Considerando-se o texto, analisar os itens abaixo:I. Em “que...
Da calma e do silêncio
Quando eu morder
a palavra,
por favor,
não me apressem,
quero mascar,
rasgar entre os dentes,
a pele, os ossos, o tutano
do verbo,
para assim versejar
o âmago das coisas.
Quando meu olhar
se perder no nada,
por favor,
não me despertem,
quero reter,
no adentro da íris,
a menor sombra,
do ínfimo movimento.
Quando meus pés
abrandarem na marcha,
por favor,
não me forcem.
Caminhar para quê?
Deixem-me quedar,
deixem-me quieta,
na aparente inércia.
Nem todo viandante
anda estradas,
há mundos submersos,
que só o silêncio
da poesia penetra.
(Fonte: Conceição Evaristo — adaptado.)
Considerando-se o texto, analisar os itens abaixo:
I. Em “quero mascar,/rasgar entre os dentes,/a pele, os ossos, o tutano/do verbo”, a autora recorre à comparação da palavra ao corpo de um animal ou de um ser humano, atribuindo um caráter visceral e orgânico ao fazer poético.
II. O título “Da calma e do silêncio” faz alusão aos aspectos
necessários para a produção poética, bem como à
contemplação da escrita.
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I. Em “quero mascar,/rasgar entre os dentes,/a pele, os ossos, o tutano/do verbo”, a autora recorre à comparação da palavra ao corpo de um animal ou de um ser humano, atribuindo um caráter visceral e orgânico ao fazer poético.
- Esse fragmento anteriormente mencionado retoma a expressão "a palavra" - o que indica que a autora se referia a digerir o conteúdo do que estava pra escrever, que ela estava esmiuçando, analisando intrinsecamente as ideias e os sentidos. Portanto, podemos confirmar que tal passagem faz o uso da comparação de uma ação propriamente de um ser vivo (humano ou animal, qual seja, a de rasgar, mascar..) para conotar um sentido de "absorção" - visceral / orgânico, a fim de gerar uma entonação poética, logo, assertiva correta.
II. O título “Da calma e do silêncio” faz alusão aos aspectos necessários para a produção poética, bem como à contemplação da escrita.
- Esse fragmento complementa a ideia do primeiro, de modo que um não apenas complementa como ratifica os sentidos. O título do texto nos permite inferir que para que haja uma construção textual, faz-se necessário o silêncio e a calma, o texto nos permite tal dedução pela passagem que diz: "Quando meus pés abrandarem na marcha, por favor,não me forcem." - que se traduz em "quando eu diminuir meu ritmo (na formulação poética), não me aprecem". Podemos ler, também, a passagem "Caminhar para quê? Deixem-me quedar, deixem-me quieta, na aparente inércia." - que traz a mesma ideia anterior de "paciência" - calma, além de, "Nem todo viandante anda estradas, há mundos submersos, que só o silêncio da poesia penetra." - que remete á ideia de que para alcançar certas profundezas ou entendimentos da poesia é necessário que haja silêncio (para que se reflita). Portanto, assertiva correta.
Gabarito letra A.
Eu ainda discordo do gabarito, acho que ela usa a metáfora na primeira alternativa, comparação tem que ter conjunção.
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