Questões de Concurso Sobre conjunções: relação de causa e consequência em português

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Q2626717 Português

Papos


- Me disseram...

- Disseram-me.

- Hein?

- O correto é “disseram-me”. Não “me disseram”.

- Eu falo como quero. E te digo mais... Ou é “digo-te”?

- O quê?

- Digo-te que você...

- O “te” e o “você” não combinam.

- Lhe digo?

- Também não. O que você ia me dizer?

- Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. E que eu vou te partir a cara. Lhe partir a cara. Partir a sua cara. Como é que se diz?

- Partir-te a cara.

- Pois é. Parti-la hei de, se você não parar de me corrigir. Ou corrigir-me.

- É para o seu bem.

- Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como bem entender. Mais uma correção e eu...

- O quê?

- O mato.

- Que mato?

- Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem?

- Eu só estava querendo…

- Pois esqueça-o e pára-te. Pronome no lugar certo é elitismo!

- Se você prefere falar errado...

- Falo como todo mundo fala. O importante é me entenderem. Ou entenderem-me?

- No caso... não sei.

- Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo não?

- Esquece.

- Não. Como “esquece”? Você prefere falar errado? E o certo é "esquece" ou “esqueça”? Ilumine-me. Me diga. Ensines-lo-me, vamos.

- Depende.

- Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-loias se o soubesses, mas não sabes-o.

- Está bem, está bem. Desculpe. Fale como quiser.

- Agradeço-lhe a permissão para falar errado que me dás. Mas não posso mais dizer-lo-te o que dizer-te-ia.

- Por quê?

- Porque, com todo este papo, esqueci-lo.


Luis Fernando Verissimo. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

Considere as seguintes sentenças, retiradas do texto:


I. “Parti-la hei de, se você não parar de me corrigir.”

II. “Vê se esquece-me.”

III. “Se você prefere falar errado…”


Nas sentenças dadas, a palavra “se” atua como conjunção condicional apenas em:

Alternativas
Q2626056 Português

Muitos foram os estudiosos que contribuíram para a definição do que é a moral humana. O filósofo e escritor Adolfo Sánchez Vázquez se acercou ao tema em seu livro Ética, publicado em 1984, no qual define a moral como um conjunto de normas aceitas — livre e conscientemente — que regulam o comportamento individual e social das pessoas.

O conceito de moral não deve, porém, ser confundido com o de ética, que é a teoria (ou a ciência) do comportamento moral das pessoas na sociedade.

O filósofo brasileiro Mário Sergio Cortella, doutor em Educação pela Pontifícia Universitária Católica de São Paulo (PUC-SP) e referência brasileira em discussões sobre o tema, explica que a ética é sempre coletiva, enquanto a moral pode ser individual.

“A ética é o conjunto de princípios e valores que usamos para decidir a nossa conduta social. Só se fala em ética porque homens, mulheres vivemos em coletividade. Se eu fosse sozinho, não existiria a questão da ética. A moral é a prática, portanto, existe moral individual. A ética é o conjunto de princípios de convivência, portanto, não existe ética individual”, explica Cortella, em artigo publicado no seu site oficial.

De acordo com a Enciclopédia Britânica (uma plataforma de dados voltada para a educação do Reino Unido), todas as sociedades têm regras morais que determinam ou proíbem certos tipos de ações. Essas proibições costumam vir acompanhadas de punições para garantir a obediência à norma.

Normalmente, são normas ligadas a questões como organização familiar, deveres individuais, liberdade sexual (a possibilidade de expressar a sua sexualidade), direitos de propriedade, verdade e o cumprimento de promessas.

Para o filósofo Sánchez Vázquez, o significado, a função e a validade dessas regras variam de acordo com o período da História e da sociedade em questão. Logo, a moral da Antiguidade é diferente da moral feudal ou da moral burguesa.

O autor diz que a moral tem um caráter social, fazendo com que os indivíduos se submetam a princípios, normas ou valores estabelecidos socialmente.

Além disso, a moral cumpre a função de regular as relações entre as pessoas para assegurar a ordem social.

Em resumo, ainda que a moral mude historicamente, ela cumpre um serviço comum a todas as épocas: fazer com que os atos dos indivíduos estejam de acordo com o que uma sociedade (ou um setor específico dela) enxerga como favorável ou positivo.

(Fonte: National Geographic Brasil — adaptado.)

Em “Logo, a moral da Antiguidade é diferente da moral feudal ou da moral burguesa.” (7º parágrafo), o valor do termo sublinhado na oração é:

Alternativas
Q2626016 Português

As redes sociais estão longe de ser uma moda passageira e é importante conhecer quais impactos que o seu uso diário pode ter na saúde. Algumas investigações científicas, por exemplo, já identificam o que o excesso de redes sociais pode causar ao cérebro.

Em um estudo de longo prazo sobre o desenvolvimento neural de adolescentes e o uso de tecnologia, pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, relatam que a checagem habitual das mídias sociais está ligada a mudanças no cérebro dos jovens e como eles respondem ao mundo ao seu redor.

A publicação de janeiro de 2023 — disponível na revista científica especializada em saúde JAMA Pediatrics — sugere que crianças e adolescentes que crescem checando as mídias sociais a todo momento estão ficando com cérebros hipersensíveis a repostas sociais.

Segundo o estudo, as plataformas de redes sociais fornecem um fluxo constante e imprevisível de feedback social na forma de curtidas, comentários, notificações e mensagens, e isso influencia em como os jovens reagem às situações sociais na vida real.

Os resultados da pesquisa, que acompanhou 169 jovens de 13 a 17 anos ao longo de três anos, indicou que os cérebros dos adolescentes que verificavam as redes sociais com frequência (mais de 15 vezes por dia) tornaram-se mais sensíveis neurologicamente a recompensas e punições sociais.

Já um estudo de pesquisadores ligados à Universidade da Califórnia do Sul, também nos Estados Unidos, identificou mudanças anatômicas no cérebro relacionadas ao vício em redes sociais. A pesquisa, que examinou vinte usuários de redes sociais com diferentes níveis de dependência, identificou alterações nos volumes de massa cinzenta, ou seja, na morfologia cerebral, de regiões específicas do cérebro que estão associadas ao vício.

Em conclusão, o estudo mostrou que o uso abusivo de redes sociais causa alterações anatômicas no cérebro similares às relacionadas a outros vícios, como em substâncias e jogos de azar.


(Fonte: National Geographic Brasil — adaptado.)

Em “Segundo o estudo, [...]” (4º parágrafo), o valor do termo sublinhado é:

Alternativas
Q2611930 Português
TEXTO I

O lixo

Luís Fernando Veríssimo

Encontram-se na área de serviço. Cada um com seu pacote de lixo. É a primeira vez que se falam.
- Bom dia...
- Bom dia.
- A senhora é do 610.
- E o senhor do 612
- É.
- Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente...
- Pois é...
- Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo...
- O meu quê?
- O seu lixo.
- Ah...
- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena...
- Na verdade sou só eu.
- Mmmm. Notei também que o senhor usa muito comida em lata.
- É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar...
- Entendo.
- A senhora também...
- Me chame de você.
- Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em seu lixo. Champignons, coisas assim...
- É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas, como moro sozinha, às vezes sobra...
- A senhora... Você não tem família?
- Tenho, mas não aqui.
- No Espírito Santo.
- Como é que você sabe?
- Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo.
- É. Mamãe escreve todas as semanas.
- Ela é professora?
- Isso é incrível! Como foi que você adivinhou?
- Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora.
- O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo.
- Pois é...
- No outro dia tinha um envelope de telegrama amassado.
- É.
- Más notícias?
- Meu pai. Morreu.
- Sinto muito.
- Ele já estava bem velhinho. Lá no Sul. Há tempos não nos víamos.
- Foi por isso que você recomeçou a fumar?
- Como é que você sabe?
- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu lixo.
- É verdade. Mas consegui parar outra vez.
- Eu, graças a Deus, nunca fumei.
- Eu sei. Mas tenho visto uns vidrinhos de comprimido no seu lixo...
- Tranquilizantes. Foi uma fase. Já passou.
- Você brigou com o namorado, certo?
- Isso você também descobriu no lixo?
- Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora. Depois, muito lenço de papel.
- É, chorei bastante, mas já passou.
- Mas hoje ainda tem uns lencinhos...
- É que eu estou com um pouco de coriza.
- Ah.
- Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo.
- É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é.
- Namorada?
- Não.
- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até bonitinha.
- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga.
- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer que ela volte.
- Você já está analisando o meu lixo!
- Não posso negar que o seu lixo me interessou.
- Engraçado. Quando examinei o seu lixo, decidi que gostaria de conhecê-la. Acho que foi a poesia.
- Não! Você viu meus poemas?
- Vi e gostei muito.
- Mas são muito ruins!
- Se você achasse eles ruins mesmo, teria rasgado. Eles só estavam dobrados.
- Se eu soubesse que você ia ler...
- Só não fiquei com eles porque, afinal, estaria roubando. Se bem que, não sei: o lixo da pessoa ainda é propriedade dela?
- Acho que não. Lixo é domínio público.
- Você tem razão. Através do lixo, o particular se torna público. O que sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos outros.
O lixo é comunitário. É a nossa parte mais social. Será isso?
- Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que...
- Ontem, no seu lixo...
- O quê?
- Me enganei, ou eram cascas de camarão?
- Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei.
- Eu adoro camarão.
- Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode...
- Jantar juntos?
- É.
- Não quero dar trabalho.
- Trabalho nenhum.
- Vai sujar a sua cozinha?
- Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora.
- No seu lixo ou no meu?

Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=7243
Ainda no TEXTO I, encontramos as palavras, MAS e MÁS. Assinale a alternativa que define, correta e respectivamente, a qual classe de palavra cada uma pertence.
Alternativas
Q2609580 Português

Um peso, duas medidas

Mãe tem que dar conta sozinha, pai precisa de apoio. Ele nem precisou pedir ajuda, a ajuda apareceu

Bebel Soares | 02/06/2024


Janaína chegou com a filha de 8 anos naquela cidadezinha rural, que fica a 280 quilômetros de Belo Horizonte. O pai dela estava preso por tráfico, e Janaína não tinha família nem amigos. A moça conheceu Danilo, que já morava naquela cidade há uns cinco anos, e eles acabaram se casando.

Janaína engravidou, e Danilo as levou para morar longe da cidade. O local ficava a uns oito quilômetros de distância do Centro, uma casinha isolada, num local ermo, com acesso por estrada de terra, sem sinal de celular. Ele era abusivo, a humilhava e a privava de tudo.

Danilo foi trabalhar como segurança na cidade vizinha, passava a semana lá e, nos fins de semana, ia ver a esposa e as meninas, sempre indo embora e as deixando com poucos recursos. Janaína desenvolveu alcoolismo, bebia cachaça e deixava a filha mais nova sob os cuidados da mais velha. Depois passou a vender bebidas em casa, e a preocupação com a segurança das crianças passou a ser pauta no serviço social da cidade, especialmente em relação a abusos sexuais. As meninas ficaram abandonadas, até que o Conselho Tutelar interveio e ameaçou tirar a guarda das meninas.

Foi nesse momento que Janaína pediu ajuda: ela queria parar de beber, e não conseguiria fazer isso sozinha. Desde 1967, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o alcoolismo uma doença e é recomendado que autoridades o encarem como uma questão de saúde pública. No entanto, essa mãe, que pedia socorro para se livrar do vício, foi negligenciada. Mesmo pedindo ajuda, era ignorada.

Quando o marido aparecia, ele a humilhava, dizia que ela o envergonhava, não ajudava e continuava passando as semanas na cidade onde trabalhava, deixando-a sozinha com as crianças e com seu vício.

Anos depois, a mãe começou a ter crises de dor abdominal, indo ao posto de saúde. Ela precisava ser encaminhada para o hospital referência da cidade, mas se negava, não tinha com quem deixar as crianças. Nessas idas ao posto, ela confidenciava às profissionais que queria mudar. Que queria se arrumar, se cuidar, escovar o cabelo, fazer as unhas, mas não tinha forças para isso.

As dores abdominais voltavam, ela era encaminhada com urgência para o hospital, mas não ia, não tinha ninguém para ficar com as meninas, mesmo numa emergência tão séria. Não tinha nenhuma rede de apoio. Não podia contar com ninguém, nem com o próprio marido.

Na última crise, Janaína faleceu. Ela tinha 35 anos e foi levada por uma pancreatite numa manhã de domingo. Estava sozinha, nem o marido a acompanhava. Ela era uma mulher linda, saudável, jovem. Sucumbiu ao etilismo por abandono, pela solidão. Tantas vezes pediu ajuda, e a ajuda nunca veio. Nunca conseguiu uma rede de apoio, nem quando precisava cuidar da própria saúde. Não pôde se tratar ________ precisava ficar com as filhas. Perdeu a vida. Saiu da sua terra para morrer sozinha, numa terra que não era dela, onde ela era invisibilizada.

Depois de tudo isso, a população se sensibilizou com o pai – sim, ela teve que dar conta sozinha, mas o pobre Danilo, não. “Tadinho do Danilo, coitado... Viúvo, vai precisar de uma grande rede de apoio, já que agora está sozinho com as filhas e precisa trabalhar.”

Um peso, duas medidas. Mãe tem que dar conta sozinha, pai precisa de apoio. Ele nem precisou pedir ajuda, a ajuda apareceu. Mulheres, mães, se solidarizaram com a situação do pai solo, como se ele fosse a vítima e Janaína tivesse morrido como uma vilã. Como se ela tivesse escolhido o abandono.

(Texto baseado no relato de uma amiga que acompanhou a história. Os nomes foram alterados para preservar a identidade dos envolvidos.)

SOARES, Bebel. Um peso, duas medidas. Estado de Minas, 02 de junho de 2024.

Disponível em: https://www.em.com.br/colunistas/bebelsoares/2024/06/6869183-um-peso-duas-medidas.html. Acesso em: 02 jun. 2024. Adaptado.

O conectivo em destaque no quarto parágrafo do texto confere ao enunciado um sentido de:

Alternativas
Respostas
436: D
437: A
438: D
439: C
440: C