Questões de Concurso Comentadas para tj-ce

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Q1991599 Engenharia de Software
Considere que o Git foi configurado com sucesso, em condições ideais, em ambiente Linux. Depois, o usuário, a partir de seu projeto, em sua máquina local, digitou o seguinte comando: >> git branch. O resultado apresentado foi o nome do primeiro branch criado automaticamente pelo Git: 
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Q1991598 Programação
Considere o trecho de código em Ruby.
class Calcula       def self.soma(x,y)
            puts (x+y)       end       def self.soma(x,y,2Z)             puts (x+y+z)       end
end 


Considerando um ambiente de testes em condições ideais, 
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Q1991597 Programação

Considere o trecho de código PHP abaixo.


<?php

Sservername = "localhost" ;

Sdatabase = "dbname" ;

Susername = "username" ;

Spassword = "password";

Sconn = ...I... ($servername, Susername, Spassword, Sdatabase) ;

if (!$conn) {


        die("Conexão falhou. Erro: ". ...II...) ;

}

echo "Conexão bem-sucedida.";

...III... ($conn) ; 

>


Para fazer a conexão com o banco de dados MySQL de forma bem-sucedida, em condições ideais, as lacunas I, II e III devem ser, correta e respectivamente, preenchidas com  

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Q1991594 Engenharia de Software
A implantação de uma solução de machine leaming tipicamente passa por 5 fases. Na fase inicial, deve-se ter clareza quanto à pergunta ou problema para o qual se busca uma solução e quanto às informações que serão utilizadas, sejam elas de propriedade do interessado ou a serem adquiridas no mercado. As outras fases são:

I Treinar o modelo ajustando os atributos, parâmetros de treinamento e algoritmos até que o modelo produza os resultados desejados. A validação é realizada comparando-se as predições com os resultados reais.
II Monitorar os resultados das predições para verificar se o modelo continua generalizando. Se houver uma diminuição significativa na capacidade de predição do modelo, este deve ser treinado novamente com novos dados ou até mesmo os algoritmos, atributos e parâmetros de treinamento devem ser ajustados.
III Definir o objetivo do aprendizado de máquina, estruturar o modelo que será o responsável por realizar as predições e adequar os dados para os algoritmos selecionados.
IV Verificar se o modelo generaliza. No caso de o modelo não generalizar, deve-se retornar para as fases anteriores ou até mesmo para a fase inicial. Se generalizar, o modelo já pode seguir para a produção.

A ordem sequencial correta das outras fases é: 
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Q1991593 Governança de TI
Os três princípios da Estrutura de Governança do COBIT 2019 são definidos como sendo uma estrutura que deve
- ser ...I... , permitindo que novos conteúdos possam ser incorporados e novos problemas possam ser abordados, sem perder a integridade e a consistência.   - estar ...II... , estruturas e regulamentos pertinentes. - ser ...III..., com os componentes principais e seus relacionamentos identificados, de forma a maximizar a consistência e permitir a automação dos processos.
As lacunas I, II e III são, correta e respectivamente, preenchidas por
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Q1991592 Engenharia de Software
“Realizar o controle integrado de mudanças” tem por objetivo revisar e aprovar todas as solicitações de mudança, gerenciar as mudanças nas entregas, nos ativos de processos organizacionais, nos documentos de projeto e no plano de gerenciamento do projeto e, ainda, comunicar as decisões sobre os mesmos. Traz como principal benefício o fato de que as mudanças documentadas no projeto sejam consideradas de forma integrada ao abordar o risco geral do projeto.
"Realizar o controle integrado de mudanças”
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Q1991590 Engenharia de Software
Considere duas ferramentas 1 e 2 que permitem a criação de workflows e criam, testam, publicam, fazem o release e implantam código automaticamente.
— Similaridades entre as ferramentas 1 e 2 para a configuração de workflow: os arquivos são escritos em YAML e armazenados no repositório; workflows incluem um ou mais jobs; jobs incluem um ou mais passos ou comandos individuais; passos ou atividades podem ser reutilizados ou compartilhados com a comunidade.
— Diferenças principais ao se fazer a migração da ferramenta 1 para a ferramenta 2: o paralelismo de teste automático da ferramenta 1 agrupa automaticamente os testes de acordo com as regras especificadas pelo usuário ou informações históricas de tempo e essa funcionalidade não está incorporada na ferramenta 2.
— Ao fazer a migração de workflows: a ferramenta 1 define workflows no arquivo config. yml, que permite configurar mais de um workflow. A ferramenta 2 requer um arquivo de workflow para cada workflow e será necessário criar um novo arquivo de workflow para cada workflow configurado em config. yml.
Pelas características apresentadas, as ferramentas 1 e 2 correspondem, correta e respectivamente, a 
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Q1991589 Engenharia de Software
Considere a lista de aplicações abaixo.

I. Assistentes virtuais e ferramentas de chatbot
II. App de internet banking.
III. Ferramenta RPA para automatizar um processo administrativo de back-office.
IV. App para divulgação de campanha de e-mail marketing.
V. Ferramenta para controle automatizado de carro autônomo.

As aplicações que pertencem a categorias típicas de sistemas Low-code/No-Code são as que constam APENAS em 
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Q1991587 Legislação dos Tribunais de Justiça (TJs)
Atenção: A questão refere-se ao conteúdo Programático de Noções de Direito Administrativo.  

De acordo com o que dispõe a Lei estadual nº 16.397/2017, que disciplina a organização do Poder Judiciário do Estado do Ceará, os denominados serviços do foro extrajudicial  
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Q1991585 Direito Constitucional
Atenção: A questão refere-se ao conteúdo Programático de Noções de Direito Constitucional e foram baseadas na Constituição Federal de 1988. 


Aquele que comprovar insuficiência de recursos poderá obter a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita,  
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Q1991584 Direito Constitucional
Atenção: A questão refere-se ao conteúdo Programático de Noções de Direito Constitucional e foram baseadas na Constituição Federal de 1988. 


Considere as seguintes situações:
I. Francisca deseja homologar uma decisão estrangeira no Brasil.

II. O Presidente da República deseja propor ação direta de inconstitucionalidade para que determinada lei federal seja declarada inconstitucional.
III. Carlos deseja impetrar habeas data contra ato de Ministro de Estado.
IV. Filomena deseja impetrar mandado de segurança contra ato do Procurador-Geral da República.

Considerando apenas as informações fornecidas, a competência para processar e julgar, originariamente, as situações acima referidas é, respectivamente, do  
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Q1991579 Raciocínio Lógico
Cada quadradinho do tabuleiro 5 x 4 deve ser pintado com as cores Azul (A), Bege (B), Preto (P) e Verde (V), de modo que quadradinhos vizinhos tenham cores diferentes. Considera-se aqui que dois quadradinhos são vizinhos se tiverem pelo menos um vértice em comum. O tabuleiro já começou a ser pintado, como mostra a figura abaixo.  
Imagem associada para resolução da questão

A cor com a qual deve ser pintado o quadradinho marcado com um X é: 
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Q1991575 Inglês

Considere a ilustração abaixo. 


Imagem associada para resolução da questão


No primeiro quadrinho, “(Sigh)” indica que a personagem Anne está 

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Q1991574 Inglês
       BYOD (Bring Your Own Device) refers to the policy of allowing employees to supply their own computing devices for use at work. Employers save money by eliminating hardware purchasing and maintenance overhead, and employees enjoy the freedom of choice to use whichever mobile phone, tablet or laptop that best meets their preferences.
       For example, a user may have a Windows PC for work and a MacBook for a personal laptop. The keyboard shortcuts for each platform are slightly different, making it easy to mangle copy-paste functions in word processors and spreadsheets. Using the same BYOD MacBook for work and personal computing eliminates these switchover errors.              Even for non-SaaS organizations, user error typically represents a third of all data loss, second only to hardware failure. The reduction in user error gained from BYOD policies is present regardless of whether an employee is creating a document in Google Apps or Microsoft Word.
       There has yet been no rigorous study of the change in rates of user error before and after adopting BYOD policies. Nonetheless, it's safe to assume that some level of user error is reduced by familiarity and comfort with BYOD devices.
       BYOD can't make your data invulnerable, but combined with good security policies, regular user training and effective data backup, it can make a noticeable difference in the availability and integrity of your company data.

(Disponível em: https://www.wired.com
Inthe fragment from the fourth paragraph "Nonetheless, it's safe to assume that some level of user error is reduced by familiarity and comfort with BYOD devices" the underlined expression can be replaced, without any change in the meaning of the sentence, by:  
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Q1991573 Inglês
       BYOD (Bring Your Own Device) refers to the policy of allowing employees to supply their own computing devices for use at work. Employers save money by eliminating hardware purchasing and maintenance overhead, and employees enjoy the freedom of choice to use whichever mobile phone, tablet or laptop that best meets their preferences.
       For example, a user may have a Windows PC for work and a MacBook for a personal laptop. The keyboard shortcuts for each platform are slightly different, making it easy to mangle copy-paste functions in word processors and spreadsheets. Using the same BYOD MacBook for work and personal computing eliminates these switchover errors.              Even for non-SaaS organizations, user error typically represents a third of all data loss, second only to hardware failure. The reduction in user error gained from BYOD policies is present regardless of whether an employee is creating a document in Google Apps or Microsoft Word.
       There has yet been no rigorous study of the change in rates of user error before and after adopting BYOD policies. Nonetheless, it's safe to assume that some level of user error is reduced by familiarity and comfort with BYOD devices.
       BYOD can't make your data invulnerable, but combined with good security policies, regular user training and effective data backup, it can make a noticeable difference in the availability and integrity of your company data.

(Disponível em: https://www.wired.com
According to the text, Bring Your Own Device (BYOD) policies:  
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Q1991572 Português
       Por que não aprendi a tocar violão? Sempre me constituiu motivo de tristeza e humilhação esta precária musicalidade. Uns tocam piano, existe até quem toque harpa. Eu, nem ao violão me afiz. E não se diga que era pouco o esforço de D. Chiquinha, minha mestra. Afinava, afinava, apertava as cravelhas, dava um dó agudíssimo na prima, depois outro dó grave no bordão...
     Eu pegava no violão de luxo que minha madrinha de crisma mandara do Pará, ajeitava-o mal e mal no colo, começava de boa vontade: dum, dum, dum...
       — Não! Valha-me Santa Cecília! Segunda! Mude!
       E eu: dum, dum, dum...
      Ai, música, divina música. D. Chiquinha carpia-se. Tanto sentimento de que ela dava exemplo, tanta devoção empregada à toa. Eu recomeçava, dócil: primeira, segunda...
       — D. Chiquinha, fiquei com uma bolha no dedo.
    Já não sei como a descobrimos: decerto andava nas suas idas e vindas de casa em casa de aluno. Cobrava dez mil-réis por mês e mais o dinheiro do bonde. Duas aulas por semana.
     Professora de violão, o seu sonho secreto fora sempre o violino, entretanto. Nas prateleiras da sua sala, guardava ela o seu estradivário — uma rabeca de cego, fanhosa, inválida, metida numa remendada mortalha de veludo azul. Em certos dias de bom humor e segredo, ela pegava comovida o arco e executava ao violino a valsa dos Sinos de Comeville.
     Fora desfeita da sorte aquele meu fracasso, porque eu me supunha dotada e alimentava ambições. Chegara até a pensar, não digo em concertos, mas num brilhante recital de caridade em que aparecesse de vestido comprido (teria então uns doze anos) e, num belo contralto, cantasse ao violão certo tango argentino da minha preferência. Mas tudo neste mundo são vaidades: jamais atingi o tango argentino.
       Voltando a D. Chiquinha: o instrumento plebeu que ensinava constituía para minha mestra uma fonte de dissabores. A começar pelo apelido que lhe davam: D. Chiquinha do Violão. Quando alguém o repetia em sua frente, ela corrigia logo, irritada: — Chiquinha do Violão, não senhor. Francisca dos Santos. Violão não é meu dono.
       Por música clássica não tinha interesse, ou antes, a ignorava. Para D. Chiquinha, a mais requintada manifestação de arte era a serenata. E dentro desse critério me ensinava visando talvez fazer de mim o que ela já fora em moça —- a musa de todos os seresteiros da cidade. Sim, não só objeto passivo de canções e arpejos noturnos mas musa ativa e colaborante. O seresteiro dizia da calçada a sua trova, e lá da penumbra da alcova a donzela tomava do violão e na mesma toada respondia. Eram essas as suas lembranças mais queridas, aqueles duelos musicais, canta tu de lá, canto eu de cá-e entre os dois o grupo desvanecido dos comparsas que ajudavam no acompanhamento.   
       Nos acompanhamentos, a nossa favorita era a modinha “A mais gentil das praieiras”. Dessa eu gostava muito. Porém a mão rebelde não me acompanhava o entusiasmo.


(Adaptado de: QUEIROZ, Rachel. “A mais gentil das praieiras”. Melhores crônicas. São Paulo: Global Editora, 2012, 1? edição digital)  
Chegara até a pensar, não digo em concertos, mas num brilhante recital de caridade em que aparecesse de vestido comprido (teria então uns doze anos) e, num belo contralto, cantasse ao violão certo tango argentino da minha preferência.
Consideradas as relações de sentido estabelecidas pelo contexto, substituindo “Chegara" por “Cheguei”, os verbos sublinhados assumirão as seguintes formas: 
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Q1991571 Português
       Por que não aprendi a tocar violão? Sempre me constituiu motivo de tristeza e humilhação esta precária musicalidade. Uns tocam piano, existe até quem toque harpa. Eu, nem ao violão me afiz. E não se diga que era pouco o esforço de D. Chiquinha, minha mestra. Afinava, afinava, apertava as cravelhas, dava um dó agudíssimo na prima, depois outro dó grave no bordão...
     Eu pegava no violão de luxo que minha madrinha de crisma mandara do Pará, ajeitava-o mal e mal no colo, começava de boa vontade: dum, dum, dum...
       — Não! Valha-me Santa Cecília! Segunda! Mude!
       E eu: dum, dum, dum...
      Ai, música, divina música. D. Chiquinha carpia-se. Tanto sentimento de que ela dava exemplo, tanta devoção empregada à toa. Eu recomeçava, dócil: primeira, segunda...
       — D. Chiquinha, fiquei com uma bolha no dedo.
    Já não sei como a descobrimos: decerto andava nas suas idas e vindas de casa em casa de aluno. Cobrava dez mil-réis por mês e mais o dinheiro do bonde. Duas aulas por semana.
     Professora de violão, o seu sonho secreto fora sempre o violino, entretanto. Nas prateleiras da sua sala, guardava ela o seu estradivário — uma rabeca de cego, fanhosa, inválida, metida numa remendada mortalha de veludo azul. Em certos dias de bom humor e segredo, ela pegava comovida o arco e executava ao violino a valsa dos Sinos de Comeville.
     Fora desfeita da sorte aquele meu fracasso, porque eu me supunha dotada e alimentava ambições. Chegara até a pensar, não digo em concertos, mas num brilhante recital de caridade em que aparecesse de vestido comprido (teria então uns doze anos) e, num belo contralto, cantasse ao violão certo tango argentino da minha preferência. Mas tudo neste mundo são vaidades: jamais atingi o tango argentino.
       Voltando a D. Chiquinha: o instrumento plebeu que ensinava constituía para minha mestra uma fonte de dissabores. A começar pelo apelido que lhe davam: D. Chiquinha do Violão. Quando alguém o repetia em sua frente, ela corrigia logo, irritada: — Chiquinha do Violão, não senhor. Francisca dos Santos. Violão não é meu dono.
       Por música clássica não tinha interesse, ou antes, a ignorava. Para D. Chiquinha, a mais requintada manifestação de arte era a serenata. E dentro desse critério me ensinava visando talvez fazer de mim o que ela já fora em moça —- a musa de todos os seresteiros da cidade. Sim, não só objeto passivo de canções e arpejos noturnos mas musa ativa e colaborante. O seresteiro dizia da calçada a sua trova, e lá da penumbra da alcova a donzela tomava do violão e na mesma toada respondia. Eram essas as suas lembranças mais queridas, aqueles duelos musicais, canta tu de lá, canto eu de cá-e entre os dois o grupo desvanecido dos comparsas que ajudavam no acompanhamento.   
       Nos acompanhamentos, a nossa favorita era a modinha “A mais gentil das praieiras”. Dessa eu gostava muito. Porém a mão rebelde não me acompanhava o entusiasmo.


(Adaptado de: QUEIROZ, Rachel. “A mais gentil das praieiras”. Melhores crônicas. São Paulo: Global Editora, 2012, 1? edição digital)  
Professora de violão, o seu sonho secreto fora sempre o violino, entretanto.
O termo sublinhado assinala, no contexto, uma 
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Q1991570 Português
       Por que não aprendi a tocar violão? Sempre me constituiu motivo de tristeza e humilhação esta precária musicalidade. Uns tocam piano, existe até quem toque harpa. Eu, nem ao violão me afiz. E não se diga que era pouco o esforço de D. Chiquinha, minha mestra. Afinava, afinava, apertava as cravelhas, dava um dó agudíssimo na prima, depois outro dó grave no bordão...
     Eu pegava no violão de luxo que minha madrinha de crisma mandara do Pará, ajeitava-o mal e mal no colo, começava de boa vontade: dum, dum, dum...
       — Não! Valha-me Santa Cecília! Segunda! Mude!
       E eu: dum, dum, dum...
      Ai, música, divina música. D. Chiquinha carpia-se. Tanto sentimento de que ela dava exemplo, tanta devoção empregada à toa. Eu recomeçava, dócil: primeira, segunda...
       — D. Chiquinha, fiquei com uma bolha no dedo.
    Já não sei como a descobrimos: decerto andava nas suas idas e vindas de casa em casa de aluno. Cobrava dez mil-réis por mês e mais o dinheiro do bonde. Duas aulas por semana.
     Professora de violão, o seu sonho secreto fora sempre o violino, entretanto. Nas prateleiras da sua sala, guardava ela o seu estradivário — uma rabeca de cego, fanhosa, inválida, metida numa remendada mortalha de veludo azul. Em certos dias de bom humor e segredo, ela pegava comovida o arco e executava ao violino a valsa dos Sinos de Comeville.
     Fora desfeita da sorte aquele meu fracasso, porque eu me supunha dotada e alimentava ambições. Chegara até a pensar, não digo em concertos, mas num brilhante recital de caridade em que aparecesse de vestido comprido (teria então uns doze anos) e, num belo contralto, cantasse ao violão certo tango argentino da minha preferência. Mas tudo neste mundo são vaidades: jamais atingi o tango argentino.
       Voltando a D. Chiquinha: o instrumento plebeu que ensinava constituía para minha mestra uma fonte de dissabores. A começar pelo apelido que lhe davam: D. Chiquinha do Violão. Quando alguém o repetia em sua frente, ela corrigia logo, irritada: — Chiquinha do Violão, não senhor. Francisca dos Santos. Violão não é meu dono.
       Por música clássica não tinha interesse, ou antes, a ignorava. Para D. Chiquinha, a mais requintada manifestação de arte era a serenata. E dentro desse critério me ensinava visando talvez fazer de mim o que ela já fora em moça —- a musa de todos os seresteiros da cidade. Sim, não só objeto passivo de canções e arpejos noturnos mas musa ativa e colaborante. O seresteiro dizia da calçada a sua trova, e lá da penumbra da alcova a donzela tomava do violão e na mesma toada respondia. Eram essas as suas lembranças mais queridas, aqueles duelos musicais, canta tu de lá, canto eu de cá-e entre os dois o grupo desvanecido dos comparsas que ajudavam no acompanhamento.   
       Nos acompanhamentos, a nossa favorita era a modinha “A mais gentil das praieiras”. Dessa eu gostava muito. Porém a mão rebelde não me acompanhava o entusiasmo.


(Adaptado de: QUEIROZ, Rachel. “A mais gentil das praieiras”. Melhores crônicas. São Paulo: Global Editora, 2012, 1? edição digital)  
A narradora recorre à ironia na seguinte passagem: 
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Q1991569 Português
       Por que não aprendi a tocar violão? Sempre me constituiu motivo de tristeza e humilhação esta precária musicalidade. Uns tocam piano, existe até quem toque harpa. Eu, nem ao violão me afiz. E não se diga que era pouco o esforço de D. Chiquinha, minha mestra. Afinava, afinava, apertava as cravelhas, dava um dó agudíssimo na prima, depois outro dó grave no bordão...
     Eu pegava no violão de luxo que minha madrinha de crisma mandara do Pará, ajeitava-o mal e mal no colo, começava de boa vontade: dum, dum, dum...
       — Não! Valha-me Santa Cecília! Segunda! Mude!
       E eu: dum, dum, dum...
      Ai, música, divina música. D. Chiquinha carpia-se. Tanto sentimento de que ela dava exemplo, tanta devoção empregada à toa. Eu recomeçava, dócil: primeira, segunda...
       — D. Chiquinha, fiquei com uma bolha no dedo.
    Já não sei como a descobrimos: decerto andava nas suas idas e vindas de casa em casa de aluno. Cobrava dez mil-réis por mês e mais o dinheiro do bonde. Duas aulas por semana.
     Professora de violão, o seu sonho secreto fora sempre o violino, entretanto. Nas prateleiras da sua sala, guardava ela o seu estradivário — uma rabeca de cego, fanhosa, inválida, metida numa remendada mortalha de veludo azul. Em certos dias de bom humor e segredo, ela pegava comovida o arco e executava ao violino a valsa dos Sinos de Comeville.
     Fora desfeita da sorte aquele meu fracasso, porque eu me supunha dotada e alimentava ambições. Chegara até a pensar, não digo em concertos, mas num brilhante recital de caridade em que aparecesse de vestido comprido (teria então uns doze anos) e, num belo contralto, cantasse ao violão certo tango argentino da minha preferência. Mas tudo neste mundo são vaidades: jamais atingi o tango argentino.
       Voltando a D. Chiquinha: o instrumento plebeu que ensinava constituía para minha mestra uma fonte de dissabores. A começar pelo apelido que lhe davam: D. Chiquinha do Violão. Quando alguém o repetia em sua frente, ela corrigia logo, irritada: — Chiquinha do Violão, não senhor. Francisca dos Santos. Violão não é meu dono.
       Por música clássica não tinha interesse, ou antes, a ignorava. Para D. Chiquinha, a mais requintada manifestação de arte era a serenata. E dentro desse critério me ensinava visando talvez fazer de mim o que ela já fora em moça —- a musa de todos os seresteiros da cidade. Sim, não só objeto passivo de canções e arpejos noturnos mas musa ativa e colaborante. O seresteiro dizia da calçada a sua trova, e lá da penumbra da alcova a donzela tomava do violão e na mesma toada respondia. Eram essas as suas lembranças mais queridas, aqueles duelos musicais, canta tu de lá, canto eu de cá-e entre os dois o grupo desvanecido dos comparsas que ajudavam no acompanhamento.   
       Nos acompanhamentos, a nossa favorita era a modinha “A mais gentil das praieiras”. Dessa eu gostava muito. Porém a mão rebelde não me acompanhava o entusiasmo.


(Adaptado de: QUEIROZ, Rachel. “A mais gentil das praieiras”. Melhores crônicas. São Paulo: Global Editora, 2012, 1? edição digital)  
Ao relembrar as aulas de violão, a cronista 
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Q1991568 Português
1. Qual é a principal obra que produzem os autores e narradores dos novos gêneros autobiográficos? Um personagem chamado eu. O que todos criam e recriam ao performar as suas vidas nas vitrines interativas de hoje é a própria personalidade.
2. A autoconstrução de si como um personagem visível seria uma das metas prioritárias de grande parte dos relatos cotidianos, compostos por imagens autorreferentes, numa sorte de espetáculo pessoal em diálogo com os demais membros das diversas redes.
3. Por isso, os canais de comunicação das mídias sociais da intemet são também ferramentas para a criação de si. Esses instrumentos de autoestilização agora se encontram à disposição de qualquer um. Isso significa um setor crescente da população mundial, mas também, ao mesmo tempo, remete a outro sentido dessa expressão. “Qualquer um” significa ninguém extraordinário, em princípio, por ter produzido alguma coisa excepcional, e que tampouco se vê impelido a fazê-lo para virar um personagem público. A insistência nessa ideia de que “agora qualquer um pode” encontra-se no ceme das louvações democratizantes plasmadas em conceitos como os de “inclusão digital”, recorrentes nas análises mais entusiastas destes fenômenos, tanto no âmbito acadêmico como no jornalístico.
4. Em que pese a suposta liberdade de escolha de cada usuário, há códigos implícitos e fórmulas bastante explícitas para o sucesso dessa autocriação.
5. As diversas versões dessas personalidades que performam em múltiplas telas admitem certa variabilidade individual, mas costumam partir de uma base comum. Essa modalidade subjetiva que hoje triunfa está impregnada com alguns vestígios do estilo do artista romântico, mas não se trata de alguém que procura produzir uma obra independente do seu criador. Ao invés disso, toda a energia e os recursos estilísticos estão dirigidos a que esse autor de si mesmo seja capaz de criar um personagem dotado de uma personalidade atraente. Trata-se de uma obra para ser vista e, nessa exposição, a obra precisa conquistar os aplausos do público. É uma subjetividade que se autocria em contato permanente com o olhar alheio, algo que se cinzela a todo momento para ser compartilhado, curtido, comentado e admirado. Por isso, trata-se de um tipo de construção de si alterdirigida, recorrendo aos conceitos propostos pelo sociólogo David Riesman, no livro A multidão solitária.

(Adaptado de: Paula Sibilia. O show do eu: a intimidade como espetáculo. Contraponto, edição digital)  
Está correta a redação da seguinte frase: 
Alternativas
Respostas
101: C
102: A
103: E
104: A
105: C
106: C
107: B
108: D
109: C
110: B
111: A
112: D
113: C
114: D
115: B
116: A
117: B
118: B
119: C
120: E