Questões de Concurso
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O Brasil foi até bem pouco tempo atrás um país com comunicações precárias e uma sociedade com base na vida rural. Os jovens de hoje só conhecem essa realidade pelos livros de história. Quando eles nasceram, nos anos 80, o país já tinha instalado um parque industrial grande e moderno e estava conectado por redes de comunicações e por satélites. Na década seguinte, essa modernidade se traduziu na entrada da mesma tecnologia disponível em países mais desenvolvidos. Para o adolescente, telefone celular, videogame, cartão eletrônico e computador sempre estiveram presentes. O PC é um equipamento que acompanhou o jovem praticamente desde seu nascimento. Muitos foram alfabetizados digitando no teclado. Uma pesquisa conduzida com 2.098 adolescentes em sete capitais brasileiras, pela consultoria CPM Research, mostra que mais da metade deles sabem usar o computador e que 49% o usa regularmente na escola.
A rapidez com que novas formas de comunicação foram desenvolvidas nos últimos anos, misturando texto, som e imagem, causou uma revolução nos hábitos e costumes. A geração imediatamente anterior, nascida nos anos 70, enfrentou o desafio de crescer nos centros urbanos sem a presença da mãe, inserida no mercado de trabalho, e com os olhos grudados na telinha da TV, em atitude passiva. Em tese, pouca coisa mudou, os jovens de hoje também passam boa parte do tempo sozinhos, sem a presença de adultos. A diferença é que o computador se transformou numa babá eletrônica mais interessante que a televisão. Com a internet, o centro do mundo dessa geração, o hábito do entretenimento eletrônico passou a ser interativo e nada solitário. O adolescente pode participar de um jogo virtual com um amigo conectado do outro lado do mundo ou se comunicar com a namorada via e-mail. A internet também serve para ajudar em trabalhos escolares, baixar a música do conjunto favorito ou entrar em um blog de discussão sobre o filme da moda. "O que mais me fascina no computador e na internet é a possibilidade de poder aprender sozinho", resume o estudante paulista Thiago Graziani Traue, de 16 anos, que navega pelo menos três horas por dia.
A disseminação do uso da rede de computadores já está revalorizando a linguagem escrita – o que não deixa de ser fascinante, quando se sabe que o hábito de leitura é cada vez menos frequente, principalmente entre os jovens. A consequência mais visível, segundo o pesquisador americano Walter Ong, da Universidade Harvard, é o surgimento de uma "segunda alfabetização". A popularização dos programas de mensagem instantânea, como o Messenger, comprova a tese da Ong. Eles funcionam como um correio eletrônico em tempo real. Basta acessar a internet e usar o programa. Além de encurtar distâncias, o diálogo é rápido, instantâneo mesmo. Alguém digita de um lado e o interlocutor, na outra ponta, recebe o recado na hora. A rapidez é codificada por sinais gráficos e pontuada por inúmeras abreviações. "Talvez" vira "tv", "demais" é digitado com um simples "D+", e assim por diante. Já existe um vocabulário próprio, embrião da nova linguagem que invade a tela dos computadores e também de celulares e outros meios de comunicação que utilizam a linguagem escrita on-line.
A rapidez e a destreza em localizar e selecionar informações são alguns dos trunfos dessa geração digital. Muitos educadores se preocupam com os efeitos que a comunicação eletrônica possa ter sobre os adolescentes. Notam entre muitos deles a dificuldade de ler textos discursivos ou de se concentrar muito tempo numa única atividade. Aulas tradicionais, nas quais o professor fala e escreve no quadro de giz, já não prendem a atenção dos alunos. "O adolescente está super exposto à informação e tem habilidade para processar várias coisas ao mesmo tempo", diz Sérgio Américo Boggio, diretor de informática do Colégio Bandeirantes, de São Paulo, pioneiro na utilização de métodos computacionais na sala de aula. "Mas tem dificuldade em se aprofundar em qualquer assunto", completa. Para compensar os excessos da linguagem eletrônica, algumas escolas têm aumentado a carga de leitura nos cursos e oferecido atividades complementares típicas da era pré-digital, como cursos de atividades manuais. Os alunos se dedicam a montar caixas e prismas para treinar a observação de objetos tridimensionais. É possível que muitos deles apanhem feio na hora de manipular réguas, tesouras e papelão. Mas são imbatíveis com um mouse na mão.
Revista Veja/Jul 2003 - Especial Jovens. Disponível em: http://www.guiame.com.br/v4/139520-1706-A-gerao-pontocom.html
Considere as seguintes informações:
I. O entretenimento por meio da internet deixou de ser algo solitário.
II. A geraçãoponto com contempla os adolescentes que nasceram na era de comunicações precárias, em uma sociedade com base na vida rural.
III. A segunda alfabetização refere-se à língua falada pelos jovens nos ambientes escolares.
IV. Apesar dos adolescentes terem dificuldades no momento de ler textos, eles dominam a tecnologia porque foram inseridos desde pequenos nas novas formas de comunicação.
V. Mesmo com o advento da internet, as aulas tradicionais ainda continuam atraindo a atenção dos alunos.
VI. O autor admite que o computador se transformou em uma babá eletrônica tão interessante quanto à televisão.
VII. Muitos adolescentes da nova geração foram alfabetizados digitando no teclado.
Em relação ao texto, está CORRETO somente o que se afirma em: