Há uma ocorrência de voz passiva, bem como adequada articula...
Parcerias
Tom Jobim e Vinicius de Moraes constituíram, sem dúvida, uma das grandes parcerias da nossa música. Na verdade, a parceria ia além da arte do compositor e do poeta que se juntaram nas mesmas canções: era a parceria de amorosa amizade, de inabalável companheirismo. A música é uma linguagem sem palavras, e as palavras têm em si mesmas uma música própria. Mas sempre há a possibilidade de que a música fale com as palavras que a cantam, e de que as palavras cantem o que a música diz - é o que ocorre numa canção. No caso de Tom e Vinicius, a excelência da composição musical uniu-se à excelência do texto poético - e deu nas maravilhas que conhecemos.
Penso em que outras atividades pode haver parcerias igualmente felizes. Penso em Lucio Costa e Niemeyer, engenharia e arquitetura construindo uma cidade pelas mãos fortes de uma multidão de parceiros operários entregues à tarefa comum de plantar edifícios no campo aberto. Penso, sim, na parceria artilheira de Pelé e Coutinho no mítico Santos dos anos 50 e 60. Penso nos parceiros de mutirão, que se unem para plantar, colher, ou levantar as paredes e cobrir o telhado de uma nova casa. Penso na parceria de um professor e de um aluno, quando os une o mesmo interesse por uma investigação em comum.
As boas parcerias não nascem da insuficiência pessoal de cada um dos parceiros; nascem como uma aspiração deles a que a junção de talentos multiplique o sucesso dos resultados. Em vez de competição, associação de esforços; em vez de rivalidade, encontro de competências. Seja em que campo se der, a boa parceria é a que se faz para servir melhor a mais alguém. É esse, me parece, o sentido que deve ganhar o movimento que acaba por unir os melhores parceiros.
(Valdemar Gasparetto, inédito)