Os excertos a seguir pertencem ao texto A máfia e os filmes,...
Os excertos a seguir pertencem ao texto A máfia e os filmes, que faz parte do Capítulo 2 – Cosa Nostra – A Máfia Americana do livro A História do Crime Organizado (2014, Editora Escala), escrito por David Southwell.
Analise-os a seguir:
I. O Poderoso Chefão e sua primeira sequência O Poderoso Chefão – Parte II, em 1974, desencadeou uma enxurrada de filmes sobre a máfia. Dois dos melhores deles – Cassino (1995) e Os Bons Companheiros (1990) – foram baseados em livros de Nicholas Pileggi. Se o filme Os Bons Companheiros carece do glamour de O Poderoso Chefão, retrata, no entanto, a história da vida real de Henry Hill, com alto grau de precisão. Captou perfeitamente a traição, a politicagem, a ganância, a violência casual e o tédio da vida nos escalões inferiores da máfia. Na década de 1990, a máfia era ainda apropriada como assunto para a televisão. O drama de sucesso The Sopranos mostrava a vida de trabalho e a domiciliar do confiável capo de New Jersey, Tony Soprano.
II. O cinema e mais recentemente a televisão traçaram e moldaram a compreensão do público americano da máfia como a força dominante no crime organizado dos EUA. A Cosa Nostra sempre tem sido retratada com mais simpatia que outros grupos do crime organizado (basta comparar a Cosa Nostra de Al Pacino em filmes com seu papel como chefe da máfia cubana na versão 1983 de Scarface). Este não é o resultado de uma conspiração da mídia; simplesmente reflete a complexa relação de amor e ódio da América para com a máfia.
III. O amor entre Hollywood e a máfia começou na década de 1920. Sempre foi um caso de amor nos dois sentidos. Até mesmo os primeiros gângsteres da Lei Seca apreciavam o que percebiam como glamour refletido ao verem seus crimes retratados nas telas. Alguns dos primeiros filmes mudos que retratavam os marginais chegaram a estrelar um ex-gângster real – Joe Brown – que tirava proveito de sua amizade com Al Capone.
IV. Em uma época em que até mesmo o chefe do FBI negava a existência de qualquer organização chamada máfia, não era surpresa que os filmes nunca tocassem realmente nas origens e na verdadeira natureza da Cosa Nostra. Tudo isso mudou em 1972, com o lançamento de O Poderoso Chefão, baseado no romance de mesmo nome, best-seller de Mario Puzo. Depois das denúncias que a máfia havia sofrido desde a década de 1950, começando com as audiências Kefauver e o fiasco de Apalachin, um retrato mais verdadeiro representando a marginalidade estava em atraso. A Liga ítalo-americana dos Direitos Civis do chefe mafioso Joe Colombo, contudo, fez tanta pressão sobre a Paramount Pictures, antes do lançamento de O Poderoso Chefão, que a Paramount concordou em retirar do filme qualquer uso dos termos máfia e Cosa Nostra.
V. Baseado livremente na vida real de muitas personalidades da Cosa Nostra e em acontecimentos, O Poderoso Chefão foi um enorme sucesso, principalmente nos meios da máfia. Detetives disfarçados relataram que mafiosos viam o filme para obter inspiração e instruções sobre como deveriam se comportar. Enquanto atacado por alguns como um intenso exercício para criar uma mitologia positiva para a máfia, o chefe Joe Bonanno afirmou que o motivo real de o filme ter sido um sucesso foi porque “Tem a ver com o orgulho da família e a honra pessoal. Retratou as pessoas com um forte senso de parentesco que sobrevive em um mundo cruel”.
VI. Ao longo da década de 1930, centenas de filmes sobre gângsteres e a crescente onda do crime organizado foram produzidos pelos principais estúdios, muitas vezes tornando seus atores estrelas celebérrimas, como Edward G. Robinson. Muitos cineastas, contudo, se frustravam por terem de mostrar os mafiosos como anti-heróis. O Código de Produção Cinematográfica chegou a exigir que o fim de Scarface fosse alterado e que o filme tivesse como subtítulo Vergonha da nação.
VII. Se os filmes são a verdadeira jugular cultural da América, então muito do sangue que é bombeado através dela vem dos crimes da Cosa Nostra. Hollywood tem desfrutado de um longo e rentável caso de amor com a máfia por duas razões. Primeiro, o crime organizado da Cosa Nostra está tão profundamente enraizado nos últimos 100 anos da história americana que seria difícil ignorá-lo e ainda reflete com precisão a vida nos EUA. Em segundo lugar, e mais importante para os estúdios, as pessoas têm um fascínio eterno com o submundo, e isso significa que filmes da máfia dão dinheiro.
VIII. Brown não foi o último membro do crime organizado a ser seduzido pela ideia de tornar-se parte da própria Hollywood. Bandido por pouco tempo, George Raft tornou-se ator, estrelando não somente em grandes sucessos de Hollywood que retratavam gângsteres, como Scarface em 1932, mas também continuando a manter estreita amizade com vários mafiosos. No início dos anos 1940, até conseguiu que seu bom amigo “Bugsy” Siegel fizesse alguns testes de atuação em filmes.
A sequência adequada para o texto, conservando a coerência e a coesão textuais, é: