IGUALDADE E EQUIDADE
A filosofia guarda uma máxima: “tratar igualmente os iguais e desigualmente os
desiguais, na medida da sua desigualdade”. A frase é de Aristóteles e está
diretamente relacionada ao conceito de equidade. Mas qual a diferença entre
igualdade e equidade?
Em uma busca rápida na internet, o significado de igualdade que surge é: "a
inexistência de desvios ou incongruências sob determinado ponto de vista, entre
dois ou mais elementos comparados, sejam objetos, indivíduos, ideias, conceitos
ou quaisquer coisas que permitam que seja feita uma comparação”. Para além
do dicionário, a igualdade está presente no artigo 5º da Constituição Federal,
que diz o seguinte: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes”.
Sendo assim, igualdade parece ser o ideal para se viver numa sociedade plena
e justa. Onde entraria, assim, o conceito de equidade? Essa busca por um
equilíbrio real se dá pela certeza de que não são todos iguais. Numa sociedade
múltipla, as pessoas vêm de lugares diferentes e, por isso, vivem contextos
diferentes. As mulheres, por exemplo, vivem situações específicas e diferentes
dos homens, e esse aspecto de desigualdade presume que os direitos devem
ser amplos, a ponto de ultrapassar as desigualdades, ainda que as diferenças
existam.
A diferença entre igualdade e equidade se dá pelo direito à diferença: a
diversidade dos indivíduos é levada em conta na equidade. Quando se fala em
igualdade, acredita-se que todos são regidos pelas mesmas regras, sem levar
em conta as especificidades. A equidade usa a igualdade como base, mas busca
o equilíbrio dos desiguais, reconhecendo as características de cada grupo. Um
exemplo nítido do reconhecimento da importância da equidade são as ações
afirmativas. A política de cotas raciais entende que as pessoas negras, por
razões históricas, não possuem os mesmos acessos. Dessa forma, as cotas
atuam como uma ferramenta para garantir que a disputa seja equilibrada, a partir
dessa desigualdade prévia. No caso das mulheres, a cota criada para que haja
um mínimo do fundo partidário a ser destinado a candidaturas femininas é uma
forma de harmonizar as chances, sabendo que as representações de mulheres
dos cargos eletivos ainda são bem menores.
A equidade aproxima-se do conceito de justiça: somos diversos, temos
características e necessidades específicas e, por isso, precisamos de diferentes
soluções para garantirmos oportunidades equivalentes e efetivas. A equidade se
aplica, portanto, a uma adaptação à situação específica. Se há diferenças salariais, não são todos iguais. Se um corpo está mais vulnerável a abusos e
violências, não há igualdade. Então a análise se dá tendo essas desigualdades
como pressuposto, para o diagnóstico poder ser justo. Desse modo, para uma
sociedade mais justa e igualitária, exige-se a construção de uma realidade mais
equânime que igual. Trata-se de levar em consideração o que cada um
necessita. (https://jornaldaparaiba.com.br/, com adaptações)