Questões de Concurso
Sobre grafia e emprego de iniciais maiúsculas em português
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O Alpinista de cancela
Por Fabrício Carpinejar
- Existem os alpinistas das cancelas do shopping. Os que praticam rapel na hora de mostrar
- o comprovante de pagamento. Vou explicar. Já testemunhei infindáveis casos.
- Na saída do estacionamento, no momento de encostar o tíquete no visor eletrônico, o
- motorista faz a proeza de parar o carro longe do token. Falta braço. É um goleiro de braço curto.
- Começa o constran....imento público, absolutamente evitável. Ele fica encalacrado no
- quase. Estica-se todo pela janela aberta, sem conseguir a validação. É possível escutar, mesmo
- à distância, os seus ossos estalarem em forçado alongamento.
- Com o fracasso, com o engarrafamento aumentando atrás de si, com o medo da buzinada
- contagiosa dos colegas de ocasião, ele é tomado pela pressa, pela ansiedade, e se lança para
- uma missão impossível: tirar o cinto e abrir a porta do carro.
- Só que tampouco quer ter o trabalho de apagar o veículo e andar, recusa-se a empreender
- a tarefa calmamente do lado de fora. Não aceita desligar o motor. Não admite desistências.
- Então, vira um Minotauro: metade gente, metade touro. Mantém incrivelmente o pé no
- pedal do freio e pisa no chão com o outro, jogando o seu corpo para frente, escalando o topo da
- montanha da cancela, tentando inutilmente levantar o código de barras do cartão para liberar o
- acesso.
- Não é que seja um péssimo motorista, não é que não goste de bali....as. É a crença afoita
- de que passará pela cancela, não precisará estacionar na cancela como se fosse uma vaga
- provisória. Ele executa uma decisão equivocada, intuitiva. Pensa que será uma transição rápida,
- e não capricha. Encalha na passagem.
- Nem sempre tem um fiscal por perto para acudir. Nem sempre ocorre a leitura automática
- da placa por câmera. Além da coreografia cômica, não há como o espectador da confusão não
- temer um desastre.
- A cena ilustra nossa resistência ao recuo. Temos uma noção de que recuar é covardia, é
- ausência de convic....ão, é derrota moral, e realizamos parvoíces em nossa vida. Avançamos
- mesmo estando errados, e apenas acentuamos nossa conduta desfavorável.
- Um grande erro já foi ínfimo antes. O exaustivo adiamento até a reparação é que o torna
- irreversível. O perigo mora nos detalhes. Retroceda no ato. Desculpe-se enquanto age.
(Disponível em: www.gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/carpinejar/noticia/2024/04/os-alpinistas-das-cancelas-do-shopping-praticam-rapel-no-momento-de-encostar-o-tiquete-no-visor – texto adaptado especialmente para esta prova).
Considerando a ortografia da Língua Portuguesa, assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas pontilhadas nas linhas 05, 17 e 25.
Identifique a alternativa em que todas as palavras estão corretamente grafadas:
Dentre as palavras a seguir, aquela que está incorreta quanto à ortografia é:
A beleza na vitória de Alejandra Rodríguez
O reconhecimento da força, da potência e da
beleza dos rostos e corpos maduros
Juraciara Vieira | 25/04/2024
A modelo Alejandra Rodríguez, 60 anos, conta que aprecia a oportunidade de romper estereótipos em concursos de beleza - (crédito: MARCOS GOMEZ / AFP)
Não faz nem um ano que o concurso de beleza mais conhecido do mundo, o Miss Universo, fez história ao eliminar a restrição de idade que vigorava desde sua criação, em 1952. Aproveitando-se dessa nova possibilidade, a argentina Alejandra Rodríguez também fez história ao se tornar a primeira mulher madura, com 60 anos, a vencer uma etapa da edição do Miss Universo, realizada na PROVÍNCIA1 de Buenos Aires.
Atualmente estão em andamento as etapas regionais, e a etapa nacional está programada para o dia 25 de maio. Contudo, se depender da comoção em torno do nome de Alejandra, ela é a favorita para conquistar o título de Miss Argentina. Se isso ocorrer, ela representará a Argentina no icônico concurso que elege a mulher mais bonita do mundo.
Alejandra Rodríguez, que é jornalista e advogada, tornou-se modelo após receber o incentivo da diretora do Miss Universo Buenos Aires para se inscrever no concurso. Em uma entrevista recente, Alejandra declarou que a beleza transcende a estética, estando muito mais ligada a uma postura diante da vida; foi esse motivo que a levou a candidatar-se ao concurso regional, com o objetivo de quebrar ESTEREÓTIPOS2.
A decisão de Alejandra de se candidatar e a repercussão que sua vitória gerou podem sinalizar uma nova maneira de percebermos aquilo que é belo: associando-o à confiança, ao carisma, ao estilo e, acima de tudo, à forma como alguém envelhece com graça e dignidade.
Alejandra nos mostra que a beleza é um conceito FLUIDO3 e multifacetado, que não pode ser limitado apenas por faixas etárias. Assim como existe beleza em uma jovem de 20 anos, há beleza em uma mulher de 40, 60 ou até mesmo 100 anos. Cada estágio da vida traz sua própria singularidade e charme.
A decisão do Miss Universo de abolir a restrição etária, foi vista por nós da Coluna como um potencial ponto de inflexão para uma redefinição dos padrões de beleza. Alguns meses após essa mudança, Alejandra já personifica um novo paradigma que se inicia: o reconhecimento da força, da potência e da beleza dos rostos e corpos maduros.
Essa nova visão sobre o que de fato constitui o belo pode ser de grande valia em uma sociedade que valoriza demasiadamente o jovem e a inovação, encorajando mulheres de todas as idades a verem a si mesmas e suas experiências de vida como valiosas e belas. Isso desafia e expande os tradicionais padrões de beleza, que frequentemente excluem ou minimizam a presença e a visibilidade de mulheres mais velhas em plataformas globais como o Miss Universo.
Não sei se era o objetivo do Miss Universo quando aboliu a restrição etária, mas, ao acolher uma gama maior de candidatas, o concurso também ampliou o espectro de quem pode ser considerado belo nas sociedades modernas. Para aqueles encarregados de eleger a mulher mais bela do mundo, a beleza não é mais um PRIVILÉGIO4 da juventude, mas uma quase virtude, com inúmeras faces.
A história de Alejandra Rodríguez não é somente sobre uma vitória pessoal em um concurso de beleza; é também sobre a redefinição do conceito de beleza, à luz da experiência e da maturidade. Ela nos dá esperança de que, em breve, a beleza será celebrada em todas as suas formas, idades e expressões.
Acompanharei cada uma das etapas do Miss Universo Argentina, torcendo por Alejandra, na certeza de que ela carrega, além de seus sonhos, a esperança de muitas mulheres que, assim como eu, VÊEM5 nela um símbolo de mudança e de inclusão.
(Fonte: https://www.em.com.br/colunistas/vitalidade/2024/04/68 45431-a-beleza-na-vitoria-de-alejandra-rodriguez.html. Acesso em: 27 abr. 2024. Adaptado.)
Dentre os cinco vocábulos destacados em letras maiúsculas no texto, um apresenta uma incorreção ortográfica, que pode envolver o uso indevido de letras ou de acento gráfico. Assinale a alternativa que corresponde ao número desse vocábulo:
Analise as sentenças a seguir e assinale a alternativa em que as palavras apontadas preenchem corretamente as lacunas.
I.O ______ da máquina de lavar ficou muito caro.
II. Já reservamos os _________ para assistirmos peça teatral.
III. Finalmente, as crianças ________ a gritaria.
Texto 1
A dengue faz parte de um grupo de doenças denominadas arboviroses, que se caracterizam por serem causadas por vírus transmitidos por vetores artrópodes. No Brasil, o vetor da dengue é a fêmea do mosquito Aedes aegypti (significa “odioso do Egito). Os vírus dengue (DENV) estão classificados cientificamente na família Flaviviridae e no gênero Flavivirus. Até o momento são conhecidos quatro sorotipos – DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 –, que apresentam distintos materiais genéticos (genótipos) e linhagens.
As evidências apontam que o mosquito tenha vindo nos navios que partiam da África com escravos. No Brasil, a primeira epidemia documentada clínica e laboratorialmente ocorreu em 1981- 1982, em Boa Vista (RR), causada pelos sorotipos 1 e 4. Após quatro anos, em 1986, ocorreram epidemias atingindo o estado do Rio de Janeiro e algumas capitais da região Nordeste. Desde então, a dengue vem ocorrendo de forma continuada (endêmica), intercalando-se com a ocorrência de epidemias, geralmente associadas à introdução de novos sorotipos em áreas indenes (sem transmissão) e/ou alteração do sorotipo predominante, acompanhando a expansão do mosquito vetor. Aspectos como a urbanização, o crescimento desordenado da população, o saneamento básico deficitário e os fatores climáticos mantêm as condições favoráveis para a presença do vetor, com reflexos na dinâmica de transmissão desses arbovírus. A dengue possui padrão sazonal, com aumento do número de casos e o risco para epidemias, principalmente entre os meses de outubro de um ano a maio do ano seguinte.
Todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença, porém as pessoas mais velhas e aquelas que possuem doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, têm maior risco de evoluir para casos graves e outras complicações que podem levar à morte.
(https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/dengue Acesso em 20/03/2024)
Analise as assertivas a seguir e marque a alternativa correta.
I- Há um desvio ortográfico na grafia do termo “aperfeisoamento”, escrita com “s” em vez de “aperfeiçoamento”, grafado com “cê-cedilha”.
II- Há um desvio ortográfico na grafia do termo “aperfeisoamento”, escrita com “s” em vez de “aperfeissoamento”, grafado com “ss”.
III- Há um desvio ortográfico na grafia do termo “empresa”, escrita com “s” em vez de “empreza”, grafado com “z”.
IV- O termo “administrativo” deveria ter recebido acentuação gráfica.
V- O termo “municipio” deveria ter recebido acentuação gráfica.
É CORRETO o que se afirma apenas em:
A partir da frase “O professor se sentiu muito ______________ com a homenagem que recebeu dos alunos no final do
ano.” Assinale a alternativa que apresenta a escrita correta da palavra que completa a lacuna.
Assinale a alternativa que contém uma palavra escrita da forma correta.
Assinale a alternativa que contém uma palavra escrita da forma correta.
Assinalar a alternativa que apresenta de forma CORRETA a quantidade de vogais e de consoantes, respectivamente, no período abaixo.
Uma luz bem clara empalideceria aos poucos, tingindo o céu de vermelho.
Sinal para Ajuda – Combate à violência doméstica
Sinal para Ajuda é uma forma de mulheres pedirem socorro. Para fazê-lo: 1- abra a palma da mão; 2- leve o dedão ao centro da mão; 3- feche os outros dedos em volta do polegar.
Imagem: Arte UOL.
Levar o polegar ao centro da mão e, depois, fechar os outros dedos em torno dele. Para muitas pessoas, esse gesto pode não chamar a atenção, mas é capaz de salvar a vida de mulheres em risco.
O Sinal para Ajuda é uma iniciativa de combate à violência doméstica, lançada em abril de 2020 pela Fundação de Mulheres Canadenses.
A ideia era usá-lo em reuniões on-line, dado o aumento da violência em casa na pandemia. Ele foi escolhido por ser simples e não deixar rastros digitais.
O gesto ganhou sucesso com a ajuda das redes sociais, que concentram um público mais jovem. O obstáculo é popularizá-lo entre os mais velhos. Um caminho é a divulgação em locais em que essas pessoas buscam informação (como na TV) e no transporte público.
O Brasil trabalha outro gesto para coibir a violência contra mulheres: o Sinal Vermelho. Desde 2021, ele é uma iniciativa do Governo Federal para pedir socorro de forma discreta. A orientação é desenhar um X na palma da mão e mostrá-lo preferencialmente em farmácias, onde os atendentes são treinados para ajudar a vítima.
Sarah Alves Moura – Universa. “Este gesto pode salvar mulheres em risco no Carnaval, mas é pouco conhecido”.
No trecho “A orientação é desenhar um X na palma da mão[...]”, caso o termo sublinhado estivesse no plural, como seria sua grafia correta?
Sobre a forma exata das palavras, onde talvez more sua beleza
1 Vivo em descompasso com meu tempo. Uma declaração como essa poderia se completar com todo tipo de
contravenções e antinomias, mas hoje me refiro a uma coisa mesquinha, irrelevante, a uma dessas
implicâncias bestas que tão bem nos definem. Tenho uma atenção obstinada à grafia das palavras, e sofro com
o descaso que vai se alastrando por aí, em quase toda escrita. Sinto que cada palavra forma um desenho na
página, um desenho incompleto se lhe usurpam uma letra, um desenho disforme se lhe agregam um desatino.
Como se um mero deslize do dedo pudesse turvar toda a mensagem, deslocando o foco em direção à falha,
àquilo que jamais o mereceria.
2 Acabo de assistir a uma série um tanto tola sobre uma mulher que acossa um homem com insistência doentia,
com grande violência, inclusive mandando-lhe centenas de mensagens obscenas e hostis num só dia. Minha
sensação era de que nunca poderia me relacionar com alguém assim, não por sua insanidade, sua psicopatia.
O que eu não conseguiria relevar numa mulher como ela seria a sintaxe absurda e a infinidade de erros
ortográficos a me atingir a cada instante. Quando me dei conta disso, da aflição menor que até superava as
aflições maiores, temi que a loucura pudesse estar em mim.
3 Vivo em descompasso com meu tempo, é o que digo, na contramão da pressa e da displicência, do desleixo
escancarado, ou de um jovial descompromisso. Por um tempo pensei que me sentisse assim por ser escritor,
por ver nas palavras meu instrumento de trabalho, por confiar a elas o sentido da minha existência, ou, se não
tanto, ao menos o meu sustento. Mas fui me deparando com uns quantos exemplos de escritores distraídos,
escritores admiráveis e no entanto desleixados, conformados com a imprecisão das frases que propagam por
aí.
4 Li com aflição uma crônica de Lima Barreto em que ele conta de sua letra sofrível, indecifrável, e dos
embaraços que lhe cria quando envia aos jornais seus manuscritos. A letra é sua inimiga, é a traição em suas
próprias mãos, "esse abutre que me devora diariamente a fraca reputação e a apoucada inteligência", ele se
martiriza. Sofre, sim, diz que lê seus textos no dia seguinte com vontade de chorar, de matar, de suicidar-se.
Pensa até em se casar para resolver o problema, e se apaixona por uma jovem apenas por sua cursiva
irrepreensível. Mas nada faz de fato, aceita sua sina. Nem sequer passa a escrever na máquina, por julgar
cansativo, por querer fugir ao trabalho de escrever à mão e passar a limpo. Aí já não me compadeço, passo a
sofrer sozinho.
5 Lendo isso, lembro dos primeiros romancistas, os primeiros profissionais das letras que de fato vendiam seus
livros, que não viviam de mecenato. Diz-se que eram longos os primeiros romances, como os de Defoe e seus
conterrâneos, porque seus autores recebiam por quantidade e acabavam sendo rentáveis os detalhes a esmo,
as páginas prescindíveis. Conta-se que entregavam os manuscritos ainda talhados de incorreções, e que
cobravam mais caro caso os editores quisessem originais reescritos e revisados. Eu ouço essas histórias e sinto
que não pertenço à mesma linhagem, procuro outra tradição a que possa me vincular, uma corrente de
romancistas preocupados com as minúcias da linguagem. E, no entanto, sei bem que jamais escreverei uma
frase que perdure como a desses sujeitos, e aceito o meu limite.
Extraído de: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2024/05/18/sobre-a-forma-exata-das-palavras-onde-talvez-more-suabeleza.htm?cmpid=copiaecola (adaptado)
Em uma das opções abaixo há um vocábulo com erro ortográfico, assinale-a:
Sobre a forma exata das palavras, onde talvez more sua beleza
1 Vivo em descompasso com meu tempo. Uma declaração como essa poderia se completar com todo tipo de
contravenções e antinomias, mas hoje me refiro a uma coisa mesquinha, irrelevante, a uma dessas
implicâncias bestas que tão bem nos definem. Tenho uma atenção obstinada à grafia das palavras, e sofro com
o descaso que vai se alastrando por aí, em quase toda escrita. Sinto que cada palavra forma um desenho na
página, um desenho incompleto se lhe usurpam uma letra, um desenho disforme se lhe agregam um desatino.
Como se um mero deslize do dedo pudesse turvar toda a mensagem, deslocando o foco em direção à falha,
àquilo que jamais o mereceria.
2 Acabo de assistir a uma série um tanto tola sobre uma mulher que acossa um homem com insistência doentia,
com grande violência, inclusive mandando-lhe centenas de mensagens obscenas e hostis num só dia. Minha
sensação era de que nunca poderia me relacionar com alguém assim, não por sua insanidade, sua psicopatia.
O que eu não conseguiria relevar numa mulher como ela seria a sintaxe absurda e a infinidade de erros
ortográficos a me atingir a cada instante. Quando me dei conta disso, da aflição menor que até superava as
aflições maiores, temi que a loucura pudesse estar em mim.
3 Vivo em descompasso com meu tempo, é o que digo, na contramão da pressa e da displicência, do desleixo
escancarado, ou de um jovial descompromisso. Por um tempo pensei que me sentisse assim por ser escritor,
por ver nas palavras meu instrumento de trabalho, por confiar a elas o sentido da minha existência, ou, se não
tanto, ao menos o meu sustento. Mas fui me deparando com uns quantos exemplos de escritores distraídos,
escritores admiráveis e no entanto desleixados, conformados com a imprecisão das frases que propagam por
aí.
4 Li com aflição uma crônica de Lima Barreto em que ele conta de sua letra sofrível, indecifrável, e dos
embaraços que lhe cria quando envia aos jornais seus manuscritos. A letra é sua inimiga, é a traição em suas
próprias mãos, "esse abutre que me devora diariamente a fraca reputação e a apoucada inteligência", ele se
martiriza. Sofre, sim, diz que lê seus textos no dia seguinte com vontade de chorar, de matar, de suicidar-se.
Pensa até em se casar para resolver o problema, e se apaixona por uma jovem apenas por sua cursiva
irrepreensível. Mas nada faz de fato, aceita sua sina. Nem sequer passa a escrever na máquina, por julgar
cansativo, por querer fugir ao trabalho de escrever à mão e passar a limpo. Aí já não me compadeço, passo a
sofrer sozinho.
5 Lendo isso, lembro dos primeiros romancistas, os primeiros profissionais das letras que de fato vendiam seus
livros, que não viviam de mecenato. Diz-se que eram longos os primeiros romances, como os de Defoe e seus
conterrâneos, porque seus autores recebiam por quantidade e acabavam sendo rentáveis os detalhes a esmo,
as páginas prescindíveis. Conta-se que entregavam os manuscritos ainda talhados de incorreções, e que
cobravam mais caro caso os editores quisessem originais reescritos e revisados. Eu ouço essas histórias e sinto
que não pertenço à mesma linhagem, procuro outra tradição a que possa me vincular, uma corrente de
romancistas preocupados com as minúcias da linguagem. E, no entanto, sei bem que jamais escreverei uma
frase que perdure como a desses sujeitos, e aceito o meu limite.
Extraído de: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2024/05/18/sobre-a-forma-exata-das-palavras-onde-talvez-more-suabeleza.htm?cmpid=copiaecola (adaptado)
Já a expressão “desenho disforme” (1º parágrafo), se relaciona no texto com:
Sobre a forma exata das palavras, onde talvez more sua beleza
1 Vivo em descompasso com meu tempo. Uma declaração como essa poderia se completar com todo tipo de
contravenções e antinomias, mas hoje me refiro a uma coisa mesquinha, irrelevante, a uma dessas
implicâncias bestas que tão bem nos definem. Tenho uma atenção obstinada à grafia das palavras, e sofro com
o descaso que vai se alastrando por aí, em quase toda escrita. Sinto que cada palavra forma um desenho na
página, um desenho incompleto se lhe usurpam uma letra, um desenho disforme se lhe agregam um desatino.
Como se um mero deslize do dedo pudesse turvar toda a mensagem, deslocando o foco em direção à falha,
àquilo que jamais o mereceria.
2 Acabo de assistir a uma série um tanto tola sobre uma mulher que acossa um homem com insistência doentia,
com grande violência, inclusive mandando-lhe centenas de mensagens obscenas e hostis num só dia. Minha
sensação era de que nunca poderia me relacionar com alguém assim, não por sua insanidade, sua psicopatia.
O que eu não conseguiria relevar numa mulher como ela seria a sintaxe absurda e a infinidade de erros
ortográficos a me atingir a cada instante. Quando me dei conta disso, da aflição menor que até superava as
aflições maiores, temi que a loucura pudesse estar em mim.
3 Vivo em descompasso com meu tempo, é o que digo, na contramão da pressa e da displicência, do desleixo
escancarado, ou de um jovial descompromisso. Por um tempo pensei que me sentisse assim por ser escritor,
por ver nas palavras meu instrumento de trabalho, por confiar a elas o sentido da minha existência, ou, se não
tanto, ao menos o meu sustento. Mas fui me deparando com uns quantos exemplos de escritores distraídos,
escritores admiráveis e no entanto desleixados, conformados com a imprecisão das frases que propagam por
aí.
4 Li com aflição uma crônica de Lima Barreto em que ele conta de sua letra sofrível, indecifrável, e dos
embaraços que lhe cria quando envia aos jornais seus manuscritos. A letra é sua inimiga, é a traição em suas
próprias mãos, "esse abutre que me devora diariamente a fraca reputação e a apoucada inteligência", ele se
martiriza. Sofre, sim, diz que lê seus textos no dia seguinte com vontade de chorar, de matar, de suicidar-se.
Pensa até em se casar para resolver o problema, e se apaixona por uma jovem apenas por sua cursiva
irrepreensível. Mas nada faz de fato, aceita sua sina. Nem sequer passa a escrever na máquina, por julgar
cansativo, por querer fugir ao trabalho de escrever à mão e passar a limpo. Aí já não me compadeço, passo a
sofrer sozinho.
5 Lendo isso, lembro dos primeiros romancistas, os primeiros profissionais das letras que de fato vendiam seus
livros, que não viviam de mecenato. Diz-se que eram longos os primeiros romances, como os de Defoe e seus
conterrâneos, porque seus autores recebiam por quantidade e acabavam sendo rentáveis os detalhes a esmo,
as páginas prescindíveis. Conta-se que entregavam os manuscritos ainda talhados de incorreções, e que
cobravam mais caro caso os editores quisessem originais reescritos e revisados. Eu ouço essas histórias e sinto
que não pertenço à mesma linhagem, procuro outra tradição a que possa me vincular, uma corrente de
romancistas preocupados com as minúcias da linguagem. E, no entanto, sei bem que jamais escreverei uma
frase que perdure como a desses sujeitos, e aceito o meu limite.
Extraído de: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2024/05/18/sobre-a-forma-exata-das-palavras-onde-talvez-more-suabeleza.htm?cmpid=copiaecola (adaptado)
De acordo com o texto a expressão “desenho incompleto” (1º parágrafo), está relacionada a:
STJ na luta contra o juridiquês
Por Superior Tribunal de Justiça
- Se o idioma oficial do Brasil é o português, a língua predominante na Justiça, ao longo dos
- tempos, tem sido o "juridiquês" – uma mistura de palavreado técnico com estilo rebuscado e
- doses abundantes de termos em latim, muito .... gosto dos profissionais do direito, mas de difícil
- compreensão para o público leigo.
- No dia ___ dia dos processos, uma norma que se aplica a situações passadas tem efeito ex
- tunc; a repetição de uma situação jurídica é bis in idem; e, se for apenas para argumentar,
- pode-se dizer ad argumentandum tantum. E nem só de latim vive a complicação: denúncia virou
- exordial increpatória; inquérito policial, caderno indiciário; petição inicial, peça incoativa.
- Ciente da importância da informação para o exercício da cidadania, o Superior Tribunal de
- Justiça (STJ) tem adotado, ao longo do tempo, uma série de medidas para levar o conhecimento
- sobre as decisões judiciais para além dos profissionais especializados, tornando mais abrangente
- sua comunicação com a sociedade – o que inclui a opção por uma linguagem bem diferente
- daquela que se consagrou no cotidiano forense.
- A mais recente iniciativa da corte nessa direção foi o lançamento de uma nova ferramenta
- em seu portal na internet, destinada a facilitar a compreensão dos julgamentos pelo público não
- familiarizado com a linguagem jurídica: agora, as notícias trazem um resumo simplificado, que
- apresenta o ponto principal da matéria em termos acessíveis para o leigo e está disponível em
- um ícone logo abaixo do título de cada texto.
- A medida está alinhada com as diretrizes do Pacto Nacional do Judiciário pela Linguagem
- Simples, lançado em dezembro de 2023 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mas integra
- uma política de aproximação com o cidadão que o STJ já vem seguindo há bastante tempo.
- A simplificação da linguagem é uma preocupação constante da Secretaria de Comunicação
- Social (SCO), em respeito à Política de Comunicação Institucional do STJ, especialmente ao
- disposto em seus artigos 11 e 13, que exigem clareza, precisão, qualidade e acessibilidade na
- divulgação de informações sobre as decisões, a jurisprudência, os serviços, os projetos e as
- ações da corte.
- Atenta ___ necessidades de democratização da informação, a SCO tem apresentado, em
- suas diferentes plataformas, produtos que facilitam a compreensão da atividade jurisdicional
- pelo público não especializado.
- O Pacto Nacional do Judiciário pela Linguagem Simples materializa os esforços para atender
- a Estratégia Nacional do Poder Judiciário 2021-2026, especificamente no que diz respeito à
- adoção de uma linguagem direta e compreensível pelo público leigo, tanto nas decisões judiciais
- quanto nas comunicações em geral.
- Ao anunciar o pacto durante o 17º Encontro Nacional do Poder Judiciário, em Salvador, o
- ministro Luís Roberto Barroso – presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do CNJ –
- apontou a relevância de aprimorar ___ comunicação com os jurisdicionados. "A linguagem
- codificada e inacessível torna-se um instrumento de e...clusão; precisamos ser capazes de usar
- uma linguagem mais compreensível e inclusiva para todas as pessoas", declarou.
- O pacto dispõe que o uso de vocabulário técnico não deve representar uma barreira ao
- entendimento das decisões judiciais. Assim, simplificar a linguagem nas decisões, sem deixar de
- lado a precisão técnica, passa a ser mais um dos desafios da magistratura para ampliar o acesso
- à Justiça e à informação – direitos previstos na Constituição Federal de 1988.
(Disponível em: www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/2024/24032024-STJ-na-luta-contra-o-juridiques-e-por-uma-comunicacao-mais-eficiente-com-a-sociedade.aspx – texto adaptado especialmente para esta prova).
Analise as assertivas a seguir a respeito da palavra “e...clusão” (l. 37) e assinale V, se verdadeiras, ou F, se falsas.
( ) A lacuna pontilhada deve ser preenchida com a letra “s”.
( ) A palavra é um adjetivo uniforme, pois não apresenta flexão de gênero.
( ) Para a formação de seu plural, alteram-se suas vogais finais e acrescenta-se a letra “s”.
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é: