Questões de Concurso
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Instrução: As questões de números 11 a 20 referem-se ao texto abaixo. Os destaques ao longo do texto estão citados nas questões.
A Sala de Aula Invertida
01 A utilização de metodologias híbridas na educação representa uma resposta ___
02 necessidade de plasticidade no processo de ensino e aprendizagem. Nos últimos anos, as
03 tecnologias digitais permitiram desenvolver novas formas de aprender e ensinar, com práticas
04 de experimentação e vivência no ambiente escolar. A Sala de Aula Invertida é uma perspectiva
05 metodológica na qual o estudante aprende por meio da articulação entre espaços e tempos on-
06 line – síncronos e assíncronos – e presenciais. Na Sala de Aula Invertida, tem-se uma mudança
07 na forma tradicional de ensinar. O conteúdo passa a ser estudado em casa e as atividades são
08 realizadas em sala de aula. Com isso, o estudante deixa para ____ aquela postura passiva de
09 ouvinte e assume o papel de protagonista do seu aprendizado. Mas as mudanças não param por
10 aí! O professor, em sala de aula, deixa o papel de expositor de informação e passa a mediar
11 atividades envolventes e desafiadoras, com o objetivo de direcionar e orientar o estudante _____
12 construção do seu próprio conhecimento. Porém, como toda e qualquer metodologia de ensino,
13 precisa ser pensada e planejada com atenção para que os objetivos pedagógicos sejam
14 alcançados.
15 A Sala de Aula Invertida surgiu a partir de uma reflexão do professor de Ciências Aaron
16 Sams, em 2007: “O momento que os alunos realmente precisam da minha presença física é
17 quando empacam e carecem de ajuda individual. Não necessitam de mim pessoalmente ao lado
18 deles, tagarelando um monte de coisas e informações; eles podem receber o conteúdo sozinhos”.
19 Partindo dessa premissa, Aaron Sams e o também professor Jonathan Bergmann pensaram em
20 gravar videoaulas para que os estudantes assistissem ao vídeo como “dever de casa” e usassem
21 todo o tempo livre de sala de aula para tirar dúvidas quanto aos conceitos não compreendidos.
22 Assim, seria possível realizar atividades práticas e dinâmicas com seus estudantes, de forma a
23 proporcionar o protagonismo desses últimos na construção dos seus conhecimentos. Com isso,
24 iniciaram uma pequena revolução na escola em que trabalhavam. Porém, é preciso deixar claro
25 que, diferente de passar um vídeo ou material de leitura para que seja estudado em casa para
26 em seguida discutir o conteúdo em sala de aula (prática comum para alguns professores), a Sala
27 de Aula Invertida propõe a Aprendizagem Invertida aos alunos. Esta é uma abordagem
28 pedagógica na qual a aula expositiva passa da dimensão da aprendizagem grupal para a
29 dimensão da aprendizagem individual, enquanto o espaço em sala de aula é transformado em
30 um ambiente de aprendizagem dinâmico e interativo, no qual o professor guia os estudantes na
31 aplicação dos conceitos.
32 Desse modo, o professor: deixa de ser o centro das atenções e passa a auxiliar o estudante
33 no processo de aprendizagem como um mentor, um especialista no assunto; possui mais
34 liberdade para desenvolver e utilizar recursos didáticos diferenciados para o aprendizado do
35 estudante; passa a conhecer melhor os estudantes, conseguindo identificar necessidades
36 específicas de ensino e de avaliação que melhor se adequem a cada indivíduo. Por outro lado, o
37 estudante: adequa-se à realidade de estudantes que possuem muitas atividades, dispondo de
38 maior liberdade para programar seus estudos; auxilia colegas que enfrentam dificuldades de
39 aprendizagem; pode adequar o professor à sua velocidade (pauzar o professor, para que melhor
40 compreenda o conteúdo, e acelerar o professor quando tem facilidade com o conteúdo);
41 intensifica sua interação com o professor, experiência inestimável para ambos; aprimora o
42 trabalho em equipe, habilidade requisitada no cotidiano dos profissionais do futuro; assume
43 menos tarefa de casa, uma vez que muitos exercícios são feitos em sala de aula e em equipe.
44 Portanto, para que a Sala de Aula Invertida apresente todas essas vantagens e cumpra
45 seus objetivos, é preciso uma mudança de postura tanto do professor quanto do estudante.
46 Através dessa mentalidade aplicada, a sala de aula poderá ter maior produtividade a partir da
47 maior interação entre professor e estudante, bem como menor perda de tempo devido à
48 diminuição da dispersão dos estudantes.
Disponível em: https://ifg.edu.br/attachments/article/19169/Sala%20de%20aula%20invertida_%20por%20onde%20come%C3%A7ar %20(21-12-2020).pdf – texto especialmente adaptado para esta prova.
Assinale a alternativa que apresenta uma palavra extraída do texto, formada por um dígrafo, representando vogal nasal.
Instrução: As questões de números 01 a 10 referem-se ao texto abaixo. Os destaques ao longo do texto estão citados nas questões.
Considerações sobre os mais importantes tipos de certificações de qualidade ISO
01 As certificações de qualidade ISO (Organização Internacional para Padronização, na
02 tradução para o português) representam uma forma de assegurar que empresas públicas ou
03 privadas estejam aptas para fornecer um produto, serviço ou sistema, conforme as exigências
04 das agências reguladoras e dos clientes. Tal entidade tem como foco ___ normatização de
05 sistemas para a garantia da qualidade dos processos internos em diferentes segmentos do
06 mercado. No Brasil, a organização está ligada ___ Associação Brasileira de Normas Técnicas
07 (ABNT), instaurando um padrão que não só eleva ___ competitividade da empresa, mas redefine
08 os procedimentos, tornando-a um referencial.
09 A ISO 9000 é a série de normas mais famosas mundialmente. Com atualizações recentes,
10 esse grupo de regulamentos está voltado para a aplicabilidade do Sistema de Gestão da
11 Qualidade nas empresas. Além de ressaltarem o objetivo e os termos do sistema que devem ser
12 considerados para a obtenção de melhorias na administração do negócio, as certificações de
13 qualidade ISO 9000 oferecem meios para a implementação e o monitoramento contínuo de
14 técnicas para a otimização de processos. Dentre as principais vantagens da implementação da
15 ISO 9000, podemos elencar: aumento da produtividade, redução de custos, garantia da
16 qualidade dos processos, visão mais ampla do fluxo de trabalho, certificação de reconhecimento
17 global, credibilidade e diferencial competitivo nas relações comerciais, segurança nos
18 procedimentos e na tomada de decisões.
19 Com base na série 9000, mas direcionada para propósitos diferentes, a ISO 14000
20 estabelece diretrizes para garantir a boa implementação do Sistema de Gestão Ambiental entre
21 as empresas. Ao convergir esforços para questões sustentáveis, as certificações dessa família
22 asseguram o equilíbrio e a proteção ambiental. Isso ocorre por meio da prevenção de problemas
23 que podem afetar a sociedade e a economia. Para que uma empresa obtenha o certificado ISO
24 14000, ela precisa estar comprometida com toda a legislação ambiental prevista em seu país,
25 mas não somente isso. Uma vez que conquista a certificação, a organização atesta sua
26 preocupação com a natureza e demonstra suas responsabilidades ambientais em padrões
27 mundiais. Trata-se de uma reorganização da corporação, levando-se em conta padrões que
28 determinam a melhoria contínua de processos pelo treinamento de seus funcionários.
29 Já a ISO 17025 trata da certificação de laboratórios de calibração e de ensaio. A
30 acreditação é dada para um escopo, consoante os serviços prestados e a capacidade de medição.
31 Sendo assim, esse certificado funciona como uma comprovação de que determinado laboratório
32 realiza suas tarefas com precisão, obtendo resultados de grande qualidade. De maneira
33 semelhante à obtenção das certificações de qualidade ISO 9000 ou ISO 14000, para conquistar
34 o selo final, a empresa é obrigada a passar por várias auditorias. No caso da ISO 17025, a análise
35 é composta por critérios rigorosos, assegurando que o laboratório avaliado está “encaixado”, de
36 fato, em um padrão internacional. Por outro lado, o cliente que contata uma organização
37 acreditada por essa norma se sente mais seguro e satisfeito. Isso porque a pessoa sabe que o
38 laboratório é adequado para o controle e a análise das amostras, segundo as padronizações
39 ambientais e de segurança. Todos os técnicos são preparados para realizar a coleta e a análise
40 das amostras de resíduos, seguindo os parâmetros da norma. Eles recebem constantes
41 qualificações.
42 Por fim, a última da lista de certificações de qualidade ISO trata da gestão e da
43 conservação de energia. Em um cenário econômico dificultado, a escalada de preços da energia
44 leva as pessoas a procurarem por novas maneiras de diminuir custos e melhorar o desempenho
45 ambiental. Com essa realidade no mercado, a ISO 50001 surge como um auxílio para as
46 organizações que desejam aprimorar o desempenho em energia, aumentando a eficiência
47 energética e reduzindo as mudanças climáticas. A implementação de um Sistema de Gestão de
48 Energia dentro das diretrizes dessa ISO pode trazer ganhos não só para plantas industriais, mas
49 também para instalações comerciais e até mesmo para empresas inteiras.
Disponível em: https://www.previnsa.com.br/blog/certificacoes-de-qualidade-iso-conheca-os-4-tipos-principais/ – texto adaptado especialmente para esta prova.
Considere as seguintes palavras extraídas do texto:
I. Qualidade.
II. Processos.
III. Reconhecimento.
IV. Escopo.
A presença de um dígrafo que representa consoantes é observável em:
Um peso, duas medidas
Mãe tem que dar conta sozinha, pai precisa de apoio. Ele nem precisou pedir ajuda, a ajuda apareceu
Bebel Soares | 02/06/2024
Janaína chegou com a filha de 8 anos naquela cidadezinha rural, que fica a 280 quilômetros de Belo Horizonte. O pai dela estava preso por tráfico, e Janaína não tinha família nem amigos. A moça conheceu Danilo, que já morava naquela cidade há uns cinco anos, e eles acabaram se casando.
Janaína engravidou, e Danilo as levou para morar longe da cidade. O local ficava a uns oito quilômetros de distância do Centro, uma casinha isolada, num local ermo, com acesso por estrada de terra, sem sinal de celular. Ele era abusivo, a humilhava e a privava de tudo.
Danilo foi trabalhar como segurança na cidade vizinha, passava a semana lá e, nos fins de semana, ia ver a esposa e as meninas, sempre indo embora e as deixando com poucos recursos. Janaína desenvolveu alcoolismo, bebia cachaça e deixava a filha mais nova sob os cuidados da mais velha. Depois passou a vender bebidas em casa, e a preocupação com a segurança das crianças passou a ser pauta no serviço social da cidade, especialmente em relação a abusos sexuais. As meninas ficaram abandonadas, até que o Conselho Tutelar interveio e ameaçou tirar a guarda das meninas.
Foi nesse momento que Janaína pediu ajuda: ela queria parar de beber, e não conseguiria fazer isso sozinha. Desde 1967, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o alcoolismo uma doença e é recomendado que autoridades o encarem como uma questão de saúde pública. No entanto, essa mãe, que pedia socorro para se livrar do vício, foi negligenciada. Mesmo pedindo ajuda, era ignorada.
Quando o marido aparecia, ele a humilhava, dizia que ela o envergonhava, não ajudava e continuava passando as semanas na cidade onde trabalhava, deixando-a sozinha com as crianças e com seu vício.
Anos depois, a mãe começou a ter crises de dor abdominal, indo ao posto de saúde. Ela precisava ser encaminhada para o hospital referência da cidade, mas se negava, não tinha com quem deixar as crianças. Nessas idas ao posto, ela confidenciava às profissionais que queria mudar. Que queria se arrumar, se cuidar, escovar o cabelo, fazer as unhas, mas não tinha forças para isso.
As dores abdominais voltavam, ela era encaminhada com urgência para o hospital, mas não ia, não tinha ninguém para ficar com as meninas, mesmo numa emergência tão séria. Não tinha nenhuma rede de apoio. Não podia contar com ninguém, nem com o próprio marido.
Na última crise, Janaína faleceu. Ela tinha 35 anos e foi levada por uma pancreatite numa manhã de domingo. Estava sozinha, nem o marido a acompanhava. Ela era uma mulher linda, saudável, jovem. Sucumbiu ao etilismo por abandono, pela solidão. Tantas vezes pediu ajuda, e a ajuda nunca veio. Nunca conseguiu uma rede de apoio, nem quando precisava cuidar da própria saúde. Não pôde se tratar ________ precisava ficar com as filhas. Perdeu a vida. Saiu da sua terra para morrer sozinha, numa terra que não era dela, onde ela era invisibilizada.
Depois de tudo isso, a população se sensibilizou com o pai – sim, ela teve que dar conta sozinha, mas o pobre Danilo, não. “Tadinho do Danilo, coitado... Viúvo, vai precisar de uma grande rede de apoio, já que agora está sozinho com as filhas e precisa trabalhar.”
Um peso, duas medidas. Mãe tem que dar conta sozinha, pai precisa de apoio. Ele nem precisou pedir ajuda, a ajuda apareceu. Mulheres, mães, se solidarizaram com a situação do pai solo, como se ele fosse a vítima e Janaína tivesse morrido como uma vilã. Como se ela tivesse escolhido o abandono.
(Texto baseado no relato de uma amiga que acompanhou a história. Os nomes foram alterados para preservar a identidade dos envolvidos.)
SOARES, Bebel. Um peso, duas medidas. Estado de Minas, 02 de junho de 2024.
Disponível em: https://www.em.com.br/colunistas/bebelsoares/2024/06/6869183-um-peso-duas-medidas.html. Acesso em: 02 jun. 2024. Adaptado.
As aspas duplas foram empregadas no penúltimo parágrafo do texto para indicar:
Um peso, duas medidas
Mãe tem que dar conta sozinha, pai precisa de apoio. Ele nem precisou pedir ajuda, a ajuda apareceu
Bebel Soares | 02/06/2024
Janaína chegou com a filha de 8 anos naquela cidadezinha rural, que fica a 280 quilômetros de Belo Horizonte. O pai dela estava preso por tráfico, e Janaína não tinha família nem amigos. A moça conheceu Danilo, que já morava naquela cidade há uns cinco anos, e eles acabaram se casando.
Janaína engravidou, e Danilo as levou para morar longe da cidade. O local ficava a uns oito quilômetros de distância do Centro, uma casinha isolada, num local ermo, com acesso por estrada de terra, sem sinal de celular. Ele era abusivo, a humilhava e a privava de tudo.
Danilo foi trabalhar como segurança na cidade vizinha, passava a semana lá e, nos fins de semana, ia ver a esposa e as meninas, sempre indo embora e as deixando com poucos recursos. Janaína desenvolveu alcoolismo, bebia cachaça e deixava a filha mais nova sob os cuidados da mais velha. Depois passou a vender bebidas em casa, e a preocupação com a segurança das crianças passou a ser pauta no serviço social da cidade, especialmente em relação a abusos sexuais. As meninas ficaram abandonadas, até que o Conselho Tutelar interveio e ameaçou tirar a guarda das meninas.
Foi nesse momento que Janaína pediu ajuda: ela queria parar de beber, e não conseguiria fazer isso sozinha. Desde 1967, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o alcoolismo uma doença e é recomendado que autoridades o encarem como uma questão de saúde pública. No entanto, essa mãe, que pedia socorro para se livrar do vício, foi negligenciada. Mesmo pedindo ajuda, era ignorada.
Quando o marido aparecia, ele a humilhava, dizia que ela o envergonhava, não ajudava e continuava passando as semanas na cidade onde trabalhava, deixando-a sozinha com as crianças e com seu vício.
Anos depois, a mãe começou a ter crises de dor abdominal, indo ao posto de saúde. Ela precisava ser encaminhada para o hospital referência da cidade, mas se negava, não tinha com quem deixar as crianças. Nessas idas ao posto, ela confidenciava às profissionais que queria mudar. Que queria se arrumar, se cuidar, escovar o cabelo, fazer as unhas, mas não tinha forças para isso.
As dores abdominais voltavam, ela era encaminhada com urgência para o hospital, mas não ia, não tinha ninguém para ficar com as meninas, mesmo numa emergência tão séria. Não tinha nenhuma rede de apoio. Não podia contar com ninguém, nem com o próprio marido.
Na última crise, Janaína faleceu. Ela tinha 35 anos e foi levada por uma pancreatite numa manhã de domingo. Estava sozinha, nem o marido a acompanhava. Ela era uma mulher linda, saudável, jovem. Sucumbiu ao etilismo por abandono, pela solidão. Tantas vezes pediu ajuda, e a ajuda nunca veio. Nunca conseguiu uma rede de apoio, nem quando precisava cuidar da própria saúde. Não pôde se tratar ________ precisava ficar com as filhas. Perdeu a vida. Saiu da sua terra para morrer sozinha, numa terra que não era dela, onde ela era invisibilizada.
Depois de tudo isso, a população se sensibilizou com o pai – sim, ela teve que dar conta sozinha, mas o pobre Danilo, não. “Tadinho do Danilo, coitado... Viúvo, vai precisar de uma grande rede de apoio, já que agora está sozinho com as filhas e precisa trabalhar.”
Um peso, duas medidas. Mãe tem que dar conta sozinha, pai precisa de apoio. Ele nem precisou pedir ajuda, a ajuda apareceu. Mulheres, mães, se solidarizaram com a situação do pai solo, como se ele fosse a vítima e Janaína tivesse morrido como uma vilã. Como se ela tivesse escolhido o abandono.
(Texto baseado no relato de uma amiga que acompanhou a história. Os nomes foram alterados para preservar a identidade dos envolvidos.)
SOARES, Bebel. Um peso, duas medidas. Estado de Minas, 02 de junho de 2024.
Disponível em: https://www.em.com.br/colunistas/bebelsoares/2024/06/6869183-um-peso-duas-medidas.html. Acesso em: 02 jun. 2024. Adaptado.
As palavras “alcoolismo” e “etilismo” são formadas por:
Um peso, duas medidas
Mãe tem que dar conta sozinha, pai precisa de apoio. Ele nem precisou pedir ajuda, a ajuda apareceu
Bebel Soares | 02/06/2024
Janaína chegou com a filha de 8 anos naquela cidadezinha rural, que fica a 280 quilômetros de Belo Horizonte. O pai dela estava preso por tráfico, e Janaína não tinha família nem amigos. A moça conheceu Danilo, que já morava naquela cidade há uns cinco anos, e eles acabaram se casando.
Janaína engravidou, e Danilo as levou para morar longe da cidade. O local ficava a uns oito quilômetros de distância do Centro, uma casinha isolada, num local ermo, com acesso por estrada de terra, sem sinal de celular. Ele era abusivo, a humilhava e a privava de tudo.
Danilo foi trabalhar como segurança na cidade vizinha, passava a semana lá e, nos fins de semana, ia ver a esposa e as meninas, sempre indo embora e as deixando com poucos recursos. Janaína desenvolveu alcoolismo, bebia cachaça e deixava a filha mais nova sob os cuidados da mais velha. Depois passou a vender bebidas em casa, e a preocupação com a segurança das crianças passou a ser pauta no serviço social da cidade, especialmente em relação a abusos sexuais. As meninas ficaram abandonadas, até que o Conselho Tutelar interveio e ameaçou tirar a guarda das meninas.
Foi nesse momento que Janaína pediu ajuda: ela queria parar de beber, e não conseguiria fazer isso sozinha. Desde 1967, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o alcoolismo uma doença e é recomendado que autoridades o encarem como uma questão de saúde pública. No entanto, essa mãe, que pedia socorro para se livrar do vício, foi negligenciada. Mesmo pedindo ajuda, era ignorada.
Quando o marido aparecia, ele a humilhava, dizia que ela o envergonhava, não ajudava e continuava passando as semanas na cidade onde trabalhava, deixando-a sozinha com as crianças e com seu vício.
Anos depois, a mãe começou a ter crises de dor abdominal, indo ao posto de saúde. Ela precisava ser encaminhada para o hospital referência da cidade, mas se negava, não tinha com quem deixar as crianças. Nessas idas ao posto, ela confidenciava às profissionais que queria mudar. Que queria se arrumar, se cuidar, escovar o cabelo, fazer as unhas, mas não tinha forças para isso.
As dores abdominais voltavam, ela era encaminhada com urgência para o hospital, mas não ia, não tinha ninguém para ficar com as meninas, mesmo numa emergência tão séria. Não tinha nenhuma rede de apoio. Não podia contar com ninguém, nem com o próprio marido.
Na última crise, Janaína faleceu. Ela tinha 35 anos e foi levada por uma pancreatite numa manhã de domingo. Estava sozinha, nem o marido a acompanhava. Ela era uma mulher linda, saudável, jovem. Sucumbiu ao etilismo por abandono, pela solidão. Tantas vezes pediu ajuda, e a ajuda nunca veio. Nunca conseguiu uma rede de apoio, nem quando precisava cuidar da própria saúde. Não pôde se tratar ________ precisava ficar com as filhas. Perdeu a vida. Saiu da sua terra para morrer sozinha, numa terra que não era dela, onde ela era invisibilizada.
Depois de tudo isso, a população se sensibilizou com o pai – sim, ela teve que dar conta sozinha, mas o pobre Danilo, não. “Tadinho do Danilo, coitado... Viúvo, vai precisar de uma grande rede de apoio, já que agora está sozinho com as filhas e precisa trabalhar.”
Um peso, duas medidas. Mãe tem que dar conta sozinha, pai precisa de apoio. Ele nem precisou pedir ajuda, a ajuda apareceu. Mulheres, mães, se solidarizaram com a situação do pai solo, como se ele fosse a vítima e Janaína tivesse morrido como uma vilã. Como se ela tivesse escolhido o abandono.
(Texto baseado no relato de uma amiga que acompanhou a história. Os nomes foram alterados para preservar a identidade dos envolvidos.)
SOARES, Bebel. Um peso, duas medidas. Estado de Minas, 02 de junho de 2024.
Disponível em: https://www.em.com.br/colunistas/bebelsoares/2024/06/6869183-um-peso-duas-medidas.html. Acesso em: 02 jun. 2024. Adaptado.
O conectivo em destaque no quarto parágrafo do texto confere ao enunciado um sentido de:
Assinale a alternativa que correlaciona adequadamente educação ambiental e espécies de árvores.
Ciclo biogeoquímico crucial para regular o teor de oxigênio na atmosfera é chamado de ciclo do(a):
Qual é o nome do ponto turístico da cidade de Itaara, inaugurado em 24 de junho de 2001, com a presença do cantor e compositor Zé Ramalho, padrinho do local?
Dentre as alternativas abaixo, assinale a sigla que representa a maior coleção interligada de documentos:
Dentre as alternativas abaixo, indique a opção CORRETA que indica o nome dado aos ícones personalizados do menu iniciar que permite acesso direto a programas e recursos instalados no computador:
Considere o trecho:
Porque eu amo INFINITAMENTE o finito,
Porque eu desejo IMPOSSIVELMENTE o possível [...]
Assinale a alternativa que indica, respectivamente, a classe gramatical das palavras em destaque.
Uma relação simbiótica onde as duas espécies são beneficiadas na relação é denominada de: