algo contrário aos princípios de igualdade e justiça para as mulheres.

Resposta: A 

Gabarito do Professor: A 

Referências: 

MARCOS, Sylvia. Feminismos e islamismos: novas epistemologias e práxis no sul global. Revista Brasileira de Política Internacional, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbpi/a/jwNJTSnsdqCQsKZhNtFLFsL/?lang=pt. Acesso em: 06 set. 2024.

TAYLOR, Charles. A Era Secular. São Paulo: Unesp, 2010.

FERNANDES, Florestan. Patriarcado, Capitalismo e Colonização. São Paulo: Cortez, 2007.