Questões de Concurso Sobre português

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Q3030551 Português

TEXTO I


O ATENEU III


    [...] Entrei pela geografia como em casa minha. [...] Graças à destreza do Sanches, não havia incidente estudado da superfície terrestre que se me não colasse no cérebro como se fosse minha cabeça, por dentro, o que é por fora a esfera do mundo. A seu turno a gramática abria-se como um cofre de confeitos pela Páscoa. Cetim cor de céu e açúcar. Eu escolhia a bel-prazer os adjetivos, como amêndoas adocicadas pelas circunstâncias adverbiais da mais agradável variedade; os amáveis substantivos! Voavam-me à roda, próprios e apelativos, como criaturinhas de alfenim alado; a etimologia, a sintaxe, a prosódia, a ortografia, quatro graus de doçura da mesma gustação. Quando muito, as exceções e os verbos irregulares desgostavam-me a princípio; como esses feios confeitos crespos de chocolate: levados à boca saborosíssimos.


(POMPEIA,R. O Ateneu. 16.ed. São Paulo: Ática, 1996. p.20). 

No texto em estudo, o Autor faz referência a quatro ramos da gramática normativa: etimologia, sintaxe, prosódia e ortografia. Analise as afirmações sobre o conceito de cada um deles:

I – Etimologia – é o campo de estudo da linguística que trata da origem das palavras e da explicação do significado, através da análise dos elementos que as constituem. II – Sintaxe – é a parte da gramática que trata da ordem, da relação e da função das palavras que, ao se combinarem harmonicamente, formam frase, oração e período. III – Prosódia – trata da pronúncia correta das palavras bem como da acentuação tônica, ou seja, da posição adequada da sílaba tônica das palavras. IV – Ortografia – conjunto de regras estabelecidas pela gramática normativa que ensina a grafia correta das palavras, o uso de sinais gráficos que destacam vogais tônicas, abertas ou fechadas, processos fonológicos como crase, etc.

Marque a alternativa que apresenta as afirmações corretas:
Alternativas
Q3030550 Português

TEXTO I


O ATENEU III


    [...] Entrei pela geografia como em casa minha. [...] Graças à destreza do Sanches, não havia incidente estudado da superfície terrestre que se me não colasse no cérebro como se fosse minha cabeça, por dentro, o que é por fora a esfera do mundo. A seu turno a gramática abria-se como um cofre de confeitos pela Páscoa. Cetim cor de céu e açúcar. Eu escolhia a bel-prazer os adjetivos, como amêndoas adocicadas pelas circunstâncias adverbiais da mais agradável variedade; os amáveis substantivos! Voavam-me à roda, próprios e apelativos, como criaturinhas de alfenim alado; a etimologia, a sintaxe, a prosódia, a ortografia, quatro graus de doçura da mesma gustação. Quando muito, as exceções e os verbos irregulares desgostavam-me a princípio; como esses feios confeitos crespos de chocolate: levados à boca saborosíssimos.


(POMPEIA,R. O Ateneu. 16.ed. São Paulo: Ática, 1996. p.20). 

Considere os fragmentos do texto: “Entrei pela geografia como em minha casa”; “A seu turno a gramática abria-se como um cofre [...]”; “os amáveis substantivos! Voavam-me à roda, próprios e apelativos, como criaturinhas de alfenim alado”. O conectivo “como”, em todas essas ocorrências, apresenta a seguinte classificação:
Alternativas
Q3030549 Português

TEXTO I


O ATENEU III


    [...] Entrei pela geografia como em casa minha. [...] Graças à destreza do Sanches, não havia incidente estudado da superfície terrestre que se me não colasse no cérebro como se fosse minha cabeça, por dentro, o que é por fora a esfera do mundo. A seu turno a gramática abria-se como um cofre de confeitos pela Páscoa. Cetim cor de céu e açúcar. Eu escolhia a bel-prazer os adjetivos, como amêndoas adocicadas pelas circunstâncias adverbiais da mais agradável variedade; os amáveis substantivos! Voavam-me à roda, próprios e apelativos, como criaturinhas de alfenim alado; a etimologia, a sintaxe, a prosódia, a ortografia, quatro graus de doçura da mesma gustação. Quando muito, as exceções e os verbos irregulares desgostavam-me a princípio; como esses feios confeitos crespos de chocolate: levados à boca saborosíssimos.


(POMPEIA,R. O Ateneu. 16.ed. São Paulo: Ática, 1996. p.20). 

Considere a ênfase nos elementos de comunicação e marque a alternativa que apresenta as funções de linguagem predominantes nesse texto:
Alternativas
Q3030548 Português

TEXTO I


O ATENEU III


    [...] Entrei pela geografia como em casa minha. [...] Graças à destreza do Sanches, não havia incidente estudado da superfície terrestre que se me não colasse no cérebro como se fosse minha cabeça, por dentro, o que é por fora a esfera do mundo. A seu turno a gramática abria-se como um cofre de confeitos pela Páscoa. Cetim cor de céu e açúcar. Eu escolhia a bel-prazer os adjetivos, como amêndoas adocicadas pelas circunstâncias adverbiais da mais agradável variedade; os amáveis substantivos! Voavam-me à roda, próprios e apelativos, como criaturinhas de alfenim alado; a etimologia, a sintaxe, a prosódia, a ortografia, quatro graus de doçura da mesma gustação. Quando muito, as exceções e os verbos irregulares desgostavam-me a princípio; como esses feios confeitos crespos de chocolate: levados à boca saborosíssimos.


(POMPEIA,R. O Ateneu. 16.ed. São Paulo: Ática, 1996. p.20). 

Leia o fragmento do romance “O Ateneu” e analise as afirmações a seguir:



I – O romance “O Ateneu” é um repositório de referências, em geral negativas, ao colégio que tinha esse nome. As impressões do narrador, nesse trecho, referem-se às aulas de língua pátria, especificamente as de “gramática” e, interessantemente, denotam agrado e prazer.

II – Quando se fala de gramática da língua, o primeiro tema que surge é o das unidades que a compõem e das classes que se estabelecem. Nesse fragmento, estão as três primeiras classes que costumam aparecer, quando se explicita o campo da gramática.

III – Entram primeiro os adjetivos – sempre susceptíveis a referências mais avaliativas, mais conotadas. Depois entram os advérbios – sempre a serviço dos adjetivos e lembrados pela variedade dos elementos da classe. E, afinal, entram os substantivos, sempre dirigidos pela referência a criaturas.

IV – Outros temas vêm à mente do narrador, e, muito significativamente, surge como desagradável, mas saborosa a lida com as “irregularidades” no funcionamento linguístico: os verbos irregulares e as exceções.



Sobre as afirmativas, marque a alternativa correta:

Alternativas
Q3030512 Português

Pesquisa revela que apenas 17% dos MEIs buscam serviços contábeis


    Um recente levantamento realizado pela MaisMei revelou que apenas 17% dos gestores que optam pela categoria do Microempreendedor Individual (MEI) buscam o suporte de profissionais de contabilidade. A pesquisa, que analisou o comportamento de 5.640 microempreendedores cadastrados no aplicativo da empresa, destinado à gestão do MEI, trouxe à tona dados que evidenciam uma lacuna significativa no aproveitamento dos serviços contábeis.

    Os dados mostram que a maioria dos microempreendedores que recorre a esses serviços o faz para a declaração de impostos, com 53,22% das demandas concentradas nessa área. A emissão de notas fiscais também figura como um serviço bastante procurado, representando 22,63% das solicitações. No entanto, outras áreas como dicas de negócios (8,62%) e planejamento financeiro (5,71%) aparecem com menor frequência, mas ainda assim indicam oportunidades relevantes para contadores e escritórios de contabilidade que buscam expandir suas ofertas de serviços.

    A análise dos dados indica que a baixa procura por serviços de contabilidade pode ser preocupante. Embora o regime do MEI tenha sido concebido para simplificar as obrigações tributárias e reduzir custos, a ausência de orientação especializada pode acarretar riscos financeiros, especialmente no que tange à manutenção do faturamento dentro do teto anual de R$ 81 mil e à regularização de contribuições em atraso.

    Dentro do universo dos microempreendedores que utilizam serviços contábeis, 66% o fazem apenas quando há necessidade iminente. Isso sugere que muitos MEIs têm uma abordagem reativa em relação à contabilidade, enxergando-a mais como uma solução pontual do que como uma parceria estratégica. Um acompanhamento regular de um contador pode proporcionar benefícios substanciais, incluindo a melhoria das estratégias de negócios, a criação de uma reserva de emergência e a maximização dos benefícios previdenciários, como o auxílio por incapacidade temporária e o direito à aposentadoria.

    Ainda segundo o levantamento, 23,49% dos microempreendedores desconhecem os benefícios previdenciários a que têm direito, o que reforça a necessidade de maior conscientização e educação financeira entre esses gestores. A falta de conhecimento pode impedir que muitos aproveitem plenamente os recursos disponíveis para garantir a sustentabilidade e o crescimento de seus negócios.

    Com o cenário atual, a função do contador se mostra não apenas relevante, mas essencial para o sucesso dos microempreendedores, especialmente em um ambiente de negócios cada vez mais complexo e dinâmico. É fundamental que os gestores reconheçam a importância de uma consultoria contábil contínua, não apenas para cumprir obrigações legais, mas também para alavancar oportunidades de crescimento e mitigação de riscos.

    Esta pesquisa destaca, portanto, a importância de uma maior adesão aos serviços contábeis por parte dos microempreendedores, reforçando o papel estratégico que esses profissionais podem desempenhar no fortalecimento e na longevidade dos negócios sob o regime do MEI.


Fonte: https://www.contabeis.com.br/noticias/66642/apenas-17-dos-meis-utilizam-servicos-de-contabilidade/(adaptado). 

No trecho "A pesquisa, que analisou o comportamento de 5.640 microempreendedores cadastrados no aplicativo da empresa, destinado à gestão do MEI, trouxe à tona dados que evidenciam uma lacuna significativa no aproveitamento dos serviços contábeis", o termo "que" aparece duas vezes. Analise as funções gramaticais de cada ocorrência do termo "que" e assinale a alternativa correta.
Alternativas
Q3030511 Português

Pesquisa revela que apenas 17% dos MEIs buscam serviços contábeis


    Um recente levantamento realizado pela MaisMei revelou que apenas 17% dos gestores que optam pela categoria do Microempreendedor Individual (MEI) buscam o suporte de profissionais de contabilidade. A pesquisa, que analisou o comportamento de 5.640 microempreendedores cadastrados no aplicativo da empresa, destinado à gestão do MEI, trouxe à tona dados que evidenciam uma lacuna significativa no aproveitamento dos serviços contábeis.

    Os dados mostram que a maioria dos microempreendedores que recorre a esses serviços o faz para a declaração de impostos, com 53,22% das demandas concentradas nessa área. A emissão de notas fiscais também figura como um serviço bastante procurado, representando 22,63% das solicitações. No entanto, outras áreas como dicas de negócios (8,62%) e planejamento financeiro (5,71%) aparecem com menor frequência, mas ainda assim indicam oportunidades relevantes para contadores e escritórios de contabilidade que buscam expandir suas ofertas de serviços.

    A análise dos dados indica que a baixa procura por serviços de contabilidade pode ser preocupante. Embora o regime do MEI tenha sido concebido para simplificar as obrigações tributárias e reduzir custos, a ausência de orientação especializada pode acarretar riscos financeiros, especialmente no que tange à manutenção do faturamento dentro do teto anual de R$ 81 mil e à regularização de contribuições em atraso.

    Dentro do universo dos microempreendedores que utilizam serviços contábeis, 66% o fazem apenas quando há necessidade iminente. Isso sugere que muitos MEIs têm uma abordagem reativa em relação à contabilidade, enxergando-a mais como uma solução pontual do que como uma parceria estratégica. Um acompanhamento regular de um contador pode proporcionar benefícios substanciais, incluindo a melhoria das estratégias de negócios, a criação de uma reserva de emergência e a maximização dos benefícios previdenciários, como o auxílio por incapacidade temporária e o direito à aposentadoria.

    Ainda segundo o levantamento, 23,49% dos microempreendedores desconhecem os benefícios previdenciários a que têm direito, o que reforça a necessidade de maior conscientização e educação financeira entre esses gestores. A falta de conhecimento pode impedir que muitos aproveitem plenamente os recursos disponíveis para garantir a sustentabilidade e o crescimento de seus negócios.

    Com o cenário atual, a função do contador se mostra não apenas relevante, mas essencial para o sucesso dos microempreendedores, especialmente em um ambiente de negócios cada vez mais complexo e dinâmico. É fundamental que os gestores reconheçam a importância de uma consultoria contábil contínua, não apenas para cumprir obrigações legais, mas também para alavancar oportunidades de crescimento e mitigação de riscos.

    Esta pesquisa destaca, portanto, a importância de uma maior adesão aos serviços contábeis por parte dos microempreendedores, reforçando o papel estratégico que esses profissionais podem desempenhar no fortalecimento e na longevidade dos negócios sob o regime do MEI.


Fonte: https://www.contabeis.com.br/noticias/66642/apenas-17-dos-meis-utilizam-servicos-de-contabilidade/(adaptado). 

No trecho “Isso sugere que muitos MEIs têm uma abordagem reativa em relação à contabilidade”, analise as funções morfológicas dos pronomes presentes:

I. "Isso" é um pronome demonstrativo que se refere a uma ideia mencionada anteriormente no texto. II. "Muitos" é um pronome indefinido que quantifica de maneira vaga o número de MEIs mencionados. III. "Uma" é um pronome indefinido que exerce função de artigo, indicando a especificidade de "abordagem".

Está(ão) CORRETA(S):
Alternativas
Q3030510 Português

Pesquisa revela que apenas 17% dos MEIs buscam serviços contábeis


    Um recente levantamento realizado pela MaisMei revelou que apenas 17% dos gestores que optam pela categoria do Microempreendedor Individual (MEI) buscam o suporte de profissionais de contabilidade. A pesquisa, que analisou o comportamento de 5.640 microempreendedores cadastrados no aplicativo da empresa, destinado à gestão do MEI, trouxe à tona dados que evidenciam uma lacuna significativa no aproveitamento dos serviços contábeis.

    Os dados mostram que a maioria dos microempreendedores que recorre a esses serviços o faz para a declaração de impostos, com 53,22% das demandas concentradas nessa área. A emissão de notas fiscais também figura como um serviço bastante procurado, representando 22,63% das solicitações. No entanto, outras áreas como dicas de negócios (8,62%) e planejamento financeiro (5,71%) aparecem com menor frequência, mas ainda assim indicam oportunidades relevantes para contadores e escritórios de contabilidade que buscam expandir suas ofertas de serviços.

    A análise dos dados indica que a baixa procura por serviços de contabilidade pode ser preocupante. Embora o regime do MEI tenha sido concebido para simplificar as obrigações tributárias e reduzir custos, a ausência de orientação especializada pode acarretar riscos financeiros, especialmente no que tange à manutenção do faturamento dentro do teto anual de R$ 81 mil e à regularização de contribuições em atraso.

    Dentro do universo dos microempreendedores que utilizam serviços contábeis, 66% o fazem apenas quando há necessidade iminente. Isso sugere que muitos MEIs têm uma abordagem reativa em relação à contabilidade, enxergando-a mais como uma solução pontual do que como uma parceria estratégica. Um acompanhamento regular de um contador pode proporcionar benefícios substanciais, incluindo a melhoria das estratégias de negócios, a criação de uma reserva de emergência e a maximização dos benefícios previdenciários, como o auxílio por incapacidade temporária e o direito à aposentadoria.

    Ainda segundo o levantamento, 23,49% dos microempreendedores desconhecem os benefícios previdenciários a que têm direito, o que reforça a necessidade de maior conscientização e educação financeira entre esses gestores. A falta de conhecimento pode impedir que muitos aproveitem plenamente os recursos disponíveis para garantir a sustentabilidade e o crescimento de seus negócios.

    Com o cenário atual, a função do contador se mostra não apenas relevante, mas essencial para o sucesso dos microempreendedores, especialmente em um ambiente de negócios cada vez mais complexo e dinâmico. É fundamental que os gestores reconheçam a importância de uma consultoria contábil contínua, não apenas para cumprir obrigações legais, mas também para alavancar oportunidades de crescimento e mitigação de riscos.

    Esta pesquisa destaca, portanto, a importância de uma maior adesão aos serviços contábeis por parte dos microempreendedores, reforçando o papel estratégico que esses profissionais podem desempenhar no fortalecimento e na longevidade dos negócios sob o regime do MEI.


Fonte: https://www.contabeis.com.br/noticias/66642/apenas-17-dos-meis-utilizam-servicos-de-contabilidade/(adaptado). 

De acordo com a pesquisa realizada pela MaisMei, qual é o principal motivo pelo qual os microempreendedores individuais (MEIs) buscam serviços contábeis?
Alternativas
Q3030509 Português

Pesquisa revela que apenas 17% dos MEIs buscam serviços contábeis


    Um recente levantamento realizado pela MaisMei revelou que apenas 17% dos gestores que optam pela categoria do Microempreendedor Individual (MEI) buscam o suporte de profissionais de contabilidade. A pesquisa, que analisou o comportamento de 5.640 microempreendedores cadastrados no aplicativo da empresa, destinado à gestão do MEI, trouxe à tona dados que evidenciam uma lacuna significativa no aproveitamento dos serviços contábeis.

    Os dados mostram que a maioria dos microempreendedores que recorre a esses serviços o faz para a declaração de impostos, com 53,22% das demandas concentradas nessa área. A emissão de notas fiscais também figura como um serviço bastante procurado, representando 22,63% das solicitações. No entanto, outras áreas como dicas de negócios (8,62%) e planejamento financeiro (5,71%) aparecem com menor frequência, mas ainda assim indicam oportunidades relevantes para contadores e escritórios de contabilidade que buscam expandir suas ofertas de serviços.

    A análise dos dados indica que a baixa procura por serviços de contabilidade pode ser preocupante. Embora o regime do MEI tenha sido concebido para simplificar as obrigações tributárias e reduzir custos, a ausência de orientação especializada pode acarretar riscos financeiros, especialmente no que tange à manutenção do faturamento dentro do teto anual de R$ 81 mil e à regularização de contribuições em atraso.

    Dentro do universo dos microempreendedores que utilizam serviços contábeis, 66% o fazem apenas quando há necessidade iminente. Isso sugere que muitos MEIs têm uma abordagem reativa em relação à contabilidade, enxergando-a mais como uma solução pontual do que como uma parceria estratégica. Um acompanhamento regular de um contador pode proporcionar benefícios substanciais, incluindo a melhoria das estratégias de negócios, a criação de uma reserva de emergência e a maximização dos benefícios previdenciários, como o auxílio por incapacidade temporária e o direito à aposentadoria.

    Ainda segundo o levantamento, 23,49% dos microempreendedores desconhecem os benefícios previdenciários a que têm direito, o que reforça a necessidade de maior conscientização e educação financeira entre esses gestores. A falta de conhecimento pode impedir que muitos aproveitem plenamente os recursos disponíveis para garantir a sustentabilidade e o crescimento de seus negócios.

    Com o cenário atual, a função do contador se mostra não apenas relevante, mas essencial para o sucesso dos microempreendedores, especialmente em um ambiente de negócios cada vez mais complexo e dinâmico. É fundamental que os gestores reconheçam a importância de uma consultoria contábil contínua, não apenas para cumprir obrigações legais, mas também para alavancar oportunidades de crescimento e mitigação de riscos.

    Esta pesquisa destaca, portanto, a importância de uma maior adesão aos serviços contábeis por parte dos microempreendedores, reforçando o papel estratégico que esses profissionais podem desempenhar no fortalecimento e na longevidade dos negócios sob o regime do MEI.


Fonte: https://www.contabeis.com.br/noticias/66642/apenas-17-dos-meis-utilizam-servicos-de-contabilidade/(adaptado). 

Segundo a pesquisa, qual é o percentual de microempreendedores que desconhecem os benefícios previdenciários a que têm direito?
Alternativas
Q3030508 Português

Pesquisa revela que apenas 17% dos MEIs buscam serviços contábeis


    Um recente levantamento realizado pela MaisMei revelou que apenas 17% dos gestores que optam pela categoria do Microempreendedor Individual (MEI) buscam o suporte de profissionais de contabilidade. A pesquisa, que analisou o comportamento de 5.640 microempreendedores cadastrados no aplicativo da empresa, destinado à gestão do MEI, trouxe à tona dados que evidenciam uma lacuna significativa no aproveitamento dos serviços contábeis.

    Os dados mostram que a maioria dos microempreendedores que recorre a esses serviços o faz para a declaração de impostos, com 53,22% das demandas concentradas nessa área. A emissão de notas fiscais também figura como um serviço bastante procurado, representando 22,63% das solicitações. No entanto, outras áreas como dicas de negócios (8,62%) e planejamento financeiro (5,71%) aparecem com menor frequência, mas ainda assim indicam oportunidades relevantes para contadores e escritórios de contabilidade que buscam expandir suas ofertas de serviços.

    A análise dos dados indica que a baixa procura por serviços de contabilidade pode ser preocupante. Embora o regime do MEI tenha sido concebido para simplificar as obrigações tributárias e reduzir custos, a ausência de orientação especializada pode acarretar riscos financeiros, especialmente no que tange à manutenção do faturamento dentro do teto anual de R$ 81 mil e à regularização de contribuições em atraso.

    Dentro do universo dos microempreendedores que utilizam serviços contábeis, 66% o fazem apenas quando há necessidade iminente. Isso sugere que muitos MEIs têm uma abordagem reativa em relação à contabilidade, enxergando-a mais como uma solução pontual do que como uma parceria estratégica. Um acompanhamento regular de um contador pode proporcionar benefícios substanciais, incluindo a melhoria das estratégias de negócios, a criação de uma reserva de emergência e a maximização dos benefícios previdenciários, como o auxílio por incapacidade temporária e o direito à aposentadoria.

    Ainda segundo o levantamento, 23,49% dos microempreendedores desconhecem os benefícios previdenciários a que têm direito, o que reforça a necessidade de maior conscientização e educação financeira entre esses gestores. A falta de conhecimento pode impedir que muitos aproveitem plenamente os recursos disponíveis para garantir a sustentabilidade e o crescimento de seus negócios.

    Com o cenário atual, a função do contador se mostra não apenas relevante, mas essencial para o sucesso dos microempreendedores, especialmente em um ambiente de negócios cada vez mais complexo e dinâmico. É fundamental que os gestores reconheçam a importância de uma consultoria contábil contínua, não apenas para cumprir obrigações legais, mas também para alavancar oportunidades de crescimento e mitigação de riscos.

    Esta pesquisa destaca, portanto, a importância de uma maior adesão aos serviços contábeis por parte dos microempreendedores, reforçando o papel estratégico que esses profissionais podem desempenhar no fortalecimento e na longevidade dos negócios sob o regime do MEI.


Fonte: https://www.contabeis.com.br/noticias/66642/apenas-17-dos-meis-utilizam-servicos-de-contabilidade/(adaptado). 

Sobre a função dos serviços contábeis para os MEIs, analise as seguintes assertivas de acordo com o texto:

I. A função do contador se limita à emissão de notas fiscais e à declaração de impostos. II. O contador pode auxiliar na mitigação de riscos financeiros ao orientar os MEIs sobre o teto de faturamento e a regularização de contribuições. III. A consultoria contábil contínua é apresentada como uma estratégia para melhorar as práticas de negócios e assegurar a longevidade das empresas.

Está(ão) CORRETA(S):
Alternativas
Q3030455 Português
A imagem a seguir apresenta uma das obras mais emblemáticas de Tarsila do Amaral. Ao lado de seu marido, Oswald de Andrade, inaugurou o movimento Antropofágico:

Q38.png (222×252)

(Abaporu, 1928, obra símbolo do movimento antropofágico.)

Relacionado à imagem e informações anteriores, assinale a afirmativa correta.

Alternativas
Q3030451 Português

O navio negreiro


Quem são estes desgraçados

Que não encontram em vós

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fúria do algoz?

Quem são? Se a estrela se cala,

Se a vaga à pressa resvala

Como um cúmplice fugaz,

Perante a noite confusa...

Dize-o tu, severa Musa,

Musa libérrima, audaz!...

São os filhos do deserto,

Onde a terra esposa a luz.

Onde vive em campo aberto

A tribo dos homens nus...

São os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidão.

Ontem simples, fortes, bravos.

Hoje míseros escravos,

Sem luz, sem ar, sem razão. . .

(Castro Alves)


Contrato de trabalho


Sou um negro Ao candidatar-me A um emprego, mesmo sabendo que a “chance” está reservada às “pessoas de boas aparências”.
Sou um negro Ao candidatar-me A um emprego Mesmo sabendo que a “vaga” Já foi “devidamente preenchida”. (Adão Ventura)


A partir das leituras anteriores pode-se afirmar que:

Alternativas
Q3030450 Português

Leia o texto III para responder à questão.


Texto III


Eloquência singular


    Mal iniciara seu discurso, o deputado embatucou:

    – Senhor Presidente: eu não sou daqueles que...

    O verbo ia para o singular ou para o plural? Tudo indicava o plural. No entanto, podia perfeitamente ser o singular:

– Não sou daqueles que… 

    Não sou daqueles que recusam… No plural soava melhor. Mas era preciso precaver-se contra essas armadilhas da linguagem – que recusa? – ele que tão facilmente caía nelas, e era logo massacrado com um aparte. Não sou daqueles que… Resolveu ganhar tempo:

    – …embora perfeitamente cônscio das minhas altas responsabilidades como representante do povo nesta Casa, não sou…

    Daqueles que recusa, evidentemente. Como é que podia ter pensado em plural? Era um desses casos que os gramáticos registram nas suas questiúnculas de português: ia para o singular, não tinha dúvida. Idiotismo de linguagem, devia ser.

    …daqueles que, em momentos de extrema gravidade, como este que o Brasil atravessa…

    Safara-se porque nem se lembrava do verbo que pretendia usar:

    – Não sou daqueles que…

    Daqueles que o quê? Qualquer coisa, contanto que atravessasse de uma vez essa traiçoeira pinguela gramatical em que sua oratória lamentavelmente se havia metido logo de saída. Mas a concordância? Qualquer verbo servia, desde que conjugado corretamente, no singular. Ou no plural:

    – Não sou daqueles que, dizia eu – e é bom que se repita sempre, senhor Presidente, para que possamos ser dignos da confiança em nós depositada…

    Intercalava orações e mais orações, voltando sempre ao ponto de partida, incapaz de se definir por esta ou aquela concordância.

    [...]

    Intercalou mais uma oração e foi em frente com bravura, disposto a tudo, afirmando não ser daqueles que…

    – Como?

    Acolheu a interrupção com um suspiro de alívio:

    – Não ouvi bem o aparte do nobre deputado.

    Silêncio. Ninguém dera aparte nenhum.

    – Vossa Excelência, por obséquio, queira falar mais alto, que não ouvi bem – e apontava, agoniado, um dos deputados mais próximos.

    – Eu? Mas eu não disse nada…

    – Terei o maior prazer em responder ao aparte do nobre colega. Qualquer aparte.

    O silêncio continuava. Interessados, os demais deputados se agrupavam em torno do orador, aguardando o desfecho daquela agonia, que agora já era, como no verso de Bilac, a agonia do herói e a agonia da tarde.

    – Que é que você acha? – cochichou um.

    – Acho que vai para o singular.

    – Pois eu não: para o plural, é lógico.

    O orador seguia na sua luta:

    – Como afirmava no começo de meu discurso, senhor Presidente…

    Tirou o lenço do bolso e enxugou o suor da testa.

    Vontade de aproveitar-se do gesto e pedir ajuda ao próprio Presidente da mesa: por favor, apura aí pra mim, como é que é, me tira desta…

    – Quero comunicar ao nobre orador que o seu tempo se acha esgotado.

    – Apenas algumas palavras, senhor Presidente, para terminar o meu discurso: e antes de terminar, quero deixar bem claro que, a esta altura de minha existência, depois de mais de vinte anos de vida pública…

    E entrava por novos desvios:

    – Muito embora… sabendo perfeitamente… os imperativos de minha consciência cívica… senhor Presidente… e o declaro peremptoriamente… não sou daqueles que…

    O Presidente voltou a adverti-lo de que seu tempo se esgotara. Não havia mais por onde fugir:

    – Senhor Presidente, meus nobres colegas!

    Resolveu arrematar de qualquer maneira. Encheu o peito e desfechou:

    – Em suma: não sou daqueles. Tenho dito.

    Houve um suspiro de alívio em todo o plenário, as palmas romperam. Muito bem! Muito bem! O orador foi vivamente cumprimentado.



(SABINO, Fernando. Eloquência singular. In: A companheira de viagem. Rio de Janeiro: sabiá, 1965. Adaptado.)

Considerando a narrativa apresentada e seus elementos constituintes, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Q3030449 Português

Leia o texto III para responder à questão.


Texto III


Eloquência singular


    Mal iniciara seu discurso, o deputado embatucou:

    – Senhor Presidente: eu não sou daqueles que...

    O verbo ia para o singular ou para o plural? Tudo indicava o plural. No entanto, podia perfeitamente ser o singular:

– Não sou daqueles que… 

    Não sou daqueles que recusam… No plural soava melhor. Mas era preciso precaver-se contra essas armadilhas da linguagem – que recusa? – ele que tão facilmente caía nelas, e era logo massacrado com um aparte. Não sou daqueles que… Resolveu ganhar tempo:

    – …embora perfeitamente cônscio das minhas altas responsabilidades como representante do povo nesta Casa, não sou…

    Daqueles que recusa, evidentemente. Como é que podia ter pensado em plural? Era um desses casos que os gramáticos registram nas suas questiúnculas de português: ia para o singular, não tinha dúvida. Idiotismo de linguagem, devia ser.

    …daqueles que, em momentos de extrema gravidade, como este que o Brasil atravessa…

    Safara-se porque nem se lembrava do verbo que pretendia usar:

    – Não sou daqueles que…

    Daqueles que o quê? Qualquer coisa, contanto que atravessasse de uma vez essa traiçoeira pinguela gramatical em que sua oratória lamentavelmente se havia metido logo de saída. Mas a concordância? Qualquer verbo servia, desde que conjugado corretamente, no singular. Ou no plural:

    – Não sou daqueles que, dizia eu – e é bom que se repita sempre, senhor Presidente, para que possamos ser dignos da confiança em nós depositada…

    Intercalava orações e mais orações, voltando sempre ao ponto de partida, incapaz de se definir por esta ou aquela concordância.

    [...]

    Intercalou mais uma oração e foi em frente com bravura, disposto a tudo, afirmando não ser daqueles que…

    – Como?

    Acolheu a interrupção com um suspiro de alívio:

    – Não ouvi bem o aparte do nobre deputado.

    Silêncio. Ninguém dera aparte nenhum.

    – Vossa Excelência, por obséquio, queira falar mais alto, que não ouvi bem – e apontava, agoniado, um dos deputados mais próximos.

    – Eu? Mas eu não disse nada…

    – Terei o maior prazer em responder ao aparte do nobre colega. Qualquer aparte.

    O silêncio continuava. Interessados, os demais deputados se agrupavam em torno do orador, aguardando o desfecho daquela agonia, que agora já era, como no verso de Bilac, a agonia do herói e a agonia da tarde.

    – Que é que você acha? – cochichou um.

    – Acho que vai para o singular.

    – Pois eu não: para o plural, é lógico.

    O orador seguia na sua luta:

    – Como afirmava no começo de meu discurso, senhor Presidente…

    Tirou o lenço do bolso e enxugou o suor da testa.

    Vontade de aproveitar-se do gesto e pedir ajuda ao próprio Presidente da mesa: por favor, apura aí pra mim, como é que é, me tira desta…

    – Quero comunicar ao nobre orador que o seu tempo se acha esgotado.

    – Apenas algumas palavras, senhor Presidente, para terminar o meu discurso: e antes de terminar, quero deixar bem claro que, a esta altura de minha existência, depois de mais de vinte anos de vida pública…

    E entrava por novos desvios:

    – Muito embora… sabendo perfeitamente… os imperativos de minha consciência cívica… senhor Presidente… e o declaro peremptoriamente… não sou daqueles que…

    O Presidente voltou a adverti-lo de que seu tempo se esgotara. Não havia mais por onde fugir:

    – Senhor Presidente, meus nobres colegas!

    Resolveu arrematar de qualquer maneira. Encheu o peito e desfechou:

    – Em suma: não sou daqueles. Tenho dito.

    Houve um suspiro de alívio em todo o plenário, as palmas romperam. Muito bem! Muito bem! O orador foi vivamente cumprimentado.



(SABINO, Fernando. Eloquência singular. In: A companheira de viagem. Rio de Janeiro: sabiá, 1965. Adaptado.)

Considerando-se o gênero textual discurso e suas características; pode-se afirmar que, no texto:
Alternativas
Q3030448 Português

Leia o texto III para responder à questão.


Texto III


Eloquência singular


    Mal iniciara seu discurso, o deputado embatucou:

    – Senhor Presidente: eu não sou daqueles que...

    O verbo ia para o singular ou para o plural? Tudo indicava o plural. No entanto, podia perfeitamente ser o singular:

– Não sou daqueles que… 

    Não sou daqueles que recusam… No plural soava melhor. Mas era preciso precaver-se contra essas armadilhas da linguagem – que recusa? – ele que tão facilmente caía nelas, e era logo massacrado com um aparte. Não sou daqueles que… Resolveu ganhar tempo:

    – …embora perfeitamente cônscio das minhas altas responsabilidades como representante do povo nesta Casa, não sou…

    Daqueles que recusa, evidentemente. Como é que podia ter pensado em plural? Era um desses casos que os gramáticos registram nas suas questiúnculas de português: ia para o singular, não tinha dúvida. Idiotismo de linguagem, devia ser.

    …daqueles que, em momentos de extrema gravidade, como este que o Brasil atravessa…

    Safara-se porque nem se lembrava do verbo que pretendia usar:

    – Não sou daqueles que…

    Daqueles que o quê? Qualquer coisa, contanto que atravessasse de uma vez essa traiçoeira pinguela gramatical em que sua oratória lamentavelmente se havia metido logo de saída. Mas a concordância? Qualquer verbo servia, desde que conjugado corretamente, no singular. Ou no plural:

    – Não sou daqueles que, dizia eu – e é bom que se repita sempre, senhor Presidente, para que possamos ser dignos da confiança em nós depositada…

    Intercalava orações e mais orações, voltando sempre ao ponto de partida, incapaz de se definir por esta ou aquela concordância.

    [...]

    Intercalou mais uma oração e foi em frente com bravura, disposto a tudo, afirmando não ser daqueles que…

    – Como?

    Acolheu a interrupção com um suspiro de alívio:

    – Não ouvi bem o aparte do nobre deputado.

    Silêncio. Ninguém dera aparte nenhum.

    – Vossa Excelência, por obséquio, queira falar mais alto, que não ouvi bem – e apontava, agoniado, um dos deputados mais próximos.

    – Eu? Mas eu não disse nada…

    – Terei o maior prazer em responder ao aparte do nobre colega. Qualquer aparte.

    O silêncio continuava. Interessados, os demais deputados se agrupavam em torno do orador, aguardando o desfecho daquela agonia, que agora já era, como no verso de Bilac, a agonia do herói e a agonia da tarde.

    – Que é que você acha? – cochichou um.

    – Acho que vai para o singular.

    – Pois eu não: para o plural, é lógico.

    O orador seguia na sua luta:

    – Como afirmava no começo de meu discurso, senhor Presidente…

    Tirou o lenço do bolso e enxugou o suor da testa.

    Vontade de aproveitar-se do gesto e pedir ajuda ao próprio Presidente da mesa: por favor, apura aí pra mim, como é que é, me tira desta…

    – Quero comunicar ao nobre orador que o seu tempo se acha esgotado.

    – Apenas algumas palavras, senhor Presidente, para terminar o meu discurso: e antes de terminar, quero deixar bem claro que, a esta altura de minha existência, depois de mais de vinte anos de vida pública…

    E entrava por novos desvios:

    – Muito embora… sabendo perfeitamente… os imperativos de minha consciência cívica… senhor Presidente… e o declaro peremptoriamente… não sou daqueles que…

    O Presidente voltou a adverti-lo de que seu tempo se esgotara. Não havia mais por onde fugir:

    – Senhor Presidente, meus nobres colegas!

    Resolveu arrematar de qualquer maneira. Encheu o peito e desfechou:

    – Em suma: não sou daqueles. Tenho dito.

    Houve um suspiro de alívio em todo o plenário, as palmas romperam. Muito bem! Muito bem! O orador foi vivamente cumprimentado.



(SABINO, Fernando. Eloquência singular. In: A companheira de viagem. Rio de Janeiro: sabiá, 1965. Adaptado.)

De acordo com o último período do texto: “O orador foi vivamente cumprimentado.”, pode-se afirmar que:
Alternativas
Q3030447 Português

Leia o texto III para responder à questão.


Texto III


Eloquência singular


    Mal iniciara seu discurso, o deputado embatucou:

    – Senhor Presidente: eu não sou daqueles que...

    O verbo ia para o singular ou para o plural? Tudo indicava o plural. No entanto, podia perfeitamente ser o singular:

– Não sou daqueles que… 

    Não sou daqueles que recusam… No plural soava melhor. Mas era preciso precaver-se contra essas armadilhas da linguagem – que recusa? – ele que tão facilmente caía nelas, e era logo massacrado com um aparte. Não sou daqueles que… Resolveu ganhar tempo:

    – …embora perfeitamente cônscio das minhas altas responsabilidades como representante do povo nesta Casa, não sou…

    Daqueles que recusa, evidentemente. Como é que podia ter pensado em plural? Era um desses casos que os gramáticos registram nas suas questiúnculas de português: ia para o singular, não tinha dúvida. Idiotismo de linguagem, devia ser.

    …daqueles que, em momentos de extrema gravidade, como este que o Brasil atravessa…

    Safara-se porque nem se lembrava do verbo que pretendia usar:

    – Não sou daqueles que…

    Daqueles que o quê? Qualquer coisa, contanto que atravessasse de uma vez essa traiçoeira pinguela gramatical em que sua oratória lamentavelmente se havia metido logo de saída. Mas a concordância? Qualquer verbo servia, desde que conjugado corretamente, no singular. Ou no plural:

    – Não sou daqueles que, dizia eu – e é bom que se repita sempre, senhor Presidente, para que possamos ser dignos da confiança em nós depositada…

    Intercalava orações e mais orações, voltando sempre ao ponto de partida, incapaz de se definir por esta ou aquela concordância.

    [...]

    Intercalou mais uma oração e foi em frente com bravura, disposto a tudo, afirmando não ser daqueles que…

    – Como?

    Acolheu a interrupção com um suspiro de alívio:

    – Não ouvi bem o aparte do nobre deputado.

    Silêncio. Ninguém dera aparte nenhum.

    – Vossa Excelência, por obséquio, queira falar mais alto, que não ouvi bem – e apontava, agoniado, um dos deputados mais próximos.

    – Eu? Mas eu não disse nada…

    – Terei o maior prazer em responder ao aparte do nobre colega. Qualquer aparte.

    O silêncio continuava. Interessados, os demais deputados se agrupavam em torno do orador, aguardando o desfecho daquela agonia, que agora já era, como no verso de Bilac, a agonia do herói e a agonia da tarde.

    – Que é que você acha? – cochichou um.

    – Acho que vai para o singular.

    – Pois eu não: para o plural, é lógico.

    O orador seguia na sua luta:

    – Como afirmava no começo de meu discurso, senhor Presidente…

    Tirou o lenço do bolso e enxugou o suor da testa.

    Vontade de aproveitar-se do gesto e pedir ajuda ao próprio Presidente da mesa: por favor, apura aí pra mim, como é que é, me tira desta…

    – Quero comunicar ao nobre orador que o seu tempo se acha esgotado.

    – Apenas algumas palavras, senhor Presidente, para terminar o meu discurso: e antes de terminar, quero deixar bem claro que, a esta altura de minha existência, depois de mais de vinte anos de vida pública…

    E entrava por novos desvios:

    – Muito embora… sabendo perfeitamente… os imperativos de minha consciência cívica… senhor Presidente… e o declaro peremptoriamente… não sou daqueles que…

    O Presidente voltou a adverti-lo de que seu tempo se esgotara. Não havia mais por onde fugir:

    – Senhor Presidente, meus nobres colegas!

    Resolveu arrematar de qualquer maneira. Encheu o peito e desfechou:

    – Em suma: não sou daqueles. Tenho dito.

    Houve um suspiro de alívio em todo o plenário, as palmas romperam. Muito bem! Muito bem! O orador foi vivamente cumprimentado.



(SABINO, Fernando. Eloquência singular. In: A companheira de viagem. Rio de Janeiro: sabiá, 1965. Adaptado.)

Identifique, a seguir, a reescrita em que o trecho destacado tem a sua sequência lógica original prejudicada.
Alternativas
Q3030446 Português

Leia o texto III para responder à questão.


Texto III


Eloquência singular


    Mal iniciara seu discurso, o deputado embatucou:

    – Senhor Presidente: eu não sou daqueles que...

    O verbo ia para o singular ou para o plural? Tudo indicava o plural. No entanto, podia perfeitamente ser o singular:

– Não sou daqueles que… 

    Não sou daqueles que recusam… No plural soava melhor. Mas era preciso precaver-se contra essas armadilhas da linguagem – que recusa? – ele que tão facilmente caía nelas, e era logo massacrado com um aparte. Não sou daqueles que… Resolveu ganhar tempo:

    – …embora perfeitamente cônscio das minhas altas responsabilidades como representante do povo nesta Casa, não sou…

    Daqueles que recusa, evidentemente. Como é que podia ter pensado em plural? Era um desses casos que os gramáticos registram nas suas questiúnculas de português: ia para o singular, não tinha dúvida. Idiotismo de linguagem, devia ser.

    …daqueles que, em momentos de extrema gravidade, como este que o Brasil atravessa…

    Safara-se porque nem se lembrava do verbo que pretendia usar:

    – Não sou daqueles que…

    Daqueles que o quê? Qualquer coisa, contanto que atravessasse de uma vez essa traiçoeira pinguela gramatical em que sua oratória lamentavelmente se havia metido logo de saída. Mas a concordância? Qualquer verbo servia, desde que conjugado corretamente, no singular. Ou no plural:

    – Não sou daqueles que, dizia eu – e é bom que se repita sempre, senhor Presidente, para que possamos ser dignos da confiança em nós depositada…

    Intercalava orações e mais orações, voltando sempre ao ponto de partida, incapaz de se definir por esta ou aquela concordância.

    [...]

    Intercalou mais uma oração e foi em frente com bravura, disposto a tudo, afirmando não ser daqueles que…

    – Como?

    Acolheu a interrupção com um suspiro de alívio:

    – Não ouvi bem o aparte do nobre deputado.

    Silêncio. Ninguém dera aparte nenhum.

    – Vossa Excelência, por obséquio, queira falar mais alto, que não ouvi bem – e apontava, agoniado, um dos deputados mais próximos.

    – Eu? Mas eu não disse nada…

    – Terei o maior prazer em responder ao aparte do nobre colega. Qualquer aparte.

    O silêncio continuava. Interessados, os demais deputados se agrupavam em torno do orador, aguardando o desfecho daquela agonia, que agora já era, como no verso de Bilac, a agonia do herói e a agonia da tarde.

    – Que é que você acha? – cochichou um.

    – Acho que vai para o singular.

    – Pois eu não: para o plural, é lógico.

    O orador seguia na sua luta:

    – Como afirmava no começo de meu discurso, senhor Presidente…

    Tirou o lenço do bolso e enxugou o suor da testa.

    Vontade de aproveitar-se do gesto e pedir ajuda ao próprio Presidente da mesa: por favor, apura aí pra mim, como é que é, me tira desta…

    – Quero comunicar ao nobre orador que o seu tempo se acha esgotado.

    – Apenas algumas palavras, senhor Presidente, para terminar o meu discurso: e antes de terminar, quero deixar bem claro que, a esta altura de minha existência, depois de mais de vinte anos de vida pública…

    E entrava por novos desvios:

    – Muito embora… sabendo perfeitamente… os imperativos de minha consciência cívica… senhor Presidente… e o declaro peremptoriamente… não sou daqueles que…

    O Presidente voltou a adverti-lo de que seu tempo se esgotara. Não havia mais por onde fugir:

    – Senhor Presidente, meus nobres colegas!

    Resolveu arrematar de qualquer maneira. Encheu o peito e desfechou:

    – Em suma: não sou daqueles. Tenho dito.

    Houve um suspiro de alívio em todo o plenário, as palmas romperam. Muito bem! Muito bem! O orador foi vivamente cumprimentado.



(SABINO, Fernando. Eloquência singular. In: A companheira de viagem. Rio de Janeiro: sabiá, 1965. Adaptado.)

Ao unir os trechos “– Não sou daqueles que ...” (5º§) e “... embora perfeitamente cônscio das minhas altas responsabilidades como representante do povo nesta Casa, não sou...” (6º§), observa-se:
Alternativas
Q3030445 Português

Leia o texto III para responder à questão.


Texto III


Eloquência singular


    Mal iniciara seu discurso, o deputado embatucou:

    – Senhor Presidente: eu não sou daqueles que...

    O verbo ia para o singular ou para o plural? Tudo indicava o plural. No entanto, podia perfeitamente ser o singular:

– Não sou daqueles que… 

    Não sou daqueles que recusam… No plural soava melhor. Mas era preciso precaver-se contra essas armadilhas da linguagem – que recusa? – ele que tão facilmente caía nelas, e era logo massacrado com um aparte. Não sou daqueles que… Resolveu ganhar tempo:

    – …embora perfeitamente cônscio das minhas altas responsabilidades como representante do povo nesta Casa, não sou…

    Daqueles que recusa, evidentemente. Como é que podia ter pensado em plural? Era um desses casos que os gramáticos registram nas suas questiúnculas de português: ia para o singular, não tinha dúvida. Idiotismo de linguagem, devia ser.

    …daqueles que, em momentos de extrema gravidade, como este que o Brasil atravessa…

    Safara-se porque nem se lembrava do verbo que pretendia usar:

    – Não sou daqueles que…

    Daqueles que o quê? Qualquer coisa, contanto que atravessasse de uma vez essa traiçoeira pinguela gramatical em que sua oratória lamentavelmente se havia metido logo de saída. Mas a concordância? Qualquer verbo servia, desde que conjugado corretamente, no singular. Ou no plural:

    – Não sou daqueles que, dizia eu – e é bom que se repita sempre, senhor Presidente, para que possamos ser dignos da confiança em nós depositada…

    Intercalava orações e mais orações, voltando sempre ao ponto de partida, incapaz de se definir por esta ou aquela concordância.

    [...]

    Intercalou mais uma oração e foi em frente com bravura, disposto a tudo, afirmando não ser daqueles que…

    – Como?

    Acolheu a interrupção com um suspiro de alívio:

    – Não ouvi bem o aparte do nobre deputado.

    Silêncio. Ninguém dera aparte nenhum.

    – Vossa Excelência, por obséquio, queira falar mais alto, que não ouvi bem – e apontava, agoniado, um dos deputados mais próximos.

    – Eu? Mas eu não disse nada…

    – Terei o maior prazer em responder ao aparte do nobre colega. Qualquer aparte.

    O silêncio continuava. Interessados, os demais deputados se agrupavam em torno do orador, aguardando o desfecho daquela agonia, que agora já era, como no verso de Bilac, a agonia do herói e a agonia da tarde.

    – Que é que você acha? – cochichou um.

    – Acho que vai para o singular.

    – Pois eu não: para o plural, é lógico.

    O orador seguia na sua luta:

    – Como afirmava no começo de meu discurso, senhor Presidente…

    Tirou o lenço do bolso e enxugou o suor da testa.

    Vontade de aproveitar-se do gesto e pedir ajuda ao próprio Presidente da mesa: por favor, apura aí pra mim, como é que é, me tira desta…

    – Quero comunicar ao nobre orador que o seu tempo se acha esgotado.

    – Apenas algumas palavras, senhor Presidente, para terminar o meu discurso: e antes de terminar, quero deixar bem claro que, a esta altura de minha existência, depois de mais de vinte anos de vida pública…

    E entrava por novos desvios:

    – Muito embora… sabendo perfeitamente… os imperativos de minha consciência cívica… senhor Presidente… e o declaro peremptoriamente… não sou daqueles que…

    O Presidente voltou a adverti-lo de que seu tempo se esgotara. Não havia mais por onde fugir:

    – Senhor Presidente, meus nobres colegas!

    Resolveu arrematar de qualquer maneira. Encheu o peito e desfechou:

    – Em suma: não sou daqueles. Tenho dito.

    Houve um suspiro de alívio em todo o plenário, as palmas romperam. Muito bem! Muito bem! O orador foi vivamente cumprimentado.



(SABINO, Fernando. Eloquência singular. In: A companheira de viagem. Rio de Janeiro: sabiá, 1965. Adaptado.)

Mas era preciso precaver-se contra essas armadilhas [...]” (5º§) A substituição do termo destacado, em que o efeito de sentido original é preservado assim como a coerência textual, é possível por: 
Alternativas
Q3030444 Português

Leia o texto III para responder à questão.


Texto III


Eloquência singular


    Mal iniciara seu discurso, o deputado embatucou:

    – Senhor Presidente: eu não sou daqueles que...

    O verbo ia para o singular ou para o plural? Tudo indicava o plural. No entanto, podia perfeitamente ser o singular:

– Não sou daqueles que… 

    Não sou daqueles que recusam… No plural soava melhor. Mas era preciso precaver-se contra essas armadilhas da linguagem – que recusa? – ele que tão facilmente caía nelas, e era logo massacrado com um aparte. Não sou daqueles que… Resolveu ganhar tempo:

    – …embora perfeitamente cônscio das minhas altas responsabilidades como representante do povo nesta Casa, não sou…

    Daqueles que recusa, evidentemente. Como é que podia ter pensado em plural? Era um desses casos que os gramáticos registram nas suas questiúnculas de português: ia para o singular, não tinha dúvida. Idiotismo de linguagem, devia ser.

    …daqueles que, em momentos de extrema gravidade, como este que o Brasil atravessa…

    Safara-se porque nem se lembrava do verbo que pretendia usar:

    – Não sou daqueles que…

    Daqueles que o quê? Qualquer coisa, contanto que atravessasse de uma vez essa traiçoeira pinguela gramatical em que sua oratória lamentavelmente se havia metido logo de saída. Mas a concordância? Qualquer verbo servia, desde que conjugado corretamente, no singular. Ou no plural:

    – Não sou daqueles que, dizia eu – e é bom que se repita sempre, senhor Presidente, para que possamos ser dignos da confiança em nós depositada…

    Intercalava orações e mais orações, voltando sempre ao ponto de partida, incapaz de se definir por esta ou aquela concordância.

    [...]

    Intercalou mais uma oração e foi em frente com bravura, disposto a tudo, afirmando não ser daqueles que…

    – Como?

    Acolheu a interrupção com um suspiro de alívio:

    – Não ouvi bem o aparte do nobre deputado.

    Silêncio. Ninguém dera aparte nenhum.

    – Vossa Excelência, por obséquio, queira falar mais alto, que não ouvi bem – e apontava, agoniado, um dos deputados mais próximos.

    – Eu? Mas eu não disse nada…

    – Terei o maior prazer em responder ao aparte do nobre colega. Qualquer aparte.

    O silêncio continuava. Interessados, os demais deputados se agrupavam em torno do orador, aguardando o desfecho daquela agonia, que agora já era, como no verso de Bilac, a agonia do herói e a agonia da tarde.

    – Que é que você acha? – cochichou um.

    – Acho que vai para o singular.

    – Pois eu não: para o plural, é lógico.

    O orador seguia na sua luta:

    – Como afirmava no começo de meu discurso, senhor Presidente…

    Tirou o lenço do bolso e enxugou o suor da testa.

    Vontade de aproveitar-se do gesto e pedir ajuda ao próprio Presidente da mesa: por favor, apura aí pra mim, como é que é, me tira desta…

    – Quero comunicar ao nobre orador que o seu tempo se acha esgotado.

    – Apenas algumas palavras, senhor Presidente, para terminar o meu discurso: e antes de terminar, quero deixar bem claro que, a esta altura de minha existência, depois de mais de vinte anos de vida pública…

    E entrava por novos desvios:

    – Muito embora… sabendo perfeitamente… os imperativos de minha consciência cívica… senhor Presidente… e o declaro peremptoriamente… não sou daqueles que…

    O Presidente voltou a adverti-lo de que seu tempo se esgotara. Não havia mais por onde fugir:

    – Senhor Presidente, meus nobres colegas!

    Resolveu arrematar de qualquer maneira. Encheu o peito e desfechou:

    – Em suma: não sou daqueles. Tenho dito.

    Houve um suspiro de alívio em todo o plenário, as palmas romperam. Muito bem! Muito bem! O orador foi vivamente cumprimentado.



(SABINO, Fernando. Eloquência singular. In: A companheira de viagem. Rio de Janeiro: sabiá, 1965. Adaptado.)

Dentre os elementos destacados a seguir, só NÃO representa um termo com função coesiva em que o objetivo é manter o referente apresentado no texto:
Alternativas
Q3030443 Português

Leia o texto III para responder à questão.


Texto III


Eloquência singular


    Mal iniciara seu discurso, o deputado embatucou:

    – Senhor Presidente: eu não sou daqueles que...

    O verbo ia para o singular ou para o plural? Tudo indicava o plural. No entanto, podia perfeitamente ser o singular:

– Não sou daqueles que… 

    Não sou daqueles que recusam… No plural soava melhor. Mas era preciso precaver-se contra essas armadilhas da linguagem – que recusa? – ele que tão facilmente caía nelas, e era logo massacrado com um aparte. Não sou daqueles que… Resolveu ganhar tempo:

    – …embora perfeitamente cônscio das minhas altas responsabilidades como representante do povo nesta Casa, não sou…

    Daqueles que recusa, evidentemente. Como é que podia ter pensado em plural? Era um desses casos que os gramáticos registram nas suas questiúnculas de português: ia para o singular, não tinha dúvida. Idiotismo de linguagem, devia ser.

    …daqueles que, em momentos de extrema gravidade, como este que o Brasil atravessa…

    Safara-se porque nem se lembrava do verbo que pretendia usar:

    – Não sou daqueles que…

    Daqueles que o quê? Qualquer coisa, contanto que atravessasse de uma vez essa traiçoeira pinguela gramatical em que sua oratória lamentavelmente se havia metido logo de saída. Mas a concordância? Qualquer verbo servia, desde que conjugado corretamente, no singular. Ou no plural:

    – Não sou daqueles que, dizia eu – e é bom que se repita sempre, senhor Presidente, para que possamos ser dignos da confiança em nós depositada…

    Intercalava orações e mais orações, voltando sempre ao ponto de partida, incapaz de se definir por esta ou aquela concordância.

    [...]

    Intercalou mais uma oração e foi em frente com bravura, disposto a tudo, afirmando não ser daqueles que…

    – Como?

    Acolheu a interrupção com um suspiro de alívio:

    – Não ouvi bem o aparte do nobre deputado.

    Silêncio. Ninguém dera aparte nenhum.

    – Vossa Excelência, por obséquio, queira falar mais alto, que não ouvi bem – e apontava, agoniado, um dos deputados mais próximos.

    – Eu? Mas eu não disse nada…

    – Terei o maior prazer em responder ao aparte do nobre colega. Qualquer aparte.

    O silêncio continuava. Interessados, os demais deputados se agrupavam em torno do orador, aguardando o desfecho daquela agonia, que agora já era, como no verso de Bilac, a agonia do herói e a agonia da tarde.

    – Que é que você acha? – cochichou um.

    – Acho que vai para o singular.

    – Pois eu não: para o plural, é lógico.

    O orador seguia na sua luta:

    – Como afirmava no começo de meu discurso, senhor Presidente…

    Tirou o lenço do bolso e enxugou o suor da testa.

    Vontade de aproveitar-se do gesto e pedir ajuda ao próprio Presidente da mesa: por favor, apura aí pra mim, como é que é, me tira desta…

    – Quero comunicar ao nobre orador que o seu tempo se acha esgotado.

    – Apenas algumas palavras, senhor Presidente, para terminar o meu discurso: e antes de terminar, quero deixar bem claro que, a esta altura de minha existência, depois de mais de vinte anos de vida pública…

    E entrava por novos desvios:

    – Muito embora… sabendo perfeitamente… os imperativos de minha consciência cívica… senhor Presidente… e o declaro peremptoriamente… não sou daqueles que…

    O Presidente voltou a adverti-lo de que seu tempo se esgotara. Não havia mais por onde fugir:

    – Senhor Presidente, meus nobres colegas!

    Resolveu arrematar de qualquer maneira. Encheu o peito e desfechou:

    – Em suma: não sou daqueles. Tenho dito.

    Houve um suspiro de alívio em todo o plenário, as palmas romperam. Muito bem! Muito bem! O orador foi vivamente cumprimentado.



(SABINO, Fernando. Eloquência singular. In: A companheira de viagem. Rio de Janeiro: sabiá, 1965. Adaptado.)

Acerca da articulação observada em referência às frases constituintes do texto apresentado, indique a alternativa correta.
Alternativas
Q3030442 Português

Leia o texto III para responder à questão.


Texto III


Eloquência singular


    Mal iniciara seu discurso, o deputado embatucou:

    – Senhor Presidente: eu não sou daqueles que...

    O verbo ia para o singular ou para o plural? Tudo indicava o plural. No entanto, podia perfeitamente ser o singular:

– Não sou daqueles que… 

    Não sou daqueles que recusam… No plural soava melhor. Mas era preciso precaver-se contra essas armadilhas da linguagem – que recusa? – ele que tão facilmente caía nelas, e era logo massacrado com um aparte. Não sou daqueles que… Resolveu ganhar tempo:

    – …embora perfeitamente cônscio das minhas altas responsabilidades como representante do povo nesta Casa, não sou…

    Daqueles que recusa, evidentemente. Como é que podia ter pensado em plural? Era um desses casos que os gramáticos registram nas suas questiúnculas de português: ia para o singular, não tinha dúvida. Idiotismo de linguagem, devia ser.

    …daqueles que, em momentos de extrema gravidade, como este que o Brasil atravessa…

    Safara-se porque nem se lembrava do verbo que pretendia usar:

    – Não sou daqueles que…

    Daqueles que o quê? Qualquer coisa, contanto que atravessasse de uma vez essa traiçoeira pinguela gramatical em que sua oratória lamentavelmente se havia metido logo de saída. Mas a concordância? Qualquer verbo servia, desde que conjugado corretamente, no singular. Ou no plural:

    – Não sou daqueles que, dizia eu – e é bom que se repita sempre, senhor Presidente, para que possamos ser dignos da confiança em nós depositada…

    Intercalava orações e mais orações, voltando sempre ao ponto de partida, incapaz de se definir por esta ou aquela concordância.

    [...]

    Intercalou mais uma oração e foi em frente com bravura, disposto a tudo, afirmando não ser daqueles que…

    – Como?

    Acolheu a interrupção com um suspiro de alívio:

    – Não ouvi bem o aparte do nobre deputado.

    Silêncio. Ninguém dera aparte nenhum.

    – Vossa Excelência, por obséquio, queira falar mais alto, que não ouvi bem – e apontava, agoniado, um dos deputados mais próximos.

    – Eu? Mas eu não disse nada…

    – Terei o maior prazer em responder ao aparte do nobre colega. Qualquer aparte.

    O silêncio continuava. Interessados, os demais deputados se agrupavam em torno do orador, aguardando o desfecho daquela agonia, que agora já era, como no verso de Bilac, a agonia do herói e a agonia da tarde.

    – Que é que você acha? – cochichou um.

    – Acho que vai para o singular.

    – Pois eu não: para o plural, é lógico.

    O orador seguia na sua luta:

    – Como afirmava no começo de meu discurso, senhor Presidente…

    Tirou o lenço do bolso e enxugou o suor da testa.

    Vontade de aproveitar-se do gesto e pedir ajuda ao próprio Presidente da mesa: por favor, apura aí pra mim, como é que é, me tira desta…

    – Quero comunicar ao nobre orador que o seu tempo se acha esgotado.

    – Apenas algumas palavras, senhor Presidente, para terminar o meu discurso: e antes de terminar, quero deixar bem claro que, a esta altura de minha existência, depois de mais de vinte anos de vida pública…

    E entrava por novos desvios:

    – Muito embora… sabendo perfeitamente… os imperativos de minha consciência cívica… senhor Presidente… e o declaro peremptoriamente… não sou daqueles que…

    O Presidente voltou a adverti-lo de que seu tempo se esgotara. Não havia mais por onde fugir:

    – Senhor Presidente, meus nobres colegas!

    Resolveu arrematar de qualquer maneira. Encheu o peito e desfechou:

    – Em suma: não sou daqueles. Tenho dito.

    Houve um suspiro de alívio em todo o plenário, as palmas romperam. Muito bem! Muito bem! O orador foi vivamente cumprimentado.



(SABINO, Fernando. Eloquência singular. In: A companheira de viagem. Rio de Janeiro: sabiá, 1965. Adaptado.)

De acordo com o texto, pode-se afirmar que:
Alternativas
Respostas
7041: C
7042: B
7043: A
7044: D
7045: A
7046: B
7047: D
7048: C
7049: C
7050: A
7051: A
7052: B
7053: A
7054: A
7055: B
7056: D
7057: A
7058: A
7059: C
7060: D