Compartilhando mentiras De vez em quando, nas redes sociais,...
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Compartilhando mentiras
De vez em quando, nas redes sociais, a gente se pega compartilhando notícias falsas, fotos modificadas, boatos de todo tipo. Hoje mesmo eu estava compartilhando uma notícia que me espantou: na China havia sido descoberto um operário que estava soterrado numa mina há quase 20 anos, depois de ser dado como morto. Quando eu estava pronto para passar a notícia adiante, veio o desmentido: era notícia criada por um desses websites de “jornalismo ficcional” (se o termo não existe, fica inventado agora).
Quando vemos uma coisa espantosa, inacreditável, edificante, animadora, queremos compartilhar aquilo para faturar uma porcentagenzinha da glória da descoberta. Quando algo nos revolta, nos causa indignação, queremos compartilhar para ver se contribuímos para acabar com aquela pouca vergonha, combater aquela injustiça etc. E mesmo que tudo continue como está, pelo menos mostramos a todos que somos gente boa. E a vida segue.
O problema é quando a matéria é falsa. E, pior ainda, se é uma matéria falsa que não foi criada por motivos humorísticos ou literários (sim, considero o “jornalismo ficcional” uma interessante forma de literatura), mas para prejudicar a imagem de algum partido ou de algum político, não importa de que posição ou tendência. Inventa‐se uma arbitrariedade ou falcatrua, joga‐se nas redes sociais e aguarda‐se o resultado.
Neste caso, a multiplicação da notícia falsa (que está sempre sujeita a ser denunciada juridicamente como injúria, calúnia ou difamação) se dá em várias direções. Tem a pessoa que se horroriza com o “fato” noticiado e quer que todo mundo tome consciência daquilo; é a turma “Acorda, Brasil!”. Tem a pessoa que, quando percebe que comeu gato por lebre, vai lá rapidinho e retira a postagem, mas geralmente o estrago já foi feito, a mentira foi passada adiante. Tem pessoa que acaba sabendo que a história era falsa, mas, como desejaria que fosse verdadeira (porque é politicamente contra o partido ou a pessoa envolvida) “se faz de doida” e deixa a postagem rendendo compartilhamentos até não poder mais, quando vai lá, se corrige e pede uma desculpazinha esfarrapada.
Antes de curtir, comentar ou compartilhar procuro checar as fontes, ir nos links originais. E se for um vírus? Bem, procuro nunca ser o primeiro. Inúmeras vezes evitei clicar num link com algo interessante e, duas horas depois, vi as denúncias pipocando: “Peguei um vírus!”. É como em guerra de videogame: a melhor maneira de saber se um terreno está minado é deixar que os outros vão na frente. Para que pressa?
(Braulio Tavares. Carta Fundamental, setembro de 2014. Adaptado.)
Em “Quando vemos uma coisa espantosa, inacreditável, edificante, animadora, queremos compartilhar aquilo para faturar uma porcentagenzinha da glória da descoberta.” (2º§), a expressão destacada denota uma ideia de:
De vez em quando, nas redes sociais, a gente se pega compartilhando notícias falsas, fotos modificadas, boatos de todo tipo. Hoje mesmo eu estava compartilhando uma notícia que me espantou: na China havia sido descoberto um operário que estava soterrado numa mina há quase 20 anos, depois de ser dado como morto. Quando eu estava pronto para passar a notícia adiante, veio o desmentido: era notícia criada por um desses websites de “jornalismo ficcional” (se o termo não existe, fica inventado agora).
Quando vemos uma coisa espantosa, inacreditável, edificante, animadora, queremos compartilhar aquilo para faturar uma porcentagenzinha da glória da descoberta. Quando algo nos revolta, nos causa indignação, queremos compartilhar para ver se contribuímos para acabar com aquela pouca vergonha, combater aquela injustiça etc. E mesmo que tudo continue como está, pelo menos mostramos a todos que somos gente boa. E a vida segue.
O problema é quando a matéria é falsa. E, pior ainda, se é uma matéria falsa que não foi criada por motivos humorísticos ou literários (sim, considero o “jornalismo ficcional” uma interessante forma de literatura), mas para prejudicar a imagem de algum partido ou de algum político, não importa de que posição ou tendência. Inventa‐se uma arbitrariedade ou falcatrua, joga‐se nas redes sociais e aguarda‐se o resultado.
Neste caso, a multiplicação da notícia falsa (que está sempre sujeita a ser denunciada juridicamente como injúria, calúnia ou difamação) se dá em várias direções. Tem a pessoa que se horroriza com o “fato” noticiado e quer que todo mundo tome consciência daquilo; é a turma “Acorda, Brasil!”. Tem a pessoa que, quando percebe que comeu gato por lebre, vai lá rapidinho e retira a postagem, mas geralmente o estrago já foi feito, a mentira foi passada adiante. Tem pessoa que acaba sabendo que a história era falsa, mas, como desejaria que fosse verdadeira (porque é politicamente contra o partido ou a pessoa envolvida) “se faz de doida” e deixa a postagem rendendo compartilhamentos até não poder mais, quando vai lá, se corrige e pede uma desculpazinha esfarrapada.
Antes de curtir, comentar ou compartilhar procuro checar as fontes, ir nos links originais. E se for um vírus? Bem, procuro nunca ser o primeiro. Inúmeras vezes evitei clicar num link com algo interessante e, duas horas depois, vi as denúncias pipocando: “Peguei um vírus!”. É como em guerra de videogame: a melhor maneira de saber se um terreno está minado é deixar que os outros vão na frente. Para que pressa?
(Braulio Tavares. Carta Fundamental, setembro de 2014. Adaptado.)
Em “Quando vemos uma coisa espantosa, inacreditável, edificante, animadora, queremos compartilhar aquilo para faturar uma porcentagenzinha da glória da descoberta.” (2º§), a expressão destacada denota uma ideia de: