Questões de Concurso
Sobre crase em português
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Releia este trecho.
“[...] que dá às bactérias uma alta resistência [...]” Em relação ao acento indicativo de crase nesse trecho, considere as afirmativas a seguir e a relação proposta entre elas.
I. O acento é regido pelo verbo “dar”,
PORQUE
II. esse verbo, no trecho, é transitivo indireto.
Em relação a essas afirmativas e a relação proposta
entre elas, assinale a alternativa correta.
Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas do texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:
Texto II
Fake News: as mentiras que viram notícias
Será que todos os que se manifestam sobre qualquer assunto
estão devidamente preparados para utilizar devidamente os
modernos canais de comunicação?
Danillo Saes
A realidade do mundo de hoje é ligada à velocidade, à digitalização e, consequentemente, à exposição em redes. Com a inserção da tecnologia no dia a dia das pessoas, é possível presenciar diversas mudanças, como o fato de um indivíduo com um perfil em uma plataforma social ser propagador de informações e não mais apenas receptor.
Este cenário de disseminação de ideias – boas ou ruins, certas ou erradas, do mesmo ponto de vista que o seu ou não – faz parte de um mundo moderno e democrático. Neste contexto, a tecnologia tem sido utilizada como ferramenta de propagação destes posicionamentos. Ao ter o poder do clique em mãos, as pessoas passam a ser mais ativas diante das informações que recebem. Os meios de comunicação mudaram as formas de divulgar suas notícias diante deste comportamento que os indivíduos passaram a adquirir com o passar do tempo. Há alguns anos, pesquisadores divulgaram artigos sobre a influência da “segunda tela”: o notebook ou o smartphone começavam a se infiltrar como coadjuvantes da tela da televisão. Telespectadores comentavam suas novelas, criticavam o técnico do seu time de futebol e faziam outros tipos de comentários. Hoje, os dispositivos móveis não são mais uma segunda tela, mas uma extensão real – e, muitas vezes, protagonista – para receber, digerir e disseminar as informações recebidas.
De meros mortais que até então era como éramos tratados pela grande mídia, como depósitos de informações – certas ou erradas, boas ou ruins, favoráveis ou contrárias –, passamos a ser também protagonistas através do “poder” que a tela de um dispositivo móvel nos dá. É incrível e, ao mesmo tempo, muito preocupante. Será que todos os que se manifestam sobre qualquer tipo de assunto estão devidamente preparados para isso? Será que têm bagagem suficiente para criticar? Os ditos “influenciadores” realmente têm o espírito crítico necessário unido à sua responsabilidade de “influenciar” ao publicar seus posicionamentos? São provocações, indagações, não afirmações.
Quando nos deparamos com as famosas fake news, por sermos ativos através das plataformas sociais, assumimos uma parcela (grande) de responsabilidade ao disseminá-las. Ao receber aquela notícia através do WhatsApp, ou aquele áudio que afirmam ser de uma determinada figura pública e, com nosso “dedinho ansioso”, compartilhamos o conteúdo em grupos com o intuito de dar “furos de reportagem” que até então eram coisa apenas de jornalistas, damos nosso aval àquela informação.
As pessoas que criam as fake news não estão isentas de responsabilidades – pelo contrário. O que desejo é provocar o leitor a desenvolver seu senso crítico diante da informação que se consome e, com isso, não tomar como verdade tudo aquilo que o impacta. O mesmo “poder” que a tecnologia nos dá para disseminar informações também nos proporciona a possibilidade de investigá-las, contestá-las, analisá-las. No entanto, investigar, contestar e analisar é trabalhoso, exige esforço de pensamento e queima de fosfato.
A diferença entre as fake news serem desmascaradas ou se transformarem em “verdade” está no pequeno intervalo de tempo entre o momento em que as consumimos e o momento em que clicamos em “encaminhar”.
Danillo Saes é coordenador de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da EAD Unicesumar .
Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/. Acesso em: 08 dez. 2019.
Programa detecta 90% de precisão se a autoria de um texto é falsa
Pense bem antes de considerar colar no seu próximo trabalho escrito. Pesquisadores da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, combinaram uma grande base de dados com inteligência artificial para criar um sistema que determina se um texto é original ou foi copiado da internet.
A pesquisa coletou 130 mil redações de estudantes de 10 mil escolas dinamarquesas, e o sistema adivinhou, com 90% de acerto, quais eram falsos. Já existem programas capazes de identificar se um texto foi plagiado de um artigo previamente publicado. Um exemplo é o Lectio, usado nas escolas da Dinamarca. As coisas complicaram quando os alunos começaram a contratar outras pessoas para fazer seus textos, os ghostwriters. A situação é muito expressiva principalmente no último ano do colegial, quando os alunos precisam entregar um trabalho final – como se fosse um TCC do Ensino Médio.
No caso de a redação ter sido escrita por um ghostwriter, os programas utilizados atualmente não são tão eficientes. A técnica criada pelos cientistas identifica diferenças no estilo de escrita do aluno comparando seus textos anteriores. Alguns aspectos que o programa procura são tamanho das palavras, estrutura das frases e como as palavras são usadas. Um exemplo é a própria palavra “exemplo” — ela pode ser escrita inteira ou usando uma abreviação, como ex.
Por enquanto, o novo programa, chamado Ghostwriter, ainda está em fase de pesquisa. Os autores do estudo acreditam que em breve ele poderá ser levado para dentro das escolas, mas antes disso é preciso existir um debate ético. O programa não deve ser o único recurso utilizado para identificar a falsidade do texto. Ele pode indicar ou suspeitar da legitimidade do autor, mas quem deve dar a palavra final são seres humanos.
O Ghostwriter também pode ser útil em outras áreas. Ele pode analisar grandes quantidades de documentos e ajudar a polícia a identificar quais deles são falsificados. Ele também contribui para separar os tweets de usuários verdadeiros daqueles que foram pagos ou feitos por robôs. No Brasil – em que até receita de miojo recebe nota boa no Enem – a tecnologia será muito bem-vinda.
Maria Clara Rossini. Disponível em: https://super.abril.com.br. Acesso em 5/7/2019
A Ilha Fiscal
Localizada na baía de Guanabara, a ilha ganhou esse nome pela necessidade do estabelecimento de um posto alfandegário para o controle das mercadorias importadas e exportadas pelo Rio de Janeiro, então capital do Império. Seu primeiro nome foi Ilha dos Ratos.
O projeto do posto fiscal foi do engenheiro Adolpho Del Vecchio e seguia alguns padrões do antigo estilo gótico. A importância da edificação não se deve, porém, à sua existência funcional, mas ao último baile do Império, em 9 de novembro de 1889, uma semana antes da proclamação da República. A festa homenageava o Chile, representado pelos oficiais do couraçado Almirante Cochrane, os quais visitavam o país.
Cerca de 5 mil pessoas participaram do baile marcado pela extravagância: a ilha foi enfeitada com balões venezianos, lanternas chinesas e vasos franceses. Os convidados desciam dos barcos e eram recepcionados por moças fantasiadas de fadas e sereias.
Enquanto valsas e polcas alegravam os convidados, as iguarias eram servidas em pratos ornamentados com flores e frutas exóticas, e os convidados consumiam robustíssimo cardápio: 800 quilos de camarão, 1300 frangos, 500 perus, 64 faisões, 1200 latas de aspargos, 20 mil sanduíches, 14 mil sorvetes, além de litros de cerveja, champanhe e bebidas diversas.
Ao chegar, o imperador Pedro II teria tropeçado e quase levado um tombo. Ao recompor-se, teria dito: “O monarca escorregou, mas a monarquia não caiu”.
Não distante dali, os republicanos colocavam os últimos pregos no caixão da monarquia moribunda.
(Texto baseado na obra de Márcio Cotrim. Revista Língua Portuguesa, julho de 2014. Adaptado)
Texto para o item.
Internet: <emfocomidia.com.br> (com adaptações).
Quanto à correção gramatical e à coerência das substituições propostas para vocábulos e trechos destacados do texto, julgue o item.
“à sua realidade” (linha 6) por a sua realidade
Texto para o item.
Internet: <emfocomidia.com.br> (com adaptações).
Considerando a tipologia do texto, as ideias nele expressas e seus aspectos linguísticos, julgue o item.
Na linha 7, o emprego do acento indicativo de crase em “à informação” justifica‐se pela regência da forma verbal “proporcionou” e pela anteposição de artigo definido ao substantivo “informação”.
No que se refere à correção dos trechos apresentados quanto ao emprego do acento indicativo de crase, julgue o item.
A moça passava seus dias à cantar.
No que se refere à correção dos trechos apresentados quanto ao emprego do acento indicativo de crase, julgue o item.
Contamos à ela o que aconteceu.
No que se refere à correção dos trechos apresentados quanto ao emprego do acento indicativo de crase, julgue o item.
Estamos em casa desde às 12 h.
Leia o texto para responder à questão.
Vaca não dá leite
Mario Sergio Cortella, filósofo, escritor, educador, palestrante e professor brasileiro, costumava dizer aos filhos quando crianças: “Quando completarem 12 anos, vou contar o segredo da vida a vocês”.
Quando o mais velho completou 12 anos, acordou o pai todo ansioso para saber o segredo da vida. Disse o pai:
“Contarei, mas você não poderá revelar aos seus irmãos. Eis o segredo: Vaca não dá leite. Você tem de tirar. Você precisa acordar às quatro da manhã, ir ao pasto, entrar no curral cheio de fezes, amarrar rabo e pernas da vaca, sentar no banquinho e fazer o movimento certo!”
Esse é o segredo da vida. Vaca, búfala, cabra não dão leite. Ou você tira ou não tem leite.
(Cacau Menezes, “Vaca não dá leite”. Em:
https://www.nsctotal.com.br. Adaptado)
Leia a tira para responder à questão.
TEXTO I
Para o futuro chegar mais rápido
É verdade: 15% de mulheres no Congresso é uma cifra constrangedora, e coloca o Brasil no rodapé dos rankings globais de participação feminina na política. Mas é motivo de orgulho o aumento de 50% registrado nas últimas eleições. [...]
Estaremos avançando? Na verdade, há bem pouco a se celebrar.
Se seguirmos no ritmo atual, ainda serão necessários 108 anos para que o mundo alcance a igualdade de gênero. A previsão – a maldição – é do Global Gender Report, estudo anual do Fórum Econômico Mundial. É uma projeção que precisa ser lida como um compêndio gigantesco de corpos estuprados – perto de 500.000 por ano só no Brasil, diz o IPEA –, de meninas sem acesso à educação básica, de barrigas de grávida em corpinhos ainda em formação, de noivas que deveriam estar brincando – de boneca ou de carrinho.
Cento e oito anos é muito tempo. É tempo demais. Mas há uma nova força entrando no tabuleiro. Uma palavra cujo novo significado ainda não foi compreendido pela geração que hoje está no poder: meninas.
Desde 2012, por iniciativa da ONU, 11 de outubro é o Dia Internacional da Menina. É uma palavra em transição, menina. Uma busca pelo termo no Google Images revela um sem fim de garotinhas maquiadas, quase sempre sozinhas e em um jogo de sedução com a câmera. Nada poderia estar mais distante do que vejo.
Sou a coordenadora nacional do Girl Up, um movimento global da Fundação ONU que treina, inspira e conecta meninas para que sejam líderes na mudança em direção a um mundo melhor, aqui definido pelos 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável da ONU. Se você está entre aqueles para quem o termo menina denota condescendência, permita-me contar o que elas andam aprontando.
Lia tem 16 anos e um dia me procurou com um contato dentro da Globosat na mão. Era Copa do Mundo e ela, que lidera o primeiro Clube Girl Up da capital fluminense, queria fazer um evento para algumas dezenas de meninas. Meia hora de Skype para pensar com ela o teor da reunião: foi tudo que ofereci. Os adultos da Globosat devem ter ficado embasbacados – como ficam os adultos que ainda não entenderam do que elas são capazes – quando um par de meninas sentou à sua frente para negociar os detalhes de uma tarde que envolveu tour pelos estúdios, jogo da Copa no telão da sede e bate-papo com Glenda Kozlowski, uma das maiores jornalistas esportivas do país.
Maria Antônia, 18 anos. Dinheiro da família para sair do país, nem em sonho. Assim mesmo, enfiou na cabeça que iria no Congresso de Liderança do Girl Up, que todos os anos reúne cerca de 400 meninas dos cinco continentes em Washington. Contando com uma rede enorme – elas aprendem cedo o poder das redes – Maria Antônia, idealizou e liderou o crowdfunding que viabilizou sua ida. Em setembro esteve entre os 78 estudantes selecionados para participar do Parlamento Jovem Brasileiro, sentando-se na cadeira da Presidência da Câmara.
Bruna, também 18. Me ligou em abril pra contar que havia agendado uma audiência pública na Câmara Municipal de Goiânia para discutir denúncias de assédio no ambiente escolar. O Clube que ela fundou na cidade tem particular interesse por advocacy, e essas meninas cavaram sozinhas o apoio da vereadora Dra. Cristina, que encampou o plano do Clube.
A Marina eu conheci no fim de agosto, quando ela nos procurou pelo Instagram pra falar de seu projeto. Ela preencheu com absoluta facilidade os requisitos que me permitiram justificar, à matriz americana do Girl Up, a viagem a São João Evangelista, cidadela de 14.000 habitantes a seis horas de ônibus ao norte de Belo Horizonte. Marina agendou visitas em cinco escolas públicas da região. Uma delas – a escola onde a Marina estudou – fica na zona rural. Ela tem 18 anos e a rotina espartana começa todos os dias às 3 da manhã com o estudo do inglês.
A diferença na renda familiar entre as quatro meninas é abismal. A cor da pele não é a mesma, e enquanto uma delas vive em um dos metros quadrados mais caros do país, outra não tinha energia elétrica em casa até cinco anos atrás. Mas não acredite nas imagens do Google: elas não estão sozinhas.
Lia, Maria Antônia, Bruna e Marina se conhecem e estão em um grupo de WhatsApp onde trocam informações sobre processos seletivos de universidades no exterior, um sonho partilhado pelas quatro. E elas são muitas, muito mais do que eu poderia contar. Quando garantimos às meninas uma vida livre de violências e asseguramos seus direitos básicos, todo o potencial que por séculos esteve enterrado aflora, originando um ciclo virtuoso benéfico para todos nós.
É hora de atualizar o navegador. A sueca de 16 anos que pode se tornar a pessoa mais jovem da História a ser laureada com o Nobel da Paz, se realizar o feito, ocupará o posto que hoje é de outra menina. Greta Thunberg e Malala não são exceções: são expoentes de uma onda poderosa, inteligente, conectada e crescente. Meninas: são elas a força capaz de acelerar os 108 anos que nos separam da igualdade de gênero.
Disponível em:<https://brasil.elpais.com/brasil/2019/10/10/opinion/1570715827_ 082487.html >
Com relação a aspectos linguísticos e gramaticais do texto, julgue o item.
Na linha 2, o emprego do sinal indicativo de crase em “à
cabeça” justifica‐se pela regência da forma verbal “vem”
e pela presença do artigo feminino que define “cabeça”.
CIDADE DE MESENTÉRICOS [OLAVO BILAC, 1899]
Há casas vastas e belas que ficam longo tempo fechadas, num silêncio de morte, num sono de aniquilamento.
Conhecem os senhores cousa mais triste do que um palácio desabitado? Enquanto os outros prédios, em torno, abrem o seio, durante o dia, ao sol, e à noite, despejam para fora, pelas janelas rasgadas, o pairar da alegria, da música e das conversas — a casa vazia fica fechada e triste como um túmulo.
O Rio de Janeiro está, quase sempre, assim... Cidade macambúzia, cidade de dispépticos e de mesentéricos, Sebastianópolis parece estar sempre carregando o luto de uma grande catástrofe. Já alguém notou que o carioca anda sempre olhando para o chão, como quem procura o lugar em que há de cavar a própria sepultura. E quem escreve estas linhas já viu, uma noite, a polícia prender três rapazes que, havendo ceado bem, se recolhiam à casa de amigos cantando um coro de uma opereta qualquer. E prendê-los por quê? Porque cantavam... Triste cidade!
Santo Deus! que sejam tristes, soturnas e embezerradas as cidades do extremo Norte da Europa, que uma névoa perpétua amortalha — cousa é que se compreende. A tristeza do céu entristece as almas... Mas que seja melancólica uma cidade como esta, metida no eterno banho da luz do sol — luz que se desfaz em beijos e sorrisos pelas copas das árvores, pelas fachadas das casas, pelos buracos das ruas —, isso é cousa que não se entende!
Felizmente, agora, o Rio de Janeiro parece sair do seu letargo.
Voltemos à imagem da casa desabitada. Que alegria, quando, depois de longo luto, abrem-se as janelas do prédio à luz e ao ar, e espanam-se os móveis, e sacodem-se as cortinas, e o piano acorda cantando uma valsa leve, e as crianças se espalham pelos corredores, correndo e chalrando!
Assim, o Rio de Janeiro, atualmente, nestes dias de festa. Antes da chegada do presidente Rocca,1 a chegada do governador Viana...
Passeatas, banquetes, espetáculos de gala, corridas — as costureiras trabalhando sem descanso, todo o comércio rejubilando —, uma delícia para todo mundo!
Ah! quem dera que fosse sempre assim, Sebastianópolis!
E por que não és tu sempre assim, uma feira franca do riso e do pagode? Talvez porque o nosso temperamento seja realmente mais sujeito à melancolia do que à jovialidade? Não! há quem diga que a nossa tristeza depende exclusivamente da nossa imundície.
Diz-se que, certa vez, um homem, pouco dado ao uso do banho, sentiu-se atolar no pântano de uma melancolia sem tréguas. Foi consultar um médico, que lhe aconselhou o uso de banhos diários. E logo ao segundo banho o sujeito ficou tão curado, que morreu... de um frouxo de riso.
O remédio é fácil de experimentar. Mal não fará, com certeza: e é mais que provável que faça bem, e grande bem...
Ah! quem poderá viver bastante para te ver saneada, ó cidade do Rio de Janeiro?
A gente, desde que se entende, ouve dizer que o Brasil só não está hoje inteiramente povoado por causa do flagelo periódico da febre amarela. Sabem isto os governos, sabe isto o povo. Todos os médicos que há sessenta anos saem das nossas faculdades, dizem e escrevem que a causa da febre amarela é a falta de saneamento das cidades. Ninguém ignora que o vômito-negro, por anos e anos, devastou as populações de Galveston, de Filadélfia, de Memphis, de New Orleans, e que dessas cidades desapareceu para sempre — assim que, saneadas e acostumadas à limpeza, elas deixaram de oferecer ao desenvolvimento da epidemia um meio favorável. Torres Homem, Ferreira de Abreu, todos os grandes clínicos do Brasil se têm esbofado em pedir o saneamento — declarando terminantemente que ele é o único meio de combater e aniquilar a pirexia assassina.
Mas nada se tem feito. Os dias passam, e a gente continua a esperar que as redes aperfeiçoadas de esgotos, as drenagens do solo e os abastecimentos d'água caiam do céu por descuido — como se o céu tivesse algum interesse nisso.
Agora, parece que o sr. prefeito municipal resolveu meter uma lança em África, pedindo ao conselho que o autorize a abrir largamente os cofres do município em favor da ideia.
Claro está que isso só pode merecer aplauso. Mas... — forte desgraça é esta! Sempre há de aparecer este mas cruel, esta abominável adversativa que atrapalha tudo! Mas... que ideia é esta de pedir a uma corporação médica que estude mais uma vez o saneamento?
Ninguém se cansaria ainda em reeditar a bolorenta série dos injustos epigramas com que tem sido crivada a classe dos médicos — desde a prosa de Molière até as desaforadas redondilhas de Bocage. Já se sabe que há no Brasil médicos que são glórias legítimas e incontestáveis desta terra. Mas sabe-se também que entre os médicos brasileiros, e principalmente entre os médicos do Rio de Janeiro, há uma rivalidade feroz, uma luta sem tréguas, uma guerra de morte.
Passam-se meses sem que venham a público manifestações desse desacordo profundo: de repente, porém, um alarido cresce nos ares, e, pelas colunas pagas ou não pagas dos jornais, começa a ferver o escândalo, e começam a chocar-se as injúrias, e é um nunca mais acabar de acusações, de doestos, de denúncias, de revelações escabrosas.
Agora mesmo estamos assistindo a uma dessas batalhas edificantes. A galeria baba-se de gosto, e as empresas dos jornais apanham o melhor do combate, que é o dinheiro dos combatentes. Se à cabeceira de um doente, por causa de uma talha malfeita, ou de um tifo mal combatido, há tão ásperas lutas, que não haverá à cabeceira da cidade, por causa do saneamento?
Enfim, o que devemos todos fazer é pedir a Deus que ilumine o Concílio, mantendo sobre ele a sua infinita Graça — e pedir aos médicos que economizem palavras, porque não há de ser com elas que a municipalidade saneará o Rio de Janeiro.
(Gazeta de Notícias, 30/7/1899)
Considerando as regras de emprego do sinal indicativo de crase, assinale a alternativa que completa a frase a seguir conforme a norma-padrão da língua.
Quando estou sozinha, posso dedicar tempo à
Vereador é suspeito de exercício ilegal da odontologia, no AM
De 2014 até maio de 2015, o Conselho Regional de Odontologia do Amazonas (CRO-AM) emitiu 361 notificações por diversos tipos de irregularidades na área de odontologia. Dentre elas está o Exercício Ilegal da profissão.
Uma das ocorrências registradas nos primeiros meses de 2015 foi a de um vereador flagrado exercendo a atividade de forma ilegal. [...]
O presidente do órgão, João Franco, disse que o vereador fazia atendimentos odontológicos em um consultório na cidade de Uairini. Segundo Franco, o parlamentar não tem qualquer formação na área e não poderia estar atendendo pacientes. Ele já havia sido notificado durante fiscalização anterior por atuar como falso dentista.
"Ele já respondia pelo exercício ilegal. Ele foi flagrado atendendo sem nenhum equipamento de segurança", disse o presidente.
Dos casos registrados em 2014, 12 correspondem ao exercício ilegal da profissão de dentista. Nenhuma das pessoas tinha registro no Conselho, conforme o CRO. Neste ano, já foram registradas nove notificações.
O presidente João Franco disse ainda que 81 clínicas foram flagradas funcionando no ano passado sem qualquer registro no Conselho. Ao todo, 38 clínicas sem registro foram notificadas em 2015.
Ainda há casos de exercício da atividade ilegal de produção de prótese. Neste ano, foram registrados três casos de pessoas que faziam o serviço sem autorização. No ano passado, houve seis casos.
João Franco destacou que o Conselho cumpre um cronograma de fiscalizações na capital e no interior do estado. Novo Airão, Manacapuru, Careiro da Várzea, Iranduba e Rio Preto da Eva estão entre os municípios que receberam a ação nas últimas semanas.
O diretor observou que a programação de blitzes está dentro prazo, mas disse que as distâncias entre as cidades prejudicam o trabalho das equipes.
"Não é uma realidade apenas do Amazonas. Nossas ações visam impedir que pessoas sem formação atendam e coloquem em risco a saúde da população", disse.
Segundo o CRO, o paciente pode ajudar no combate à atividade ilegal, caso identifique um local que não possui condições apropriadas para atendimentos. Denúncias podem ser feitas no Conselho ou ainda nos distritos de polícia de Manaus.
João Franco alertou para o risco de contaminação. "A prática ilegal pode resultar em complicações graves com a contaminação de doenças, como herpes, HIV, hepatite e infecções bacterianas ocasionadas pela falta de higiene ou esterilização inadequada de alimentos", disse.
(g1.globo.com)
O ataque da desinformação
Sempre houve boatos e mentiras gerando desinformação na sociedade. O fenômeno é antigo, mas os tempos atuais trouxeram desafios em proporções e numa velocidade até há pouco impensáveis.
A questão não é apenas a incrível capacidade de compartilhamento instantâneo, dada pelas redes sociais e os aplicativos de mensagem, o que é positivo, mas traz evidentes riscos. Muitas vezes, uma informação é compartilhada milhares de vezes antes mesmo de haver tempo hábil para a checagem de sua veracidade. O desafio é também oriundo do avanço tecnológico das ferramentas de edição de vídeo, áudio e imagem. Cada vez mais sofisticadas e, ao mesmo tempo, mais baratas e acessíveis, elas são capazes de falsificar a realidade de forma muito convincente.
Para debater esse atual cenário, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) promoveu o seminário “Desinformação: Antídotos e Tendências”. Na abertura do evento, Marcelo Rech, presidente da ANJ, lembrou que o vírus da desinformação não é difundido apenas por grupos ou indivíduos extremistas. Também alguns governos têm se utilizado dessa arma para desautorizar coberturas inconvenientes. Tenta-se fazer com que apenas a informação oficial circule.
O diretor da organização Witness, Sam Gregory, falou sobre as deepfakes e outras tecnologias que se valem da inteligência artificial (IA) para criar vídeos, imagens e áudios falsos. Houve um grande avanço tecnológico na área, o que afeta diretamente a confiabilidade das informações na esfera pública. O vídeo de um político fazendo determinada declaração pode ser inteiramente falso. Parece não haver limites para as manipulações.
Diante desse cenário, que alguém poderia qualificar como o “fim da verdade”, Sam Gregory desestimulou qualquer reação de pânico ou desespero, que seria precisamente o que os difusores da desinformação almejam. Para Gregory, o caminho é melhorar a preparação das pessoas e das instituições, ampliando a “alfabetização midiática” – prover formação para que cada pessoa fique menos vulnerável às manipulações –, aperfeiçoando as ferramentas de detecção de falsidades e aumentando a responsabilidade das plataformas que disponibilizam esses conteúdos.
Há um consenso de que o atual cenário, mesmo com todos os desafios, tem aspectos muito positivos, pois todos os princípios norteadores do jornalismo, como o de independência, da liberdade de expressão e o de rigor na apuração, têm sua importância reafirmada.
O caminho para combater a desinformação continua sendo o mesmo: a informação de qualidade.
(O Estado de São Paulo. 19.10.2019. Adaptado)
Com base no emprego do sinal indicativo de crase, assinale a alternativa que completa corretamente a frase a seguir:
O político fez declarações...
A crise da saúde mental no Brasil.
Conforme aponta a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o primeiro no ranking internacional de países com o maior número de pessoas com transtorno de ansiedade. O país é também o quarto com maior número de pessoas com depressão. E qual é o motivo desse alto número de pessoas com transtornos mentais? Os altos índices de violência são um motivo – de acordo com o Atlas da Violência 2018, o Brasil tem taxa de homicídio 30 vezes maior que a da Europa. Além disso, uma grande causa de sofrimento psíquico é a instabilidade financeira. Segundo o IBGE, a taxa de desemprego no Brasil ficou em 12,5% no trimestre de fevereiro a abril, o que corresponde a mais de 13 milhões de pessoas desempregadas. Até mesmo o estilo de vida nas cidades, que é muito urbanizado – barulho demais, poluição demais, horas infindáveis no trânsito – tudo isso somado aumenta o risco de problemas de saúde mental.
Se a sociedade brasileira não começar a lidar seriamente com os problemas de saúde mental, vamos enxergar cada vez mais uma piora nos índices de transtornos e em tudo que a saúde mental acarreta: pioras na saúde física, aumento dos índices de suicídio, menor produtividade da força de trabalho.
(Michael Kapps. Folha de S.Paulo, 30 de agosto de 2019. Adaptado)
Assinale a alternativa que preenche correta e respectivamente as lacunas do trecho a seguir, considerando as regras de emprego da crase.
É importante criar políticas que atendam ____ necessidade da população de acesso ___ formas de vida favoráveis ____ saúde mental.