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Q1629523 Português
Leia o texto abaixo para responder à questão.


Adolescência


       O apelido dele era “cascão” e vinha da infância. Uma irmã mais velha descobrira uma mancha escura que subia pela sua perna e que a mãe, apreensiva, a princípio atribuiu que era sujeira mesmo.

        – Você não toma banho, menino?
        – Tomo, mãe.
        – E não se esfrega?

       Aquilo já era pedir demais. E a verdade é que muitas vezes seus banhos eram representações. Ele fechava a porta do banheiro, ligava o chuveiro, forte, para que a mãe ouvisse o barulho, mas não entrava no chuveiro. Achava que dois banhos por semana era o máximo de que uma pessoa sensata precisava. Mais do que isso era mania.
      O apelido pegou e, mesmo na sua adolescência, eram frequentes as alusões familiares à sua falta de banho. Ele as aguentava estoicamente. Caluniadores não mereciam resposta. Mas um dia reagiu.
         – Sujo, não.
         – Ah, é? – disse a irmã. – E isto o que é?
         Com o dedo ela levantara do seu braço um filete de sujeira.
         – Rosquinha não vale.
         – Como não vale?
         – Rosquinha, qualquer um.
        Entusiasmado com a própria tese, continuou:
        – Desafio qualquer um nesta casa a fazer o teste da rosquinha! A irmã, que tomava dois banhos por dia, o que ele classificava de exibicionismo, aceitou o desafio.
        Ele advertiu que passar o dedo, só, não bastava. Tinha que passar com decisão. E, realmente, o dedo levantou, da dobra do braço da irmã, uma rosquinha, embora ínfima, de sujeira.
           – Viu só – disse ele, triunfante. – E digo mais: ninguém no mundo está livre de uma rosquinha. 
           – Ah, essa não. No mundo? Manteve a tese.
           – Ninguém.
           – A rainha Juliana?
           – Rosquinha. No pé. Batata.
          No dia seguinte, no entanto, a irmã estava preparada para derrubar a sua defesa.
         – Cascão... – disse simplesmente. – A Catherine Deneuve. Ele hesitou. Pensou muito. Depois concedeu. A Catherine Deneuve, realmente, não. A irmã, sadicamente, ainda fingiu que queria ajudar.
           – Quem sabe atrás da orelha?
         – Não, não – disse o Cascão tristemente, renunciando à sua tese. – A Catherine Deneuve, nem atrás da orelha.



Luis Fernando Verissimo. Adolescência. Comédias para se ler na escola.
Leia o trecho abaixo retirado do texto.
“A irmã, sadicamente, ainda fingiu que queria ajudar.”
Assinale a alternativa que apresenta um antônimo para a palavra destacada.
Alternativas
Q1629522 Português
Leia o texto abaixo para responder à questão.


Adolescência


       O apelido dele era “cascão” e vinha da infância. Uma irmã mais velha descobrira uma mancha escura que subia pela sua perna e que a mãe, apreensiva, a princípio atribuiu que era sujeira mesmo.

        – Você não toma banho, menino?
        – Tomo, mãe.
        – E não se esfrega?

       Aquilo já era pedir demais. E a verdade é que muitas vezes seus banhos eram representações. Ele fechava a porta do banheiro, ligava o chuveiro, forte, para que a mãe ouvisse o barulho, mas não entrava no chuveiro. Achava que dois banhos por semana era o máximo de que uma pessoa sensata precisava. Mais do que isso era mania.
      O apelido pegou e, mesmo na sua adolescência, eram frequentes as alusões familiares à sua falta de banho. Ele as aguentava estoicamente. Caluniadores não mereciam resposta. Mas um dia reagiu.
         – Sujo, não.
         – Ah, é? – disse a irmã. – E isto o que é?
         Com o dedo ela levantara do seu braço um filete de sujeira.
         – Rosquinha não vale.
         – Como não vale?
         – Rosquinha, qualquer um.
        Entusiasmado com a própria tese, continuou:
        – Desafio qualquer um nesta casa a fazer o teste da rosquinha! A irmã, que tomava dois banhos por dia, o que ele classificava de exibicionismo, aceitou o desafio.
        Ele advertiu que passar o dedo, só, não bastava. Tinha que passar com decisão. E, realmente, o dedo levantou, da dobra do braço da irmã, uma rosquinha, embora ínfima, de sujeira.
           – Viu só – disse ele, triunfante. – E digo mais: ninguém no mundo está livre de uma rosquinha. 
           – Ah, essa não. No mundo? Manteve a tese.
           – Ninguém.
           – A rainha Juliana?
           – Rosquinha. No pé. Batata.
          No dia seguinte, no entanto, a irmã estava preparada para derrubar a sua defesa.
         – Cascão... – disse simplesmente. – A Catherine Deneuve. Ele hesitou. Pensou muito. Depois concedeu. A Catherine Deneuve, realmente, não. A irmã, sadicamente, ainda fingiu que queria ajudar.
           – Quem sabe atrás da orelha?
         – Não, não – disse o Cascão tristemente, renunciando à sua tese. – A Catherine Deneuve, nem atrás da orelha.



Luis Fernando Verissimo. Adolescência. Comédias para se ler na escola.
Leia o trecho abaixo retirado do texto.
“– Desafio qualquer um nesta casa a fazer o teste da rosquinha! A irmã, que tomava dois banhos por dia, o que ele classificava de exibicionismo, aceitou o desafio.”
O trecho pode ser reescrito sem prejuízo gramatical ou de sentido da seguinte forma:
Alternativas
Q1629521 Português
Leia o texto abaixo para responder à questão.


Adolescência


       O apelido dele era “cascão” e vinha da infância. Uma irmã mais velha descobrira uma mancha escura que subia pela sua perna e que a mãe, apreensiva, a princípio atribuiu que era sujeira mesmo.

        – Você não toma banho, menino?
        – Tomo, mãe.
        – E não se esfrega?

       Aquilo já era pedir demais. E a verdade é que muitas vezes seus banhos eram representações. Ele fechava a porta do banheiro, ligava o chuveiro, forte, para que a mãe ouvisse o barulho, mas não entrava no chuveiro. Achava que dois banhos por semana era o máximo de que uma pessoa sensata precisava. Mais do que isso era mania.
      O apelido pegou e, mesmo na sua adolescência, eram frequentes as alusões familiares à sua falta de banho. Ele as aguentava estoicamente. Caluniadores não mereciam resposta. Mas um dia reagiu.
         – Sujo, não.
         – Ah, é? – disse a irmã. – E isto o que é?
         Com o dedo ela levantara do seu braço um filete de sujeira.
         – Rosquinha não vale.
         – Como não vale?
         – Rosquinha, qualquer um.
        Entusiasmado com a própria tese, continuou:
        – Desafio qualquer um nesta casa a fazer o teste da rosquinha! A irmã, que tomava dois banhos por dia, o que ele classificava de exibicionismo, aceitou o desafio.
        Ele advertiu que passar o dedo, só, não bastava. Tinha que passar com decisão. E, realmente, o dedo levantou, da dobra do braço da irmã, uma rosquinha, embora ínfima, de sujeira.
           – Viu só – disse ele, triunfante. – E digo mais: ninguém no mundo está livre de uma rosquinha. 
           – Ah, essa não. No mundo? Manteve a tese.
           – Ninguém.
           – A rainha Juliana?
           – Rosquinha. No pé. Batata.
          No dia seguinte, no entanto, a irmã estava preparada para derrubar a sua defesa.
         – Cascão... – disse simplesmente. – A Catherine Deneuve. Ele hesitou. Pensou muito. Depois concedeu. A Catherine Deneuve, realmente, não. A irmã, sadicamente, ainda fingiu que queria ajudar.
           – Quem sabe atrás da orelha?
         – Não, não – disse o Cascão tristemente, renunciando à sua tese. – A Catherine Deneuve, nem atrás da orelha.



Luis Fernando Verissimo. Adolescência. Comédias para se ler na escola.
Leia o trecho abaixo retirado do texto.
“E, realmente, o dedo levantou, da dobra do braço da irmã, uma rosquinha, embora ínfima, de sujeira.”
Assinale a alternativa que apresenta um sinônimo para a palavra destacada.
Alternativas
Q1629520 Português
Leia o texto abaixo para responder à questão.


Adolescência


       O apelido dele era “cascão” e vinha da infância. Uma irmã mais velha descobrira uma mancha escura que subia pela sua perna e que a mãe, apreensiva, a princípio atribuiu que era sujeira mesmo.

        – Você não toma banho, menino?
        – Tomo, mãe.
        – E não se esfrega?

       Aquilo já era pedir demais. E a verdade é que muitas vezes seus banhos eram representações. Ele fechava a porta do banheiro, ligava o chuveiro, forte, para que a mãe ouvisse o barulho, mas não entrava no chuveiro. Achava que dois banhos por semana era o máximo de que uma pessoa sensata precisava. Mais do que isso era mania.
      O apelido pegou e, mesmo na sua adolescência, eram frequentes as alusões familiares à sua falta de banho. Ele as aguentava estoicamente. Caluniadores não mereciam resposta. Mas um dia reagiu.
         – Sujo, não.
         – Ah, é? – disse a irmã. – E isto o que é?
         Com o dedo ela levantara do seu braço um filete de sujeira.
         – Rosquinha não vale.
         – Como não vale?
         – Rosquinha, qualquer um.
        Entusiasmado com a própria tese, continuou:
        – Desafio qualquer um nesta casa a fazer o teste da rosquinha! A irmã, que tomava dois banhos por dia, o que ele classificava de exibicionismo, aceitou o desafio.
        Ele advertiu que passar o dedo, só, não bastava. Tinha que passar com decisão. E, realmente, o dedo levantou, da dobra do braço da irmã, uma rosquinha, embora ínfima, de sujeira.
           – Viu só – disse ele, triunfante. – E digo mais: ninguém no mundo está livre de uma rosquinha. 
           – Ah, essa não. No mundo? Manteve a tese.
           – Ninguém.
           – A rainha Juliana?
           – Rosquinha. No pé. Batata.
          No dia seguinte, no entanto, a irmã estava preparada para derrubar a sua defesa.
         – Cascão... – disse simplesmente. – A Catherine Deneuve. Ele hesitou. Pensou muito. Depois concedeu. A Catherine Deneuve, realmente, não. A irmã, sadicamente, ainda fingiu que queria ajudar.
           – Quem sabe atrás da orelha?
         – Não, não – disse o Cascão tristemente, renunciando à sua tese. – A Catherine Deneuve, nem atrás da orelha.



Luis Fernando Verissimo. Adolescência. Comédias para se ler na escola.
De acordo com o texto, é correto afirmar que
Alternativas
Q1629519 Noções de Informática
Considerando o aplicativo MS-Outlook, assinale a alternativa que apresenta o atalho no teclado a ser executado quando se deseja encaminhar uma mensagem selecionada.
Alternativas
Q1629512 Secretariado
Acerca da organização da agenda, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Q1629510 Legislação dos Municípios do Estado do Rio de Janeiro
No exercício da função pública, espera-se que o servidor
Alternativas
Q1629508 Matemática
Um paciente precisa tomar dois remédios algumas vezes ao longo do dia. Um dos remédios ele toma a cada 4 horas e o outro remédio ele toma a cada 6 horas. Se ele tomou os dois remédios às 6h, ele tomará os remédios juntos novamente às
Alternativas
Q1629503 Matemática
Em uma receita de quibe de forno, além de alho, cebola, hortelã, sal e pimenta, são utilizados 500 gramas de carne moída, 250 gramas de trigo para quibe e 350 mililitros de água fervente. Essa receita serve 6 pessoas. Para um jantar de família com 18 pessoas que comerão quibe de forno, serão utilizados
Alternativas
Q1629502 Matemática
Um digitador aceitou um trabalho temporário em uma editora. O contrato dizia que, para esse trabalho, ele ganharia R$ 1,50 por página digitada. Se, ao final do contrato, o digitador recebeu R$ 864,00, ele digitou
Alternativas
Q1629501 Matemática
As entradas de um estádio de futebol contam com seguranças que revistam os torcedores para que não entrem com objetos proibidos. Os organizadores calculam que cada segurança precisa de 20 segundos para revistar corretamente cada torcedor. Considerando que são 48 seguranças divididos em 2 entradas do estádio, que foram vendidas 17.280 entradas para o jogo e que todos os seguranças mantêm a velocidade e a quantidade constante de revistas durante todo o tempo, são necessários para revistar todos os torcedores
Alternativas
Q1629500 Matemática
Um determinado digitador profissional trabalha como funcionário temporário na edição de um jornal de grande circulação. Foi acordado que ele receberia X reais por cada página digitada. Ao final do mês, ele recebeu R$ 1.009,50 por ter digitado 673 páginas. O valor acordado de X, usado no pagamento deste digitador, é
Alternativas
Q1629498 Português
Assinale a alternativa correta quanto ao emprego da crase.
Alternativas
Q1629496 Português
Leia o texto abaixo e responda à questão:

ENTÃO, ADEUS!
(Lygia Fagundes Telles)
    Isto aconteceu na Bahia, numa tarde em que eu visitava a mais antiga e arruinada igreja que encontrei por lá, perdida na última rua do último bairro. Aproximou-se de mim um padre velhinho, mas tão velhinho, tão velhinho que mais parecia feito de cinza, de teia, de bruma, de sopro do que de carne e osso. Aproximou-se e tocou o meu ombro:
    — Vejo que aprecia essas imagens antigas — sussurrou-me com sua voz débil. E descerrando os lábios murchos num sorriso amável: - Tenho na sacristia algumas preciosidades. Quer vê-las?
    Solícito e trêmulo foi-me mostrando os pequenos tesouros da sua igreja: um mural de cores remotas e tênues como as de um pobre véu esgarçado na distância; uma Nossa Senhora de mãos carunchadas e grandes olhos cheios de lágrimas; dois anjos tocheiros que teriam sido esculpidos por Aleijadinho, pois dele tinham a inconfundível marca nos traços dos rostos severos e nobres, de narizes já carcomidos... Mostrou-me todas as raridades, tão velhas e tão gastas quanto ele próprio. Em seguida, desvanecido com o interesse que demonstrei por tudo, acompanhou-me cheio de gratidão até a porta.
    — Volte sempre — pediu-me.
    — Impossível — eu disse. — Não moro aqui, mas, em todo o caso, quem sabe um dia... — acrescentei sem nenhuma esperança.
    — E então, até logo! — ele murmurou descerrando os lábios num sorriso que me pareceu melancólico como o destroço de um naufrágio.
     Olhei-o. Sob a luz azulada do crepúsculo, aquela face branca e transparente era de tamanha fragilidade, que cheguei a me comover. Até logo?... “Então, adeus!”, ele deveria ter dito. Eu ia embarcar para o Rio no dia seguinte e não tinha nenhuma ideia de voltar tão cedo à Bahia. E mesmo que voltasse, encontraria ainda de pé aquela igrejinha arruinada que achei por acaso em meio das minhas andanças? E mesmo que desse de novo com ela, encontraria vivo aquele ser tão velhinho que mais parecia um antigo morto esquecido de partir?!...
     Ouça, leitor: tenho poucas certezas nesta incerta vida, tão poucas que poderia enumerá-las nesta breve linha. Porém, uma certeza eu tive naquele instante, a mais absoluta das certezas: “Jamais o verei.” Apertei-lhe a mão, que tinha a mesma frialdade seca da morte.
    — Até logo! - eu disse cheia de enternecimento pelo seu ingênuo otimismo.
    Afastei-me e de longe ainda o vi, imóvel no topo da escadaria. A brisa agitava-lhe os cabelos ralos e murchos como uma chama prestes a extinguir-se. “Então, adeus!”, pensei comovida ao acenar-lhe pela última vez. “Adeus.”
    (...)
    Durante o jantar ruidoso e calorento, lembrei-me de Kipling. “Sim, grande e estranho é o mundo. Mas principalmente estranho...”
     Meu vizinho da esquerda quis saber entre duas garfadas:
    — Então a senhora vai mesmo nos deixar amanhã?
    Olhei para a bolsa que tinha no regaço e dentro da qual já estava minha passagem de volta com a data do dia seguinte. E sorri para o velhinho lá na ponta da mesa.   
    — Ah, não sei... Antes eu sabia, mas agora já não sei.

http://www.releituras.com/lftelles_entaoadeus.asp - acesso em 11/01/2017

“Ouça, leitor: tenho poucas certezas nesta incerta vida(...)

Assinale a alternativa em que a palavra destacada apresenta o mesmo tempo verbal da palavra em destaque no trecho acima.

Alternativas
Q1629495 Português
Leia o texto abaixo e responda à questão:

ENTÃO, ADEUS!
(Lygia Fagundes Telles)
    Isto aconteceu na Bahia, numa tarde em que eu visitava a mais antiga e arruinada igreja que encontrei por lá, perdida na última rua do último bairro. Aproximou-se de mim um padre velhinho, mas tão velhinho, tão velhinho que mais parecia feito de cinza, de teia, de bruma, de sopro do que de carne e osso. Aproximou-se e tocou o meu ombro:
    — Vejo que aprecia essas imagens antigas — sussurrou-me com sua voz débil. E descerrando os lábios murchos num sorriso amável: - Tenho na sacristia algumas preciosidades. Quer vê-las?
    Solícito e trêmulo foi-me mostrando os pequenos tesouros da sua igreja: um mural de cores remotas e tênues como as de um pobre véu esgarçado na distância; uma Nossa Senhora de mãos carunchadas e grandes olhos cheios de lágrimas; dois anjos tocheiros que teriam sido esculpidos por Aleijadinho, pois dele tinham a inconfundível marca nos traços dos rostos severos e nobres, de narizes já carcomidos... Mostrou-me todas as raridades, tão velhas e tão gastas quanto ele próprio. Em seguida, desvanecido com o interesse que demonstrei por tudo, acompanhou-me cheio de gratidão até a porta.
    — Volte sempre — pediu-me.
    — Impossível — eu disse. — Não moro aqui, mas, em todo o caso, quem sabe um dia... — acrescentei sem nenhuma esperança.
    — E então, até logo! — ele murmurou descerrando os lábios num sorriso que me pareceu melancólico como o destroço de um naufrágio.
     Olhei-o. Sob a luz azulada do crepúsculo, aquela face branca e transparente era de tamanha fragilidade, que cheguei a me comover. Até logo?... “Então, adeus!”, ele deveria ter dito. Eu ia embarcar para o Rio no dia seguinte e não tinha nenhuma ideia de voltar tão cedo à Bahia. E mesmo que voltasse, encontraria ainda de pé aquela igrejinha arruinada que achei por acaso em meio das minhas andanças? E mesmo que desse de novo com ela, encontraria vivo aquele ser tão velhinho que mais parecia um antigo morto esquecido de partir?!...
     Ouça, leitor: tenho poucas certezas nesta incerta vida, tão poucas que poderia enumerá-las nesta breve linha. Porém, uma certeza eu tive naquele instante, a mais absoluta das certezas: “Jamais o verei.” Apertei-lhe a mão, que tinha a mesma frialdade seca da morte.
    — Até logo! - eu disse cheia de enternecimento pelo seu ingênuo otimismo.
    Afastei-me e de longe ainda o vi, imóvel no topo da escadaria. A brisa agitava-lhe os cabelos ralos e murchos como uma chama prestes a extinguir-se. “Então, adeus!”, pensei comovida ao acenar-lhe pela última vez. “Adeus.”
    (...)
    Durante o jantar ruidoso e calorento, lembrei-me de Kipling. “Sim, grande e estranho é o mundo. Mas principalmente estranho...”
     Meu vizinho da esquerda quis saber entre duas garfadas:
    — Então a senhora vai mesmo nos deixar amanhã?
    Olhei para a bolsa que tinha no regaço e dentro da qual já estava minha passagem de volta com a data do dia seguinte. E sorri para o velhinho lá na ponta da mesa.   
    — Ah, não sei... Antes eu sabia, mas agora já não sei.

http://www.releituras.com/lftelles_entaoadeus.asp - acesso em 11/01/2017
Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação da palavra em destaque.
“Antes eu sabia, mas agora já não sei”
Alternativas
Q1629491 Português
Leia o texto abaixo e responda à questão:

ENTÃO, ADEUS!
(Lygia Fagundes Telles)
    Isto aconteceu na Bahia, numa tarde em que eu visitava a mais antiga e arruinada igreja que encontrei por lá, perdida na última rua do último bairro. Aproximou-se de mim um padre velhinho, mas tão velhinho, tão velhinho que mais parecia feito de cinza, de teia, de bruma, de sopro do que de carne e osso. Aproximou-se e tocou o meu ombro:
    — Vejo que aprecia essas imagens antigas — sussurrou-me com sua voz débil. E descerrando os lábios murchos num sorriso amável: - Tenho na sacristia algumas preciosidades. Quer vê-las?
    Solícito e trêmulo foi-me mostrando os pequenos tesouros da sua igreja: um mural de cores remotas e tênues como as de um pobre véu esgarçado na distância; uma Nossa Senhora de mãos carunchadas e grandes olhos cheios de lágrimas; dois anjos tocheiros que teriam sido esculpidos por Aleijadinho, pois dele tinham a inconfundível marca nos traços dos rostos severos e nobres, de narizes já carcomidos... Mostrou-me todas as raridades, tão velhas e tão gastas quanto ele próprio. Em seguida, desvanecido com o interesse que demonstrei por tudo, acompanhou-me cheio de gratidão até a porta.
    — Volte sempre — pediu-me.
    — Impossível — eu disse. — Não moro aqui, mas, em todo o caso, quem sabe um dia... — acrescentei sem nenhuma esperança.
    — E então, até logo! — ele murmurou descerrando os lábios num sorriso que me pareceu melancólico como o destroço de um naufrágio.
     Olhei-o. Sob a luz azulada do crepúsculo, aquela face branca e transparente era de tamanha fragilidade, que cheguei a me comover. Até logo?... “Então, adeus!”, ele deveria ter dito. Eu ia embarcar para o Rio no dia seguinte e não tinha nenhuma ideia de voltar tão cedo à Bahia. E mesmo que voltasse, encontraria ainda de pé aquela igrejinha arruinada que achei por acaso em meio das minhas andanças? E mesmo que desse de novo com ela, encontraria vivo aquele ser tão velhinho que mais parecia um antigo morto esquecido de partir?!...
     Ouça, leitor: tenho poucas certezas nesta incerta vida, tão poucas que poderia enumerá-las nesta breve linha. Porém, uma certeza eu tive naquele instante, a mais absoluta das certezas: “Jamais o verei.” Apertei-lhe a mão, que tinha a mesma frialdade seca da morte.
    — Até logo! - eu disse cheia de enternecimento pelo seu ingênuo otimismo.
    Afastei-me e de longe ainda o vi, imóvel no topo da escadaria. A brisa agitava-lhe os cabelos ralos e murchos como uma chama prestes a extinguir-se. “Então, adeus!”, pensei comovida ao acenar-lhe pela última vez. “Adeus.”
    (...)
    Durante o jantar ruidoso e calorento, lembrei-me de Kipling. “Sim, grande e estranho é o mundo. Mas principalmente estranho...”
     Meu vizinho da esquerda quis saber entre duas garfadas:
    — Então a senhora vai mesmo nos deixar amanhã?
    Olhei para a bolsa que tinha no regaço e dentro da qual já estava minha passagem de volta com a data do dia seguinte. E sorri para o velhinho lá na ponta da mesa.   
    — Ah, não sei... Antes eu sabia, mas agora já não sei.

http://www.releituras.com/lftelles_entaoadeus.asp - acesso em 11/01/2017
Leia a citação abaixo, retirada do texto acima mencionado, e assinale a alternativa que indica a possível substituição da palavra em destaque, sem prejudicar o sentido da mensagem.
“Sob a luz azulada do crepúsculo, aquela face branca e transparente era de tamanha fragilidade, que cheguei a me comover.”
Alternativas
Q1629490 Português
Leia o texto abaixo e responda à questão:

ENTÃO, ADEUS!
(Lygia Fagundes Telles)
    Isto aconteceu na Bahia, numa tarde em que eu visitava a mais antiga e arruinada igreja que encontrei por lá, perdida na última rua do último bairro. Aproximou-se de mim um padre velhinho, mas tão velhinho, tão velhinho que mais parecia feito de cinza, de teia, de bruma, de sopro do que de carne e osso. Aproximou-se e tocou o meu ombro:
    — Vejo que aprecia essas imagens antigas — sussurrou-me com sua voz débil. E descerrando os lábios murchos num sorriso amável: - Tenho na sacristia algumas preciosidades. Quer vê-las?
    Solícito e trêmulo foi-me mostrando os pequenos tesouros da sua igreja: um mural de cores remotas e tênues como as de um pobre véu esgarçado na distância; uma Nossa Senhora de mãos carunchadas e grandes olhos cheios de lágrimas; dois anjos tocheiros que teriam sido esculpidos por Aleijadinho, pois dele tinham a inconfundível marca nos traços dos rostos severos e nobres, de narizes já carcomidos... Mostrou-me todas as raridades, tão velhas e tão gastas quanto ele próprio. Em seguida, desvanecido com o interesse que demonstrei por tudo, acompanhou-me cheio de gratidão até a porta.
    — Volte sempre — pediu-me.
    — Impossível — eu disse. — Não moro aqui, mas, em todo o caso, quem sabe um dia... — acrescentei sem nenhuma esperança.
    — E então, até logo! — ele murmurou descerrando os lábios num sorriso que me pareceu melancólico como o destroço de um naufrágio.
     Olhei-o. Sob a luz azulada do crepúsculo, aquela face branca e transparente era de tamanha fragilidade, que cheguei a me comover. Até logo?... “Então, adeus!”, ele deveria ter dito. Eu ia embarcar para o Rio no dia seguinte e não tinha nenhuma ideia de voltar tão cedo à Bahia. E mesmo que voltasse, encontraria ainda de pé aquela igrejinha arruinada que achei por acaso em meio das minhas andanças? E mesmo que desse de novo com ela, encontraria vivo aquele ser tão velhinho que mais parecia um antigo morto esquecido de partir?!...
     Ouça, leitor: tenho poucas certezas nesta incerta vida, tão poucas que poderia enumerá-las nesta breve linha. Porém, uma certeza eu tive naquele instante, a mais absoluta das certezas: “Jamais o verei.” Apertei-lhe a mão, que tinha a mesma frialdade seca da morte.
    — Até logo! - eu disse cheia de enternecimento pelo seu ingênuo otimismo.
    Afastei-me e de longe ainda o vi, imóvel no topo da escadaria. A brisa agitava-lhe os cabelos ralos e murchos como uma chama prestes a extinguir-se. “Então, adeus!”, pensei comovida ao acenar-lhe pela última vez. “Adeus.”
    (...)
    Durante o jantar ruidoso e calorento, lembrei-me de Kipling. “Sim, grande e estranho é o mundo. Mas principalmente estranho...”
     Meu vizinho da esquerda quis saber entre duas garfadas:
    — Então a senhora vai mesmo nos deixar amanhã?
    Olhei para a bolsa que tinha no regaço e dentro da qual já estava minha passagem de volta com a data do dia seguinte. E sorri para o velhinho lá na ponta da mesa.   
    — Ah, não sei... Antes eu sabia, mas agora já não sei.

http://www.releituras.com/lftelles_entaoadeus.asp - acesso em 11/01/2017
Ao ler o texto apresentado, podemos notar que:
I. a personagem principal se despediu do padre, acreditando nunca mais o ver, por isso disse Adeus. II. a personagem principal se despediu dizendo Adeus, pois não se identificou com a cidade visitada. III. o padre se mostrou uma pessoa pouco simpática.
É correto o que se afirma apenas em
Alternativas
Ano: 2017 Banca: RBO Órgão: CPTM
Q1239219 Engenharia Civil
Sistema de instalação hidráulica que utiliza tubos (tipo mangueira) ligados a um módulo distribuidor que conduz água fria e principalmente água quente, com temperatura de trabalho a 70ºC e picos de 95ºC. As conexões são metálicas (em latão) do tipo deslizantes. É um sistema muito indicado para paredes em drywall e edificações com vários ambientes iguais, como um hotel. É uma concepção totalmente diferente dos sistemas de tubos comuns, que possui bitolas bem menores que estes. Tem um reduzido número de conexões porque os tubos (mangueiras) são maleáveis e permitem curvas. Tal descrição refere-se ao 
Alternativas
Ano: 2017 Banca: RBO Órgão: CPTM
Q1239157 Engenharia Civil
Todo conjunto hidráulico formado por tubulações, conexões e registros, posicionado abaixo (ou na saída) de um reservatório superior, de onde partem as tubulações que vão alimentar as colunas ou prumadas de alimentação nos pavimentos do prédio, denomina-se
Alternativas
Ano: 2017 Banca: RBO Órgão: CPTM
Q1230339 Matemática
A Central de Segurança da CPTM conta com o monitoramento de imagens de 2.373 câmeras. Considerando que todas as câmeras estão funcionando perfeitamente e que filmam durante 24 horas ininterruptamente, em apenas um dia, são armazenados no servidor de filmagem 
Alternativas
Respostas
441: A
442: D
443: B
444: D
445: A
446: B
447: D
448: A
449: D
450: A
451: A
452: C
453: A
454: D
455: D
456: C
457: A
458: E
459: A
460: E