Questões de Concurso
Comentadas para prefeitura de floraí - pr
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Desde sempre, encontramos no discurso do marketing a grande missão de encontrar e satisfazer as necessidades das pessoas. Trabalho benevolente, salvador. O que seria de nós sem essas sedutoras soluções? Então, cabe a pergunta: quais as necessidades das crianças? Diversão? Fantasia? Certamente. Educação? Amor? Saúde? Sem dúvida. E mais tantas outras que não poderíamos citar sem deixar este artigo longo demais.
Mas, será mesmo que são essas as necessidades que impulsionam a gigantesca e bilionária indústria (US$ ou R$ 130bi/ano no Brasil) que tanto preza nossas crianças? 80% da publicidade de alimentos voltada às crianças é de produtos com alto teor de gordura, muito calóricos, pobres em nutrientes. Temos aí um forte indício de que não são estes, acima, os principais fatores motivadores da atuação da indústria no mundo infantil.
As empresas, em sua fúria pelo lucro cada vez mais ampliado, viram nesse público uma grande oportunidade. Necessidade do lucro. Irrefreável. O único motor das empresas. O único fator capaz de movimentá-las em um sentido, e de parar qualquer atividade, se não acontecer. Mas a pergunta que fica no ar é: como ela faz isso? Pela publicidade, que deixou há muito tempo de ter um discurso objetivo. Deixou de tentar convencer. Não estimula mais o logos, a razão. Passou a seduzir. Mexer com as emoções mais primárias. Quanto menos palavras, melhor.
Mas, a publicidade seduz para quê? Por que invocar e estimular as mais primitivas estruturas do inconsciente? Por um simples motivo: é ali que se encontra a maior fragilidade da nossa psique. É por esse caminho que se consegue uma compra por impulso, sem passar pelo crivo da razão, que certamente imporia barreiras lógicas difíceis de serem transpostas por um discurso que pretende criar uma realidade alternativa, melhor forma de vender um produto.
A publicidade explora aquilo que de mais frágil há em nós. Por que, então, tamanho interesse no mundo infantil? Já podemos supor que haja nas crianças uma fragilidade ainda maior, em relação ao mundo adulto. Mas pondero que a fragilidade não é só das crianças. Brevemente, informando que 80% das compras domésticas passam diretamente pela vontade da criança, pondero que há nos pais também grande fragilidade. De contato com as crianças, de conhecimento sobre o que se passa no mundo infantil, de autoridade. Houve uma completa inversão de posições. Quem manda são os pequenos. Está nessas fragilidades o principal interesse das corporações. Seduzindo as crianças há uma enorme possibilidade de “reter na fonte” o salário dos pais. Há muito menos barreiras. Tanto na própria psique infantil quanto na relação destas com os pais.
E por que nas crianças haveria maior vulnerabilidade? As crianças não dispõem do leque de possibilidades existenciais que os adultos dispõem. Para elas, é muito mais difícil visualizar o rol de possibilidades que estão à sua escolha, e acaba refém daquela que se apresenta no seu dia a dia e no cotidiano de seus colegas, justamente através do discurso publicitário. As necessidades grandemente exploradas no mundo infantil são a do pertencimento e da identidade. Ambas fundantes da vida em sociedade. Pois não há sociedade sem união de pessoas em grupos e não há sociedade em que não seja possível reconhecer-se como indivíduo perante o outro. A publicidade, então, busca, a todo o momento, estimular essas duas necessidades. Consumindo, a criança será aceita como consumidora, consumindo, será aceita no grupo de consumidores daquele produto, será afastada dos não-consumidores daquele mesmo produto, e, portanto, terá uma existência social alegradora.
A publicidade estimula as crianças a estabelecerem critérios de seleção dos membros de seus grupos através do consumo, assim como estimula as próprias crianças a projetarem nos produtos aquelas características que desejariam para si mesmas, a inserção em um grupo social, a diferenciação social dentro desse grupo e entre outros grupos, o glamour, e por aí vai. Um exemplo fácil de entender é a relação das crianças com a boneca. Antes, brincar de boneca era um ato maternal. A criança era a mãe da boneca. Hoje, a boneca é uma projeção daquilo que a criança deseja. A criança não mais é a mãe da boneca, é a própria boneca.
Assim, a publicidade está no centro do comportamento infantil, levando as crianças para onde quer, a partir de suas necessidades de pertencimento e identidade, explorando sua fragilidade psíquica e os fracos laços que as ligam aos pais. Esta é uma questão que, certamente, merece muita atenção e discussão por todos que prezem minimamente pela vida das próximas gerações.
Disponível em: http://luz.cpflcultura.com.br
Na frase: “Há muito menos barreiras”, a palavra em destaque funciona como:
Nas escolas particulares de SP, internet substitui livros
Muitos jovens passaram a fazer todas as pesquisas da escola na web
Educadores tentam coibir prática e aproximar adolescentes de livro
Luciana Bonadio Do G1, em São Paulo
Abrir um livro, procurar um tema no índice, ler algumas páginas sobre um assunto e fazer um trabalho para a escola. A internet fez os estudantes das escolas mais caras de São Paulo se afastarem das bibliotecas. Com a facilidade da pesquisa na web, os adolescentes admitem que, na maioria das vezes, passam longe dos livros para fazer as pesquisas pedidas pelos professores. (...)
“A maioria, ou quase todos, usa a internet para fazer pesquisas porque é mais prático. Você digita a palavra-chave e acha o que está procurando”, afirma a estudante A.C.C., de 15 anos (...).
Para o aluno R.B., de 15 anos, (...) a internet pode ser uma boa ferramenta para o estudo, desde que o jovem saiba onde procurar. “Eu uso o Google quando quero algo mais geral. Para uma pesquisa escolar, eu uso sites de jornais e revistas”, explica. O jovem defende que a internet deve ser usada como “algo a mais” e não como única fonte de informação.
Muitos alunos, entretanto, usam exclusivamente os sites para o estudo. “É mais fácil, mais rápido, você precisa procurar menos e não tem que ir até a biblioteca para pegar um livro”, diz K.H., de 17 anos, estudante do 3º ano do Ensino Médio (...).
Por conta disto, a escola procura criar projetos para aproximar os jovens dos livros. “Na disciplina de português, existe um projeto para incentivar os alunos a usarem a biblioteca”, explica o professor Mário A., de 53 anos (...).
O professor defende que a internet pode ser uma boa fonte para os estudos, desde que bem usada. “Não pode ser a única fonte de informação. Mas temos um trabalho para que, quando os alunos usarem, utilizarem bem. Não simplesmente copiar e colar”, conta.
A prática de apenas copiar o conteúdo da internet é difundida entre os estudantes. “Eu faço pesquisa para o colégio, costumo copiar e colar. Também pego resumo dos livros”, admite C. H., de 17 anos, estudante do 2º ano do Ensino Médio (...). Mas ele sabe que a prática prejudica o aprendizado. “Nem dá para aprender muito”, afirma.
Por outro lado, há jovens que não confiam nas informações encontradas em sites de busca na web. “Eu pego a informação e, como não sei se está certo, confirmo em um livro”, diz o estudante P.L., de 15 anos (...)
Texto adaptado. Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,M UL13533-9356,00- NAS+ESCOLAS+PARTICULARES+DE+SP+INTERNET+ SUBSTITUI+LIVROS.html
De acordo com o Texto 01, por que jovens de escolas caras de São Paulo não têm procurado bibliotecas e livros para realizarem seus trabalhos de escola?
Um homem de consciência
Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.
Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E por muito tempo não quis nem sequer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor.
Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o deperecimento visível de sua Itaoca.
Isto já foi muito melhor, dizia consigo. Já teve três médicos bem bons – agora só um bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para um rábula ordinário como o Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui. A gente que presta se muda. Fica o restolho. Decididamente, a minha Itaoca está se acabando.
João Teodoro entrou a incubar a ideia de também mudar-se, mas isso necessitava dum fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto ou arranjo possível.
– É isso, deliberou lá por dentro. Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca não vale mais nada de nada de nada, então arrumo a trouxa e boto-me fora daqui.
Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. Nosso homem recebeu a notícia como se fosse uma porretada no crânio. Delegado, ele! Ele não era nada, nunca fora nada, não queria ser nacada, não se julgava capaz de nada...
Ser delegado numa cidadinha daquelas é coisa seríssima. Não há cargo mais importante. É o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com o governo. Uma coisa colossal ser delegado – e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de Itaoca!...
João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando e arrumando as malas. Pela madrugada botou-as num burro, montou no seu cavalo magro e partiu.
– Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens?
– Vou-me embora, respondeu retirante. Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim.
– Mas, como? Agora que você está delegado?
– Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado, eu não moro. Adeus.
E sumiu.
Fonte: LOBATO, Monteiro. Cidades Mortas. São Paulo: Globo, 2008.
Vocabulário: Rábula: quem exerce advocacia sem ser qualificado.
O Texto 02 apresenta uma série de adjetivos que caracterizam João Teodoro e a cidade de Itaoca. Assinale a alternativa em que o adjetivo esteja apresentado no grau superlativo: