“Coesão textual são as conexões gramaticais existentes entre...
Está em carentena? Como surgiram as gírias nascidas durante a pandemia
Marcela Capobianco
1§ Em abril, o Dicionário Oxford, um dos mais importantes do planeta, precisou fazer uma atualização extraordinária. Incluiu em sua lista de verbetes o termo “Covid-19”. Na publicação on-line, ele é descrito como “um tipo de coronavírus que foi relatado pela primeira vez em 2019 e se tornou uma pandemia”.
2§ Desde então, o vírus não só se espalhou por cinco continentes como trouxe com ele um dialeto próprio, recheado de termos técnicos e, também, de vocábulos criativos. É sobre isso que me interessa refletir. Importado do inglês, “covidiota”, por exemplo, passou a designar as pessoas que não levavam a sério o isolamento social e, ainda por cima, saíram estocando mantimentos e papel higiênico no início do surto epidêmico.
3§ “A língua é viva, funciona como um reflexo da história. Todo episódio marcante traz consigo um vocabulário, e a pandemia é um exemplo disso”, explica Evanildo Bechara, ocupante da cadeira de número 33 da Academia Brasileira de Letras.
4§ As redes sociais são palco de embates frequentes entre os quarenteners e os cloroquiners – os primeiros designam literalmente quem aderiu à recomendação de ficar em casa e os últimos, fãs do tratamento com a desprestigiada hidroxicloroquina, mas, na prática, são designações disfarçadas da velha e nada boa rixa entre esquerda e direita.
5§ Para quem cultivou a alma fitness mesmo trancafiado em casa, nasceu o “quarentreino” – só no Instagram há mais de 140 000 fotos publicadas com essa hashtag, indicando treinos realizados durante a pandemia.
6§ “Fica até difícil de dar conta de tantos neologismos, mas esse é um reflexo da rapidez do mundo em que vivemos hoje”, analisa outro imortal da ABL, o poeta Geraldo Carneiro. Em um de seus poemas – “A Coisa Bela” – Carneiro afirma que “cada língua escolhe as afeições e imperfeições que lhe compete ser”. No caso do português, após muito tempo de isolamento social, uma das competências recaiu sobre a palavra “carentena”, amplamente usada pelos solteiros carentes de afeto. O termo, inclusive, serviu de inspiração para uma série do canal pago Warner, “Carenteners”, que estreou no ano passado.
7§ Em meio às gírias e expressões do momento, que brotam da necessidade de os grupos tentarem criar um código, geralmente em tom jocoso, surgiu ainda um “confinastê”, primo torto da saudação hindu, adotada pela turma do paz e amor no mundo virtual.
8§ De tanto sucesso, os vocábulos já ilustraram alguns posts do Instagram Greengo Dictionary, do designer Matheus Diniz, que faz sucesso ao traduzir a seus 1,2 milhão de seguidores o significado de expressões informais do português para o inglês. É o caso do “coronga”, apelido debochado da doença.
9§ A maioria dos termos de ocasião, porém, tem prazo de validade segundo os estudiosos e acabará enterrada pelas gírias de alguma nova situação excepcional. A língua, tal qual o ser humano, está em constante adaptação, e os termos de agora vão passar, junto com o corona. Corona?
Disponível em: <https://vejario.abril.com.br/cidade/girias-pandemia/>.
Acesso em: 02 abr. 2021. Adaptado.
CEREJA, William Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar. Gramática Reflexiva: Texto, semântica e interação. São Paulo: Atual, 2013, p. 41.
A esse respeito, informe se é verdadeiro ou falso o que se afirma sobre as passagens transcritas do texto.
( ) No período “Fica até difícil de dar conta de tantos neologismos, mas esse é um reflexo da rapidez do mundo em que vivemos hoje”, substituir o termo em destaque pelo conector conquanto que compromete seriamente a coesão textual.
( ) Na frase “De tanto sucesso, os vocábulos já ilustraram alguns posts do Instagram Greengo Dictionary, do designer Matheus Diniz...”, identifica-se a coesão por elipse com o apagamento de um determinado termo do enunciado, uma vez que ele está subentendido no contexto em que ocorre.
( ) Em “Desde então, o vírus não só se espalhou por cinco continentes como trouxe com ele um dialeto próprio, recheado de termos técnicos e, também, de vocábulos criativos. É sobre isso que me interessa refletir.”, o emprego do pronome demonstrativo caracteriza uma coesão remissiva, por retomar um elemento que é inferível a partir do texto.
De acordo com as afirmações, a sequência correta é
- Gabarito Comentado (1)
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Gabarito comentado
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A expressão "carentena" surgiu como um neologismo para designar a situação de pessoas solteiras que se sentiram carentes de afeto durante o período de isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19. Esta palavra é um exemplo claro de como o idioma se adapta e reflete o contexto histórico e social. Ela é a junção das palavras "carência" e "quarentena", indicando uma nova realidade vivenciada por muitos.
Neologismos como "covidiota", "quarentreino" e "coronga" surgiram no cenário pandêmico, cada um com seu significado específico, mas todos representando a criatividade linguística em tempos de crise. O "covidiota" se refere àqueles que não respeitavam as medidas de isolamento social, enquanto o "quarentreino" indica a prática de exercícios físicos em casa durante a quarentena. O termo "coronga" é um apelido debochado dado à doença.
As redes sociais tiveram um papel importante na disseminação desses termos, que refletem não apenas a situação pandêmica, mas também questões políticas e sociais, como a divisão evidente entre os chamados "quarenteners" e "cloroquiners".
A língua, sendo viva, está sempre em evolução, e esses termos podem ter um prazo de validade, sendo substituídos por novas gírias que surgirão com futuros eventos marcantes. O importante é reconhecer que o idioma se molda e se transforma em resposta às mudanças na sociedade.
Para finalizar, é importante destacar que a resposta correta para a questão é a Alternativa A: Verdadeiro, Verdadeiro, Falso.
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Gabarito na alternativa A
(V) No período “Fica até difícil de dar conta de tantos neologismos, mas esse é um reflexo da rapidez do mundo em que vivemos hoje”, substituir o termo em destaque pelo conector conquanto que compromete seriamente a coesão textual.
A substituição proposta, alterando-se a conjunção adversativa para forma subordinativa condicional altera substancialmente a semântica da construção e consequentemente a coesão textual.
É valido citar que o presente comentário foi alterado, passando a constar subordinativa "condicional" onde antes se lia subordinativa "concessiva". Embora não presente na maioria dos dicionários tradicionais, a locução conjuntiva, com a presença do termo "que" ante o termo conjuncional, guarda natureza condicional. Pelo descuido peço desculpas.
(V) Na frase “De tanto sucesso, os vocábulos já ilustraram alguns posts do Instagram Greengo Dictionary, do designer Matheus Diniz...”, identifica-se a coesão por elipse com o apagamento de um determinado termo do enunciado, uma vez que ele está subentendido no contexto em que ocorre.
O termo "...os vocábulos..." pode ser suprimido da construção, de sorte que encontra-se subentendido por sua presença nas passagem imediatamente anteriores.
(F) Em “Desde então, o vírus não só se espalhou por cinco continentes como trouxe com ele um dialeto próprio, recheado de termos técnicos e, também, de vocábulos criativos. É sobre isso que me interessa refletir.”, o emprego do pronome demonstrativo caracteriza uma coesão remissiva, por retomar um elemento que é inferível a partir do texto.
O emprego do demonstrativo "isso" retoma anaforicamente a passagem imediatamente anterior, caracterizando caso de coesão remissiva, ou por retomada. A incorreção está no uso de "inferível", que denota algo não propriamente escrito, mas que pode ser presumido. A coesão remissiva retoma termo explicito do enunciado, não havendo que se falar em elemento "inferível".
Questão difícil para nível de tecnico. Concurso público está muito sem coerência. Tem prova de portugues fácil pars nível superior e difícil para nível médio. Depende da banca .
eu tinha entendido que ele afirmava que a frase já tinha a elipse, e marquei como F... enfim
Ao meu ver, a elipse de que o enunciado fala é a palavra Instagram... De qualquer forma, é uma elipse.
FORÇA, FOCO E FÉ. #PC PR PERTENCEREI.
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