Questões de Concurso Comentadas para professor - artes

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Q747825 Português

Medo da eternidade

    Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade. 
    Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro eu lucraria não sei quantas balas. 
    Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou: 
    − Tome cuidado para não perder, porque esta bala nunca se acaba. Dura a vida inteira. 
    − Como não acaba? – Parei um instante na rua, perplexa. 
    − Não acaba nunca, e pronto. 
    Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual eu já começara a me dar conta. 
    Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca. 
    − E agora que é que eu faço? − perguntei para não errar no ritual que certamente deveria haver. 
    − Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários. 
    Perder a eternidade? Nunca. 
    O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a escola. 
    − Acabou-se o docinho. E agora? 
    − Agora mastigue para sempre. 
    Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da ideia de eternidade ou de infinito. 
    Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava era aflição. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar. 
    Até que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia. 
    − Olha só o que me aconteceu! – disse eu em fingidos espanto e tristeza. Agora não posso mastigar mais! A bala acabou! 
    − Já lhe disse, repetiu minha irmã, que ela não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá. 
    Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra da boca por acaso. Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim.

06 de junho de 1970

(LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo – crônicas. Rio de Janeiro: Rocco, 1999, p.289-91)

Atente para as afirmações abaixo.

I. Em Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade (1º parágrafo), os adjetivos empregados para qualificar esse contato visam estabelecer um contraste com os acontecimentos que serão efetivamente narrados, deixando entrever a sugestão da autora de que esses fatos, aparentemente importantes, seriam na verdade banais e corriqueiros. II. Em Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita (15º parágrafo), a repetição do verbo “mastigar”, cujo início ecoa ainda na conjunção Mas que inicia a frase seguinte, busca sugerir no campo da própria expressão o que havia de repetitivo nessa atividade e o aborrecimento que já advinha do mascar da goma insossa. III. Em – Olha só o que me aconteceu! – disse eu em fingidos espanto e tristeza. Agora não posso mastigar mais! A bala acabou! (18º parágrafo), o reiterado emprego do sinal de exclamação sugere o exagero próprio do fingimento.

Está correto o que se afirma APENAS em

Alternativas
Q747465 Artes Cênicas
Ferraz e Fusari (1999) nos dizem que “brincar na infância é o meio pelo qual a criança vai organizando suas experiências, descobrindo e recriando seus sentimentos e pensamentos a respeito do mundo, das coisas e das pessoas com as quais convive. Por isso, quanto mais intensa e variável for a brincadeira e o jogo, mais elementos oferecem para o desenvolvimento que está em questão”. Assinale a alternativa que corresponde aos dois aspectos que, conforme as autoras, serão desenvolvidos como consequência.
Alternativas
Q747464 Artes Cênicas
Conforme Ferraz e Fusari (1999), “as atividades lúdicas são (...) indispensáveis à criança para a apreensão dos conhecimentos artísticos e estéticos, pois possibilitam o exercício e o desenvolvimento de alguns importantes aspectos nesta fase”. Assinale a alternativa que contempla estes aspectos, conforme a visão das autoras.
Alternativas
Q747463 Artes Cênicas
Martins, Picosque e Guerra (2010), ao se referirem à busca de uma aprendizagem significativa em arte, dizem que “muitas vezes o aprendiz ainda não viveu encontros felizes com a arte, talvez tenha dificuldades em explorar e comunicar idéias de pensamentos/sentimentos e pode ter aprendido apenas a seguir a lição de outros. Silenciado de seu próprio pensar/sentir, repetidor do pensamento de outro, esse aprendiz terá de ser envolvido na rede da linguagem da arte por outros caminhos.” Assinale a alternativa que aponta para o caminho que as autoras se referem.
Alternativas
Q747462 Artes Cênicas
Sobre Zoltán Kodály, Fonterrada (2008) diz que o objetivo do método desse educador húngaro é “ensinar o espírito do canto a todas as pessoas, além da alfabetização musical para todos, trazendo a música para o cotidiano, nos lares e nas atividades de lazer, de modo a formar público para a música de concerto.” Assinale a alternativa que contém algumas das formas usadas na musicalização com este método.
Alternativas
Q747461 Artes Cênicas
Ao tratar sobre os pressupostos do método do educador belga Edgar Willems, Fonterrada (2008) nos fala que “em sua proposta, Willems dedica-se a dois aspectos: o teórico, que engloba os elementos fundamentais da audição e da natureza humanas, e a correlação entre som e natureza humana, e o prático, em que organiza o material didático necessário à aplicação de suas idéias à educação musical.” Assinale a alternativa que contempla dois pressupostos do método deste educador, segundo a autora:
Alternativas
Q747460 Artes Cênicas
Fonterrada (2008) ao se referir a Emile-Jaques Dalcroze, nos apresenta duas preocupações que acompanharam este educador musical. A primeira diz respeito à “educação musical e a necessidade de sistematização das condutas, em que música, a escuta e o movimento corporal estivessem estreitamente ligados e interdependentes”. Sobre essa base, Dalcroze erigiu seu sistema de educação musical, conhecido como “Rythmique” em língua francesa. Assinale a alternativa que, conforme a autora, diz respeito a segunda preocupação de Emile-Jaaues Dalcroze.
Alternativas
Q747459 Artes Cênicas
Sobre os aspectos do trabalho com a criança, na música, que envolvem a motivação, Jeandot (1993) diz que ela “está relacionada com o prazer obtido na atividade e pode ser despertada pelo jogo. O jogo estimula a criança a escutar e discriminar o som dos instrumentos e os motivos sonoros que se repetem.” A autora cita três tipos de jogos que corresponderiam a três fases do desenvolvimento infantil. Assinale a alternativa que corresponde a um desses tipos de jogos.
Alternativas
Q747458 Artes Cênicas
A educadora musical Nicole Jeandot (1993) relata que: “certa vez, numa classe de crianças de 2 a 4 anos, ao se colocarem à disposição delas pedaços de papel de vários tipos, uma menina de 2 anos, depois de manipulá-los, foi se sentar numa canto da sala levando uma cartolina, que ela revirava entre os dedos. A cadência regular produzia uma sucessão de sons repetidos, alternados por curtos momentos de silêncio. Eu a observei por algum tempo, e em seguida aproximei dela um tambor e duas baquetas. Qual não foi a minha surpresa ao ouvir a mesma cadência dos sons no tambor, produzida ainda com alternância de braços, o que é raro nessa idade! De fato, ela estava prestando atenção no som que realizava.” Assinale a alternativa que condiz com a visão da autora sobre alguns aspectos do processo a ser trabalhado com a criança na construção das linguagens musicais.
Alternativas
Q747457 Artes Cênicas
Schafer(2001) nos diz que “o território básico dos estudos da paisagem sonora estará situado a meio caminho entre a ciência, a sociedade e as artes.” Assim, ele enumera três possibilidades de aprendizagem nestas esferas: “Com a acústica e a psico-acústica aprenderemos a respeito das propriedades físicas do som e do modo pelo qual este é interpretado pelo cérebro humano. Com a sociedade aprenderemos como o homem se comporta com os sons e de que maneira estes afetam e modificam o seu comportamento.” Assinale a alternativa que completa estes itens anteriores.
Alternativas
Q747456 Artes Cênicas
Vejamos o que dizem os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) quanto aos temas transversais: “são questões urgentes que interrogam sobre a vida humana, sobre a realidade que está sendo construída e que demandam transformações macrossociais e também de atitudes pessoais, exigindo, portanto, ensino e aprendizagem de conteúdos relativos a essas duas dimensões.” O compositor e educador Murray Schafer (2001), que traz uma efetiva contribuição, com seu trabalho de ecologia acústica, nos diz que “em primeiro lugar, precisamos ensinar às pessoas como ouvir mais cuidadosa e criticamente a paisagem sonora; depois, precisamos solicitar sua ajuda para replanejá- la.” Assinale a alternativa que está de acordo com esta premissa de Schafer.
Alternativas
Q747455 Artes Cênicas
Fonterrada (2008), ao abordar a música no período romântico, nos diz que “o fato de o período romântico considerar a música capaz de expressar conteúdos externos a ela não é uma idéia nova”. Assinale a alternativa que contempla para esta autora a real contribuição do romantismo na música.
Alternativas
Q747454 Artes Cênicas
Jean e Brigitte Massin (1997), dizem que “desde o século VI, ocupar-se de música era essencialmente elaborar uma filosofia musical, refletir sobre a função dos sons e, num plano secundário, compor melodias ou executá-las.” Assim, a noção de música teria uma abrangência muito maior que em nossos dias por compreender “os dados metafísicos que se acham em seus fundamentos tanto quanto a matemática que a organiza”. O filósofo Boécio, segundo os autores, no centro destas concepções, considera que “por obra da razão divina, estabeleceu-se a harmonia de todas as coisas, segundo a ordem dos números. E a música (...) é a ciência dos números que governam o mundo.” Assinale a alternativa que contempla as “três grandes categorias na música” em que o filósofo “vê a fonte da harmonia universal”, segundo estes autores.
Alternativas
Q747453 Artes Cênicas
Sobre a música popular brasileira, Mário de Andrade (1977) diz que ela é “tão variada que às vezes desconcerta quem a estuda.” Assinale a alternativa que diz respeito a algumas das formas principais que esta música emprega, de acordo com o autor.
Alternativas
Q747452 Artes Cênicas
Ainda sobre esta influência africana, Mario de Andrade (1977) diz que “do dilúvio de instrumentos que os escravos trouxeram para cá, vários se tornaram de uso brasileiro corrente”. Assinale a alternativa que corresponde ao que o autor se refere.
Alternativas
Q747451 Artes Cênicas
Falando das influências que a nossa música popular herdou, Mario de Andrade (1977), diz que a africana foi muito intensa “na formação do canto popular brasileiro”. Assim, o autor descreve uma cena de um carnaval do Recife, dizendo que: “era a coisa mais violenta que se pode imaginar. Tão violento ritmo que eu não podia suportar. Era obrigado a me afastar de quando em quando para... por em ordem o movimento do sangue e do respiro.” Assinale a alternativa que corresponde ao que Mario de Andrade se refere.
Alternativas
Q747450 Artes Cênicas
Com a chegada da República diz Mario de Andrade (1977) que “o país principiou pela terceira vez a vida. Mas, desta feita, a música não”. Assinale a alternativa que melhor justifica esta afirmação do autor.
Alternativas
Q747449 Artes Cênicas
Mario de Andrade (1977), em sua Pequena História da Música, inicia o capítulo que trata da Música Erudita Brasileira falando que esta, até o início do século XX, se mostrou num espírito “subserviente” à colônia. Assim, quando ele se refere ao apogeu do segundo império, nos diz que nesse período, “mudam-se para o Brasil os dois fundadores da virtuosidade pianística nacional”. Assinale a alternativa que corresponde a estes instrumentistas a quem o autor se refere.
Alternativas
Q747448 Artes Cênicas
A educadora musical Marisa Trench de Oliveira Fonterrada (2008), cita em seu livro o educador suíço Pestalozzi que, propôs um tipo de educação que tinha por base a “prática e a experimentação de cunho afetivo”. Ela diz tratar-se da “primeira tentativa de pedagogia experimental registrada na história”. Assinale a alternativa que corresponde a um dos princípios do sistema Pestalozzi de educação musical.
Alternativas
Q747447 Artes Cênicas
A educadora musical Marisa Trench de Oliveira Fonterrada (2008), em seu livro De tramas e Fios tece no primeiro capítulo a linha do tempo da Educação Musical. Nele, percorre desde os primórdios, com a Antiguidade grega e romana, até o século XX, trazendo ao leitor o conhecimento de como o ensino da música passou por diferentes premissas até alcançar os procedimentos adotados hoje. Quando a autora trata, neste capítulo, dos precursores dos métodos ativos em educação musical, faz referência a um filósofo que, de acordo com ela, seria “o primeiro pensador da educação a apresentar um esquema pedagógico especialmente voltado para a educação musical” e que, de acordo com ele, “as canções devem ser simples e não dramáticas, e seu objetivo é assegurar flexibilidade, sonoridade e igualdade às vozes”. Assinale a alternativa que corresponde a este filósofo que a autora se refere.
Alternativas
Respostas
8961: E
8962: B
8963: D
8964: B
8965: D
8966: A
8967: B
8968: C
8969: A
8970: D
8971: B
8972: A
8973: C
8974: D
8975: C
8976: B
8977: A
8978: B
8979: C
8980: A