Questões de Concurso Para furb

Foram encontradas 12.424 questões

Resolva questões gratuitamente!

Junte-se a mais de 4 milhões de concurseiros!

Q3181660 Pedagogia
O componente curricular de Língua Portuguesa assume, na proposta do Currículo da Educação Básica do Sistema Municipal de Ensino de Blumenau , o texto-enunciado como central à articulação das práticas de linguagem em sala e se sustenta na acepção de linguagem concernente à do Círculo de Bakhtin. Nessa perspectiva teórica, linguagem é compreendida: 
Alternativas
Q3181659 Pedagogia
De acordo com o Currículo da Educação Básica do Sistema Municipal de Ensino de Blumenau , "Ao assumirmos a perspectiva teórica da linguagem sociointeracionista, concebemos as situações de interlocução como resultante de intercâmbio social (situação de comunicação social concreta) e a leitura como materialidade interlocutiva para a construção de sentidos. O ato da leitura passa":
Alternativas
Q3181658 Pedagogia
A respeito do ensino de língua, proposto pelo Componente Curricular de Língua Portuguesa, leia as alternativas que seguem e julgue V (verdadeiro) e F (falso):

(__) A língua é produto da construção histórica e social da humanidade e de interação entre os sujeitos, portanto, um organismo vivo, pulsante e que se transforma em seu percurso histórico.

(__) O ensino de língua deve acontecer por meio das práticas de linguagem concretamente situadas e priorizando a variedade formal da língua, a fim de instrumentalizar os estudantes para que sejam capazes de usar a língua nas diferentes situações de interlocução.

(__) Ensinar a língua é ampliar a experiência do/da estudante em suas interações sociais, por isso, importa ensinar a língua e não a gramática.

(__) Para ensinar língua portuguesa, é preciso considerar as esferas de atividade humana a que o/a estudante acessa (escolar, familiar, religiosa, científica, jornalística, etc.), nas quais circulam os gêneros do discurso que são formados por tipos relativamente estáveis.


Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
Alternativas
Q3181657 Pedagogia
A respeito das temáticas sobre educação para relações étnico-raciais (ERER), analise as proposições e julgue-as:

I.Perpassarão por todos os anos de escolarização do Ensino Fundamental, desde os iniciais até os finais.

II.Sugere-se a exploração de livros literários de Literatura Indígena e Afro-brasileira e de música Africana.

III.Perpassarão por todos os anos iniciais de escolarização, tendo em vista que o foco dos anos finais é o trabalho com a educação sustentável.

IV.Sugere-se a exploração de livros literários de Literatura Indígena e Afro-brasileira e Africana.


É correto o que se afirma em:
Alternativas
Q3181652 Pedagogia
Considerando-se a concepção de aprendizagem, presente no Currículo da Educação Básica do Sistema Municipal de Ensino de Blumenau , analise as asserções a seguir e a relação proposta entre elas:
I.O planejamento dos contextos de aprendizagem deve considerar os conhecimentos cotidianos dos estudantes para a construção do conhecimento científico.
POIS,
II.A aprendizagem é um processo linear e cumulativo, que ocorre por meio da aquisição gradual de conhecimentos.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta:
Alternativas
Q3181632 Português
Escrever as emoções: o sentido de dar palavras à ebulição interior

Julián Fuks

Às vezes sinto que minha filha tem escrito mais do que eu, ou tem sido mais verdadeira no que escreve. Mais imediata, talvez, no desembaraço de seus sete anos de idade. Criou agora seu caderno de sentimentos, algo como um diário ilustrado onde ela registra cada emoção forte que a acomete. Eu olho a urgência com que ela corre para o caderno, o vigor com que empunha o lápis, a concentração com que passa a ignorar tudo o que a cerca. Nada mais lhe importa nesse momento, a escrita toma toda a sua existência, e assim cada emoção turbulenta de origem se faz satisfação e leveza. Escreveu algo de essencial, traçou em linhas exatas seu sentimento, deu a uma vaga abstração sua forma concreta. Quisera eu escrever dessa maneira.

Seu caderno se inicia com a mais simples e expressiva das páginas. Tutu triste, vê-se em letras pequenas, e embaixo seu autorretrato de olhos pesados e duas lágrimas gordas sobre as bochechas. Segue ainda por afetos límpidos: Tutu animada, raivosa, impaciente, sonolenta, Tutu sem acreditar no que está acontecendo, neste caso um desenho de si boquiaberta e de olhos vidrados. Depois disso ela parece ter percebido a necessidade de explorar as causas subjacentes aos sentimentos, como Balzac alguma vez decidiu dar as raízes ocultas de cada fato. Passou a anotar coisas como "Tutu empolgada com o acampamento", e "Tutu aliviada porque um homem horrível não ganhou as eleições".

"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador". Leio essa frase em Clarice Lispector e acredito entender algo sobre minha filha, e algo sobre mim. Clarice emenda que talvez por isso tome tantos anos entre um verdadeiro escrever e outro, ainda que se empunhe o lápis todos os dias por uma vida inteira. Para mim dá-se o mesmo, alinhavo palavras sempre que me visita o caderno de sentimentos. Ali, se o tivesse, talvez me fosse mais sincero dizer: "Julián embevecido de admiração por sua filha."

Não posso, no entanto, encerrar meu comentário sobre o caso nesse ponto, porque há um acontecimento recente muito mais digno de nota do que tudo isso que contei. Lê-se numa das páginas do caderno: "Tutu infeliz porque a Peps não está sendo uma boa pessoa". Não sei qual conflito a levou a registrar palavras tão acerbas contra a irmã, decerto alguma dessas pequenezas que diariamente trovejam na relação entre as duas, precedidas e sucedidas de risos desabridos e abraços enérgicos.

Penélope não deixou passar sem vingança a acusação insolente. Enquanto folheava o caderno da irmã e tentava decifrar as palavras escritas com que já começa a se familiarizar — começa a se irmanar, eu poderia dizer — acabou calhando de rasgar uma folha, digamos sem querer. Foi tal a indignação da irmã com o gesto destrutivo que me pareceu razoável mostrar a ela a página em que Tulipa descrevera sua decepção primeira e indagar com veemência: é isso o que você deseja? Essa é a emoção que você quer provocar na sua irmã, a infelicidade? Não seria preferível criar nela uma impressão mais positiva, e constar numa página que falasse de entusiasmo, carinho, alegria?

Penélope então me encarou com olhos indecifráveis, ainda um tanto severos, e respondeu com segurança e presteza: claro que sim, dou um jeito nisso. Correu até seu quarto, fechou-se ali por alguns minutos, criou entre os que a esperávamos um momento palpável de apreensão e suspense. Retornou com o semblante desanuviado, plena de satisfação e leveza. Numa folha avulsa ela desenhara a irmã com seu inseparável caderninho nas mãos, com um largo sorriso a lhe cruzar o rosto inteiro, e delineara na ortografia atrevida de seus quatro anos: "Tutu feliz porque a Peps se comportou bem."

Não pude senão me espantar com sua intrepidez, com sua decisão de se fazer autora da página que gostaria de ver. Sua sagacidade buscara um atalho: não era preciso suscitar na irmã o devido sentimento, a ficção poderia suprir bem esse seu desejo, e ainda expor o ridículo da bronca que o pai lhe dera. Ela é uma escritora diferente de nós, foi o que pensei, talvez mais inventiva, mais livre, menos submissa às insignificâncias da realidade e às suas emoções correspondentes. E ao pensá-lo entendi que, se tivesse afinal meu próprio caderno de sentimentos, também anotaria em página nova minha profunda admiração por ela.

Um último ato encerra a história, mostrando as intrincadas relações entre ficção e realidade, ou o modo como a escrita das emoções pode alterar nossa existência no mundo, cuidando estranhamente de nos aproximar dos outros. Tulipa viu a página que a irmã depositara sobre a mesa, e sentiu que um sorriso largo lhe cruzava o rosto inteiro, sentiu uma comoção que lhe dominava o peito. Correu nesse mesmo instante para registrar o sentimento novo em seu caderno, para criar com suas mãos a exata correspondência com o desenho da irmã. Deu assim testemunho de uma ficção que se fez emoção tão verdadeira que foi capaz de coincidir com a vida. Também assim eu desejaria a minha escrita.


Disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2024/10/12/escrever-as -emocoes-o-sentido-de-dar-palavras-a-ebulicao-interior.htm. Acesso em 18 out. 2024.
Quando o autor afirma que "Não pude senão me espantar com sua intrepidez, com sua decisão de se fazer autora da página que gostaria de ver", podemos compreender, pelo contexto, que ele se refere:
Alternativas
Q3181426 Inglês
In following sentence "They enjoyed both the tennis match and the music concert enormously", the word 'enormously' is:
Alternativas
Q3181425 Inglês
The difference between the sentences: I take the bus and I am taking the bus these weeks is: 
Alternativas
Q3181424 Inglês
At the beginning of the word CAKE, the letter 'c' when pronounced is presented as:
Alternativas
Q3181423 Inglês
English in India has not only acquired a wide range of functions, but in its process of Indianisation it has linguistically evolved into its own characteristic features at the phonological, lexical, syntactic and even discourse level. While initially purists rejected these innovations, they are now becoming increasingly accepted, since English is treated not as a foreign language but as a part of the cultural identity of India. The question of a standard is still an oft-debate issue and the general consensus seems to favor a rather nebulous 'educated' Indian English variety, which is close to the native 'standard'. In most urban areas in India, the sociolinguistic situation is very complex, with various different cultural and linguistic groups interacting with each other. There is also considerable variation in the way, for instance, that educated Delhiites use English. They are faced with conflicting pressures: on the one hand, there exist the pressure of urbanization, which bring in their wake literacy, education, mass media and westernization, all of which favor the evolution of a single norm. On the other hand, the diverse linguistic and cultural backgrounds of different groups in Delhi favor diversity, with Bengalis speaking a 'Bengali' English and Tamilians speaking a "Tamil" English.
Consider the statements related to the text about the English Language in India presented below. Register the correct sequence using T, for true, and F, for false.

(__)English in India is increasingly seen not as a foreign language but as an integral part of the nation's cultural identity.
(__)There is a clear, widely accepted standard for Indian English that closely mirrors British English.
(__)Urbanization and the influence of mass media push towards the development of a single standardized form of English in India.


Thus, the correct sequence is:
Alternativas
Q3181422 Inglês
The correct plural forms of the following words: HIS, FLY, PERSON, BASIS, LIFE, WOMAN and CACTUS are:
Alternativas
Q3181421 Inglês
Complete the gap using the correct proposition below: "Until mid-18th century, scholars from the comparative linguistic areas did not progress ____ beyond the stage where ancient Greek and Roman grammarians had left them":
Alternativas
Q3181420 Inglês
Choose the best option to complete the following sentence according to the pattern (subject/verb agreement and noun/pronoun agreement): "The Zulu language is complex, with an intricate structure and sounds that ___________ incomprehensible to someone who has not been considerably exposed to it":
Alternativas
Q3181419 Inglês

O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Teaching English as a Second Language is a high-demand subject of instruction that continues to experience growth in schools across the country. As children from foreign countries continue to immigrate to the United States and enroll in schools here, the number of students whose native language is not English continues to grow. Thus, many schools have English Language Learners (ELL) programs, also known as English as a Second Language (ESL) and English for Speakers of Other Languages (ESOL). As the primary spoken language in a country with a rich history of immigration and cultural diversity, English and its mastery are an important part of educational development. ESL is offered for people of all ages, though it is not part of the standard public school curriculum as it is not essential to all students.


Teach.com. (s.d.). What Can I Teach? - TEFL & TESOL TEFL & TESOL Careers. Available on:https://teach.com/careers/become-a-teacher/what-can-i-teach/tesol/

Which statement best captures the role of English in the United States, as mentioned in the text?
Alternativas
Q3181418 Inglês

O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Teaching English as a Second Language is a high-demand subject of instruction that continues to experience growth in schools across the country. As children from foreign countries continue to immigrate to the United States and enroll in schools here, the number of students whose native language is not English continues to grow. Thus, many schools have English Language Learners (ELL) programs, also known as English as a Second Language (ESL) and English for Speakers of Other Languages (ESOL). As the primary spoken language in a country with a rich history of immigration and cultural diversity, English and its mastery are an important part of educational development. ESL is offered for people of all ages, though it is not part of the standard public school curriculum as it is not essential to all students.


Teach.com. (s.d.). What Can I Teach? - TEFL & TESOL TEFL & TESOL Careers. Available on:https://teach.com/careers/become-a-teacher/what-can-i-teach/tesol/

The text suggests that ESL is offered for learners of all ages. What does this imply about the scope of ESL programs?
Alternativas
Q3181417 Inglês

O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Teaching English as a Second Language is a high-demand subject of instruction that continues to experience growth in schools across the country. As children from foreign countries continue to immigrate to the United States and enroll in schools here, the number of students whose native language is not English continues to grow. Thus, many schools have English Language Learners (ELL) programs, also known as English as a Second Language (ESL) and English for Speakers of Other Languages (ESOL). As the primary spoken language in a country with a rich history of immigration and cultural diversity, English and its mastery are an important part of educational development. ESL is offered for people of all ages, though it is not part of the standard public school curriculum as it is not essential to all students.


Teach.com. (s.d.). What Can I Teach? - TEFL & TESOL TEFL & TESOL Careers. Available on:https://teach.com/careers/become-a-teacher/what-can-i-teach/tesol/

How does the text characterize the relationship between immigration and English mastery in the United States?
Alternativas
Q3181410 Pedagogia
De acordo com a perspectiva Histórico-Cultural, que fundamenta o Currículo da Educação Básica do Sistema Municipal de Ensino de Blumenau , analise as afirmativas a seguir:

I.A aprendizagem e o desenvolvimento são fenômenos humanos semioticamente mediados, que transformam as histórias do sujeito a partir da relação que se estabelece entre eles.

II.O sujeito se (re)constrói em suas relações com o seu entorno para a elaboração de uma compreensão de mundo, interagindo gradativamente com pessoas e instituições desde o nascimento.

III.As instituições de ensino são secundárias no processo de apropriação do conhecimento formal (científico), tendo um papel complementar ao desenvolvimento espontâneo do sujeito.

IV.A cultura torna-se parte da natureza humana em um processo histórico que, ao longo do desenvolvimento da espécie e do indivíduo, molda o funcionamento psicológico humano.


É correto o que se afirma em:
Alternativas
Q3181393 Português
Escrever as emoções: o sentido de dar palavras à ebulição interior

Julián Fuks

Às vezes sinto que minha filha tem escrito mais do que eu, ou tem sido mais verdadeira no que escreve. Mais imediata, talvez, no desembaraço de seus sete anos de idade. Criou agora seu caderno de sentimentos, algo como um diário ilustrado onde ela registra cada emoção forte que a acomete. Eu olho a urgência com que ela corre para o caderno, o vigor com que empunha o lápis, a concentração com que passa a ignorar tudo o que a cerca. Nada mais lhe importa nesse momento, a escrita toma toda a sua existência, e assim cada emoção turbulenta de origem se faz satisfação e leveza. Escreveu algo de essencial, traçou em linhas exatas seu sentimento, deu a uma vaga abstração sua forma concreta. Quisera eu escrever dessa maneira.

Seu caderno se inicia com a mais simples e expressiva das páginas. Tutu triste, vê-se em letras pequenas, e embaixo seu autorretrato de olhos pesados e duas lágrimas gordas sobre as bochechas. Segue ainda por afetos límpidos: Tutu animada, raivosa, impaciente, sonolenta, Tutu sem acreditar no que está acontecendo, neste caso um desenho de si boquiaberta e de olhos vidrados. Depois disso ela parece ter percebido a necessidade de explorar as causas subjacentes aos sentimentos, como Balzac alguma vez decidiu dar as raízes ocultas de cada fato. Passou a anotar coisas como "Tutu empolgada com o acampamento", e "Tutu aliviada porque um homem horrível não ganhou as eleições".

"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador". Leio essa frase em Clarice Lispector e acredito entender algo sobre minha filha, e algo sobre mim. Clarice emenda que talvez por isso tome tantos anos entre um verdadeiro escrever e outro, ainda que se empunhe o lápis todos os dias por uma vida inteira. Para mim dá-se o mesmo, alinhavo palavras sempre que me visita o caderno de sentimentos. Ali, se o tivesse, talvez me fosse mais sincero dizer: "Julián embevecido de admiração por sua filha."

Não posso, no entanto, encerrar meu comentário sobre o caso nesse ponto, porque há um acontecimento recente muito mais digno de nota do que tudo isso que contei. Lê-se numa das páginas do caderno: "Tutu infeliz porque a Peps não está sendo uma boa pessoa". Não sei qual conflito a levou a registrar palavras tão acerbas contra a irmã, decerto alguma dessas pequenezas que diariamente trovejam na relação entre as duas, precedidas e sucedidas de risos desabridos e abraços enérgicos.

Penélope não deixou passar sem vingança a acusação insolente. Enquanto folheava o caderno da irmã e tentava decifrar as palavras escritas com que já começa a se familiarizar — começa a se irmanar, eu poderia dizer — acabou calhando de rasgar uma folha, digamos sem querer. Foi tal a indignação da irmã com o gesto destrutivo que me pareceu razoável mostrar a ela a página em que Tulipa descrevera sua decepção primeira e indagar com veemência: é isso o que você deseja? Essa é a emoção que você quer provocar na sua irmã, a infelicidade? Não seria preferível criar nela uma impressão mais positiva, e constar numa página que falasse de entusiasmo, carinho, alegria?

Penélope então me encarou com olhos indecifráveis, ainda um tanto severos, e respondeu com segurança e presteza: claro que sim, dou um jeito nisso. Correu até seu quarto, fechou-se ali por alguns minutos, criou entre os que a esperávamos um momento palpável de apreensão e suspense. Retornou com o semblante desanuviado, plena de satisfação e leveza. Numa folha avulsa ela desenhara a irmã com seu inseparável caderninho nas mãos, com um largo sorriso a lhe cruzar o rosto inteiro, e delineara na ortografia atrevida de seus quatro anos: "Tutu feliz porque a Peps se comportou bem."

Não pude senão me espantar com sua intrepidez, com sua decisão de se fazer autora da página que gostaria de ver. Sua sagacidade buscara um atalho: não era preciso suscitar na irmã o devido sentimento, a ficção poderia suprir bem esse seu desejo, e ainda expor o ridículo da bronca que o pai lhe dera. Ela é uma escritora diferente de nós, foi o que pensei, talvez mais inventiva, mais livre, menos submissa às insignificâncias da realidade e às suas emoções correspondentes. E ao pensá-lo entendi que, se tivesse afinal meu próprio caderno de sentimentos, também anotaria em página nova minha profunda admiração por ela.

Um último ato encerra a história, mostrando as intrincadas relações entre ficção e realidade, ou o modo como a escrita das emoções pode alterar nossa existência no mundo, cuidando estranhamente de nos aproximar dos outros. Tulipa viu a página que a irmã depositara sobre a mesa, e sentiu que um sorriso largo lhe cruzava o rosto inteiro, sentiu uma comoção que lhe dominava o peito. Correu nesse mesmo instante para registrar o sentimento novo em seu caderno, para criar com suas mãos a exata correspondência com o desenho da irmã. Deu assim testemunho de uma ficção que se fez emoção tão verdadeira que foi capaz de coincidir com a vida. Também assim eu desejaria a minha escrita.


Disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2024/10/12/escrever-as -emocoes-o-sentido-de-dar-palavras-a-ebulicao-interior.htm. Acesso em 18 out. 2024.
A partir da leitura do texto, é possível inferir que:

I.A escrita tem o poder de entrecruzar ficção e realidade, dando "testemunho de uma ficção que se fez emoção tão verdadeira que foi capaz de coincidir com a vida".

II.As filhas do autor têm uma relação saudável, que passa por conflitos que levam Tutu "a registrar palavras tão acerbas contra a irmã, decerto alguma dessas pequenezas que diariamente trovejam na relação entre as duas, precedidas e sucedidas de risos desabridos e abraços enérgicos".

III.O autor do texto, escritor e crítico literário, relata que Tutu, sua filha, no desembaraço de seus sete anos, "Escreveu algo de essencial, traçou em linhas exatas seu sentimento, deu a uma vaga abstração sua forma concreta", desejando que sua escrita também fora assim, desembaraçada, tomando toda a sua existência e fazendo com que emoção turbulenta se fizesse satisfação e leveza.


É correto o que se afirma em:
Alternativas
Q3181390 Português
Escrever as emoções: o sentido de dar palavras à ebulição interior

Julián Fuks

Às vezes sinto que minha filha tem escrito mais do que eu, ou tem sido mais verdadeira no que escreve. Mais imediata, talvez, no desembaraço de seus sete anos de idade. Criou agora seu caderno de sentimentos, algo como um diário ilustrado onde ela registra cada emoção forte que a acomete. Eu olho a urgência com que ela corre para o caderno, o vigor com que empunha o lápis, a concentração com que passa a ignorar tudo o que a cerca. Nada mais lhe importa nesse momento, a escrita toma toda a sua existência, e assim cada emoção turbulenta de origem se faz satisfação e leveza. Escreveu algo de essencial, traçou em linhas exatas seu sentimento, deu a uma vaga abstração sua forma concreta. Quisera eu escrever dessa maneira.

Seu caderno se inicia com a mais simples e expressiva das páginas. Tutu triste, vê-se em letras pequenas, e embaixo seu autorretrato de olhos pesados e duas lágrimas gordas sobre as bochechas. Segue ainda por afetos límpidos: Tutu animada, raivosa, impaciente, sonolenta, Tutu sem acreditar no que está acontecendo, neste caso um desenho de si boquiaberta e de olhos vidrados. Depois disso ela parece ter percebido a necessidade de explorar as causas subjacentes aos sentimentos, como Balzac alguma vez decidiu dar as raízes ocultas de cada fato. Passou a anotar coisas como "Tutu empolgada com o acampamento", e "Tutu aliviada porque um homem horrível não ganhou as eleições".

"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador". Leio essa frase em Clarice Lispector e acredito entender algo sobre minha filha, e algo sobre mim. Clarice emenda que talvez por isso tome tantos anos entre um verdadeiro escrever e outro, ainda que se empunhe o lápis todos os dias por uma vida inteira. Para mim dá-se o mesmo, alinhavo palavras sempre que me visita o caderno de sentimentos. Ali, se o tivesse, talvez me fosse mais sincero dizer: "Julián embevecido de admiração por sua filha."

Não posso, no entanto, encerrar meu comentário sobre o caso nesse ponto, porque há um acontecimento recente muito mais digno de nota do que tudo isso que contei. Lê-se numa das páginas do caderno: "Tutu infeliz porque a Peps não está sendo uma boa pessoa". Não sei qual conflito a levou a registrar palavras tão acerbas contra a irmã, decerto alguma dessas pequenezas que diariamente trovejam na relação entre as duas, precedidas e sucedidas de risos desabridos e abraços enérgicos.

Penélope não deixou passar sem vingança a acusação insolente. Enquanto folheava o caderno da irmã e tentava decifrar as palavras escritas com que já começa a se familiarizar — começa a se irmanar, eu poderia dizer — acabou calhando de rasgar uma folha, digamos sem querer. Foi tal a indignação da irmã com o gesto destrutivo que me pareceu razoável mostrar a ela a página em que Tulipa descrevera sua decepção primeira e indagar com veemência: é isso o que você deseja? Essa é a emoção que você quer provocar na sua irmã, a infelicidade? Não seria preferível criar nela uma impressão mais positiva, e constar numa página que falasse de entusiasmo, carinho, alegria?

Penélope então me encarou com olhos indecifráveis, ainda um tanto severos, e respondeu com segurança e presteza: claro que sim, dou um jeito nisso. Correu até seu quarto, fechou-se ali por alguns minutos, criou entre os que a esperávamos um momento palpável de apreensão e suspense. Retornou com o semblante desanuviado, plena de satisfação e leveza. Numa folha avulsa ela desenhara a irmã com seu inseparável caderninho nas mãos, com um largo sorriso a lhe cruzar o rosto inteiro, e delineara na ortografia atrevida de seus quatro anos: "Tutu feliz porque a Peps se comportou bem."

Não pude senão me espantar com sua intrepidez, com sua decisão de se fazer autora da página que gostaria de ver. Sua sagacidade buscara um atalho: não era preciso suscitar na irmã o devido sentimento, a ficção poderia suprir bem esse seu desejo, e ainda expor o ridículo da bronca que o pai lhe dera. Ela é uma escritora diferente de nós, foi o que pensei, talvez mais inventiva, mais livre, menos submissa às insignificâncias da realidade e às suas emoções correspondentes. E ao pensá-lo entendi que, se tivesse afinal meu próprio caderno de sentimentos, também anotaria em página nova minha profunda admiração por ela.

Um último ato encerra a história, mostrando as intrincadas relações entre ficção e realidade, ou o modo como a escrita das emoções pode alterar nossa existência no mundo, cuidando estranhamente de nos aproximar dos outros. Tulipa viu a página que a irmã depositara sobre a mesa, e sentiu que um sorriso largo lhe cruzava o rosto inteiro, sentiu uma comoção que lhe dominava o peito. Correu nesse mesmo instante para registrar o sentimento novo em seu caderno, para criar com suas mãos a exata correspondência com o desenho da irmã. Deu assim testemunho de uma ficção que se fez emoção tão verdadeira que foi capaz de coincidir com a vida. Também assim eu desejaria a minha escrita.


Disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2024/10/12/escrever-as -emocoes-o-sentido-de-dar-palavras-a-ebulicao-interior.htm. Acesso em 18 out. 2024.
Em "Penélope não deixou passar sem vingança a acusação insolente ", a palavra em destaque pode ser substituída sem prejuízo no sentido do texto por:
Alternativas
Q3181386 Pedagogia
Considere as proposições relacionadas às competências específicas para o ensino de Ciências da Natureza apresentadas a seguir. Registre V, para verdadeiras, e F, para falsas.


(__)Compreender conceitos fundamentais e estruturas explicativas das Ciências da Natureza, bem como dominar processos e práticas demonstrativas de modo a sentir segurança no debate de questões científicas, tecnológicas, socioambientais e do mundo do trabalho, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.

(__)Analisar, compreender e explicar características, fenômenos e processos relativos apenas ao mundo natural, como também as relações que se estabelecem entre eles, exercitando a curiosidade para fazer perguntas, buscar respostas e criar soluções com base nos conhecimentos das Ciências da Natureza.

(__)Avaliar aplicações e implicações políticas, socioambientais e culturais da ciência e de suas tecnologias para propor alternativas aos desafios do mundo contemporâneo, incluindo aqueles relativos ao mundo do trabalho.

(__)Construir argumentos com base em dados, evidências e informações confiáveis e negociar e defender ideias e pontos de vista que promovam a consciência socioambiental e o respeito a si próprio e ao outro, acolhendo e valorizando a diversidade de indivíduos e de grupos sociais, sem preconceitos de qualquer natureza.

(__)Utilizar diferentes linguagens e tecnologias digitais de informação e comunicação para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver problemas das Ciências da Natureza de forma critica, significativa, reflexiva e ética.


Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta: 
Alternativas
Respostas
121: C
122: D
123: E
124: D
125: C
126: E
127: E
128: C
129: A
130: D
131: E
132: B
133: A
134: B
135: C
136: C
137: C
138: D
139: D
140: D