Texto CG2A1
O desenvolvimento da educação sanitária, a partir dos
Estados Unidos da América, esteve associado à saúde pública,
tendo sido instrumento das ações de prevenção das doenças, e
caracterizou-se pela transmissão de conhecimento. No entanto,
mesmo que realizada de forma massiva, como no caso das
campanhas sanitárias no Brasil, a perspectiva não contemplava a
dimensão histórico-social do processo saúde-doença.
Com o movimento pela reforma sanitária no Brasil, as
críticas mais contundentes relacionavam-se ao fato de que o
social não era considerado na prática da saúde pública, senão em
perspectiva restrita, de modo que a educação passou a ser uma
atividade paralela, cuja finalidade seria a de auxiliar a efetivação
dos objetivos eminentemente técnicos dos programas de saúde
pública.
Entretanto, em uma perspectiva crítica, a educação parte
da análise das realidades sociais, buscando revelar as suas
características e as relações que as condicionam e as determinam.
Essa perspectiva pode ater-se à explicação das finalidades
reprodutivistas dos processos educativos ou trabalhar no âmbito
de suas contradições, buscando transformar essas finalidades,
estabelecendo como meta a construção de sujeitos e de projetos
societários transformadores.
Da mesma forma, no campo da saúde, a compreensão do
processo saúde-doença como expressão das condições objetivas
de vida, isto é, como resultante das condições de habitação,
alimentação, educação, renda, meio ambiente, trabalho,
transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e
acesso a serviços de saúde, descortina a saúde e a doença como
produções sociais, passíveis de ação e transformação, e aponta
também para um plano coletivo, e não somente individual, de
intervenção.
Essa maneira de conceber a saúde tem sido caracterizada
como um conceito ampliado, pois não reduz a saúde à ausência
de doença, promovendo a ideia de que uma situação de vida
saudável não se resolve somente com a garantia do acesso aos
serviços de saúde, mas depende, sobretudo, da garantia de
condições de vida dignas que, em conjunto, podem proporcionar
a situação de saúde. Nesse sentido, são indissociáveis o conceito
de saúde e a noção de direito social.
Márcia V. Morosini, Angélica F. Fonseca e Isabel B. Pereira. Educação em saúde. In: Dicionário da
Educação Profissional em Saúde. Internet: <www.sites.epsjv.fiocruz.br> (com adaptações).