Questões de Concurso Para ceps-ufpa

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Ano: 2018 Banca: CEPS-UFPA Órgão: UNIFESSPA Prova: CEPS-UFPA - 2018 - UNIFESSPA - Redator |
Q2723046 Português

Reencarnação


1 Em sua última vida (ao menos das que tivemos notícia), Peter Hulme era um simples funcionário

2 de bingo em Birmingham, Inglaterra. No entanto, ele vivia às voltas com um sonho recorrente e dramático:

3 nele, soldados que pareciam vindos do passado atacavam um castelo sempre inacessível. Hulme não

4 nutria maior interesse por história e jurava não ter ideia da origem de suas visões. Em busca de uma

5 resposta, nos anos 90, submeteu-se a sessões de hipnose. O resultado foi inusitado: concluiu que também

6 tinha sido John Raphael, soldado escocês servindo a certo capitão Leverett na Escócia do século 17.

7 Parecia uma fantasia, mesmo porque inexistiam registros históricos de uma batalha na região e

8 nas circunstâncias descritas por Hulme. Investigando por conta própria, ele e seu irmão Bob encontraram

9 indícios da existência do castelo e, empolgados, resolveram viajar à Escócia em busca de provas. Contra

10 todas as expectativas, recuperaram resquícios de batalha no local apontado por Hulme – e, mergulhando

11 em documentos antiquíssimos, acharam documentos que comprovam a existência de um capitão Leverett

12 e do próprio John Raphael. Com base nesses indícios, Peter Hulme afirmou até o fim da vida que suas

13 memórias eram genuínas e ele era, de fato, a reencarnação de um soldado escocês. O caso de Hulme não

14 está acima de dúvidas: historiadores apontam inconsistências e contradições nas memórias do suposto

15 reencarnado. Mas o relato ilustra uma situação que ainda intriga a ciência: pessoas que juram recordar

16 experiências de vidas passadas, em detalhes às vezes desconcertantes para os cientistas.

17 A ideia de uma consciência que sobrevive à morte e reencarna em novos corpos é quase tão antiga

18 quanto a fé em divindades e surgiu de forma independente em inúmeras culturas ao redor do planeta. De

19 todos os cantos do globo, encontrou na Ásia o terreno mais fértil. A ideia está tão arraigada nas crenças

20 hinduístas e budistas que, em lugares como Índia e Sri Lanka, a reencarnação é vista como algo quase

21 natural. Não é à toa que surgem de lá muito dos casos considerados mais sólidos pelos pesquisadores do

22 tema – como o de Swarnlata Mishra, que desde os 3 anos recordava com riqueza de detalhes a vida de

23 outra pessoa, chamada Biya e morta quase uma década antes.

24 A naturalidade com que Swarnlata tratava os integrantes de sua “outra” família, ao ponto de

25 mencionar apelidos íntimos de gente que não conhecia pessoalmente, fez com que o caso virasse um

26 clássico e deixa pesquisadores coçando a cabeça até hoje. Mesmo no mundo ocidental, uma boa parcela

27 da população acredita em reencarnações, um interesse que aumentou em alguns países após o surgimento

28 do espiritismo na França do século 19. Na Europa Ocidental, dados de 2006 apontam que 22% pensam

29 que a reencarnação é uma realidade, enquanto nos EUA pesquisas falam em 20 a 25% de crença em vidas

30 passadas. Nas cidades do Ocidente, em especial no Brasil, a doutrina espírita tem grande penetração, e

31 manifestações religiosas recentes, como a cientologia, também levam as vidas passadas como parte de

32 suas crenças.

33 A postura da ciência diante disso tudo é de ceticismo. A maioria dos cientistas trata os relatos de

34 vidas passadas como frivolidades, frutos de autoindução ou fraudes. Além disso, não existe nenhum indício

35 científico de que a “alma” exista ou de que ela possa sobreviver à morte do corpo (ela existiria de que forma

36 entre uma encarnação e outra?). Mas é claro que alguns pesquisadores pensam diferente. Um dos mais

37 destacados foi o psiquiatra Ian Stevenson, que dedicou mais de 40 anos ao estudo de quase 3 mil relatos

38 de crianças ao redor do mundo. De acordo com Stevenson, a maioria das recordações infantis sobre vidas

39 passadas envolve mortes violentas, com relatos iniciando entre 2 a 4 anos e quase sempre desaparecendo

40 antes da adolescência. Ele também estudou sinais de nascença e tumores, dizendo que podiam relevar

41 ferimentos sofridos em vidas anteriores. Em um estudo de 1992, Stevenson cita 49 casos onde foram

42 localizados documentos médicos de pessoas que as crianças diziam ter sido em vidas anteriores. De

43 acordo com o pesquisador, a correspondência entre ferimentos mortais e sinais físicos nos supostos

44 reencarnados seria no mínimo satisfatória em 43 desses casos, 88% do total. No entanto, o próprio

45 Stevenson admitia uma grave lacuna: seus estudos não mostram como seria possível uma consciência

46 sobreviver à morte física e ingressar no corpo de outra pessoa. Seus livros são alvos de muitas críticas,

47 que vão desde análise tendenciosa dos dados até uso de fontes não confiáveis, que já acreditavam em

48 reencarnação antes dos supostos casos na família. Ou seja, não existiria evidência de reencarnação além

49 de depoimentos dos próprios reencarnados ou de indícios que, mesmo intrigantes, podem ser meras

50 coincidências.

51 Mas alguns aspectos de supostas vidas passadas ainda são desconcertantes para a ciência. É o

52 caso, por exemplo, da xenoglossia, uma capacidade súbita que algumas pessoas manifestam de falar, com

53 diferentes graus de fluência, línguas que deveriam desconhecer. Um dos casos mais marcantes é o de Iris

54 Farczády, uma húngara de 16 anos que, no ano de 1933, passou a agir como uma espanhola de 41 anos

55 chamada Lucía, morta anos antes. A suposta reencarnada esqueceu o húngaro natal e passou a falar

56 espanhol fluente, nunca mais recuperando sua personalidade anterior. O caso está registrado no livro

57 Paranormal Experience and Survival of Death (“Experiência paranormal e sobrevivência da morte”, sem

58 tradução para o português), de Carl Becker, professor de ética médica da Universidade de Kyoto. Para a

59 maioria dos cientistas, a história de Iris (ou Lucía) não passa de mais um caso de almanaque, mas há quem

60 acredite que a comprovação científica da xenoglossia seria a prova definitiva de que a reencarnação é uma

61 realidade. É viver (uma ou mais vezes) para crer.


NATUSCH, Igor. Reencarnação. Dossiê Superinteressante - Sobrenatural: o lado oculto da realidade.

Edição 383-A, dez. 2017.

Em relação ao aumento de interesse pela reencarnação no mundo ocidental, é correto afirmar que

Alternativas
Ano: 2018 Banca: CEPS-UFPA Órgão: UNIFESSPA Prova: CEPS-UFPA - 2018 - UNIFESSPA - Redator |
Q2723045 Português

Reencarnação


1 Em sua última vida (ao menos das que tivemos notícia), Peter Hulme era um simples funcionário

2 de bingo em Birmingham, Inglaterra. No entanto, ele vivia às voltas com um sonho recorrente e dramático:

3 nele, soldados que pareciam vindos do passado atacavam um castelo sempre inacessível. Hulme não

4 nutria maior interesse por história e jurava não ter ideia da origem de suas visões. Em busca de uma

5 resposta, nos anos 90, submeteu-se a sessões de hipnose. O resultado foi inusitado: concluiu que também

6 tinha sido John Raphael, soldado escocês servindo a certo capitão Leverett na Escócia do século 17.

7 Parecia uma fantasia, mesmo porque inexistiam registros históricos de uma batalha na região e

8 nas circunstâncias descritas por Hulme. Investigando por conta própria, ele e seu irmão Bob encontraram

9 indícios da existência do castelo e, empolgados, resolveram viajar à Escócia em busca de provas. Contra

10 todas as expectativas, recuperaram resquícios de batalha no local apontado por Hulme – e, mergulhando

11 em documentos antiquíssimos, acharam documentos que comprovam a existência de um capitão Leverett

12 e do próprio John Raphael. Com base nesses indícios, Peter Hulme afirmou até o fim da vida que suas

13 memórias eram genuínas e ele era, de fato, a reencarnação de um soldado escocês. O caso de Hulme não

14 está acima de dúvidas: historiadores apontam inconsistências e contradições nas memórias do suposto

15 reencarnado. Mas o relato ilustra uma situação que ainda intriga a ciência: pessoas que juram recordar

16 experiências de vidas passadas, em detalhes às vezes desconcertantes para os cientistas.

17 A ideia de uma consciência que sobrevive à morte e reencarna em novos corpos é quase tão antiga

18 quanto a fé em divindades e surgiu de forma independente em inúmeras culturas ao redor do planeta. De

19 todos os cantos do globo, encontrou na Ásia o terreno mais fértil. A ideia está tão arraigada nas crenças

20 hinduístas e budistas que, em lugares como Índia e Sri Lanka, a reencarnação é vista como algo quase

21 natural. Não é à toa que surgem de lá muito dos casos considerados mais sólidos pelos pesquisadores do

22 tema – como o de Swarnlata Mishra, que desde os 3 anos recordava com riqueza de detalhes a vida de

23 outra pessoa, chamada Biya e morta quase uma década antes.

24 A naturalidade com que Swarnlata tratava os integrantes de sua “outra” família, ao ponto de

25 mencionar apelidos íntimos de gente que não conhecia pessoalmente, fez com que o caso virasse um

26 clássico e deixa pesquisadores coçando a cabeça até hoje. Mesmo no mundo ocidental, uma boa parcela

27 da população acredita em reencarnações, um interesse que aumentou em alguns países após o surgimento

28 do espiritismo na França do século 19. Na Europa Ocidental, dados de 2006 apontam que 22% pensam

29 que a reencarnação é uma realidade, enquanto nos EUA pesquisas falam em 20 a 25% de crença em vidas

30 passadas. Nas cidades do Ocidente, em especial no Brasil, a doutrina espírita tem grande penetração, e

31 manifestações religiosas recentes, como a cientologia, também levam as vidas passadas como parte de

32 suas crenças.

33 A postura da ciência diante disso tudo é de ceticismo. A maioria dos cientistas trata os relatos de

34 vidas passadas como frivolidades, frutos de autoindução ou fraudes. Além disso, não existe nenhum indício

35 científico de que a “alma” exista ou de que ela possa sobreviver à morte do corpo (ela existiria de que forma

36 entre uma encarnação e outra?). Mas é claro que alguns pesquisadores pensam diferente. Um dos mais

37 destacados foi o psiquiatra Ian Stevenson, que dedicou mais de 40 anos ao estudo de quase 3 mil relatos

38 de crianças ao redor do mundo. De acordo com Stevenson, a maioria das recordações infantis sobre vidas

39 passadas envolve mortes violentas, com relatos iniciando entre 2 a 4 anos e quase sempre desaparecendo

40 antes da adolescência. Ele também estudou sinais de nascença e tumores, dizendo que podiam relevar

41 ferimentos sofridos em vidas anteriores. Em um estudo de 1992, Stevenson cita 49 casos onde foram

42 localizados documentos médicos de pessoas que as crianças diziam ter sido em vidas anteriores. De

43 acordo com o pesquisador, a correspondência entre ferimentos mortais e sinais físicos nos supostos

44 reencarnados seria no mínimo satisfatória em 43 desses casos, 88% do total. No entanto, o próprio

45 Stevenson admitia uma grave lacuna: seus estudos não mostram como seria possível uma consciência

46 sobreviver à morte física e ingressar no corpo de outra pessoa. Seus livros são alvos de muitas críticas,

47 que vão desde análise tendenciosa dos dados até uso de fontes não confiáveis, que já acreditavam em

48 reencarnação antes dos supostos casos na família. Ou seja, não existiria evidência de reencarnação além

49 de depoimentos dos próprios reencarnados ou de indícios que, mesmo intrigantes, podem ser meras

50 coincidências.

51 Mas alguns aspectos de supostas vidas passadas ainda são desconcertantes para a ciência. É o

52 caso, por exemplo, da xenoglossia, uma capacidade súbita que algumas pessoas manifestam de falar, com

53 diferentes graus de fluência, línguas que deveriam desconhecer. Um dos casos mais marcantes é o de Iris

54 Farczády, uma húngara de 16 anos que, no ano de 1933, passou a agir como uma espanhola de 41 anos

55 chamada Lucía, morta anos antes. A suposta reencarnada esqueceu o húngaro natal e passou a falar

56 espanhol fluente, nunca mais recuperando sua personalidade anterior. O caso está registrado no livro

57 Paranormal Experience and Survival of Death (“Experiência paranormal e sobrevivência da morte”, sem

58 tradução para o português), de Carl Becker, professor de ética médica da Universidade de Kyoto. Para a

59 maioria dos cientistas, a história de Iris (ou Lucía) não passa de mais um caso de almanaque, mas há quem

60 acredite que a comprovação científica da xenoglossia seria a prova definitiva de que a reencarnação é uma

61 realidade. É viver (uma ou mais vezes) para crer.


NATUSCH, Igor. Reencarnação. Dossiê Superinteressante - Sobrenatural: o lado oculto da realidade.

Edição 383-A, dez. 2017.

Há quem acredite que, para comprovar cientificamente a existência da reencarnação, a ciência precisaria

Alternativas
Ano: 2018 Banca: CEPS-UFPA Órgão: UNIFESSPA Prova: CEPS-UFPA - 2018 - UNIFESSPA - Redator |
Q2723044 Português

Reencarnação


1 Em sua última vida (ao menos das que tivemos notícia), Peter Hulme era um simples funcionário

2 de bingo em Birmingham, Inglaterra. No entanto, ele vivia às voltas com um sonho recorrente e dramático:

3 nele, soldados que pareciam vindos do passado atacavam um castelo sempre inacessível. Hulme não

4 nutria maior interesse por história e jurava não ter ideia da origem de suas visões. Em busca de uma

5 resposta, nos anos 90, submeteu-se a sessões de hipnose. O resultado foi inusitado: concluiu que também

6 tinha sido John Raphael, soldado escocês servindo a certo capitão Leverett na Escócia do século 17.

7 Parecia uma fantasia, mesmo porque inexistiam registros históricos de uma batalha na região e

8 nas circunstâncias descritas por Hulme. Investigando por conta própria, ele e seu irmão Bob encontraram

9 indícios da existência do castelo e, empolgados, resolveram viajar à Escócia em busca de provas. Contra

10 todas as expectativas, recuperaram resquícios de batalha no local apontado por Hulme – e, mergulhando

11 em documentos antiquíssimos, acharam documentos que comprovam a existência de um capitão Leverett

12 e do próprio John Raphael. Com base nesses indícios, Peter Hulme afirmou até o fim da vida que suas

13 memórias eram genuínas e ele era, de fato, a reencarnação de um soldado escocês. O caso de Hulme não

14 está acima de dúvidas: historiadores apontam inconsistências e contradições nas memórias do suposto

15 reencarnado. Mas o relato ilustra uma situação que ainda intriga a ciência: pessoas que juram recordar

16 experiências de vidas passadas, em detalhes às vezes desconcertantes para os cientistas.

17 A ideia de uma consciência que sobrevive à morte e reencarna em novos corpos é quase tão antiga

18 quanto a fé em divindades e surgiu de forma independente em inúmeras culturas ao redor do planeta. De

19 todos os cantos do globo, encontrou na Ásia o terreno mais fértil. A ideia está tão arraigada nas crenças

20 hinduístas e budistas que, em lugares como Índia e Sri Lanka, a reencarnação é vista como algo quase

21 natural. Não é à toa que surgem de lá muito dos casos considerados mais sólidos pelos pesquisadores do

22 tema – como o de Swarnlata Mishra, que desde os 3 anos recordava com riqueza de detalhes a vida de

23 outra pessoa, chamada Biya e morta quase uma década antes.

24 A naturalidade com que Swarnlata tratava os integrantes de sua “outra” família, ao ponto de

25 mencionar apelidos íntimos de gente que não conhecia pessoalmente, fez com que o caso virasse um

26 clássico e deixa pesquisadores coçando a cabeça até hoje. Mesmo no mundo ocidental, uma boa parcela

27 da população acredita em reencarnações, um interesse que aumentou em alguns países após o surgimento

28 do espiritismo na França do século 19. Na Europa Ocidental, dados de 2006 apontam que 22% pensam

29 que a reencarnação é uma realidade, enquanto nos EUA pesquisas falam em 20 a 25% de crença em vidas

30 passadas. Nas cidades do Ocidente, em especial no Brasil, a doutrina espírita tem grande penetração, e

31 manifestações religiosas recentes, como a cientologia, também levam as vidas passadas como parte de

32 suas crenças.

33 A postura da ciência diante disso tudo é de ceticismo. A maioria dos cientistas trata os relatos de

34 vidas passadas como frivolidades, frutos de autoindução ou fraudes. Além disso, não existe nenhum indício

35 científico de que a “alma” exista ou de que ela possa sobreviver à morte do corpo (ela existiria de que forma

36 entre uma encarnação e outra?). Mas é claro que alguns pesquisadores pensam diferente. Um dos mais

37 destacados foi o psiquiatra Ian Stevenson, que dedicou mais de 40 anos ao estudo de quase 3 mil relatos

38 de crianças ao redor do mundo. De acordo com Stevenson, a maioria das recordações infantis sobre vidas

39 passadas envolve mortes violentas, com relatos iniciando entre 2 a 4 anos e quase sempre desaparecendo

40 antes da adolescência. Ele também estudou sinais de nascença e tumores, dizendo que podiam relevar

41 ferimentos sofridos em vidas anteriores. Em um estudo de 1992, Stevenson cita 49 casos onde foram

42 localizados documentos médicos de pessoas que as crianças diziam ter sido em vidas anteriores. De

43 acordo com o pesquisador, a correspondência entre ferimentos mortais e sinais físicos nos supostos

44 reencarnados seria no mínimo satisfatória em 43 desses casos, 88% do total. No entanto, o próprio

45 Stevenson admitia uma grave lacuna: seus estudos não mostram como seria possível uma consciência

46 sobreviver à morte física e ingressar no corpo de outra pessoa. Seus livros são alvos de muitas críticas,

47 que vão desde análise tendenciosa dos dados até uso de fontes não confiáveis, que já acreditavam em

48 reencarnação antes dos supostos casos na família. Ou seja, não existiria evidência de reencarnação além

49 de depoimentos dos próprios reencarnados ou de indícios que, mesmo intrigantes, podem ser meras

50 coincidências.

51 Mas alguns aspectos de supostas vidas passadas ainda são desconcertantes para a ciência. É o

52 caso, por exemplo, da xenoglossia, uma capacidade súbita que algumas pessoas manifestam de falar, com

53 diferentes graus de fluência, línguas que deveriam desconhecer. Um dos casos mais marcantes é o de Iris

54 Farczády, uma húngara de 16 anos que, no ano de 1933, passou a agir como uma espanhola de 41 anos

55 chamada Lucía, morta anos antes. A suposta reencarnada esqueceu o húngaro natal e passou a falar

56 espanhol fluente, nunca mais recuperando sua personalidade anterior. O caso está registrado no livro

57 Paranormal Experience and Survival of Death (“Experiência paranormal e sobrevivência da morte”, sem

58 tradução para o português), de Carl Becker, professor de ética médica da Universidade de Kyoto. Para a

59 maioria dos cientistas, a história de Iris (ou Lucía) não passa de mais um caso de almanaque, mas há quem

60 acredite que a comprovação científica da xenoglossia seria a prova definitiva de que a reencarnação é uma

61 realidade. É viver (uma ou mais vezes) para crer.


NATUSCH, Igor. Reencarnação. Dossiê Superinteressante - Sobrenatural: o lado oculto da realidade.

Edição 383-A, dez. 2017.

Peter Hulme afirmava ter sido, em vida passada, um/a

Alternativas
Ano: 2018 Banca: CEPS-UFPA Órgão: UNIFESSPA Prova: CEPS-UFPA - 2018 - UNIFESSPA - Redator |
Q2723043 Português

Reencarnação


1 Em sua última vida (ao menos das que tivemos notícia), Peter Hulme era um simples funcionário

2 de bingo em Birmingham, Inglaterra. No entanto, ele vivia às voltas com um sonho recorrente e dramático:

3 nele, soldados que pareciam vindos do passado atacavam um castelo sempre inacessível. Hulme não

4 nutria maior interesse por história e jurava não ter ideia da origem de suas visões. Em busca de uma

5 resposta, nos anos 90, submeteu-se a sessões de hipnose. O resultado foi inusitado: concluiu que também

6 tinha sido John Raphael, soldado escocês servindo a certo capitão Leverett na Escócia do século 17.

7 Parecia uma fantasia, mesmo porque inexistiam registros históricos de uma batalha na região e

8 nas circunstâncias descritas por Hulme. Investigando por conta própria, ele e seu irmão Bob encontraram

9 indícios da existência do castelo e, empolgados, resolveram viajar à Escócia em busca de provas. Contra

10 todas as expectativas, recuperaram resquícios de batalha no local apontado por Hulme – e, mergulhando

11 em documentos antiquíssimos, acharam documentos que comprovam a existência de um capitão Leverett

12 e do próprio John Raphael. Com base nesses indícios, Peter Hulme afirmou até o fim da vida que suas

13 memórias eram genuínas e ele era, de fato, a reencarnação de um soldado escocês. O caso de Hulme não

14 está acima de dúvidas: historiadores apontam inconsistências e contradições nas memórias do suposto

15 reencarnado. Mas o relato ilustra uma situação que ainda intriga a ciência: pessoas que juram recordar

16 experiências de vidas passadas, em detalhes às vezes desconcertantes para os cientistas.

17 A ideia de uma consciência que sobrevive à morte e reencarna em novos corpos é quase tão antiga

18 quanto a fé em divindades e surgiu de forma independente em inúmeras culturas ao redor do planeta. De

19 todos os cantos do globo, encontrou na Ásia o terreno mais fértil. A ideia está tão arraigada nas crenças

20 hinduístas e budistas que, em lugares como Índia e Sri Lanka, a reencarnação é vista como algo quase

21 natural. Não é à toa que surgem de lá muito dos casos considerados mais sólidos pelos pesquisadores do

22 tema – como o de Swarnlata Mishra, que desde os 3 anos recordava com riqueza de detalhes a vida de

23 outra pessoa, chamada Biya e morta quase uma década antes.

24 A naturalidade com que Swarnlata tratava os integrantes de sua “outra” família, ao ponto de

25 mencionar apelidos íntimos de gente que não conhecia pessoalmente, fez com que o caso virasse um

26 clássico e deixa pesquisadores coçando a cabeça até hoje. Mesmo no mundo ocidental, uma boa parcela

27 da população acredita em reencarnações, um interesse que aumentou em alguns países após o surgimento

28 do espiritismo na França do século 19. Na Europa Ocidental, dados de 2006 apontam que 22% pensam

29 que a reencarnação é uma realidade, enquanto nos EUA pesquisas falam em 20 a 25% de crença em vidas

30 passadas. Nas cidades do Ocidente, em especial no Brasil, a doutrina espírita tem grande penetração, e

31 manifestações religiosas recentes, como a cientologia, também levam as vidas passadas como parte de

32 suas crenças.

33 A postura da ciência diante disso tudo é de ceticismo. A maioria dos cientistas trata os relatos de

34 vidas passadas como frivolidades, frutos de autoindução ou fraudes. Além disso, não existe nenhum indício

35 científico de que a “alma” exista ou de que ela possa sobreviver à morte do corpo (ela existiria de que forma

36 entre uma encarnação e outra?). Mas é claro que alguns pesquisadores pensam diferente. Um dos mais

37 destacados foi o psiquiatra Ian Stevenson, que dedicou mais de 40 anos ao estudo de quase 3 mil relatos

38 de crianças ao redor do mundo. De acordo com Stevenson, a maioria das recordações infantis sobre vidas

39 passadas envolve mortes violentas, com relatos iniciando entre 2 a 4 anos e quase sempre desaparecendo

40 antes da adolescência. Ele também estudou sinais de nascença e tumores, dizendo que podiam relevar

41 ferimentos sofridos em vidas anteriores. Em um estudo de 1992, Stevenson cita 49 casos onde foram

42 localizados documentos médicos de pessoas que as crianças diziam ter sido em vidas anteriores. De

43 acordo com o pesquisador, a correspondência entre ferimentos mortais e sinais físicos nos supostos

44 reencarnados seria no mínimo satisfatória em 43 desses casos, 88% do total. No entanto, o próprio

45 Stevenson admitia uma grave lacuna: seus estudos não mostram como seria possível uma consciência

46 sobreviver à morte física e ingressar no corpo de outra pessoa. Seus livros são alvos de muitas críticas,

47 que vão desde análise tendenciosa dos dados até uso de fontes não confiáveis, que já acreditavam em

48 reencarnação antes dos supostos casos na família. Ou seja, não existiria evidência de reencarnação além

49 de depoimentos dos próprios reencarnados ou de indícios que, mesmo intrigantes, podem ser meras

50 coincidências.

51 Mas alguns aspectos de supostas vidas passadas ainda são desconcertantes para a ciência. É o

52 caso, por exemplo, da xenoglossia, uma capacidade súbita que algumas pessoas manifestam de falar, com

53 diferentes graus de fluência, línguas que deveriam desconhecer. Um dos casos mais marcantes é o de Iris

54 Farczády, uma húngara de 16 anos que, no ano de 1933, passou a agir como uma espanhola de 41 anos

55 chamada Lucía, morta anos antes. A suposta reencarnada esqueceu o húngaro natal e passou a falar

56 espanhol fluente, nunca mais recuperando sua personalidade anterior. O caso está registrado no livro

57 Paranormal Experience and Survival of Death (“Experiência paranormal e sobrevivência da morte”, sem

58 tradução para o português), de Carl Becker, professor de ética médica da Universidade de Kyoto. Para a

59 maioria dos cientistas, a história de Iris (ou Lucía) não passa de mais um caso de almanaque, mas há quem

60 acredite que a comprovação científica da xenoglossia seria a prova definitiva de que a reencarnação é uma

61 realidade. É viver (uma ou mais vezes) para crer.


NATUSCH, Igor. Reencarnação. Dossiê Superinteressante - Sobrenatural: o lado oculto da realidade.

Edição 383-A, dez. 2017.

No trecho “A postura da ciência diante disso tudo é de ceticismo.” (linha 33), o termo ceticismo significa


Alternativas
Ano: 2018 Banca: CEPS-UFPA Órgão: UNIFESSPA Prova: CEPS-UFPA - 2018 - UNIFESSPA - Redator |
Q2723042 Português

Reencarnação


1 Em sua última vida (ao menos das que tivemos notícia), Peter Hulme era um simples funcionário

2 de bingo em Birmingham, Inglaterra. No entanto, ele vivia às voltas com um sonho recorrente e dramático:

3 nele, soldados que pareciam vindos do passado atacavam um castelo sempre inacessível. Hulme não

4 nutria maior interesse por história e jurava não ter ideia da origem de suas visões. Em busca de uma

5 resposta, nos anos 90, submeteu-se a sessões de hipnose. O resultado foi inusitado: concluiu que também

6 tinha sido John Raphael, soldado escocês servindo a certo capitão Leverett na Escócia do século 17.

7 Parecia uma fantasia, mesmo porque inexistiam registros históricos de uma batalha na região e

8 nas circunstâncias descritas por Hulme. Investigando por conta própria, ele e seu irmão Bob encontraram

9 indícios da existência do castelo e, empolgados, resolveram viajar à Escócia em busca de provas. Contra

10 todas as expectativas, recuperaram resquícios de batalha no local apontado por Hulme – e, mergulhando

11 em documentos antiquíssimos, acharam documentos que comprovam a existência de um capitão Leverett

12 e do próprio John Raphael. Com base nesses indícios, Peter Hulme afirmou até o fim da vida que suas

13 memórias eram genuínas e ele era, de fato, a reencarnação de um soldado escocês. O caso de Hulme não

14 está acima de dúvidas: historiadores apontam inconsistências e contradições nas memórias do suposto

15 reencarnado. Mas o relato ilustra uma situação que ainda intriga a ciência: pessoas que juram recordar

16 experiências de vidas passadas, em detalhes às vezes desconcertantes para os cientistas.

17 A ideia de uma consciência que sobrevive à morte e reencarna em novos corpos é quase tão antiga

18 quanto a fé em divindades e surgiu de forma independente em inúmeras culturas ao redor do planeta. De

19 todos os cantos do globo, encontrou na Ásia o terreno mais fértil. A ideia está tão arraigada nas crenças

20 hinduístas e budistas que, em lugares como Índia e Sri Lanka, a reencarnação é vista como algo quase

21 natural. Não é à toa que surgem de lá muito dos casos considerados mais sólidos pelos pesquisadores do

22 tema – como o de Swarnlata Mishra, que desde os 3 anos recordava com riqueza de detalhes a vida de

23 outra pessoa, chamada Biya e morta quase uma década antes.

24 A naturalidade com que Swarnlata tratava os integrantes de sua “outra” família, ao ponto de

25 mencionar apelidos íntimos de gente que não conhecia pessoalmente, fez com que o caso virasse um

26 clássico e deixa pesquisadores coçando a cabeça até hoje. Mesmo no mundo ocidental, uma boa parcela

27 da população acredita em reencarnações, um interesse que aumentou em alguns países após o surgimento

28 do espiritismo na França do século 19. Na Europa Ocidental, dados de 2006 apontam que 22% pensam

29 que a reencarnação é uma realidade, enquanto nos EUA pesquisas falam em 20 a 25% de crença em vidas

30 passadas. Nas cidades do Ocidente, em especial no Brasil, a doutrina espírita tem grande penetração, e

31 manifestações religiosas recentes, como a cientologia, também levam as vidas passadas como parte de

32 suas crenças.

33 A postura da ciência diante disso tudo é de ceticismo. A maioria dos cientistas trata os relatos de

34 vidas passadas como frivolidades, frutos de autoindução ou fraudes. Além disso, não existe nenhum indício

35 científico de que a “alma” exista ou de que ela possa sobreviver à morte do corpo (ela existiria de que forma

36 entre uma encarnação e outra?). Mas é claro que alguns pesquisadores pensam diferente. Um dos mais

37 destacados foi o psiquiatra Ian Stevenson, que dedicou mais de 40 anos ao estudo de quase 3 mil relatos

38 de crianças ao redor do mundo. De acordo com Stevenson, a maioria das recordações infantis sobre vidas

39 passadas envolve mortes violentas, com relatos iniciando entre 2 a 4 anos e quase sempre desaparecendo

40 antes da adolescência. Ele também estudou sinais de nascença e tumores, dizendo que podiam relevar

41 ferimentos sofridos em vidas anteriores. Em um estudo de 1992, Stevenson cita 49 casos onde foram

42 localizados documentos médicos de pessoas que as crianças diziam ter sido em vidas anteriores. De

43 acordo com o pesquisador, a correspondência entre ferimentos mortais e sinais físicos nos supostos

44 reencarnados seria no mínimo satisfatória em 43 desses casos, 88% do total. No entanto, o próprio

45 Stevenson admitia uma grave lacuna: seus estudos não mostram como seria possível uma consciência

46 sobreviver à morte física e ingressar no corpo de outra pessoa. Seus livros são alvos de muitas críticas,

47 que vão desde análise tendenciosa dos dados até uso de fontes não confiáveis, que já acreditavam em

48 reencarnação antes dos supostos casos na família. Ou seja, não existiria evidência de reencarnação além

49 de depoimentos dos próprios reencarnados ou de indícios que, mesmo intrigantes, podem ser meras

50 coincidências.

51 Mas alguns aspectos de supostas vidas passadas ainda são desconcertantes para a ciência. É o

52 caso, por exemplo, da xenoglossia, uma capacidade súbita que algumas pessoas manifestam de falar, com

53 diferentes graus de fluência, línguas que deveriam desconhecer. Um dos casos mais marcantes é o de Iris

54 Farczády, uma húngara de 16 anos que, no ano de 1933, passou a agir como uma espanhola de 41 anos

55 chamada Lucía, morta anos antes. A suposta reencarnada esqueceu o húngaro natal e passou a falar

56 espanhol fluente, nunca mais recuperando sua personalidade anterior. O caso está registrado no livro

57 Paranormal Experience and Survival of Death (“Experiência paranormal e sobrevivência da morte”, sem

58 tradução para o português), de Carl Becker, professor de ética médica da Universidade de Kyoto. Para a

59 maioria dos cientistas, a história de Iris (ou Lucía) não passa de mais um caso de almanaque, mas há quem

60 acredite que a comprovação científica da xenoglossia seria a prova definitiva de que a reencarnação é uma

61 realidade. É viver (uma ou mais vezes) para crer.


NATUSCH, Igor. Reencarnação. Dossiê Superinteressante - Sobrenatural: o lado oculto da realidade.

Edição 383-A, dez. 2017.

O trecho “Contra todas as expectativas, ...” (linhas 9 e 10) leva a compreender que

Alternativas
Ano: 2018 Banca: CEPS-UFPA Órgão: UNIFESSPA Prova: CEPS-UFPA - 2018 - UNIFESSPA - Redator |
Q2723041 Português

Reencarnação


1 Em sua última vida (ao menos das que tivemos notícia), Peter Hulme era um simples funcionário

2 de bingo em Birmingham, Inglaterra. No entanto, ele vivia às voltas com um sonho recorrente e dramático:

3 nele, soldados que pareciam vindos do passado atacavam um castelo sempre inacessível. Hulme não

4 nutria maior interesse por história e jurava não ter ideia da origem de suas visões. Em busca de uma

5 resposta, nos anos 90, submeteu-se a sessões de hipnose. O resultado foi inusitado: concluiu que também

6 tinha sido John Raphael, soldado escocês servindo a certo capitão Leverett na Escócia do século 17.

7 Parecia uma fantasia, mesmo porque inexistiam registros históricos de uma batalha na região e

8 nas circunstâncias descritas por Hulme. Investigando por conta própria, ele e seu irmão Bob encontraram

9 indícios da existência do castelo e, empolgados, resolveram viajar à Escócia em busca de provas. Contra

10 todas as expectativas, recuperaram resquícios de batalha no local apontado por Hulme – e, mergulhando

11 em documentos antiquíssimos, acharam documentos que comprovam a existência de um capitão Leverett

12 e do próprio John Raphael. Com base nesses indícios, Peter Hulme afirmou até o fim da vida que suas

13 memórias eram genuínas e ele era, de fato, a reencarnação de um soldado escocês. O caso de Hulme não

14 está acima de dúvidas: historiadores apontam inconsistências e contradições nas memórias do suposto

15 reencarnado. Mas o relato ilustra uma situação que ainda intriga a ciência: pessoas que juram recordar

16 experiências de vidas passadas, em detalhes às vezes desconcertantes para os cientistas.

17 A ideia de uma consciência que sobrevive à morte e reencarna em novos corpos é quase tão antiga

18 quanto a fé em divindades e surgiu de forma independente em inúmeras culturas ao redor do planeta. De

19 todos os cantos do globo, encontrou na Ásia o terreno mais fértil. A ideia está tão arraigada nas crenças

20 hinduístas e budistas que, em lugares como Índia e Sri Lanka, a reencarnação é vista como algo quase

21 natural. Não é à toa que surgem de lá muito dos casos considerados mais sólidos pelos pesquisadores do

22 tema – como o de Swarnlata Mishra, que desde os 3 anos recordava com riqueza de detalhes a vida de

23 outra pessoa, chamada Biya e morta quase uma década antes.

24 A naturalidade com que Swarnlata tratava os integrantes de sua “outra” família, ao ponto de

25 mencionar apelidos íntimos de gente que não conhecia pessoalmente, fez com que o caso virasse um

26 clássico e deixa pesquisadores coçando a cabeça até hoje. Mesmo no mundo ocidental, uma boa parcela

27 da população acredita em reencarnações, um interesse que aumentou em alguns países após o surgimento

28 do espiritismo na França do século 19. Na Europa Ocidental, dados de 2006 apontam que 22% pensam

29 que a reencarnação é uma realidade, enquanto nos EUA pesquisas falam em 20 a 25% de crença em vidas

30 passadas. Nas cidades do Ocidente, em especial no Brasil, a doutrina espírita tem grande penetração, e

31 manifestações religiosas recentes, como a cientologia, também levam as vidas passadas como parte de

32 suas crenças.

33 A postura da ciência diante disso tudo é de ceticismo. A maioria dos cientistas trata os relatos de

34 vidas passadas como frivolidades, frutos de autoindução ou fraudes. Além disso, não existe nenhum indício

35 científico de que a “alma” exista ou de que ela possa sobreviver à morte do corpo (ela existiria de que forma

36 entre uma encarnação e outra?). Mas é claro que alguns pesquisadores pensam diferente. Um dos mais

37 destacados foi o psiquiatra Ian Stevenson, que dedicou mais de 40 anos ao estudo de quase 3 mil relatos

38 de crianças ao redor do mundo. De acordo com Stevenson, a maioria das recordações infantis sobre vidas

39 passadas envolve mortes violentas, com relatos iniciando entre 2 a 4 anos e quase sempre desaparecendo

40 antes da adolescência. Ele também estudou sinais de nascença e tumores, dizendo que podiam relevar

41 ferimentos sofridos em vidas anteriores. Em um estudo de 1992, Stevenson cita 49 casos onde foram

42 localizados documentos médicos de pessoas que as crianças diziam ter sido em vidas anteriores. De

43 acordo com o pesquisador, a correspondência entre ferimentos mortais e sinais físicos nos supostos

44 reencarnados seria no mínimo satisfatória em 43 desses casos, 88% do total. No entanto, o próprio

45 Stevenson admitia uma grave lacuna: seus estudos não mostram como seria possível uma consciência

46 sobreviver à morte física e ingressar no corpo de outra pessoa. Seus livros são alvos de muitas críticas,

47 que vão desde análise tendenciosa dos dados até uso de fontes não confiáveis, que já acreditavam em

48 reencarnação antes dos supostos casos na família. Ou seja, não existiria evidência de reencarnação além

49 de depoimentos dos próprios reencarnados ou de indícios que, mesmo intrigantes, podem ser meras

50 coincidências.

51 Mas alguns aspectos de supostas vidas passadas ainda são desconcertantes para a ciência. É o

52 caso, por exemplo, da xenoglossia, uma capacidade súbita que algumas pessoas manifestam de falar, com

53 diferentes graus de fluência, línguas que deveriam desconhecer. Um dos casos mais marcantes é o de Iris

54 Farczády, uma húngara de 16 anos que, no ano de 1933, passou a agir como uma espanhola de 41 anos

55 chamada Lucía, morta anos antes. A suposta reencarnada esqueceu o húngaro natal e passou a falar

56 espanhol fluente, nunca mais recuperando sua personalidade anterior. O caso está registrado no livro

57 Paranormal Experience and Survival of Death (“Experiência paranormal e sobrevivência da morte”, sem

58 tradução para o português), de Carl Becker, professor de ética médica da Universidade de Kyoto. Para a

59 maioria dos cientistas, a história de Iris (ou Lucía) não passa de mais um caso de almanaque, mas há quem

60 acredite que a comprovação científica da xenoglossia seria a prova definitiva de que a reencarnação é uma

61 realidade. É viver (uma ou mais vezes) para crer.


NATUSCH, Igor. Reencarnação. Dossiê Superinteressante - Sobrenatural: o lado oculto da realidade.

Edição 383-A, dez. 2017.

A palavra que, no texto, pode ser substituída por enraizado/a (s) sem prejuízo para o significado é

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Ano: 2018 Banca: CEPS-UFPA Órgão: UNIFESSPA Prova: CEPS-UFPA - 2018 - UNIFESSPA - Redator |
Q2723040 Português

Reencarnação


1 Em sua última vida (ao menos das que tivemos notícia), Peter Hulme era um simples funcionário

2 de bingo em Birmingham, Inglaterra. No entanto, ele vivia às voltas com um sonho recorrente e dramático:

3 nele, soldados que pareciam vindos do passado atacavam um castelo sempre inacessível. Hulme não

4 nutria maior interesse por história e jurava não ter ideia da origem de suas visões. Em busca de uma

5 resposta, nos anos 90, submeteu-se a sessões de hipnose. O resultado foi inusitado: concluiu que também

6 tinha sido John Raphael, soldado escocês servindo a certo capitão Leverett na Escócia do século 17.

7 Parecia uma fantasia, mesmo porque inexistiam registros históricos de uma batalha na região e

8 nas circunstâncias descritas por Hulme. Investigando por conta própria, ele e seu irmão Bob encontraram

9 indícios da existência do castelo e, empolgados, resolveram viajar à Escócia em busca de provas. Contra

10 todas as expectativas, recuperaram resquícios de batalha no local apontado por Hulme – e, mergulhando

11 em documentos antiquíssimos, acharam documentos que comprovam a existência de um capitão Leverett

12 e do próprio John Raphael. Com base nesses indícios, Peter Hulme afirmou até o fim da vida que suas

13 memórias eram genuínas e ele era, de fato, a reencarnação de um soldado escocês. O caso de Hulme não

14 está acima de dúvidas: historiadores apontam inconsistências e contradições nas memórias do suposto

15 reencarnado. Mas o relato ilustra uma situação que ainda intriga a ciência: pessoas que juram recordar

16 experiências de vidas passadas, em detalhes às vezes desconcertantes para os cientistas.

17 A ideia de uma consciência que sobrevive à morte e reencarna em novos corpos é quase tão antiga

18 quanto a fé em divindades e surgiu de forma independente em inúmeras culturas ao redor do planeta. De

19 todos os cantos do globo, encontrou na Ásia o terreno mais fértil. A ideia está tão arraigada nas crenças

20 hinduístas e budistas que, em lugares como Índia e Sri Lanka, a reencarnação é vista como algo quase

21 natural. Não é à toa que surgem de lá muito dos casos considerados mais sólidos pelos pesquisadores do

22 tema – como o de Swarnlata Mishra, que desde os 3 anos recordava com riqueza de detalhes a vida de

23 outra pessoa, chamada Biya e morta quase uma década antes.

24 A naturalidade com que Swarnlata tratava os integrantes de sua “outra” família, ao ponto de

25 mencionar apelidos íntimos de gente que não conhecia pessoalmente, fez com que o caso virasse um

26 clássico e deixa pesquisadores coçando a cabeça até hoje. Mesmo no mundo ocidental, uma boa parcela

27 da população acredita em reencarnações, um interesse que aumentou em alguns países após o surgimento

28 do espiritismo na França do século 19. Na Europa Ocidental, dados de 2006 apontam que 22% pensam

29 que a reencarnação é uma realidade, enquanto nos EUA pesquisas falam em 20 a 25% de crença em vidas

30 passadas. Nas cidades do Ocidente, em especial no Brasil, a doutrina espírita tem grande penetração, e

31 manifestações religiosas recentes, como a cientologia, também levam as vidas passadas como parte de

32 suas crenças.

33 A postura da ciência diante disso tudo é de ceticismo. A maioria dos cientistas trata os relatos de

34 vidas passadas como frivolidades, frutos de autoindução ou fraudes. Além disso, não existe nenhum indício

35 científico de que a “alma” exista ou de que ela possa sobreviver à morte do corpo (ela existiria de que forma

36 entre uma encarnação e outra?). Mas é claro que alguns pesquisadores pensam diferente. Um dos mais

37 destacados foi o psiquiatra Ian Stevenson, que dedicou mais de 40 anos ao estudo de quase 3 mil relatos

38 de crianças ao redor do mundo. De acordo com Stevenson, a maioria das recordações infantis sobre vidas

39 passadas envolve mortes violentas, com relatos iniciando entre 2 a 4 anos e quase sempre desaparecendo

40 antes da adolescência. Ele também estudou sinais de nascença e tumores, dizendo que podiam relevar

41 ferimentos sofridos em vidas anteriores. Em um estudo de 1992, Stevenson cita 49 casos onde foram

42 localizados documentos médicos de pessoas que as crianças diziam ter sido em vidas anteriores. De

43 acordo com o pesquisador, a correspondência entre ferimentos mortais e sinais físicos nos supostos

44 reencarnados seria no mínimo satisfatória em 43 desses casos, 88% do total. No entanto, o próprio

45 Stevenson admitia uma grave lacuna: seus estudos não mostram como seria possível uma consciência

46 sobreviver à morte física e ingressar no corpo de outra pessoa. Seus livros são alvos de muitas críticas,

47 que vão desde análise tendenciosa dos dados até uso de fontes não confiáveis, que já acreditavam em

48 reencarnação antes dos supostos casos na família. Ou seja, não existiria evidência de reencarnação além

49 de depoimentos dos próprios reencarnados ou de indícios que, mesmo intrigantes, podem ser meras

50 coincidências.

51 Mas alguns aspectos de supostas vidas passadas ainda são desconcertantes para a ciência. É o

52 caso, por exemplo, da xenoglossia, uma capacidade súbita que algumas pessoas manifestam de falar, com

53 diferentes graus de fluência, línguas que deveriam desconhecer. Um dos casos mais marcantes é o de Iris

54 Farczády, uma húngara de 16 anos que, no ano de 1933, passou a agir como uma espanhola de 41 anos

55 chamada Lucía, morta anos antes. A suposta reencarnada esqueceu o húngaro natal e passou a falar

56 espanhol fluente, nunca mais recuperando sua personalidade anterior. O caso está registrado no livro

57 Paranormal Experience and Survival of Death (“Experiência paranormal e sobrevivência da morte”, sem

58 tradução para o português), de Carl Becker, professor de ética médica da Universidade de Kyoto. Para a

59 maioria dos cientistas, a história de Iris (ou Lucía) não passa de mais um caso de almanaque, mas há quem

60 acredite que a comprovação científica da xenoglossia seria a prova definitiva de que a reencarnação é uma

61 realidade. É viver (uma ou mais vezes) para crer.


NATUSCH, Igor. Reencarnação. Dossiê Superinteressante - Sobrenatural: o lado oculto da realidade.

Edição 383-A, dez. 2017.

De acordo com o texto, a crença em reencarnação

Alternativas
Ano: 2018 Banca: CEPS-UFPA Órgão: UNIFESSPA Prova: CEPS-UFPA - 2018 - UNIFESSPA - Redator |
Q2723039 Português

Reencarnação


1 Em sua última vida (ao menos das que tivemos notícia), Peter Hulme era um simples funcionário

2 de bingo em Birmingham, Inglaterra. No entanto, ele vivia às voltas com um sonho recorrente e dramático:

3 nele, soldados que pareciam vindos do passado atacavam um castelo sempre inacessível. Hulme não

4 nutria maior interesse por história e jurava não ter ideia da origem de suas visões. Em busca de uma

5 resposta, nos anos 90, submeteu-se a sessões de hipnose. O resultado foi inusitado: concluiu que também

6 tinha sido John Raphael, soldado escocês servindo a certo capitão Leverett na Escócia do século 17.

7 Parecia uma fantasia, mesmo porque inexistiam registros históricos de uma batalha na região e

8 nas circunstâncias descritas por Hulme. Investigando por conta própria, ele e seu irmão Bob encontraram

9 indícios da existência do castelo e, empolgados, resolveram viajar à Escócia em busca de provas. Contra

10 todas as expectativas, recuperaram resquícios de batalha no local apontado por Hulme – e, mergulhando

11 em documentos antiquíssimos, acharam documentos que comprovam a existência de um capitão Leverett

12 e do próprio John Raphael. Com base nesses indícios, Peter Hulme afirmou até o fim da vida que suas

13 memórias eram genuínas e ele era, de fato, a reencarnação de um soldado escocês. O caso de Hulme não

14 está acima de dúvidas: historiadores apontam inconsistências e contradições nas memórias do suposto

15 reencarnado. Mas o relato ilustra uma situação que ainda intriga a ciência: pessoas que juram recordar

16 experiências de vidas passadas, em detalhes às vezes desconcertantes para os cientistas.

17 A ideia de uma consciência que sobrevive à morte e reencarna em novos corpos é quase tão antiga

18 quanto a fé em divindades e surgiu de forma independente em inúmeras culturas ao redor do planeta. De

19 todos os cantos do globo, encontrou na Ásia o terreno mais fértil. A ideia está tão arraigada nas crenças

20 hinduístas e budistas que, em lugares como Índia e Sri Lanka, a reencarnação é vista como algo quase

21 natural. Não é à toa que surgem de lá muito dos casos considerados mais sólidos pelos pesquisadores do

22 tema – como o de Swarnlata Mishra, que desde os 3 anos recordava com riqueza de detalhes a vida de

23 outra pessoa, chamada Biya e morta quase uma década antes.

24 A naturalidade com que Swarnlata tratava os integrantes de sua “outra” família, ao ponto de

25 mencionar apelidos íntimos de gente que não conhecia pessoalmente, fez com que o caso virasse um

26 clássico e deixa pesquisadores coçando a cabeça até hoje. Mesmo no mundo ocidental, uma boa parcela

27 da população acredita em reencarnações, um interesse que aumentou em alguns países após o surgimento

28 do espiritismo na França do século 19. Na Europa Ocidental, dados de 2006 apontam que 22% pensam

29 que a reencarnação é uma realidade, enquanto nos EUA pesquisas falam em 20 a 25% de crença em vidas

30 passadas. Nas cidades do Ocidente, em especial no Brasil, a doutrina espírita tem grande penetração, e

31 manifestações religiosas recentes, como a cientologia, também levam as vidas passadas como parte de

32 suas crenças.

33 A postura da ciência diante disso tudo é de ceticismo. A maioria dos cientistas trata os relatos de

34 vidas passadas como frivolidades, frutos de autoindução ou fraudes. Além disso, não existe nenhum indício

35 científico de que a “alma” exista ou de que ela possa sobreviver à morte do corpo (ela existiria de que forma

36 entre uma encarnação e outra?). Mas é claro que alguns pesquisadores pensam diferente. Um dos mais

37 destacados foi o psiquiatra Ian Stevenson, que dedicou mais de 40 anos ao estudo de quase 3 mil relatos

38 de crianças ao redor do mundo. De acordo com Stevenson, a maioria das recordações infantis sobre vidas

39 passadas envolve mortes violentas, com relatos iniciando entre 2 a 4 anos e quase sempre desaparecendo

40 antes da adolescência. Ele também estudou sinais de nascença e tumores, dizendo que podiam relevar

41 ferimentos sofridos em vidas anteriores. Em um estudo de 1992, Stevenson cita 49 casos onde foram

42 localizados documentos médicos de pessoas que as crianças diziam ter sido em vidas anteriores. De

43 acordo com o pesquisador, a correspondência entre ferimentos mortais e sinais físicos nos supostos

44 reencarnados seria no mínimo satisfatória em 43 desses casos, 88% do total. No entanto, o próprio

45 Stevenson admitia uma grave lacuna: seus estudos não mostram como seria possível uma consciência

46 sobreviver à morte física e ingressar no corpo de outra pessoa. Seus livros são alvos de muitas críticas,

47 que vão desde análise tendenciosa dos dados até uso de fontes não confiáveis, que já acreditavam em

48 reencarnação antes dos supostos casos na família. Ou seja, não existiria evidência de reencarnação além

49 de depoimentos dos próprios reencarnados ou de indícios que, mesmo intrigantes, podem ser meras

50 coincidências.

51 Mas alguns aspectos de supostas vidas passadas ainda são desconcertantes para a ciência. É o

52 caso, por exemplo, da xenoglossia, uma capacidade súbita que algumas pessoas manifestam de falar, com

53 diferentes graus de fluência, línguas que deveriam desconhecer. Um dos casos mais marcantes é o de Iris

54 Farczády, uma húngara de 16 anos que, no ano de 1933, passou a agir como uma espanhola de 41 anos

55 chamada Lucía, morta anos antes. A suposta reencarnada esqueceu o húngaro natal e passou a falar

56 espanhol fluente, nunca mais recuperando sua personalidade anterior. O caso está registrado no livro

57 Paranormal Experience and Survival of Death (“Experiência paranormal e sobrevivência da morte”, sem

58 tradução para o português), de Carl Becker, professor de ética médica da Universidade de Kyoto. Para a

59 maioria dos cientistas, a história de Iris (ou Lucía) não passa de mais um caso de almanaque, mas há quem

60 acredite que a comprovação científica da xenoglossia seria a prova definitiva de que a reencarnação é uma

61 realidade. É viver (uma ou mais vezes) para crer.


NATUSCH, Igor. Reencarnação. Dossiê Superinteressante - Sobrenatural: o lado oculto da realidade.

Edição 383-A, dez. 2017.

Em relação à ciência, infere-se da leitura do texto que

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Ano: 2018 Banca: CEPS-UFPA Órgão: UNIFESSPA Prova: CEPS-UFPA - 2018 - UNIFESSPA - Redator |
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Reencarnação


1 Em sua última vida (ao menos das que tivemos notícia), Peter Hulme era um simples funcionário

2 de bingo em Birmingham, Inglaterra. No entanto, ele vivia às voltas com um sonho recorrente e dramático:

3 nele, soldados que pareciam vindos do passado atacavam um castelo sempre inacessível. Hulme não

4 nutria maior interesse por história e jurava não ter ideia da origem de suas visões. Em busca de uma

5 resposta, nos anos 90, submeteu-se a sessões de hipnose. O resultado foi inusitado: concluiu que também

6 tinha sido John Raphael, soldado escocês servindo a certo capitão Leverett na Escócia do século 17.

7 Parecia uma fantasia, mesmo porque inexistiam registros históricos de uma batalha na região e

8 nas circunstâncias descritas por Hulme. Investigando por conta própria, ele e seu irmão Bob encontraram

9 indícios da existência do castelo e, empolgados, resolveram viajar à Escócia em busca de provas. Contra

10 todas as expectativas, recuperaram resquícios de batalha no local apontado por Hulme – e, mergulhando

11 em documentos antiquíssimos, acharam documentos que comprovam a existência de um capitão Leverett

12 e do próprio John Raphael. Com base nesses indícios, Peter Hulme afirmou até o fim da vida que suas

13 memórias eram genuínas e ele era, de fato, a reencarnação de um soldado escocês. O caso de Hulme não

14 está acima de dúvidas: historiadores apontam inconsistências e contradições nas memórias do suposto

15 reencarnado. Mas o relato ilustra uma situação que ainda intriga a ciência: pessoas que juram recordar

16 experiências de vidas passadas, em detalhes às vezes desconcertantes para os cientistas.

17 A ideia de uma consciência que sobrevive à morte e reencarna em novos corpos é quase tão antiga

18 quanto a fé em divindades e surgiu de forma independente em inúmeras culturas ao redor do planeta. De

19 todos os cantos do globo, encontrou na Ásia o terreno mais fértil. A ideia está tão arraigada nas crenças

20 hinduístas e budistas que, em lugares como Índia e Sri Lanka, a reencarnação é vista como algo quase

21 natural. Não é à toa que surgem de lá muito dos casos considerados mais sólidos pelos pesquisadores do

22 tema – como o de Swarnlata Mishra, que desde os 3 anos recordava com riqueza de detalhes a vida de

23 outra pessoa, chamada Biya e morta quase uma década antes.

24 A naturalidade com que Swarnlata tratava os integrantes de sua “outra” família, ao ponto de

25 mencionar apelidos íntimos de gente que não conhecia pessoalmente, fez com que o caso virasse um

26 clássico e deixa pesquisadores coçando a cabeça até hoje. Mesmo no mundo ocidental, uma boa parcela

27 da população acredita em reencarnações, um interesse que aumentou em alguns países após o surgimento

28 do espiritismo na França do século 19. Na Europa Ocidental, dados de 2006 apontam que 22% pensam

29 que a reencarnação é uma realidade, enquanto nos EUA pesquisas falam em 20 a 25% de crença em vidas

30 passadas. Nas cidades do Ocidente, em especial no Brasil, a doutrina espírita tem grande penetração, e

31 manifestações religiosas recentes, como a cientologia, também levam as vidas passadas como parte de

32 suas crenças.

33 A postura da ciência diante disso tudo é de ceticismo. A maioria dos cientistas trata os relatos de

34 vidas passadas como frivolidades, frutos de autoindução ou fraudes. Além disso, não existe nenhum indício

35 científico de que a “alma” exista ou de que ela possa sobreviver à morte do corpo (ela existiria de que forma

36 entre uma encarnação e outra?). Mas é claro que alguns pesquisadores pensam diferente. Um dos mais

37 destacados foi o psiquiatra Ian Stevenson, que dedicou mais de 40 anos ao estudo de quase 3 mil relatos

38 de crianças ao redor do mundo. De acordo com Stevenson, a maioria das recordações infantis sobre vidas

39 passadas envolve mortes violentas, com relatos iniciando entre 2 a 4 anos e quase sempre desaparecendo

40 antes da adolescência. Ele também estudou sinais de nascença e tumores, dizendo que podiam relevar

41 ferimentos sofridos em vidas anteriores. Em um estudo de 1992, Stevenson cita 49 casos onde foram

42 localizados documentos médicos de pessoas que as crianças diziam ter sido em vidas anteriores. De

43 acordo com o pesquisador, a correspondência entre ferimentos mortais e sinais físicos nos supostos

44 reencarnados seria no mínimo satisfatória em 43 desses casos, 88% do total. No entanto, o próprio

45 Stevenson admitia uma grave lacuna: seus estudos não mostram como seria possível uma consciência

46 sobreviver à morte física e ingressar no corpo de outra pessoa. Seus livros são alvos de muitas críticas,

47 que vão desde análise tendenciosa dos dados até uso de fontes não confiáveis, que já acreditavam em

48 reencarnação antes dos supostos casos na família. Ou seja, não existiria evidência de reencarnação além

49 de depoimentos dos próprios reencarnados ou de indícios que, mesmo intrigantes, podem ser meras

50 coincidências.

51 Mas alguns aspectos de supostas vidas passadas ainda são desconcertantes para a ciência. É o

52 caso, por exemplo, da xenoglossia, uma capacidade súbita que algumas pessoas manifestam de falar, com

53 diferentes graus de fluência, línguas que deveriam desconhecer. Um dos casos mais marcantes é o de Iris

54 Farczády, uma húngara de 16 anos que, no ano de 1933, passou a agir como uma espanhola de 41 anos

55 chamada Lucía, morta anos antes. A suposta reencarnada esqueceu o húngaro natal e passou a falar

56 espanhol fluente, nunca mais recuperando sua personalidade anterior. O caso está registrado no livro

57 Paranormal Experience and Survival of Death (“Experiência paranormal e sobrevivência da morte”, sem

58 tradução para o português), de Carl Becker, professor de ética médica da Universidade de Kyoto. Para a

59 maioria dos cientistas, a história de Iris (ou Lucía) não passa de mais um caso de almanaque, mas há quem

60 acredite que a comprovação científica da xenoglossia seria a prova definitiva de que a reencarnação é uma

61 realidade. É viver (uma ou mais vezes) para crer.


NATUSCH, Igor. Reencarnação. Dossiê Superinteressante - Sobrenatural: o lado oculto da realidade.

Edição 383-A, dez. 2017.

O texto de Igor Natusch aborda a “reencarnação” sem, contudo, se comprometer com a sua existência. Verifica-se esse fato em trechos como

Alternativas
Ano: 2023 Banca: CEPS-UFPA Órgão: UFPA Prova: CEPS-UFPA - 2023 - UFPA - Geógrafo |
Q2237239 Geografia
Leia os textos a seguir para responder à questão.

Imagem associada para resolução da questão

A questão ambiental que se impõe desde as últimas décadas é também uma questão de disputa de territórios. Neste sentido, as duas chamadas jornalísticas representam:

Alternativas
Ano: 2023 Banca: CEPS-UFPA Órgão: UFPA Prova: CEPS-UFPA - 2023 - UFPA - Geógrafo |
Q2237238 Geografia
Leia o texto e observe a imagem a seguir para responder à questão. 

Imagem associada para resolução da questão

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/amp/ambiente/2023/05/produtividade-urbana-da-amazonia-pode-desacelerar-desmatamentodiz-banco-mundial.shtml. Acessado em 06 de junho de 2023

O debate internacional acerca do desmatamento da Amazônia gerou o documento comentado no texto. No trecho em destaque, a proposta exógena para reduzir o desmatamento da região apresenta um discurso:
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Ano: 2023 Banca: CEPS-UFPA Órgão: UFPA Prova: CEPS-UFPA - 2023 - UFPA - Geógrafo |
Q2237237 Geografia

Observe a figura a seguir para responder à questão .


Imagem associada para resolução da questão



Fonte: https://www.techtudo.com.br/listas/2020/10/aplicativo-de-carros-tipo-uber-9-apps-para-pedir-corridas-ou-caronas.ghtml. Acessado em 05 de junho de 2023.


A imagem aponta para um importante e atual debate crítico das Ciências Humanas que discute as implicações da uberização nas relações de trabalho e no território. Neste contexto, a crítica que se faz ao uso desses aplicativos resulta da: 

Alternativas
Ano: 2023 Banca: CEPS-UFPA Órgão: UFPA Prova: CEPS-UFPA - 2023 - UFPA - Geógrafo |
Q2237236 Geografia

Leia o texto a seguir para responder à questão .


Imagem associada para resolução da questão


A notícia fornecida pelo texto jornalístico, analisada pela via da reestruturação produtiva da agropecuária, indica que: 


Alternativas
Ano: 2023 Banca: CEPS-UFPA Órgão: UFPA Prova: CEPS-UFPA - 2023 - UFPA - Geógrafo |
Q2237235 Geografia
Observe o mapa a seguir para responder à questão.
Imagem associada para resolução da questão


Fonte: ROCHA, A.E.S. et al. Composição florística e chave de identificação das Poaceae ocorrentes nas savanas costeiras amazônicas, Brasil. Acta Amazônica. VOL. 44(3) 2014: 301 – 314


O mapa evidencia a distribuição de manchas de savana incrustadas no bioma Amazônico, localizado na zona costeira. Sobre a presença desta formação vegetal na região, entende-se que:
Alternativas
Ano: 2023 Banca: CEPS-UFPA Órgão: UFPA Prova: CEPS-UFPA - 2023 - UFPA - Geógrafo |
Q2237234 Geografia
Observe a figura a seguir para responder à questão
Imagem associada para resolução da questão

Um Sistema de Informação Geográfica é o meio tecnológico fundamentado em computador, caraterizado por software específicos, com habilidade para aquisição, armazenamento, recuperação, transformação e saída de dados georreferenciados.
Fonte: http://geoden.uff.br/geoprocessamento/ Acesso em 29 de maio de 2023


Considerando a figura, o texto e os seus conhecimentos sobre o Sistema de Informação Geográfica (SIG), analise as afirmativas abaixo:
I. Geoprocessamento e SIGs apresentam a mesma concepção, ou seja, são o conjunto de tecnologias de coleta, tratamento, manipulação e apresentação de informações espaciais.
II. O SPRING é um Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) com objetivo de construir um sistema de informações geográficas para aplicações em Agricultura, Floresta, Gestão Ambiental, Geografia, Geologia, Planejamento Urbano e Regional.
III. São vários os tipos de sistemas de geoprocessamento: sistemas de digitalização, sistemas de conversão de dados, sistemas de modelagem digital de terreno, sistemas de processamento de imagens, dentre outros sistemas de informações geográficas – SIGs. Todos esses sistemas tratam da informação espacial, porém cada tipo tem sua função particular e suas peculiaridades.
IV. Em um SIG, cada projeto corresponde a um referencial geográfico, ou seja, um ambiente de trabalho. O projeto é formado por planos de informação (PI) que se referem aos aspectos de uma região.
Estão corretas: 
Alternativas
Ano: 2023 Banca: CEPS-UFPA Órgão: UFPA Prova: CEPS-UFPA - 2023 - UFPA - Geógrafo |
Q2237233 Geografia
Leia o texto a seguir para responder à questão .
Considerando que a Pós-Modernidade também questiona as explicações totalizantes, os planejamentos centralizados, as verdades eternas e universais e valoriza a pluralidade do poder discursivo, o jogo de linguagem onde cada um ou cada grupo pode gerar, a partir de seu lugar, distintos códigos e sentidos, valoriza, também, a singularidade do lugar. Abrem-se com esta perspectiva novos campos à Geografia, estes são expressos pela Geografia dos lugares (...), a Geografia das percepções e/ou das representações, a Geografia das manifestações culturais derivadas da expressão das diferenças, das identidades, das territorialidades. FONTE: Suertegaray. D. M.A- Notas sobre Epistemologia Da Geografia. Cadernos Geográficos - Nº 12 - Maio 2005. P 35.

Neste recorte sobre o contexto da Pós-Modernidade, a autora apresenta alguns campos de pesquisa em Geografia, incluindo a perspectiva do estudo de gênero. É importante entender que estes estudos se tratam de um(a): 
Alternativas
Ano: 2023 Banca: CEPS-UFPA Órgão: UFPA Prova: CEPS-UFPA - 2023 - UFPA - Geógrafo |
Q2237232 Geografia
Observe as figuras a seguir para responder à questão .  

Imagem associada para resolução da questão

Fonte: TOURINHO, L.H.Z. et al. Planos Diretores do Município de Belém (PA) e a Questão dos Rios Urbanos. Research, Society and Development, v. 10, n. 10, 2021. p 8.
Os mapas representam duas informações: a densidade demográfica de Belém e as bacias hidrográficas com áreas de inundação em 2010. Ao correlacionar essas variáveis com o conceito de risco e vulnerabilidades, constata-se que:
Alternativas
Ano: 2023 Banca: CEPS-UFPA Órgão: UFPA Prova: CEPS-UFPA - 2023 - UFPA - Geógrafo |
Q2237231 Geografia
Leia o texto a seguir para responder à questão.
Analisada no campo do pensamento geográfico moderno, a abordagem ambiental pode ser concebida a partir de dois grandes momentos. O primeiro, no qual o ambiente configura-se em sinônimo de natureza (ambientalismo=naturalismo), prevaleceu desde a estruturação da científica geografia até meados do século XX, sendo, porém, possível ainda observá-lo como postura filosófica perante o mundo por parte de muitos cientistas, inclusive geógrafos. A este primeiro período poderia ser associado o tecnicismo(...), no segundo momento é que se observa o salto dado por alguns geógrafos que passam a abordá-lo na perspectiva da interação sociedade-natureza. Fonte: Mendonça, F.- Geografia SocioAmbiental. In. Elementos da Epistemologia da Geografia Contemporânea. MENDONÇA F.&KOZEL, S. (ORGS). Curitiba: UFPR. 2004, p 128.

A análise do autor é de que a perspectiva ambiental entre os geógrafos atuais fortalece: 
Alternativas
Ano: 2023 Banca: CEPS-UFPA Órgão: UFPA Prova: CEPS-UFPA - 2023 - UFPA - Geógrafo |
Q2237230 Geografia
Leia o texto a seguir para responder à questão.
O processo de verticalização intensa, não só no bairro do Umarizal, mas em Belém, acarreta uma segregação socioespacial e a diminuição da cobertura vegetal, e é resultante de uma lógica capitalistaespeculativa, além de financeira de formação e apropriação do espaço dessa cidade como um valor de troca(...)No bairro do Umarizal, em específico, houve o aumento da temperatura ao longo dos anos. Em 1997, o bairro apresentou temperaturas com variações de 22ºC a 24ºC e, no ano de 2008, as temperaturas variaram entre 23ºC a 27ºC. Fonte: de Matos, A. C. S.; Tavares, F. B.; Coutinho, E. C.; Guimarães, U. S. Qualidade ambiental, percepção e aspectos socioeconômicos na Amazônia: um estudo de caso do bairro do Umarizal, em Belém/PA. Revista Brasileira de Geografia Física v.14, n.05 (2021) 2946-2965.
O modelo de crescimento capitalista resultou na explosão demográfica e concentração de riqueza e pobreza urbana. Considerando o texto, o contexto da produção do espaço urbano em Belém e as mudanças ambientais, pode-se afirmar que: 
Alternativas
Ano: 2023 Banca: CEPS-UFPA Órgão: UFPA Prova: CEPS-UFPA - 2023 - UFPA - Geógrafo |
Q2237229 Geografia
Observe o Mapa da Bacia hidrográfica para responder à questão.   
Imagem associada para resolução da questão

Fonte: VALE, J. R. B.; BORDALO, C. A. L. Caracterização morfométrica e do uso e cobertura da terra da bacia hidrográfica do Rio Apeú, Amazônia Oriental. Formação (Online), v. 27, n. 51, 2020 p.317.

O processamento dos dados e a produção dos mapas realizados em ambiente de Sistema de Informação Geográfica (SIG) permitiram o mapeamento da bacia hidrográfica do rio Apeú, no qual é possível observar que:   
Alternativas
Respostas
61: B
62: E
63: B
64: E
65: B
66: C
67: D
68: C
69: E
70: B
71: C
72: A
73: E
74: D
75: C
76: E
77: D
78: B
79: E
80: A