Questões de Concurso
Comentadas para professor - artes
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(DESGRANGES, Flávio. A Pedagogia do Teatro: provocação e dialogismo. São Paulo: Hucitec, 2006. p. 96.)
As opções a seguir descrevem corretamente objetivos do ensino e da aprendizagem teatral, à exceção de uma. Assinale-a.
(...) Permite trabalhar a capacidade criativa, a imaginação e a percepção, desenvolvendo de forma integrada o conhecimento corporal e o intelectual. (...) Contribui para o conhecimento do variado repertório da dança brasileira e internacional, desenvolvendo a capacidade de interpretar e apreciar esta linguagem artística. (...) Resgata as danças populares folclóricas, a serem reproduzidas em função do calendário comemorativo, o que contribui para a formação de um nacionalismo internacional.
As afirmativas são, respectivamente,
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Com relação à poética de Arthur Bispo do Rosário, com base nas imagens acima, analise as afirmativas a seguir.
I. Vestimentas tradicionais da cultura brasileira são utilizadas pelo artista como matéria para a sua imaginação criativa. II. O Manto, construído artesanalmente, funciona como um memorial no qual ele inscreve a sua mensagem artística. III. O artista parte das suas experiências culturais ligadas às procissões, desfiles e festas populares e as ressignifica ao produzir um objeto artístico que pode ser vestido ou exposto. Assinale:
Assinale a alternativa que nega a seguinte proposição:
Algum professor que trabalha na escola não é efetivo.
De quantas maneiras diferentes Maria pode fazer a escolha de sua preferência?
Segundo essas instruções, qual é a quantidade máxima de questões que podem ser resolvidas?
Texto: Patíbulos virtuais
Ainda não tinha doze anos quando assisti a um linchamento. Vi um rapaz a fugir de bicicleta. Um homem começou a persegui-lo, a pé, e de repente já eram cinco, dez, uma turba exaltada, correndo, gritando, jogando pedras. Lembro-me de estar inteiro, de coração, numa angústia enorme, com o rapaz que fugia. Não havia nada que pudesse fazer para o ajudar. Minutos antes eu lia, ao sol, numa varanda. Logo a seguir o rapaz pedalava para salvar a vida, lá embaixo, entre uma estradinha de terra vermelha e um vasto descampado coberto de capim.
Desde então estou sempre do lado de quem, sozinho, se vê perseguido por uma multidão. Pouco me importa o que fez o rapaz que corre; o homem que ergue a mão para se proteger da pancada; a mulher que enfrenta, chorando, os insultos de um bando de predadores cobardes.
O surgimento das redes sociais marcou a emergência de um novo patíbulo para os linchadores. Bem sei que a comparação será sempre abusiva. Palavras, por muito aguçadas, por muito duras e pesadas, não racham cabeças. Palavras, por muito venenosas, não são capazes de matar. Em contrapartida, este novo palco tem o poder de juntar em poucos minutos largos milhares de pessoas, todas aos gritos. A estupidez das multidões virtuais é tão concreta quanto a das multidões reais.
Praticamente todas as semanas há alguma figura pública a sofrer perseguição nas redes sociais. [...]
Há alguns anos, em Luanda, afirmei, durante uma entrevista, não entender por que o governo insistia em promover a poesia de Agostinho Neto, primeiro presidente angolano, que a mim sempre me pareceu bastante medíocre. Um conhecido jurista e comentador político, João Pinto, deputado do partido no poder, assinou um artigo defendendo a minha prisão. Foi além: defendeu o restabelecimento da pena de morte e o meu fuzilamento. Segundo ele, eu ofendera não apenas um antigo presidente e herói nacional mas também uma divindade, visto que Agostinho Neto seria um quilamba — ou seja, um intérprete de sereias. Nas semanas seguintes foram publicados muitos outros textos de ódio. Recebi telefonemas com ameaças. Contaram-me que havia pessoas queimando os meus livros. Na altura foi bastante assustador. Hoje olho para trás e rio-me. Recordo o quanto era difícil explicar a jornalistas europeus a acusação de que teria ofendido um intérprete de sereias. Naturalmente, acabei transformando o episódio em literatura. Os europeus e norte-americanos leem aquilo e chamam-lhe realismo mágico.
Os queimadores de livros têm receio não das ideias que os mesmos defendem, mas da sua própria incapacidade para lhes dar resposta. Aqueles que se juntam a multidões virtuais para ameaçar ou troçar de alguém são quase tão perigosos quanto os que correm pelas ruas, jogando pedras — e ainda mais cobardes.
Fecho os olhos e volto a ver o rapaz na bicicleta. Uma pedra atingiu-o na cabeça e ele caiu. A multidão mergulhou sobre ele. Naquele dia deixei de ser criança.
José Eduardo Agualusa. O Globo, Segundo Caderno, 07/03/2016. Disponível em http://oglobo.globo.com/cultura/patibulos-virtuais-18817824#ixzz43ah8BwFY