Questões de Concurso Para if-pe

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Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773043 Português
Leia o TEXTO 15 para responder à questão.

TEXTO 15
O TRABALHO NA BALANÇA DOS VALORES 

 
Sobre a ação em Hanna Arendt, a autora do TEXTO 15 explica: “É o domínio da atividade em que o instrumento é o discurso, a voz e a palavra do homem”. Pensando sobre os conceitos relativos a discurso, voz e palavra, tanto no texto lido quanto no domínio dos estudos linguísticos, é CORRETO afirmar que
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773041 Português
Leia o TEXTO 15 para responder à questão.

TEXTO 15
O TRABALHO NA BALANÇA DOS VALORES 

 
Assinale o trecho do TEXTO 15 com problema relacionado à ocorrência da crase.
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773040 Português
Leia o TEXTO 15 para responder à questão.

TEXTO 15
O TRABALHO NA BALANÇA DOS VALORES 

 
TEXTO 13 OS INSTITUTOS FEDERAIS: UMA REVOLUÇÃO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
O Governo Federal, através do Ministério da Educação (MEC), acaba de criar um modelo institucional absolutamente inovador em termos de proposta político-pedagógica: os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Estas instituições têm suas bases em um conceito de educação profissional e tecnológica sem similar em nenhum outro país. São 38 institutos, com 314 campi espalhados por todo o país, além de várias unidades avançadas, atuando em cursos técnicos (50% das vagas), em sua maioria na forma integrada com o ensino médio, licenciaturas (20% das vagas) e graduações tecnológicas, podendo ainda disponibilizar especializações, mestrados profissionais e doutorados voltados principalmente para a pesquisa aplicada de inovação tecnológica. [...] A estrutura multicampi e a clara definição do território de abrangência das ações dos Institutos Federais afirmam, na missão destas instituições, o compromisso de intervenção em suas respectivas regiões, identificando problemas e criando soluções técnicas e tecnológicas para o desenvolvimento sustentável com inclusão social. Na busca de sintonia com as potencialidades de desenvolvimento regional, os cursos nas novas unidades deverão ser definidos através de audiências públicas e de escuta às representações da sociedade. Na necessária articulação com outras políticas sociais, os Institutos Federais devem buscar a constituição de Observatórios de Políticas Públicas, tornando-as objetos de sua intervenção através das ações de ensino, pesquisa e extensão articulada com as forças sociais da região. É neste sentido que os Institutos Federais constituem um espaço fundamental na construção dos caminhos com vista ao desenvolvimento local e regional. Para tanto, devem ir além da compreensão da educação profissional e tecnológica como mera instrumentalizadora de pessoas para ocupações determinadas por um mercado. Na proposta dos Institutos Federais, agregar à formação acadêmica a preparação para o trabalho (compreendendo-o em seu sentido histórico, mas sem deixar de firmar o seu sentido ontológico) e discutir os princípios das tecnologias a ele concernentes dão luz a elementos essenciais para a definição de um propósito específico para a estrutura curricular da educação profissional e tecnológica. O que se propõem é uma formação contextualizada, banhada de conhecimentos, princípios e valores que potencializam a ação humana na busca de caminhos mais dignos de vida. [...] Inicia-se a construção de uma instituição inovadora, ousada, com um futuro em aberto e, articulando-se com as redes públicas de educação básica, capaz de ser um centro irradiador de boas práticas. Os centros federais de educação tecnológica (CEFET’s), as escolas agrotécnicas federais e as escolas técnicas vinculadas às universidades que aceitaram o desafio desaparecem enquanto tal para se transformarem nos campi espalhados por todo o país, fiadores de um ensino público, gratuito, democrático e de excelência. Com os Institutos Federais iniciamos uma nova fase, abandonando o hábito de reproduzir modelos externos e ousando a inovar a partir de nossas próprias características, experiências e necessidades. (PACHECO, Eliezer. Os Institutos Federais: uma revolução na educação profissional e tecnológica (Trecho). Brasília: MEC/SETEC. 2010. Disponível em: . Acesso em 16/10/2016)

Relacionando o TEXTO 13 com o TEXTO 15, assinale a alternativa INCORRETA. 
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773039 Português
Leia o TEXTO 14 para responder à questão.

TEXTO 14
FOLHA DE ROSTO

 

Eliezer Pacheco
Organizador

INSTITUTOS FEDERAIS
UMA REVOLUÇÃO
NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
E TECNOLÓGICA 

Brasília, 2011
São Paulo, 2011 

FundaçãoSantillana
Moderna 
Sobre o processo de normalização de textos técnico-científicos, como o TEXTO 14, assinale a alternativa INCORRETA.
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773038 Português
Leia o TEXTO 14 para responder à questão.

TEXTO 14
FOLHA DE ROSTO

 

Eliezer Pacheco
Organizador

INSTITUTOS FEDERAIS
UMA REVOLUÇÃO
NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
E TECNOLÓGICA 

Brasília, 2011
São Paulo, 2011 

FundaçãoSantillana
Moderna 
As informações que constam no TEXTO 14 sobre o livro publicado indicam alguns elementos fundamentais sobre sua edição. Assinale a alternativa que NÃO interpreta corretamente essas informações.
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773036 Português
Leia o TEXTO 13 para responder à questão.

TEXTO 13
OS INSTITUTOS FEDERAIS:
UMA REVOLUÇÃO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA 

Sobre o trabalho de revisão textual, com base na leitura do TEXTO 13, é CORRETO afirmar que
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773035 Português
Leia o TEXTO 13 para responder à questão.

TEXTO 13
OS INSTITUTOS FEDERAIS:
UMA REVOLUÇÃO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA 

Com relação às estruturas linguísticas internas do TEXTO 13 e à funcionalidade que assumem discursivamente, pode-se dizer que
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773034 Português
Leia o TEXTO 13 para responder à questão.

TEXTO 13
OS INSTITUTOS FEDERAIS:
UMA REVOLUÇÃO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA 

O papel do Instituto na formação do estudante, de acordo com o TEXTO 13, inclui
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773033 Português
Leia o TEXTO 13 para responder à questão.

TEXTO 13
OS INSTITUTOS FEDERAIS:
UMA REVOLUÇÃO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA 

O autor do TEXTO 13 apresenta uma visão panorâmica dos Institutos Federais, defendendo que
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773032 Português
Leia o TEXTO 12 para responder à questão.

TEXTO 12
QUESTÃO SEMÂNTICA?

  Quando polemistas dizem que uma questão é “semântica”, querem dizer que ela é secundária. Pensam que há uma ‘coisa’ no mundo e que é ela que interessa. Os nomes que a designam seriam ou irrelevantes ou estariam errados. Políticos e economistas são os militantes que mais caem nessa armadilha.
  Qualquer interessado por questões como a relação entre língua, cultura, linguagem e ideologia, e – o que pode surpreender – pela linguagem científica, logo percebe que a questão semântica é fundamental.
  Não há como ter acesso às coisas a não ser por meio das palavras. É por essa razão que cientistas são grandes usuários de metáforas para designar ou explicar ‘fatos’ (é uma forma de ‘aproximá-los’ do conhecimento anterior ou mesmo do senso comum).
  Os fatos precisam de uma linguagem para ser expressos. E a linguagem pode enganar. Para fugir a esse problema, muitos cientistas ‘matematizam’ seus textos, por considerar que assim evitam o problema, ou que o superam. 
  Daí por que, de vez em quando, estudiosos, ensaístas, articulistas etc. tentam definir de novo velhas palavras, que, eles acham, perderam o rumo. Vejamos um exemplo.
  No dia 06/06/2014 (Folha de S. Paulo, caderno ‘Mundo’), Marcos Troyjo apresentou sua avaliação das palavras ‘conservador’ e ‘progressista’. Elencou algumas variações e exemplos.
Essas palavras já opuseram monarquistas a constitucionalistas, escravocratas a burgueses liberais, disse ele, acrescentando que os conceitos se embaralharam ao longo do tempo. Desfez-se a oposição entre manter privilégios econômicos e rearrumar as “camadas tectônicas” do status quo – são outras de suas palavras.
  Atualmente, acrescenta, a dualidade reaparece na retórica “progressista”; sua “arenga” combate injustiças sociais (fruto do conservadorismo, explico ao leitor) e forças da globalização (nada progressistas; idem). É uma avaliação que ele defenderia como objetiva.  
  Mas o emprego do termo negativo ‘arenga’ para referir-se à retórica progressista (isto é, que os outros consideram progressista) denuncia a posição ideológica de Troyjo. Ele não qualificaria como ‘arenga’ um discurso contrário ao regime político chinês ou cubano ou venezuelano.
 Vejamos um pouco mais de perto a palavra ‘conservador’, consultando um dicionário. Bons dicionários não só registram mais palavras, como também mais sentidos para cada palavra – o que, em geral, derruba as teses dos que defendem UM sentido para elas.
  É comum que dicionários apresentem como primeiras definições os sentidos mais antigos ou mais literais. Um exemplo é a primeira definição de ‘conservador’ fornecida pelo dicionário Houaiss: o que conserva (ver abaixo).
  Como o leitor pode não ser um frequentador de dicionários (além de, eventualmente, pensar que cada palavra tem ou deveria ter só um sentido), transcrevo a totalidade do verbete em questão do Houaiss e comento alguns aspectos que me parecem os mais relevantes.
  Para Troyjo, de certa forma, a melhor definição de ‘conservador’ é a literal, ou alguma bem próxima (que conserva). Por isso, diz que conservadores adotam posições diferentes conforme seja diferente a situação que defendem.
  Vamos ao verbete ‘conservador’. A definição geral é literal, como se pode ver (sempre que ocorrer c., leia-se ‘conservador’): o que conserva.
1 o que preserva de alteração, deterioração ou extinção.
1.1 Rubrica: química. substância química adicionada a produtos alimentícios para prevenir oxidação, fermentação ou outra deterioração usual, inibindo a proliferação de bactérias; conservante.
2 aquele que defende ideias, valores e costumes ultrapassados e/ou que é contrário a qualquer alteração da situação que se atravessa, do que é tradicional ou da ordem estabelecida. Ex.: é um c. em moda.
2.1 (1890) Aquele que defende a manutenção do status quo político-social Ex.: um c. fascista
2.2 Uso: pejorativo. Aquele que propugna pelo autoritarismo e é favorável à tradição, seja monárquica, eclesiástica ou liberalista nas suas formas burguesa e oligárquica, demonstrando hostilidade a inovações na moral e nas instituições Ex.: um c. empedernido 
2.3 Uso: pejorativo. Membro de partido político conservador ou que apoia a filosofia política de tais partidos.
2.3.1membro ou apoiante do Partido Conservador inglês.
3 Derivação: por extensão de sentido. Uso: pejorativo. O que é moderado, discreto, cauteloso.
4 Uso: pejorativo. Quem é tradicional em questões de gosto, elegância, estilo ou maneiras Ex.: ele é um c. no ramo da alta-costura
5 funcionário superior encarregado da guarda, administração e conservação de bens, monumentos e objetos pertencentes a instituições, públicas ou privadas, ou ao Estado, como museus, bibliotecas etc. (Obs.: ver uso a seguir) Ex.: contrataram um novo c. para o museu.
6 funcionário público encarregado do registro de compras, vendas e hipotecas de imóveis Ex.: os c. do registro civil. 
7 Rubrica: termo jurídico. Diacronismo: antigo. juiz que administrava a justiça de uma corporação e fazia a guarda dos seus privilégios adjetivo 
8 que conserva a Ex.:<as virtudes c. do formol> <instinto c.> <princípio c.>
9 caracterizado pela moderação ou prudência a Ex.:<um traje c.> <uma estimativa c.>
10 cujas ideias, valores e costumes são ultrapassados e/ou que é contrário a qualquer alteração do que é tradicional ou da ordem estabelecida a Ex.:<espírito c.> <um político c.> 
11 Rubrica: linguística. Diz-se de língua ou dialeto que sofreu menos mudanças, relativamente a outros provindos da mesma língua-mãe. 


Perspectiva ideológica
  Como se vê, há acepções para quase todos os gostos. Destaco algumas, até porque podem parecer contraditórias. O sentido 2.1 não é necessariamente uma espécie do ‘gênero’ sentido 2, como a enumeração dá a entender, porque os sentidos de 2 e de 2.1 são bastante diferentes: uma coisa é defender ideias ultrapassadas (quem as definiria assim?), outra é defender o status quo (definição próxima da de Troyjo). 
  Comparem-se essas acepções com 2.2: nenhuma daquelas têm a ver com defesa do autoritarismo. Alguém pode defender o status quo de forma democrática e tolerante.
  A acepção 10 dá conta de muitos empregos da palavra. É talvez a definição mais abrangente (não importando tanto se é adjetivo ou substantivo). Ela pode valer para questões políticas e também, por exemplo, para a moda (um conservador pode ser contra saias curtas), para direitos iguais para grupos ou pessoas diferentes (cotas na universidade, união civil de homossexuais, acessibilidade especial para portadores de necessidades especiais, por exemplo) ou mesmo para greves ou manifestações de rua. 
  Veja-se, por curiosa, talvez, a acepção 3: conservador não dá bandeira, é discreto, moderado, cauteloso (não usa óculos coloridos e bermudas floridas).
  Voltando à coluna de Troyjo: ele defendeu (legitimamente) um dicionário próprio, ou melhor, de interesse de uma perspectiva ideológica.
  Todas as ideologias fazem o mesmo, é claro. O que é fácil de ver, mas difícil de reconhecer. Cada locutor acredita que sua ideologia não é ideologia e que, portanto, suas palavras vão diretamente para as coisas.
  O caso comentado é só um entre milhares. Quem é ‘terrorista’? Quem é ‘bandido’ e quem é ‘jovem desajustado’? É uma ‘invasão’ ou uma ‘ocupação’? Foram ‘passeatas’ ou ‘manifestações’? Cogita-se ‘regulação da mídia’ ou ‘censura’? Cada grupo tem que pensar que é ele que se refere verdadeiramente às coisas.

POSSENTI, Sírio. Questão semântica? Observatório da Imprensa. Disponível em http://observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-debates/_ed833 Acesso em 23 out 2016.
Para o trabalho do revisor, as ideias expostas no TEXTO 12 são importantes porque
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773031 Português
Leia o TEXTO 12 para responder à questão.

TEXTO 12
QUESTÃO SEMÂNTICA?

  Quando polemistas dizem que uma questão é “semântica”, querem dizer que ela é secundária. Pensam que há uma ‘coisa’ no mundo e que é ela que interessa. Os nomes que a designam seriam ou irrelevantes ou estariam errados. Políticos e economistas são os militantes que mais caem nessa armadilha.
  Qualquer interessado por questões como a relação entre língua, cultura, linguagem e ideologia, e – o que pode surpreender – pela linguagem científica, logo percebe que a questão semântica é fundamental.
  Não há como ter acesso às coisas a não ser por meio das palavras. É por essa razão que cientistas são grandes usuários de metáforas para designar ou explicar ‘fatos’ (é uma forma de ‘aproximá-los’ do conhecimento anterior ou mesmo do senso comum).
  Os fatos precisam de uma linguagem para ser expressos. E a linguagem pode enganar. Para fugir a esse problema, muitos cientistas ‘matematizam’ seus textos, por considerar que assim evitam o problema, ou que o superam. 
  Daí por que, de vez em quando, estudiosos, ensaístas, articulistas etc. tentam definir de novo velhas palavras, que, eles acham, perderam o rumo. Vejamos um exemplo.
  No dia 06/06/2014 (Folha de S. Paulo, caderno ‘Mundo’), Marcos Troyjo apresentou sua avaliação das palavras ‘conservador’ e ‘progressista’. Elencou algumas variações e exemplos.
Essas palavras já opuseram monarquistas a constitucionalistas, escravocratas a burgueses liberais, disse ele, acrescentando que os conceitos se embaralharam ao longo do tempo. Desfez-se a oposição entre manter privilégios econômicos e rearrumar as “camadas tectônicas” do status quo – são outras de suas palavras.
  Atualmente, acrescenta, a dualidade reaparece na retórica “progressista”; sua “arenga” combate injustiças sociais (fruto do conservadorismo, explico ao leitor) e forças da globalização (nada progressistas; idem). É uma avaliação que ele defenderia como objetiva.  
  Mas o emprego do termo negativo ‘arenga’ para referir-se à retórica progressista (isto é, que os outros consideram progressista) denuncia a posição ideológica de Troyjo. Ele não qualificaria como ‘arenga’ um discurso contrário ao regime político chinês ou cubano ou venezuelano.
 Vejamos um pouco mais de perto a palavra ‘conservador’, consultando um dicionário. Bons dicionários não só registram mais palavras, como também mais sentidos para cada palavra – o que, em geral, derruba as teses dos que defendem UM sentido para elas.
  É comum que dicionários apresentem como primeiras definições os sentidos mais antigos ou mais literais. Um exemplo é a primeira definição de ‘conservador’ fornecida pelo dicionário Houaiss: o que conserva (ver abaixo).
  Como o leitor pode não ser um frequentador de dicionários (além de, eventualmente, pensar que cada palavra tem ou deveria ter só um sentido), transcrevo a totalidade do verbete em questão do Houaiss e comento alguns aspectos que me parecem os mais relevantes.
  Para Troyjo, de certa forma, a melhor definição de ‘conservador’ é a literal, ou alguma bem próxima (que conserva). Por isso, diz que conservadores adotam posições diferentes conforme seja diferente a situação que defendem.
  Vamos ao verbete ‘conservador’. A definição geral é literal, como se pode ver (sempre que ocorrer c., leia-se ‘conservador’): o que conserva.
1 o que preserva de alteração, deterioração ou extinção.
1.1 Rubrica: química. substância química adicionada a produtos alimentícios para prevenir oxidação, fermentação ou outra deterioração usual, inibindo a proliferação de bactérias; conservante.
2 aquele que defende ideias, valores e costumes ultrapassados e/ou que é contrário a qualquer alteração da situação que se atravessa, do que é tradicional ou da ordem estabelecida. Ex.: é um c. em moda.
2.1 (1890) Aquele que defende a manutenção do status quo político-social Ex.: um c. fascista
2.2 Uso: pejorativo. Aquele que propugna pelo autoritarismo e é favorável à tradição, seja monárquica, eclesiástica ou liberalista nas suas formas burguesa e oligárquica, demonstrando hostilidade a inovações na moral e nas instituições Ex.: um c. empedernido 
2.3 Uso: pejorativo. Membro de partido político conservador ou que apoia a filosofia política de tais partidos.
2.3.1membro ou apoiante do Partido Conservador inglês.
3 Derivação: por extensão de sentido. Uso: pejorativo. O que é moderado, discreto, cauteloso.
4 Uso: pejorativo. Quem é tradicional em questões de gosto, elegância, estilo ou maneiras Ex.: ele é um c. no ramo da alta-costura
5 funcionário superior encarregado da guarda, administração e conservação de bens, monumentos e objetos pertencentes a instituições, públicas ou privadas, ou ao Estado, como museus, bibliotecas etc. (Obs.: ver uso a seguir) Ex.: contrataram um novo c. para o museu.
6 funcionário público encarregado do registro de compras, vendas e hipotecas de imóveis Ex.: os c. do registro civil. 
7 Rubrica: termo jurídico. Diacronismo: antigo. juiz que administrava a justiça de uma corporação e fazia a guarda dos seus privilégios adjetivo 
8 que conserva a Ex.:<as virtudes c. do formol> <instinto c.> <princípio c.>
9 caracterizado pela moderação ou prudência a Ex.:<um traje c.> <uma estimativa c.>
10 cujas ideias, valores e costumes são ultrapassados e/ou que é contrário a qualquer alteração do que é tradicional ou da ordem estabelecida a Ex.:<espírito c.> <um político c.> 
11 Rubrica: linguística. Diz-se de língua ou dialeto que sofreu menos mudanças, relativamente a outros provindos da mesma língua-mãe. 


Perspectiva ideológica
  Como se vê, há acepções para quase todos os gostos. Destaco algumas, até porque podem parecer contraditórias. O sentido 2.1 não é necessariamente uma espécie do ‘gênero’ sentido 2, como a enumeração dá a entender, porque os sentidos de 2 e de 2.1 são bastante diferentes: uma coisa é defender ideias ultrapassadas (quem as definiria assim?), outra é defender o status quo (definição próxima da de Troyjo). 
  Comparem-se essas acepções com 2.2: nenhuma daquelas têm a ver com defesa do autoritarismo. Alguém pode defender o status quo de forma democrática e tolerante.
  A acepção 10 dá conta de muitos empregos da palavra. É talvez a definição mais abrangente (não importando tanto se é adjetivo ou substantivo). Ela pode valer para questões políticas e também, por exemplo, para a moda (um conservador pode ser contra saias curtas), para direitos iguais para grupos ou pessoas diferentes (cotas na universidade, união civil de homossexuais, acessibilidade especial para portadores de necessidades especiais, por exemplo) ou mesmo para greves ou manifestações de rua. 
  Veja-se, por curiosa, talvez, a acepção 3: conservador não dá bandeira, é discreto, moderado, cauteloso (não usa óculos coloridos e bermudas floridas).
  Voltando à coluna de Troyjo: ele defendeu (legitimamente) um dicionário próprio, ou melhor, de interesse de uma perspectiva ideológica.
  Todas as ideologias fazem o mesmo, é claro. O que é fácil de ver, mas difícil de reconhecer. Cada locutor acredita que sua ideologia não é ideologia e que, portanto, suas palavras vão diretamente para as coisas.
  O caso comentado é só um entre milhares. Quem é ‘terrorista’? Quem é ‘bandido’ e quem é ‘jovem desajustado’? É uma ‘invasão’ ou uma ‘ocupação’? Foram ‘passeatas’ ou ‘manifestações’? Cogita-se ‘regulação da mídia’ ou ‘censura’? Cada grupo tem que pensar que é ele que se refere verdadeiramente às coisas.

POSSENTI, Sírio. Questão semântica? Observatório da Imprensa. Disponível em http://observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-debates/_ed833 Acesso em 23 out 2016.
Em “O caso comentado é só um entre milhares. Quem é ‘terrorista’? Quem é ‘bandido’ e quem é ‘jovem desajustado’? É uma ‘invasão’ ou uma ‘ocupação’? Foram ‘passeatas’ ou ‘manifestações’? Cogita-se ‘regulação da mídia’ ou ‘censura’? Cada grupo tem que pensar que é ele que se refere verdadeiramente às coisas.” (último parágrafo do TEXTO 12), temos a exemplificação de que
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773030 Português
Leia o TEXTO 12 para responder à questão.

TEXTO 12
QUESTÃO SEMÂNTICA?

  Quando polemistas dizem que uma questão é “semântica”, querem dizer que ela é secundária. Pensam que há uma ‘coisa’ no mundo e que é ela que interessa. Os nomes que a designam seriam ou irrelevantes ou estariam errados. Políticos e economistas são os militantes que mais caem nessa armadilha.
  Qualquer interessado por questões como a relação entre língua, cultura, linguagem e ideologia, e – o que pode surpreender – pela linguagem científica, logo percebe que a questão semântica é fundamental.
  Não há como ter acesso às coisas a não ser por meio das palavras. É por essa razão que cientistas são grandes usuários de metáforas para designar ou explicar ‘fatos’ (é uma forma de ‘aproximá-los’ do conhecimento anterior ou mesmo do senso comum).
  Os fatos precisam de uma linguagem para ser expressos. E a linguagem pode enganar. Para fugir a esse problema, muitos cientistas ‘matematizam’ seus textos, por considerar que assim evitam o problema, ou que o superam. 
  Daí por que, de vez em quando, estudiosos, ensaístas, articulistas etc. tentam definir de novo velhas palavras, que, eles acham, perderam o rumo. Vejamos um exemplo.
  No dia 06/06/2014 (Folha de S. Paulo, caderno ‘Mundo’), Marcos Troyjo apresentou sua avaliação das palavras ‘conservador’ e ‘progressista’. Elencou algumas variações e exemplos.
Essas palavras já opuseram monarquistas a constitucionalistas, escravocratas a burgueses liberais, disse ele, acrescentando que os conceitos se embaralharam ao longo do tempo. Desfez-se a oposição entre manter privilégios econômicos e rearrumar as “camadas tectônicas” do status quo – são outras de suas palavras.
  Atualmente, acrescenta, a dualidade reaparece na retórica “progressista”; sua “arenga” combate injustiças sociais (fruto do conservadorismo, explico ao leitor) e forças da globalização (nada progressistas; idem). É uma avaliação que ele defenderia como objetiva.  
  Mas o emprego do termo negativo ‘arenga’ para referir-se à retórica progressista (isto é, que os outros consideram progressista) denuncia a posição ideológica de Troyjo. Ele não qualificaria como ‘arenga’ um discurso contrário ao regime político chinês ou cubano ou venezuelano.
 Vejamos um pouco mais de perto a palavra ‘conservador’, consultando um dicionário. Bons dicionários não só registram mais palavras, como também mais sentidos para cada palavra – o que, em geral, derruba as teses dos que defendem UM sentido para elas.
  É comum que dicionários apresentem como primeiras definições os sentidos mais antigos ou mais literais. Um exemplo é a primeira definição de ‘conservador’ fornecida pelo dicionário Houaiss: o que conserva (ver abaixo).
  Como o leitor pode não ser um frequentador de dicionários (além de, eventualmente, pensar que cada palavra tem ou deveria ter só um sentido), transcrevo a totalidade do verbete em questão do Houaiss e comento alguns aspectos que me parecem os mais relevantes.
  Para Troyjo, de certa forma, a melhor definição de ‘conservador’ é a literal, ou alguma bem próxima (que conserva). Por isso, diz que conservadores adotam posições diferentes conforme seja diferente a situação que defendem.
  Vamos ao verbete ‘conservador’. A definição geral é literal, como se pode ver (sempre que ocorrer c., leia-se ‘conservador’): o que conserva.
1 o que preserva de alteração, deterioração ou extinção.
1.1 Rubrica: química. substância química adicionada a produtos alimentícios para prevenir oxidação, fermentação ou outra deterioração usual, inibindo a proliferação de bactérias; conservante.
2 aquele que defende ideias, valores e costumes ultrapassados e/ou que é contrário a qualquer alteração da situação que se atravessa, do que é tradicional ou da ordem estabelecida. Ex.: é um c. em moda.
2.1 (1890) Aquele que defende a manutenção do status quo político-social Ex.: um c. fascista
2.2 Uso: pejorativo. Aquele que propugna pelo autoritarismo e é favorável à tradição, seja monárquica, eclesiástica ou liberalista nas suas formas burguesa e oligárquica, demonstrando hostilidade a inovações na moral e nas instituições Ex.: um c. empedernido 
2.3 Uso: pejorativo. Membro de partido político conservador ou que apoia a filosofia política de tais partidos.
2.3.1membro ou apoiante do Partido Conservador inglês.
3 Derivação: por extensão de sentido. Uso: pejorativo. O que é moderado, discreto, cauteloso.
4 Uso: pejorativo. Quem é tradicional em questões de gosto, elegância, estilo ou maneiras Ex.: ele é um c. no ramo da alta-costura
5 funcionário superior encarregado da guarda, administração e conservação de bens, monumentos e objetos pertencentes a instituições, públicas ou privadas, ou ao Estado, como museus, bibliotecas etc. (Obs.: ver uso a seguir) Ex.: contrataram um novo c. para o museu.
6 funcionário público encarregado do registro de compras, vendas e hipotecas de imóveis Ex.: os c. do registro civil. 
7 Rubrica: termo jurídico. Diacronismo: antigo. juiz que administrava a justiça de uma corporação e fazia a guarda dos seus privilégios adjetivo 
8 que conserva a Ex.:<as virtudes c. do formol> <instinto c.> <princípio c.>
9 caracterizado pela moderação ou prudência a Ex.:<um traje c.> <uma estimativa c.>
10 cujas ideias, valores e costumes são ultrapassados e/ou que é contrário a qualquer alteração do que é tradicional ou da ordem estabelecida a Ex.:<espírito c.> <um político c.> 
11 Rubrica: linguística. Diz-se de língua ou dialeto que sofreu menos mudanças, relativamente a outros provindos da mesma língua-mãe. 


Perspectiva ideológica
  Como se vê, há acepções para quase todos os gostos. Destaco algumas, até porque podem parecer contraditórias. O sentido 2.1 não é necessariamente uma espécie do ‘gênero’ sentido 2, como a enumeração dá a entender, porque os sentidos de 2 e de 2.1 são bastante diferentes: uma coisa é defender ideias ultrapassadas (quem as definiria assim?), outra é defender o status quo (definição próxima da de Troyjo). 
  Comparem-se essas acepções com 2.2: nenhuma daquelas têm a ver com defesa do autoritarismo. Alguém pode defender o status quo de forma democrática e tolerante.
  A acepção 10 dá conta de muitos empregos da palavra. É talvez a definição mais abrangente (não importando tanto se é adjetivo ou substantivo). Ela pode valer para questões políticas e também, por exemplo, para a moda (um conservador pode ser contra saias curtas), para direitos iguais para grupos ou pessoas diferentes (cotas na universidade, união civil de homossexuais, acessibilidade especial para portadores de necessidades especiais, por exemplo) ou mesmo para greves ou manifestações de rua. 
  Veja-se, por curiosa, talvez, a acepção 3: conservador não dá bandeira, é discreto, moderado, cauteloso (não usa óculos coloridos e bermudas floridas).
  Voltando à coluna de Troyjo: ele defendeu (legitimamente) um dicionário próprio, ou melhor, de interesse de uma perspectiva ideológica.
  Todas as ideologias fazem o mesmo, é claro. O que é fácil de ver, mas difícil de reconhecer. Cada locutor acredita que sua ideologia não é ideologia e que, portanto, suas palavras vão diretamente para as coisas.
  O caso comentado é só um entre milhares. Quem é ‘terrorista’? Quem é ‘bandido’ e quem é ‘jovem desajustado’? É uma ‘invasão’ ou uma ‘ocupação’? Foram ‘passeatas’ ou ‘manifestações’? Cogita-se ‘regulação da mídia’ ou ‘censura’? Cada grupo tem que pensar que é ele que se refere verdadeiramente às coisas.

POSSENTI, Sírio. Questão semântica? Observatório da Imprensa. Disponível em http://observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-debates/_ed833 Acesso em 23 out 2016.
Semântica é a parte da Gramática que estuda o significado, o sentido das palavras nos textos. Sobre a abordagem do TEXTO 12 em torno da Semântica, assinale o item CORRETO.
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773029 Português
Leia o TEXTO 12 para responder à questão.

TEXTO 12
QUESTÃO SEMÂNTICA?

  Quando polemistas dizem que uma questão é “semântica”, querem dizer que ela é secundária. Pensam que há uma ‘coisa’ no mundo e que é ela que interessa. Os nomes que a designam seriam ou irrelevantes ou estariam errados. Políticos e economistas são os militantes que mais caem nessa armadilha.
  Qualquer interessado por questões como a relação entre língua, cultura, linguagem e ideologia, e – o que pode surpreender – pela linguagem científica, logo percebe que a questão semântica é fundamental.
  Não há como ter acesso às coisas a não ser por meio das palavras. É por essa razão que cientistas são grandes usuários de metáforas para designar ou explicar ‘fatos’ (é uma forma de ‘aproximá-los’ do conhecimento anterior ou mesmo do senso comum).
  Os fatos precisam de uma linguagem para ser expressos. E a linguagem pode enganar. Para fugir a esse problema, muitos cientistas ‘matematizam’ seus textos, por considerar que assim evitam o problema, ou que o superam. 
  Daí por que, de vez em quando, estudiosos, ensaístas, articulistas etc. tentam definir de novo velhas palavras, que, eles acham, perderam o rumo. Vejamos um exemplo.
  No dia 06/06/2014 (Folha de S. Paulo, caderno ‘Mundo’), Marcos Troyjo apresentou sua avaliação das palavras ‘conservador’ e ‘progressista’. Elencou algumas variações e exemplos.
Essas palavras já opuseram monarquistas a constitucionalistas, escravocratas a burgueses liberais, disse ele, acrescentando que os conceitos se embaralharam ao longo do tempo. Desfez-se a oposição entre manter privilégios econômicos e rearrumar as “camadas tectônicas” do status quo – são outras de suas palavras.
  Atualmente, acrescenta, a dualidade reaparece na retórica “progressista”; sua “arenga” combate injustiças sociais (fruto do conservadorismo, explico ao leitor) e forças da globalização (nada progressistas; idem). É uma avaliação que ele defenderia como objetiva.  
  Mas o emprego do termo negativo ‘arenga’ para referir-se à retórica progressista (isto é, que os outros consideram progressista) denuncia a posição ideológica de Troyjo. Ele não qualificaria como ‘arenga’ um discurso contrário ao regime político chinês ou cubano ou venezuelano.
 Vejamos um pouco mais de perto a palavra ‘conservador’, consultando um dicionário. Bons dicionários não só registram mais palavras, como também mais sentidos para cada palavra – o que, em geral, derruba as teses dos que defendem UM sentido para elas.
  É comum que dicionários apresentem como primeiras definições os sentidos mais antigos ou mais literais. Um exemplo é a primeira definição de ‘conservador’ fornecida pelo dicionário Houaiss: o que conserva (ver abaixo).
  Como o leitor pode não ser um frequentador de dicionários (além de, eventualmente, pensar que cada palavra tem ou deveria ter só um sentido), transcrevo a totalidade do verbete em questão do Houaiss e comento alguns aspectos que me parecem os mais relevantes.
  Para Troyjo, de certa forma, a melhor definição de ‘conservador’ é a literal, ou alguma bem próxima (que conserva). Por isso, diz que conservadores adotam posições diferentes conforme seja diferente a situação que defendem.
  Vamos ao verbete ‘conservador’. A definição geral é literal, como se pode ver (sempre que ocorrer c., leia-se ‘conservador’): o que conserva.
1 o que preserva de alteração, deterioração ou extinção.
1.1 Rubrica: química. substância química adicionada a produtos alimentícios para prevenir oxidação, fermentação ou outra deterioração usual, inibindo a proliferação de bactérias; conservante.
2 aquele que defende ideias, valores e costumes ultrapassados e/ou que é contrário a qualquer alteração da situação que se atravessa, do que é tradicional ou da ordem estabelecida. Ex.: é um c. em moda.
2.1 (1890) Aquele que defende a manutenção do status quo político-social Ex.: um c. fascista
2.2 Uso: pejorativo. Aquele que propugna pelo autoritarismo e é favorável à tradição, seja monárquica, eclesiástica ou liberalista nas suas formas burguesa e oligárquica, demonstrando hostilidade a inovações na moral e nas instituições Ex.: um c. empedernido 
2.3 Uso: pejorativo. Membro de partido político conservador ou que apoia a filosofia política de tais partidos.
2.3.1membro ou apoiante do Partido Conservador inglês.
3 Derivação: por extensão de sentido. Uso: pejorativo. O que é moderado, discreto, cauteloso.
4 Uso: pejorativo. Quem é tradicional em questões de gosto, elegância, estilo ou maneiras Ex.: ele é um c. no ramo da alta-costura
5 funcionário superior encarregado da guarda, administração e conservação de bens, monumentos e objetos pertencentes a instituições, públicas ou privadas, ou ao Estado, como museus, bibliotecas etc. (Obs.: ver uso a seguir) Ex.: contrataram um novo c. para o museu.
6 funcionário público encarregado do registro de compras, vendas e hipotecas de imóveis Ex.: os c. do registro civil. 
7 Rubrica: termo jurídico. Diacronismo: antigo. juiz que administrava a justiça de uma corporação e fazia a guarda dos seus privilégios adjetivo 
8 que conserva a Ex.:<as virtudes c. do formol> <instinto c.> <princípio c.>
9 caracterizado pela moderação ou prudência a Ex.:<um traje c.> <uma estimativa c.>
10 cujas ideias, valores e costumes são ultrapassados e/ou que é contrário a qualquer alteração do que é tradicional ou da ordem estabelecida a Ex.:<espírito c.> <um político c.> 
11 Rubrica: linguística. Diz-se de língua ou dialeto que sofreu menos mudanças, relativamente a outros provindos da mesma língua-mãe. 


Perspectiva ideológica
  Como se vê, há acepções para quase todos os gostos. Destaco algumas, até porque podem parecer contraditórias. O sentido 2.1 não é necessariamente uma espécie do ‘gênero’ sentido 2, como a enumeração dá a entender, porque os sentidos de 2 e de 2.1 são bastante diferentes: uma coisa é defender ideias ultrapassadas (quem as definiria assim?), outra é defender o status quo (definição próxima da de Troyjo). 
  Comparem-se essas acepções com 2.2: nenhuma daquelas têm a ver com defesa do autoritarismo. Alguém pode defender o status quo de forma democrática e tolerante.
  A acepção 10 dá conta de muitos empregos da palavra. É talvez a definição mais abrangente (não importando tanto se é adjetivo ou substantivo). Ela pode valer para questões políticas e também, por exemplo, para a moda (um conservador pode ser contra saias curtas), para direitos iguais para grupos ou pessoas diferentes (cotas na universidade, união civil de homossexuais, acessibilidade especial para portadores de necessidades especiais, por exemplo) ou mesmo para greves ou manifestações de rua. 
  Veja-se, por curiosa, talvez, a acepção 3: conservador não dá bandeira, é discreto, moderado, cauteloso (não usa óculos coloridos e bermudas floridas).
  Voltando à coluna de Troyjo: ele defendeu (legitimamente) um dicionário próprio, ou melhor, de interesse de uma perspectiva ideológica.
  Todas as ideologias fazem o mesmo, é claro. O que é fácil de ver, mas difícil de reconhecer. Cada locutor acredita que sua ideologia não é ideologia e que, portanto, suas palavras vão diretamente para as coisas.
  O caso comentado é só um entre milhares. Quem é ‘terrorista’? Quem é ‘bandido’ e quem é ‘jovem desajustado’? É uma ‘invasão’ ou uma ‘ocupação’? Foram ‘passeatas’ ou ‘manifestações’? Cogita-se ‘regulação da mídia’ ou ‘censura’? Cada grupo tem que pensar que é ele que se refere verdadeiramente às coisas.

POSSENTI, Sírio. Questão semântica? Observatório da Imprensa. Disponível em http://observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-debates/_ed833 Acesso em 23 out 2016.
Acerca do TEXTO 12, podemos afirmar que
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773027 Português
Leia os TEXTO 11 para responder à questão.

TEXTO 11
CATAR FEIJÃO 
1.
Catar feijão se limita com escrever:
jogam-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na da folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
2.
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a com risco. 

MELO NETO, João Cabral. A educação pela pedra: Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996 
O TEXTO 11 é um poema e, como tal, guarda diferenças em relação a textos em prosa. No processo de revisão, diante do texto poético, há que se atentar para tais especificidades. Com relação a isso, assinale o item que apresenta uma das principais diferenças entre o texto em verso e o texto em prosa.
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773026 Português
Leia os TEXTO 11 para responder à questão.

TEXTO 11
CATAR FEIJÃO 
1.
Catar feijão se limita com escrever:
jogam-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na da folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
2.
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a com risco. 

MELO NETO, João Cabral. A educação pela pedra: Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996 
Como ideia principal do TEXTO 11, podemos considerar que
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773025 Português

Leia os TEXTO  para responder às questão. 

REVISÃO VAI ALÉM DA ORTOGRAFIA E FOCA OS PROPÓSITOS DO TEXTO

O objetivo do aluno ao fazer a revisão de texto é conseguir que ele comunique bem suas ideias e se ajuste ao gênero. Isso tem de ser feito tanto durante a produção como ao fim dela.

   Produzir textos é um processo que envolve diferentes etapas: planejar, escrever, revisar e reescrever. Esses comportamentos escritores são os conteúdos fundamentais da produção escrita. A revisão não consiste em corrigir apenas erros ortográficos e gramaticais, como se fazia antes, mas cuidar para que o texto cumpra sua finalidade comunicativa. “Deve-se olhar para a produção dos estudantes e identificar o que provoca estranhamento no leitor dentro dos usos sociais que ela terá”, explica Fernanda Liberali, Doutora em linguística pela PUC/SP.  

   Com a ajuda do professor, as turmas aprendem a analisar se ideias e recursos utilizados foram eficazes e de que forma o material pode ser melhorado. A sala de 3º ano de Ana Clara Bin, na Escola da Vila, em São Paulo, avançou muito com um trabalho sistemático de revisão. Por um semestre, todos se dedicaram a um projeto sobre a história das famílias, que culminou na publicação de um livro, distribuído também para os pais. Dentro desse contexto, Ana Clara propôs a leitura de contos em que escritores narram histórias da própria infância.

   Os estudantes se envolveram na reescrita de um dos contos, narrado em primeira pessoa. Eles tiveram de reescrevê-lo na perspectiva de um observador – ou seja, em terceira pessoa. A segunda missão foi ainda mais desafiadora: contar uma história da infância dos pais. Para isso, cada um entrevistou familiares, anotou as informações colhidas em forma de tópicos e colocou tudo no papel.

   Ana Clara leu os trabalhos e elegeu alguns pontos para discutir. “O mais comum era encontrar só o relato de um fato”, diz. “Recorremos, então, aos contos lidos para saber que informações e detalhes tornavam a história interessante e como organizá-los para dar emoção.” Cada um releu seu conto, realizou outra entrevista com o parente-personagem e produziu uma segunda versão.

   Tiveram início aí diferentes formas de revisão – análise coletiva de uma produção no quadro-negro, revisão individual com base em discussões com o grupo e revisões em duplas – realizadas dias depois para que houvesse distanciamento em relação ao trabalho. A primeira proposta foi a “revisão de ouvido”. Para realizá-la, Ana Clara leu em voz alta um dos contos para a turma, que identificou a omissão de palavras e informações. A professora selecionou alguns aspectos a enfocar na revisão: ortografia, gramática e pontuação. “Não é possível abordar de uma só vez todos os problemas que surgem”.

   Quando a classe de Ana Clara se dividiu em duplas, um de seus propósitos era que uns dessem sugestões aos outros. A pesquisadora argentina em didática Mirta Castedo é defensora desse tipo de proposta. Para ela, as situações de revisão em grupo desenvolvem a reflexão sobre o que foi produzido por meio justamente da troca de opiniões e críticas. “Revisar o que os colegas fazem é interessante, pois o aluno se coloca no lugar de leitor”. “Quando volta para a própria produção e faz a revisão, a criança tem mais condições de criar distanciamento dela e enxergar fragilidades.”

   Um escritor proficiente, no entanto, não faz a revisão só no fim do trabalho. Durante a escrita, é comum reler o trecho já produzido e verificar se ele está adequado aos objetivos e às ideias que tinha intenção de comunicar – só então planeja-se a continuação. E isso é feito por todo escritor profissional.

   A revisão em processo e a final são passos fundamentais para conseguir de fato uma boa escrita. Nesse sentido, a maneira como você escreve e revisa no quadro-negro, por exemplo, pode colaborar para que a criança o tome como modelo e se familiarize com o procedimento. Sobre o assunto, Mirta Castedo escreve em sua tese de doutorado: “Os bons escritores adultos (...) são pessoas que pensam sobre o que vão escrever, colocam em palavras e voltam sobre o já produzido para julgar sua adequação. Mas, acima de tudo, não realizam as três ações (planejar, escrever e revisar) de maneira sucessiva: vão e voltam de umas a outras, desenvolvendo um complexo processo de transformação de seus conhecimentos em um texto”.


GURGEL, Thaís. Revista Nova Escola. Escrever de verdade - produção de textoAdaptado. Disponível em http://acervo.novaescola.org.br/producao-de-texto/revisao-alem-ortografia.shtml - Acesso em 25 de outubro de 2016 

Releia “Por um semestre, todos se dedicaram a um projeto sobre a história das famílias, que culminou na publicação de um livro, distribuído também para os pais. Dentro desse contexto, Ana Clara propôs a leitura de contos em que escritores narram histórias da própria infância.” (3º parágrafo). No trecho em destaque, o termo em negrito retoma o projeto do semestre. Assinale o item que aponta, CORRETAMENTE, o elemento retomado pela expressão em negrito nos trechos que seguem.
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773024 Português

Leia os TEXTO  para responder às questão. 

REVISÃO VAI ALÉM DA ORTOGRAFIA E FOCA OS PROPÓSITOS DO TEXTO

O objetivo do aluno ao fazer a revisão de texto é conseguir que ele comunique bem suas ideias e se ajuste ao gênero. Isso tem de ser feito tanto durante a produção como ao fim dela.

   Produzir textos é um processo que envolve diferentes etapas: planejar, escrever, revisar e reescrever. Esses comportamentos escritores são os conteúdos fundamentais da produção escrita. A revisão não consiste em corrigir apenas erros ortográficos e gramaticais, como se fazia antes, mas cuidar para que o texto cumpra sua finalidade comunicativa. “Deve-se olhar para a produção dos estudantes e identificar o que provoca estranhamento no leitor dentro dos usos sociais que ela terá”, explica Fernanda Liberali, Doutora em linguística pela PUC/SP.  

   Com a ajuda do professor, as turmas aprendem a analisar se ideias e recursos utilizados foram eficazes e de que forma o material pode ser melhorado. A sala de 3º ano de Ana Clara Bin, na Escola da Vila, em São Paulo, avançou muito com um trabalho sistemático de revisão. Por um semestre, todos se dedicaram a um projeto sobre a história das famílias, que culminou na publicação de um livro, distribuído também para os pais. Dentro desse contexto, Ana Clara propôs a leitura de contos em que escritores narram histórias da própria infância.

   Os estudantes se envolveram na reescrita de um dos contos, narrado em primeira pessoa. Eles tiveram de reescrevê-lo na perspectiva de um observador – ou seja, em terceira pessoa. A segunda missão foi ainda mais desafiadora: contar uma história da infância dos pais. Para isso, cada um entrevistou familiares, anotou as informações colhidas em forma de tópicos e colocou tudo no papel.

   Ana Clara leu os trabalhos e elegeu alguns pontos para discutir. “O mais comum era encontrar só o relato de um fato”, diz. “Recorremos, então, aos contos lidos para saber que informações e detalhes tornavam a história interessante e como organizá-los para dar emoção.” Cada um releu seu conto, realizou outra entrevista com o parente-personagem e produziu uma segunda versão.

   Tiveram início aí diferentes formas de revisão – análise coletiva de uma produção no quadro-negro, revisão individual com base em discussões com o grupo e revisões em duplas – realizadas dias depois para que houvesse distanciamento em relação ao trabalho. A primeira proposta foi a “revisão de ouvido”. Para realizá-la, Ana Clara leu em voz alta um dos contos para a turma, que identificou a omissão de palavras e informações. A professora selecionou alguns aspectos a enfocar na revisão: ortografia, gramática e pontuação. “Não é possível abordar de uma só vez todos os problemas que surgem”.

   Quando a classe de Ana Clara se dividiu em duplas, um de seus propósitos era que uns dessem sugestões aos outros. A pesquisadora argentina em didática Mirta Castedo é defensora desse tipo de proposta. Para ela, as situações de revisão em grupo desenvolvem a reflexão sobre o que foi produzido por meio justamente da troca de opiniões e críticas. “Revisar o que os colegas fazem é interessante, pois o aluno se coloca no lugar de leitor”. “Quando volta para a própria produção e faz a revisão, a criança tem mais condições de criar distanciamento dela e enxergar fragilidades.”

   Um escritor proficiente, no entanto, não faz a revisão só no fim do trabalho. Durante a escrita, é comum reler o trecho já produzido e verificar se ele está adequado aos objetivos e às ideias que tinha intenção de comunicar – só então planeja-se a continuação. E isso é feito por todo escritor profissional.

   A revisão em processo e a final são passos fundamentais para conseguir de fato uma boa escrita. Nesse sentido, a maneira como você escreve e revisa no quadro-negro, por exemplo, pode colaborar para que a criança o tome como modelo e se familiarize com o procedimento. Sobre o assunto, Mirta Castedo escreve em sua tese de doutorado: “Os bons escritores adultos (...) são pessoas que pensam sobre o que vão escrever, colocam em palavras e voltam sobre o já produzido para julgar sua adequação. Mas, acima de tudo, não realizam as três ações (planejar, escrever e revisar) de maneira sucessiva: vão e voltam de umas a outras, desenvolvendo um complexo processo de transformação de seus conhecimentos em um texto”.


GURGEL, Thaís. Revista Nova Escola. Escrever de verdade - produção de textoAdaptado. Disponível em http://acervo.novaescola.org.br/producao-de-texto/revisao-alem-ortografia.shtml - Acesso em 25 de outubro de 2016 

Quanto aos aspectos gramaticais ligados à pontuação, analise as proposições que seguem.
I. No trecho “Com a ajuda do professor, as turmas aprendem a analisar se ideias e recursos utilizados foram eficazes e de que forma o material pode ser melhorado.”(3º parágrafo), o uso da vírgula não se justifica, pois está separando o sujeito do verbo. II. O travessão utilizado em “Eles tiveram de reescrevê-lo na perspectiva de um observador – ou seja, em terceira pessoa.” (4º parágrafo), poderia perfeitamente ser substituído por uma vírgula. III. Em “A segunda missão foi ainda mais desafiadora: contar uma história da infância dos pais.” (4º parágrafo),. O uso dos dois pontos não se justifica. IV. No trecho “Cada um releu seu conto, realizou outra entrevista com o parente-personagem e produziu uma segunda versão.” (5º parágrafo), a utilização da vírgula se justifica por organizar orações coordenadas. V. Em “Um escritor proficiente, no entanto, não faz a revisão só no fim do trabalho.” (8º parágrafo), as vírgulas estão corretamente postas, pois separam expressão deslocada de sua posição original.
Assinale a alternativa que apresenta as proposições CORRETAS.
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773023 Português

Leia os TEXTO  para responder às questão. 

REVISÃO VAI ALÉM DA ORTOGRAFIA E FOCA OS PROPÓSITOS DO TEXTO

O objetivo do aluno ao fazer a revisão de texto é conseguir que ele comunique bem suas ideias e se ajuste ao gênero. Isso tem de ser feito tanto durante a produção como ao fim dela.

   Produzir textos é um processo que envolve diferentes etapas: planejar, escrever, revisar e reescrever. Esses comportamentos escritores são os conteúdos fundamentais da produção escrita. A revisão não consiste em corrigir apenas erros ortográficos e gramaticais, como se fazia antes, mas cuidar para que o texto cumpra sua finalidade comunicativa. “Deve-se olhar para a produção dos estudantes e identificar o que provoca estranhamento no leitor dentro dos usos sociais que ela terá”, explica Fernanda Liberali, Doutora em linguística pela PUC/SP.  

   Com a ajuda do professor, as turmas aprendem a analisar se ideias e recursos utilizados foram eficazes e de que forma o material pode ser melhorado. A sala de 3º ano de Ana Clara Bin, na Escola da Vila, em São Paulo, avançou muito com um trabalho sistemático de revisão. Por um semestre, todos se dedicaram a um projeto sobre a história das famílias, que culminou na publicação de um livro, distribuído também para os pais. Dentro desse contexto, Ana Clara propôs a leitura de contos em que escritores narram histórias da própria infância.

   Os estudantes se envolveram na reescrita de um dos contos, narrado em primeira pessoa. Eles tiveram de reescrevê-lo na perspectiva de um observador – ou seja, em terceira pessoa. A segunda missão foi ainda mais desafiadora: contar uma história da infância dos pais. Para isso, cada um entrevistou familiares, anotou as informações colhidas em forma de tópicos e colocou tudo no papel.

   Ana Clara leu os trabalhos e elegeu alguns pontos para discutir. “O mais comum era encontrar só o relato de um fato”, diz. “Recorremos, então, aos contos lidos para saber que informações e detalhes tornavam a história interessante e como organizá-los para dar emoção.” Cada um releu seu conto, realizou outra entrevista com o parente-personagem e produziu uma segunda versão.

   Tiveram início aí diferentes formas de revisão – análise coletiva de uma produção no quadro-negro, revisão individual com base em discussões com o grupo e revisões em duplas – realizadas dias depois para que houvesse distanciamento em relação ao trabalho. A primeira proposta foi a “revisão de ouvido”. Para realizá-la, Ana Clara leu em voz alta um dos contos para a turma, que identificou a omissão de palavras e informações. A professora selecionou alguns aspectos a enfocar na revisão: ortografia, gramática e pontuação. “Não é possível abordar de uma só vez todos os problemas que surgem”.

   Quando a classe de Ana Clara se dividiu em duplas, um de seus propósitos era que uns dessem sugestões aos outros. A pesquisadora argentina em didática Mirta Castedo é defensora desse tipo de proposta. Para ela, as situações de revisão em grupo desenvolvem a reflexão sobre o que foi produzido por meio justamente da troca de opiniões e críticas. “Revisar o que os colegas fazem é interessante, pois o aluno se coloca no lugar de leitor”. “Quando volta para a própria produção e faz a revisão, a criança tem mais condições de criar distanciamento dela e enxergar fragilidades.”

   Um escritor proficiente, no entanto, não faz a revisão só no fim do trabalho. Durante a escrita, é comum reler o trecho já produzido e verificar se ele está adequado aos objetivos e às ideias que tinha intenção de comunicar – só então planeja-se a continuação. E isso é feito por todo escritor profissional.

   A revisão em processo e a final são passos fundamentais para conseguir de fato uma boa escrita. Nesse sentido, a maneira como você escreve e revisa no quadro-negro, por exemplo, pode colaborar para que a criança o tome como modelo e se familiarize com o procedimento. Sobre o assunto, Mirta Castedo escreve em sua tese de doutorado: “Os bons escritores adultos (...) são pessoas que pensam sobre o que vão escrever, colocam em palavras e voltam sobre o já produzido para julgar sua adequação. Mas, acima de tudo, não realizam as três ações (planejar, escrever e revisar) de maneira sucessiva: vão e voltam de umas a outras, desenvolvendo um complexo processo de transformação de seus conhecimentos em um texto”.


GURGEL, Thaís. Revista Nova Escola. Escrever de verdade - produção de textoAdaptado. Disponível em http://acervo.novaescola.org.br/producao-de-texto/revisao-alem-ortografia.shtml - Acesso em 25 de outubro de 2016 

Considerando o gênero no qual foi escrito e o domínio discursivo ao qual pertence, devemos considerar o TEXTO como
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773022 Português

Leia o TEXTO  para responder à questão. 


CUIDADO COM OS REVIZORES


   Todo escritor convive com um terror permanente: o do erro de revisão. O revisor é a pessoa mais importante na vida de quem escreve. Ele tem o poder de vida ou de morte profissional sobre o autor. A inclusão ou omissão de uma letra ou vírgula no que sai impresso pode decidir se o autor vai ser entendido ou não, admirado ou ridicularizado, consagrado ou processado. Todo texto tem, na verdade, dois autores: quem o escreveu e quem o revisou. Toda vez que manda um texto para ser publicado, o autor se coloca nas mãos do revisor, esperando que seu parceiro não falhe. Não há escritor que não empregue palavras como, por exemplo: “ônus” ou “carvalho” e depois fique metaforicamente de malas feitas, pronto para fugir do país se as palavras não saírem impressas como no original, por um lapso do revisor. Ou por sabotagem.
   Sim, porque a paranoia autoral não tem limites. Muitos autores acreditam firmemente que existe uma conspiração de revisores contra eles. Quando os revisores não deixam passar erros de composição (hoje em dia, de digitação), fazem pior: não corrigem os erros ortográficos e gramaticais do próprio autor, deixando-o entregue às consequências dos seus próprios pecados de concordância, das suas crases indevidas e pronomes fora do lugar. O que é uma ignomínia. Ou será ignomia? Enfim, não se faz.
   Pode-se imaginar o que uma conspiração organizada, internacional, de revisores significaria para a nossa civilização. Os revisores só não dominam o mundo porque ainda não se deram conta do poder que têm. Eles desestabilizariam qualquer regime com acentos indevidos e pontuações maliciosas, além de decretos oficiais ininteligíveis. Grandes jornais seriam levados à falência por difamações involuntárias, exércitos inteiros seriam imobilizados por manuais de instrução militar sutilmente alterados, gerações de estudantes seriam desencaminhadas por cartilhas ambíguas e fórmulas de química incompletas. E os efeitos de uma revisão subversiva na instrução médica são terríveis demais para contemplar.
   Existe um exemplo histórico do que a revisão desatenta – ou mal-intencionada – pode fazer. Uma das edições da Versão Autorizada da Bíblia publicada na Inglaterra por iniciativa do rei James I, no século XVII, ficou conhecida como a “Bíblia Má”, porque a injunção “Não cometerás adultério” saiu, por um erro de impressão, sem o “não”. Ninguém sabe se o volume de adultérios entre os cristãos de fala inglesa aumentou em decorrência dessa inesperada sanção bíblica até descobrirem o erro, ou se o impressor e o revisor foram atirados numa fogueira juntos, mas o fato prova que nem a palavra de Deus está livre do poder dos revisores.
   A mesma bíblia do rei James serve como um alerta (ou como o incentivo, dependendo de como se entender a história) para a possibilidade que o revisor tem de interferir no texto. O objetivo de James I era fazer uma versão definitiva da Bíblia em inglês, com aprovação real, para substituir todas as outras traduções da época, principalmente as que mostravam uma certa simpatia republicana nas entrelinhas como a Bíblia de Genebra, feita por calvinistas e adotada pelos puritanos ingleses, e que é a única Bíblia da História em que Adão e Eva vestem calções. Para isso, James reuniu um time dividido entre os que cuidariam do Velho e do Novo Testamento, das partes proféticas e das partes poéticas, etc. Especula-se que as traduções dos trechos poéticos teriam sido distribuídas entre os poetas praticantes da época, para revisarem e, se fosse o caso, melhorarem, desde que não traíssem o original. Entre os poetas em atividade na Inglaterra de James I estava William Shakespeare. O que explicaria o fato de o nome de Shakespeare aparecer no Salmo 46 – “shake” é a 46ª palavra do salmo a contar do começo, “speare” a 46ª a contar do fim. Na tarefa de revisor, e incerto sobre a sua permanência na História como sonetista ou dramaturgo, Shakespeare teria inserido seu nome clandestina e disfarçadamente numa obra que sem dúvida sobreviveria aos séculos. (Infelizmente, diz Anthony Burgess, em cujo livro “A mouthful of air” a encontrei, há pouca probabilidade de esta história ser verdadeira. De qualquer maneira, vale para ilustrar a tentação que todo revisor deve sentir de deixar sua marca, como grafite, na criação alheia.)
   Não posso me queixar dos revisores. Fora a vontade de reuni-los em algum lugar, fechar a porta e dizer “Vamos resolver de uma vez por todas a questão da colocação das vírgulas, mesmo que haja mortos”, acho que me têm tratado bem. Até me protegem. Costumo atirar os pronomes numa frase e deixá-los ficar onde caíram, certo de que o revisor os colocará no lugar adequado. Sempre deixo a crase ao arbítrio deles, que a usem se acharem que devem. E jamais uso a palavra “medra”, para livrá-los da tentação.

VERÍSSIMO, Luís Fernando. Cuidado com os revizores. VIP Exame, mar. 1995, p. 36-37.
Em “Toda vez que manda um texto para ser publicado, o autor se coloca nas mãos do revisor, esperando que seu parceiro não falhe. Não há escritor que não empregue palavras como, por exemplo: “ônus” ou “carvalho” e depois fique metaforicamente de malas feitas, pronto para fugir do país se as palavras não saírem impressas como no original, por um lapso do revisor. Ou por sabotagem.” (1º parágrafo), o “lapso” ou “sabotagem” do revisor se daria por
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2017 - IF-PE - Revisor de Texto |
Q773021 Português

Leia o TEXTO  para responder à questão. 


CUIDADO COM OS REVIZORES


   Todo escritor convive com um terror permanente: o do erro de revisão. O revisor é a pessoa mais importante na vida de quem escreve. Ele tem o poder de vida ou de morte profissional sobre o autor. A inclusão ou omissão de uma letra ou vírgula no que sai impresso pode decidir se o autor vai ser entendido ou não, admirado ou ridicularizado, consagrado ou processado. Todo texto tem, na verdade, dois autores: quem o escreveu e quem o revisou. Toda vez que manda um texto para ser publicado, o autor se coloca nas mãos do revisor, esperando que seu parceiro não falhe. Não há escritor que não empregue palavras como, por exemplo: “ônus” ou “carvalho” e depois fique metaforicamente de malas feitas, pronto para fugir do país se as palavras não saírem impressas como no original, por um lapso do revisor. Ou por sabotagem.
   Sim, porque a paranoia autoral não tem limites. Muitos autores acreditam firmemente que existe uma conspiração de revisores contra eles. Quando os revisores não deixam passar erros de composição (hoje em dia, de digitação), fazem pior: não corrigem os erros ortográficos e gramaticais do próprio autor, deixando-o entregue às consequências dos seus próprios pecados de concordância, das suas crases indevidas e pronomes fora do lugar. O que é uma ignomínia. Ou será ignomia? Enfim, não se faz.
   Pode-se imaginar o que uma conspiração organizada, internacional, de revisores significaria para a nossa civilização. Os revisores só não dominam o mundo porque ainda não se deram conta do poder que têm. Eles desestabilizariam qualquer regime com acentos indevidos e pontuações maliciosas, além de decretos oficiais ininteligíveis. Grandes jornais seriam levados à falência por difamações involuntárias, exércitos inteiros seriam imobilizados por manuais de instrução militar sutilmente alterados, gerações de estudantes seriam desencaminhadas por cartilhas ambíguas e fórmulas de química incompletas. E os efeitos de uma revisão subversiva na instrução médica são terríveis demais para contemplar.
   Existe um exemplo histórico do que a revisão desatenta – ou mal-intencionada – pode fazer. Uma das edições da Versão Autorizada da Bíblia publicada na Inglaterra por iniciativa do rei James I, no século XVII, ficou conhecida como a “Bíblia Má”, porque a injunção “Não cometerás adultério” saiu, por um erro de impressão, sem o “não”. Ninguém sabe se o volume de adultérios entre os cristãos de fala inglesa aumentou em decorrência dessa inesperada sanção bíblica até descobrirem o erro, ou se o impressor e o revisor foram atirados numa fogueira juntos, mas o fato prova que nem a palavra de Deus está livre do poder dos revisores.
   A mesma bíblia do rei James serve como um alerta (ou como o incentivo, dependendo de como se entender a história) para a possibilidade que o revisor tem de interferir no texto. O objetivo de James I era fazer uma versão definitiva da Bíblia em inglês, com aprovação real, para substituir todas as outras traduções da época, principalmente as que mostravam uma certa simpatia republicana nas entrelinhas como a Bíblia de Genebra, feita por calvinistas e adotada pelos puritanos ingleses, e que é a única Bíblia da História em que Adão e Eva vestem calções. Para isso, James reuniu um time dividido entre os que cuidariam do Velho e do Novo Testamento, das partes proféticas e das partes poéticas, etc. Especula-se que as traduções dos trechos poéticos teriam sido distribuídas entre os poetas praticantes da época, para revisarem e, se fosse o caso, melhorarem, desde que não traíssem o original. Entre os poetas em atividade na Inglaterra de James I estava William Shakespeare. O que explicaria o fato de o nome de Shakespeare aparecer no Salmo 46 – “shake” é a 46ª palavra do salmo a contar do começo, “speare” a 46ª a contar do fim. Na tarefa de revisor, e incerto sobre a sua permanência na História como sonetista ou dramaturgo, Shakespeare teria inserido seu nome clandestina e disfarçadamente numa obra que sem dúvida sobreviveria aos séculos. (Infelizmente, diz Anthony Burgess, em cujo livro “A mouthful of air” a encontrei, há pouca probabilidade de esta história ser verdadeira. De qualquer maneira, vale para ilustrar a tentação que todo revisor deve sentir de deixar sua marca, como grafite, na criação alheia.)
   Não posso me queixar dos revisores. Fora a vontade de reuni-los em algum lugar, fechar a porta e dizer “Vamos resolver de uma vez por todas a questão da colocação das vírgulas, mesmo que haja mortos”, acho que me têm tratado bem. Até me protegem. Costumo atirar os pronomes numa frase e deixá-los ficar onde caíram, certo de que o revisor os colocará no lugar adequado. Sempre deixo a crase ao arbítrio deles, que a usem se acharem que devem. E jamais uso a palavra “medra”, para livrá-los da tentação.

VERÍSSIMO, Luís Fernando. Cuidado com os revizores. VIP Exame, mar. 1995, p. 36-37.
Para o autor do TEXTO , o poder dos revisores é imenso, pois
Alternativas
Respostas
661: D
662: E
663: B
664: A
665: D
666: B
667: D
668: A
669: C
670: B
671: E
672: C
673: D
674: A
675: B
676: A
677: C
678: B
679: D
680: E