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(__)Os efeitos adversos relacionados com a principal ação farmacológica do fármaco podem ser previsíveis quando um fármaco é tomado em doses excessivas, como por exemplo, a hepatoxicidade provocada por paracetamol ou quando o paciente apresenta um distúrbio predisponente, como por exemplo, a hemólise provocada por primaquina.
(__)Os efeitos adversos não relacionados com a principal ação farmacológica do fármaco, são classificadas como previsíveis do tipo A se a ação do fármaco é bem compreendida, à exemplo da hipotensão postural provocada por antagonistas dos alfa-1 adrenoceptores e a sedação provocada por ansiolíticos.
(__)Os efeitos adversos imprevisíveis são considerados raros e graves, podendo-se citar como exemplo destes, a anemia aplástica provocada por clorafenicol e a anafilaxia desencadeada pela penicilina.
(__)As reações idiossincráticas são consideradas "bizarras" e graves, classificadas como do tipo B e são importantes para o estabelecimento da segurança de um fármaco, a exemplo da Síndrome de Stevens-Johnson provocada por uso de fenitoína concomitante com sulfametoxazol-trimetroprima, que é causada na maioria das vezes, por uma reação de hiperssensibilidade tardia à fármacos, porém, outras etiologias, como infecções bacterianas e virais também podem desencadear a síndrome.
Após análise, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA dos itens acima, de cima para baixo.
Gabarito comentado
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Solicita julgar os itens como verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma:
( F ) Os efeitos adversos relacionados com a principal ação farmacológica do fármaco podem ser previsíveis quando um fármaco é tomado em doses excessivas, como por exemplo, a hepatoxicidade provocada por paracetamol ou quando o paciente apresenta um distúrbio predisponente, como por exemplo, a hemólise provocada por primaquina.
FALSO. O efeito adverso está relacionado à Reação Adversa ao Medicamento (RAM), conceituado pela Anvisa como “qualquer resposta a um medicamento que seja prejudicial, não intencional, e que ocorra nas doses normalmente utilizadas em seres humanos para profilaxia, diagnóstico e tratamento de doenças, ou para a modificação de uma função fisiológica". Portanto, as doses excessivas não estão relacionadas aos efeitos adversos, já que estes ocorrem nas doses normalmente utilizadas na terapia.
( F ) Os efeitos adversos não relacionados com a principal ação farmacológica do fármaco, são classificadas como previsíveis do tipo A se a ação do fármaco é bem compreendida, à exemplo da hipotensão postural provocada por antagonistas dos alfa-1 adrenoceptores e a sedação provocada por ansiolíticos.
FALSO. As RAMs são classificadas com base em diferentes critérios, sendo que a classificação de RAM mais aceita atualmente foi proposta por Rawlins e Thompson, que as agrupa em reações do tipo A ou previsíveis e reações do tipo B ou imprevisíveis (bizarras). As reações do tipo A resultam, sim, de uma ação ou de um efeito farmacológico exagerado e dependem da dose empregada, depois da administração de um medicamento em dose terapêutica habitual. São comuns, farmacologicamente previsíveis e podem ocorrer em qualquer indivíduo e, apesar de incidência e repercussões importantes na comunidade, a letalidade é baixa. Englobam reações produzidas por dose excessiva relativa, efeitos adversos e secundários, citotoxicidade, interações de medicamentos e características específicas da forma farmacêutica empregada. Podem ser tratadas por meio ajuste de doses ou substituição do fármaco.
( F ) Os efeitos adversos imprevisíveis são considerados raros e graves, podendo-se citar como exemplo destes, a anemia aplástica provocada por clorafenicol e a anafilaxia desencadeada pela penicilina.
FALSO. Evento adverso imprevisto, ou imprevisível, é aquele que ainda não está descrito, incluindo eventos que possam ser sintomaticamente e fisiopatologicamente relacionados a outro já descrito, mas que diferem desse evento pelo grau de gravidade e especificidade. Pode-se afirmar que os efeitos adversos imprevisíveis podem ser, geralmente, raros e graves. Não se pode afirmar, categoricamente, que todos esses eventos imprevisíveis são considerados raros e graves, simultaneamente. Não foram encontradas fontes cirentíficas com estudos bem conduzidos que chegassem a essa conclusão. Cabe lembrar que os eventos adversos, quanto à freqüência, são considerados como: muito comuns, quando a freqüência é maior ou igual a 10,00%; comuns, maior ou igual a 1,00% e menor que 10,00%; incomuns, maior ou igual a 0,10% e menor que 1,00%; raros, maior ou igual a 0,01% e menor que 0,10%; e muito raros, menor que 0,01%. E, quanto à gravidade ou severidade, são classificados em leves, moderados, graves/severos e letais, de acordo com a intensidade das intercorrências verificadas. Além disso, os exemplos citados, anemia aplástica provocada por clorafenicol e anafilaxia desencadeada pela penicilina, são exemplos clássicos de efeitos adversos raros, porém, como já foram documentados e descritos na literatura médica, dispõem de certo grau de previsibilidade. Por fim, o mais correto seria afirmar que, geralmente, os efeitos adversos imprevisíveis podem ser considerados raros e graves.
( V ) As reações idiossincráticas são consideradas "bizarras" e graves, classificadas como do tipo B e são importantes para o estabelecimento da segurança de um fármaco, a exemplo da Síndrome de Stevens-Johnson provocada por uso de fenitoína concomitante com sulfametoxazol-trimetroprima, que é causada na maioria das vezes, por uma reação de hiperssensibilidade tardia à fármacos, porém, outras etiologias, como infecções bacterianas e virais também podem desencadear a síndrome.
VERDADEIRO. De fato, as reações idiossincráticas são aquelas que ocorrem apenas em pacientes suscetíveis, com frequência de origem genética e resultam de mecanismos que não são atualmente compreendidos, sendo, em grande parte, imprevisíveis. Como tal, são classificadas como reações do tipo B ou imprevisíveis (bizarras). As reações do tipo B não são farmacologicamente previsíveis, não são dose-dependente, têm incidência e morbidade baixas, alta mortalidade (portanto, grave) e devem ser tratadas com suspensão do fármaco. Exemplo clássico é a Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ), a qual pode ser causadas por medicamentos (p.ex., fenitoína e sulfas [sulfametoxazol + trimetroprima]), é potencialmente fatal e provoca erupção cutânea, descamação da pele e bolhas nas membranas mucosas. A etiologia da SSJ pode estar relacionada a pessoas com um sistema imunológico anormal, como aquelas com transplante de medula óssea, lúpus eritematoso sistêmico, outras doenças crônicas das articulações e do tecido conjuntivo, incluindo infecções bacterianas ou virais. Relata-se, por exemplo, caso de SSJ na infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), principalmente quando as pessoas também têm pneumonia causada por Pneumocystis jirovecii).
Desse modo, a sequência obtida nessa análise é: “F, F, F, V". Desse modo, não foi possível obter gabarito e julgo a questão nula.
GABARITO DO PROFESSOR: NULA.
GABARITO DA BANCA: D.
REFERÊNCIAS
Brasil. Ministério da Saúde. Formulário terapêutico nacional 2010: Rename 2010/Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. – 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2010.
Marodin, G., & Goldim, J. R.. (2009). Confusões e ambigüidades na classificação de eventos adversos em pesquisa clínica. Revista Da Escola De Enfermagem Da USP, 43(3), 690–696.
Rozenfeld, S.. (1998). Farmacovigilância: elementos para a discussão e perspectivas. Cadernos De Saúde Pública, 14(2), 237–263.
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