Questões de Concurso Para ipefae

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Q1687912 Nutrição
Na doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é caracterizada pela obstrução lenta e progressiva das vias aéreas. Ela pode ser subdividida em duas categorias: enfisema e bronquite crônica. Na terapia nutricional do paciente com DPOC cada paciente deve ser avaliado individualmente com acompanhamento de perto os resultados. Sobre a distribuição de macronutrientes da dieta, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Q1687911 Nutrição
Na insuficiência renal crônica (IRC) a intervenção dietética não visa apenas o controle da sintomatologia, mas também atua nas várias complicações metabólicas que esses pacientes podem apresentar. Assinale a alternativa que NÃO apresenta uma proposta terapêutica para a IRC.
Alternativas
Q1687910 Nutrição
Assinale a alternativa incorreta sobre terapia nutricional enteral.
Alternativas
Q1687909 Nutrição
Informações mais completas sobre a saúde e composição corporal do paciente exigem dados antropométricos adicionais como circunferências e dobras cutâneas. Sobre os protocolos para aferição de medidas, assinale a alternativa que contém um protocolo correto.
Alternativas
Q1687908 Nutrição

Segundo a Portaria Interministerial Nº 1.010, de 08 de maio de 2006, deve-se definir a promoção da alimentação saudável nas escolas com base nos seguintes eixos prioritários:


I- Ações de educação alimentar e nutricional, considerando os hábitos alimentares como expressão de manifestações culturais regionais e nacionais;

II- Estímulo à produção de hortas escolares para a realização de atividades com os alunos e a utilização dos alimentos produzidos na alimentação ofertada na escola;

III- Estímulo à implantação de boas práticas de manipulação de alimentos nos locais de produção e fornecimento de serviços de alimentação do ambiente escolar;

IV- Liberação do comércio e à promoção comercial no ambiente escolar de alimentos e preparações com altos teores de gordura saturada, gordura trans, açúcar livre e sal além do consumo de frutas, legumes e verduras; e

V- Monitoramento da situação nutricional dos escolares, somente mediante autorização dos pais.


Quais sentenças estão de acordo com a portaria?

Alternativas
Q1687907 Nutrição
Uma complicação do diabetes que ocorre quando há um vazamento sanguíneo na retina e produção de pontos hemorrágicos é chamada:
Alternativas
Q1687906 Nutrição
São fontes alimentares de ácido fólico:
Alternativas
Q1687905 Nutrição
Os triglicerídeos de cadeia média (TCM) são:
Alternativas
Q1687904 Nutrição
Os equivalentes metabólicos (MET) são unidades de medidas que correspondem à taxa metabólica de uma pessoa durante a atividade física. O valor de MET = 1 é o oxigênio metabolizado em repouso que pode ser expresso como 1kcal por kilograma de peso corporal por hora (1kcal/Kg/hora). Utilizamos o MET para estimar o gasto energético de uma pessoa em uma determinada atividade física. Um adulto que pese 65Kg e faz uma caminhada num ritmo de 6,4Km/h (MET=4,5) durante 30 minutos, iria gastar:
Alternativas
Q1687903 Nutrição
São componentes do gasto energético total:
Alternativas
Q1687902 Nutrição
A unidade padrão para medir o valor energético dos alimentos é a caloria. Como a quantidade de energia envolvida no metabolismo do alimento é consideravelmente grande, utilizamos a quilocaloria (Kcal) que é equivalente a 1000 calorias. Essa energia chamada de caloria é:
Alternativas
Q1687901 Direitos Humanos
Entre os direitos inalienáveis da pessoa, a Declaração Universal dos Direitos Humanos reforça a igualdade e proteção da lei para todo cidadão, sem qualquer tipo de distinção. Nesse sentido, o propósito de qual afirmativa reforça essa prerrogativa?
Alternativas
Q1687900 Raciocínio Lógico

Observe a sequência:


23 - 55 - 110 - 22 - 44 - ?


Seguindo a estrutura de operações matemática para criá-la podemos afirmar que o próximo número dessa sequência é:

Alternativas
Q1687899 Raciocínio Lógico

Antônio, Maria e José, possuem somente um bicho de estimação cada um.

Os bichos de estimação são um cachorro, um gato e uma iguana.

Seguindo as pistas abaixo qual a afirmação verdadeira:


● O dono da iguana é do sexo masculino.

● Maria não gosta de gatos.

● O dono do gato é amigo do dono do cachorro

● José não gosta de ninguém que tenha gatos.

Alternativas
Q1687898 Português

Ler a vida

(Marina Colasanti)


Quinta-Feira, 20 de agosto de 2020


Faço, toda manhã, exercícios respiratórios diante da janela aberta. E tenho o privilégio de ver o mar. Pois, manhã destas estava eu inspirando e expirando, quando reparei num barco de pesca parado em meio ao azul. Olhei para cima. Cormorões em bando revoluteavam. Pensei que os pescadores haviam lido aquelas asas e sabido através delas que um cardume nadava naquele exato ponto.

Toda manhã, tendo cumprido o dever dos exercícios, rego as plantas do terracinho do quarto e deixo o olhar escorrer sobre os prédios. Pois já fazem algumas manhãs que meus olhos encontram uma jovem mulher, de biquíni e grávida, andando em marcha apertada na laje do seu edifício. Calça tênis. Leio no seu andar o começo de uma devoção que nunca terminará, devoção ao filho que ainda nem nasceu. É por ele, para que nasça sadio apesar dela estar trancada em casa, que toda manhã toma o elevador e caminha, empenhada, sob o sol.


Tudo na vida é leitura, para quem tem olhos.


Num esforço de sobrevivência, os bebês precisam aprender a ler o mundo muito antes de identificar as letras. É preciso distinguir os objetos, identificar sua função e saber como essa função se encaixa no cotidiano. Interpretar o rosto dos outros humanos é imprescindível, sem o que corre-se o risco de confundir uma reprimenda com um carinho — e a reprimenda pode ser protetiva. É importante ler chama e gelo, chuva e vento, mar e floresta.

Sabemos que bebês que têm mais estímulos desenvolvem-se mais plenamente. O que são estímulos? São aulas de leitura da vida.

Pergunto-me como meu amigo Yllen Kerr, se vivo estivesse, leria o medonho incêndio do Pantanal. Foi premiado por uma série de reportagens sobre aquela imensa planície, inundada na maior parte do ano, seca somente durante quatro meses. Fotografou onças e aves, serpentes e jacarés para ilustrar as reportagens. Hoje choraria, tenho certeza, vendo os restos queimados de tantos animais. Não sei se leria nas chamas o aquecimento global, a alteração do regime de chuvas devido ao desmatamento, ou a pouca água dos rios permitindo a maior seca dos últimos 30 anos. Talvez, arguto que era, lesse esses três fatores juntos.


Cada um lê de acordo com os olhos que tem. 


Vi em uma revista que Dior acabou de lançar novo modelo de bolsa. O modelo, dizia a legenda da foto, tem preços “a partir de 19 mil reais”. A revista listava o nome de três ou quatro proprietárias brasileiras desta joia. Certamente, elas leram a chegada da nova bolsa como um apelo de elegância desejável. Eu, ao contrário, li como extrema deselegância exibir bolsa deste preço em país tão miserável. Não importa quanto a pessoa ganha, importa quanto os outros não ganham. Não importa se a usuária já colabora de alguma maneira com obras beneficentes, o que mais importa é que 19 mil reais correspondem a 33 auxílios emergenciais.


(...)


Mas a leitura da vida não se faz só com os próprios olhos, entram na receita a sensibilidade e os conhecimentos que se têm.

FONTE: https://www.marinacolasanti.com/2020/08/ler-vida.html

Na passagem “Pergunto-me como meu amigo Yllen Kerr, se vivo estivesse, leria o medonho incêndio do Pantanal”, o termo em destaque introduz a ideia de que a interpretação do que é desenvolvido ao longo do parágrafo:
Alternativas
Q1687897 Português

Ler a vida

(Marina Colasanti)


Quinta-Feira, 20 de agosto de 2020


Faço, toda manhã, exercícios respiratórios diante da janela aberta. E tenho o privilégio de ver o mar. Pois, manhã destas estava eu inspirando e expirando, quando reparei num barco de pesca parado em meio ao azul. Olhei para cima. Cormorões em bando revoluteavam. Pensei que os pescadores haviam lido aquelas asas e sabido através delas que um cardume nadava naquele exato ponto.

Toda manhã, tendo cumprido o dever dos exercícios, rego as plantas do terracinho do quarto e deixo o olhar escorrer sobre os prédios. Pois já fazem algumas manhãs que meus olhos encontram uma jovem mulher, de biquíni e grávida, andando em marcha apertada na laje do seu edifício. Calça tênis. Leio no seu andar o começo de uma devoção que nunca terminará, devoção ao filho que ainda nem nasceu. É por ele, para que nasça sadio apesar dela estar trancada em casa, que toda manhã toma o elevador e caminha, empenhada, sob o sol.


Tudo na vida é leitura, para quem tem olhos.


Num esforço de sobrevivência, os bebês precisam aprender a ler o mundo muito antes de identificar as letras. É preciso distinguir os objetos, identificar sua função e saber como essa função se encaixa no cotidiano. Interpretar o rosto dos outros humanos é imprescindível, sem o que corre-se o risco de confundir uma reprimenda com um carinho — e a reprimenda pode ser protetiva. É importante ler chama e gelo, chuva e vento, mar e floresta.

Sabemos que bebês que têm mais estímulos desenvolvem-se mais plenamente. O que são estímulos? São aulas de leitura da vida.

Pergunto-me como meu amigo Yllen Kerr, se vivo estivesse, leria o medonho incêndio do Pantanal. Foi premiado por uma série de reportagens sobre aquela imensa planície, inundada na maior parte do ano, seca somente durante quatro meses. Fotografou onças e aves, serpentes e jacarés para ilustrar as reportagens. Hoje choraria, tenho certeza, vendo os restos queimados de tantos animais. Não sei se leria nas chamas o aquecimento global, a alteração do regime de chuvas devido ao desmatamento, ou a pouca água dos rios permitindo a maior seca dos últimos 30 anos. Talvez, arguto que era, lesse esses três fatores juntos.


Cada um lê de acordo com os olhos que tem. 


Vi em uma revista que Dior acabou de lançar novo modelo de bolsa. O modelo, dizia a legenda da foto, tem preços “a partir de 19 mil reais”. A revista listava o nome de três ou quatro proprietárias brasileiras desta joia. Certamente, elas leram a chegada da nova bolsa como um apelo de elegância desejável. Eu, ao contrário, li como extrema deselegância exibir bolsa deste preço em país tão miserável. Não importa quanto a pessoa ganha, importa quanto os outros não ganham. Não importa se a usuária já colabora de alguma maneira com obras beneficentes, o que mais importa é que 19 mil reais correspondem a 33 auxílios emergenciais.


(...)


Mas a leitura da vida não se faz só com os próprios olhos, entram na receita a sensibilidade e os conhecimentos que se têm.

FONTE: https://www.marinacolasanti.com/2020/08/ler-vida.html

Assinale a alternativa em que a mudança de posição do termo em destaque acarreta mudança de sentido:
Alternativas
Q1687896 Português

Ler a vida

(Marina Colasanti)


Quinta-Feira, 20 de agosto de 2020


Faço, toda manhã, exercícios respiratórios diante da janela aberta. E tenho o privilégio de ver o mar. Pois, manhã destas estava eu inspirando e expirando, quando reparei num barco de pesca parado em meio ao azul. Olhei para cima. Cormorões em bando revoluteavam. Pensei que os pescadores haviam lido aquelas asas e sabido através delas que um cardume nadava naquele exato ponto.

Toda manhã, tendo cumprido o dever dos exercícios, rego as plantas do terracinho do quarto e deixo o olhar escorrer sobre os prédios. Pois já fazem algumas manhãs que meus olhos encontram uma jovem mulher, de biquíni e grávida, andando em marcha apertada na laje do seu edifício. Calça tênis. Leio no seu andar o começo de uma devoção que nunca terminará, devoção ao filho que ainda nem nasceu. É por ele, para que nasça sadio apesar dela estar trancada em casa, que toda manhã toma o elevador e caminha, empenhada, sob o sol.


Tudo na vida é leitura, para quem tem olhos.


Num esforço de sobrevivência, os bebês precisam aprender a ler o mundo muito antes de identificar as letras. É preciso distinguir os objetos, identificar sua função e saber como essa função se encaixa no cotidiano. Interpretar o rosto dos outros humanos é imprescindível, sem o que corre-se o risco de confundir uma reprimenda com um carinho — e a reprimenda pode ser protetiva. É importante ler chama e gelo, chuva e vento, mar e floresta.

Sabemos que bebês que têm mais estímulos desenvolvem-se mais plenamente. O que são estímulos? São aulas de leitura da vida.

Pergunto-me como meu amigo Yllen Kerr, se vivo estivesse, leria o medonho incêndio do Pantanal. Foi premiado por uma série de reportagens sobre aquela imensa planície, inundada na maior parte do ano, seca somente durante quatro meses. Fotografou onças e aves, serpentes e jacarés para ilustrar as reportagens. Hoje choraria, tenho certeza, vendo os restos queimados de tantos animais. Não sei se leria nas chamas o aquecimento global, a alteração do regime de chuvas devido ao desmatamento, ou a pouca água dos rios permitindo a maior seca dos últimos 30 anos. Talvez, arguto que era, lesse esses três fatores juntos.


Cada um lê de acordo com os olhos que tem. 


Vi em uma revista que Dior acabou de lançar novo modelo de bolsa. O modelo, dizia a legenda da foto, tem preços “a partir de 19 mil reais”. A revista listava o nome de três ou quatro proprietárias brasileiras desta joia. Certamente, elas leram a chegada da nova bolsa como um apelo de elegância desejável. Eu, ao contrário, li como extrema deselegância exibir bolsa deste preço em país tão miserável. Não importa quanto a pessoa ganha, importa quanto os outros não ganham. Não importa se a usuária já colabora de alguma maneira com obras beneficentes, o que mais importa é que 19 mil reais correspondem a 33 auxílios emergenciais.


(...)


Mas a leitura da vida não se faz só com os próprios olhos, entram na receita a sensibilidade e os conhecimentos que se têm.

FONTE: https://www.marinacolasanti.com/2020/08/ler-vida.html

Segundo o texto, o ato de “ler a vida” pressupõe:
Alternativas
Q1687895 Português

Ler a vida

(Marina Colasanti)


Quinta-Feira, 20 de agosto de 2020


Faço, toda manhã, exercícios respiratórios diante da janela aberta. E tenho o privilégio de ver o mar. Pois, manhã destas estava eu inspirando e expirando, quando reparei num barco de pesca parado em meio ao azul. Olhei para cima. Cormorões em bando revoluteavam. Pensei que os pescadores haviam lido aquelas asas e sabido através delas que um cardume nadava naquele exato ponto.

Toda manhã, tendo cumprido o dever dos exercícios, rego as plantas do terracinho do quarto e deixo o olhar escorrer sobre os prédios. Pois já fazem algumas manhãs que meus olhos encontram uma jovem mulher, de biquíni e grávida, andando em marcha apertada na laje do seu edifício. Calça tênis. Leio no seu andar o começo de uma devoção que nunca terminará, devoção ao filho que ainda nem nasceu. É por ele, para que nasça sadio apesar dela estar trancada em casa, que toda manhã toma o elevador e caminha, empenhada, sob o sol.


Tudo na vida é leitura, para quem tem olhos.


Num esforço de sobrevivência, os bebês precisam aprender a ler o mundo muito antes de identificar as letras. É preciso distinguir os objetos, identificar sua função e saber como essa função se encaixa no cotidiano. Interpretar o rosto dos outros humanos é imprescindível, sem o que corre-se o risco de confundir uma reprimenda com um carinho — e a reprimenda pode ser protetiva. É importante ler chama e gelo, chuva e vento, mar e floresta.

Sabemos que bebês que têm mais estímulos desenvolvem-se mais plenamente. O que são estímulos? São aulas de leitura da vida.

Pergunto-me como meu amigo Yllen Kerr, se vivo estivesse, leria o medonho incêndio do Pantanal. Foi premiado por uma série de reportagens sobre aquela imensa planície, inundada na maior parte do ano, seca somente durante quatro meses. Fotografou onças e aves, serpentes e jacarés para ilustrar as reportagens. Hoje choraria, tenho certeza, vendo os restos queimados de tantos animais. Não sei se leria nas chamas o aquecimento global, a alteração do regime de chuvas devido ao desmatamento, ou a pouca água dos rios permitindo a maior seca dos últimos 30 anos. Talvez, arguto que era, lesse esses três fatores juntos.


Cada um lê de acordo com os olhos que tem. 


Vi em uma revista que Dior acabou de lançar novo modelo de bolsa. O modelo, dizia a legenda da foto, tem preços “a partir de 19 mil reais”. A revista listava o nome de três ou quatro proprietárias brasileiras desta joia. Certamente, elas leram a chegada da nova bolsa como um apelo de elegância desejável. Eu, ao contrário, li como extrema deselegância exibir bolsa deste preço em país tão miserável. Não importa quanto a pessoa ganha, importa quanto os outros não ganham. Não importa se a usuária já colabora de alguma maneira com obras beneficentes, o que mais importa é que 19 mil reais correspondem a 33 auxílios emergenciais.


(...)


Mas a leitura da vida não se faz só com os próprios olhos, entram na receita a sensibilidade e os conhecimentos que se têm.

FONTE: https://www.marinacolasanti.com/2020/08/ler-vida.html

A coesão é fundamental para que o texto flua. Uma das formas de se obter a coesão textual é através do uso de pronomes. Assim, na passagem “Interpretar o rosto dos outros humanos é imprescindível, sem o que corre-se o risco de confundir uma reprimenda com um carinho — e a reprimenda pode ser protetiva”, o termo em destaque recupera, considerando o contexto:
Alternativas
Q1687894 Português

Ler a vida

(Marina Colasanti)


Quinta-Feira, 20 de agosto de 2020


Faço, toda manhã, exercícios respiratórios diante da janela aberta. E tenho o privilégio de ver o mar. Pois, manhã destas estava eu inspirando e expirando, quando reparei num barco de pesca parado em meio ao azul. Olhei para cima. Cormorões em bando revoluteavam. Pensei que os pescadores haviam lido aquelas asas e sabido através delas que um cardume nadava naquele exato ponto.

Toda manhã, tendo cumprido o dever dos exercícios, rego as plantas do terracinho do quarto e deixo o olhar escorrer sobre os prédios. Pois já fazem algumas manhãs que meus olhos encontram uma jovem mulher, de biquíni e grávida, andando em marcha apertada na laje do seu edifício. Calça tênis. Leio no seu andar o começo de uma devoção que nunca terminará, devoção ao filho que ainda nem nasceu. É por ele, para que nasça sadio apesar dela estar trancada em casa, que toda manhã toma o elevador e caminha, empenhada, sob o sol.


Tudo na vida é leitura, para quem tem olhos.


Num esforço de sobrevivência, os bebês precisam aprender a ler o mundo muito antes de identificar as letras. É preciso distinguir os objetos, identificar sua função e saber como essa função se encaixa no cotidiano. Interpretar o rosto dos outros humanos é imprescindível, sem o que corre-se o risco de confundir uma reprimenda com um carinho — e a reprimenda pode ser protetiva. É importante ler chama e gelo, chuva e vento, mar e floresta.

Sabemos que bebês que têm mais estímulos desenvolvem-se mais plenamente. O que são estímulos? São aulas de leitura da vida.

Pergunto-me como meu amigo Yllen Kerr, se vivo estivesse, leria o medonho incêndio do Pantanal. Foi premiado por uma série de reportagens sobre aquela imensa planície, inundada na maior parte do ano, seca somente durante quatro meses. Fotografou onças e aves, serpentes e jacarés para ilustrar as reportagens. Hoje choraria, tenho certeza, vendo os restos queimados de tantos animais. Não sei se leria nas chamas o aquecimento global, a alteração do regime de chuvas devido ao desmatamento, ou a pouca água dos rios permitindo a maior seca dos últimos 30 anos. Talvez, arguto que era, lesse esses três fatores juntos.


Cada um lê de acordo com os olhos que tem. 


Vi em uma revista que Dior acabou de lançar novo modelo de bolsa. O modelo, dizia a legenda da foto, tem preços “a partir de 19 mil reais”. A revista listava o nome de três ou quatro proprietárias brasileiras desta joia. Certamente, elas leram a chegada da nova bolsa como um apelo de elegância desejável. Eu, ao contrário, li como extrema deselegância exibir bolsa deste preço em país tão miserável. Não importa quanto a pessoa ganha, importa quanto os outros não ganham. Não importa se a usuária já colabora de alguma maneira com obras beneficentes, o que mais importa é que 19 mil reais correspondem a 33 auxílios emergenciais.


(...)


Mas a leitura da vida não se faz só com os próprios olhos, entram na receita a sensibilidade e os conhecimentos que se têm.

FONTE: https://www.marinacolasanti.com/2020/08/ler-vida.html

Considerando a passagem “Num esforço de sobrevivência, os bebês precisam aprender a ler o mundo muito antes de identificar as letras” e o contexto em que ela está inserida, é correto afirmar que:
Alternativas
Q1687893 Português

Ler a vida

(Marina Colasanti)


Quinta-Feira, 20 de agosto de 2020


Faço, toda manhã, exercícios respiratórios diante da janela aberta. E tenho o privilégio de ver o mar. Pois, manhã destas estava eu inspirando e expirando, quando reparei num barco de pesca parado em meio ao azul. Olhei para cima. Cormorões em bando revoluteavam. Pensei que os pescadores haviam lido aquelas asas e sabido através delas que um cardume nadava naquele exato ponto.

Toda manhã, tendo cumprido o dever dos exercícios, rego as plantas do terracinho do quarto e deixo o olhar escorrer sobre os prédios. Pois já fazem algumas manhãs que meus olhos encontram uma jovem mulher, de biquíni e grávida, andando em marcha apertada na laje do seu edifício. Calça tênis. Leio no seu andar o começo de uma devoção que nunca terminará, devoção ao filho que ainda nem nasceu. É por ele, para que nasça sadio apesar dela estar trancada em casa, que toda manhã toma o elevador e caminha, empenhada, sob o sol.


Tudo na vida é leitura, para quem tem olhos.


Num esforço de sobrevivência, os bebês precisam aprender a ler o mundo muito antes de identificar as letras. É preciso distinguir os objetos, identificar sua função e saber como essa função se encaixa no cotidiano. Interpretar o rosto dos outros humanos é imprescindível, sem o que corre-se o risco de confundir uma reprimenda com um carinho — e a reprimenda pode ser protetiva. É importante ler chama e gelo, chuva e vento, mar e floresta.

Sabemos que bebês que têm mais estímulos desenvolvem-se mais plenamente. O que são estímulos? São aulas de leitura da vida.

Pergunto-me como meu amigo Yllen Kerr, se vivo estivesse, leria o medonho incêndio do Pantanal. Foi premiado por uma série de reportagens sobre aquela imensa planície, inundada na maior parte do ano, seca somente durante quatro meses. Fotografou onças e aves, serpentes e jacarés para ilustrar as reportagens. Hoje choraria, tenho certeza, vendo os restos queimados de tantos animais. Não sei se leria nas chamas o aquecimento global, a alteração do regime de chuvas devido ao desmatamento, ou a pouca água dos rios permitindo a maior seca dos últimos 30 anos. Talvez, arguto que era, lesse esses três fatores juntos.


Cada um lê de acordo com os olhos que tem. 


Vi em uma revista que Dior acabou de lançar novo modelo de bolsa. O modelo, dizia a legenda da foto, tem preços “a partir de 19 mil reais”. A revista listava o nome de três ou quatro proprietárias brasileiras desta joia. Certamente, elas leram a chegada da nova bolsa como um apelo de elegância desejável. Eu, ao contrário, li como extrema deselegância exibir bolsa deste preço em país tão miserável. Não importa quanto a pessoa ganha, importa quanto os outros não ganham. Não importa se a usuária já colabora de alguma maneira com obras beneficentes, o que mais importa é que 19 mil reais correspondem a 33 auxílios emergenciais.


(...)


Mas a leitura da vida não se faz só com os próprios olhos, entram na receita a sensibilidade e os conhecimentos que se têm.

FONTE: https://www.marinacolasanti.com/2020/08/ler-vida.html

Em “É por ele, para que nasça sadio apesar dela estar trancada em casa, que toda manhã toma o elevador e caminha, empenhada, sob o sol”, o termo em destaque, em relação à oração anterior, estabelece ideia de:
Alternativas
Respostas
2261: A
2262: C
2263: C
2264: B
2265: A
2266: A
2267: B
2268: C
2269: A
2270: B
2271: C
2272: C
2273: B
2274: A
2275: C
2276: D
2277: A
2278: D
2279: B
2280: C