Questões de Concurso
Comentadas para médico ortopedista e traumatologista
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Em casos de entorse do tornozelo, quando o paciente permanece sintomático (com dor ou instabilidade), pode-se afirmar que
Para que o trabalho seja considerado concausa de uma doença multifatorial,
Instrução: As questões 31 e 32 referem-se à situação abaixo.
Paciente, 34 anos, sexo masculino, informa que havia sofrido acidente de motocicleta, com fratura dos ossos da perna direita, com exposição de 1cm na face antero-medial da perna. Foi levado ao hospital e, no atendimento inicial, recebeu cefazolina, uma hora após o acidente.
Sobre a situação descrita na Instrução, assinale a afirmação correta.
Sobre a escoliose idiopática, assinale a alternativa correta.
Sobre a fasciite plantar, assinale a afirmação correta.
Sobre o Halux Valgo do adulto, considere as afirmações abaixo.
I - A hereditariedade não está presente nos portadores de Halux Valgo que modificam a forma de apoio do pé.
II - Está relacionado à presença de pés planos e hiperfrouxidão ligamentar.
III - Há encurtamento e desvio em varo do primeiro metatarsiano e hipermobilidade da articulação cuneiforme metatarsiana.
Quais estão corretas?
Qual dos exames abaixo é o mais sensível para avaliar a integridade do LCA (ligamento cruzado anterior)?
Sobre a artrose do joelho, considere as afirmações abaixo.
I - O local mais frequente da dor é a face medial, imediatamente abaixo da interlinha articular.
II - A deformidade articular verdadeira é comum no início da doença.
III - Os exames laboratoriais são indispensáveis para o diagnóstico da gonartrose.
Quais estão corretas?
Instrução: As questões 11 a 20 referem-se ao texto abaixo.
- _____Todo mundo teve ao menos uma namorada esquisita,
- comigo não foi diferente. Beber é trivial, bebe-se por
- prazer, para comemorar, para esquecer, para suportar
- a vida, mas beber para ficar de ressaca nunca tinha
- visto. Essa era Stela, ela bebia em busca do lado escuro
- do porre. Acreditava que precisava desse terremoto
- orgânico para seu reequilíbrio espiritual.
- _____Sua ressaca era diferente, não como a nossa, tingida
- de culpa pelo excesso. A dela era almejada, portanto
- com propriedades metafísicas. Nem por isso passava
- menos mal, sofria muito, o desconforto era visível,
- pungente. Tomava coisas que poucos profissionais
- do copo se arriscariam, destilados das marcas mais
- diabo. Ou então era revés de um vinho da Serra com
- nome de Papa, algo que nem ao menos rolha tinha,
- era de tampinha. Bebida que, com sua qualidade,
- desonrava, simultaneamente, os vinhos e o pontífice.
- _____Não era masoquismo. Acompanhando suas
- peregrinações etílicas, cheguei a outra conclusão: ela
- realmente precisava daquilo. Stela inventara uma
- religião do Santo Daime particular, caseira, sabia que
- era preciso passar pelo inferno para vislumbrar o céu.
- Os porres eram uma provação cósmica, um ordálio
- voluntário, um encontro reverencial com o sagrado.
- _____Depois da devastação do pileque, ela ficava melhor.
- Uma lucidez calma a invadia, sua beleza readquiria os
- traços que a marcavam, seus olhos voltavam ao
- brilho que me encantara. Tinha mergulhado no poço
- da existência e reavaliado seus rumos. Durante dias a
- paz reinava entre nós e entre ela e o mundo.
- _____Mas bastava uma nova dúvida em sua vida, uma
- decisão a tomar, e ela requisitava mais um inferno para
- se repensar. A rotina era extenuante. Quem aguenta uma
- mulher que, em vez de falar sobre a vida, mergulha
- num porre xamânico? Mas o amor perdoa. Lá estava
- eu ajudando-a a levantar-se de mais uma triste
- manguaça. Fiquei expert em reidratar e reanimar mortos,
- em contornar enxaquecas siderais e em amparar dengues
- existenciais
- _____Amava Stela pela inusitada maneira de consultar o
- destino. Triste era o desencontro. Eu cansado por
- cuidá-la depois de uma noite mal dormida, servindo de
- enfermeiro, e ela radiante, prenha da energia que a
- purgação lhe rendera.
- _____Stela era irredutível no seu método terapêutico,
- dizia que só nesse estado se encontrava com o melhor
- de seu ser. Reiterava que era mais sábia durante o
- martírio. Insistia que, sóbria, em seu estado normal,
- sofria de um otimismo injustificado que lhe turvava a
- realidade. Seu lema era: “Só na ressaca enxergamos o
- mundo como ele é”.
- _____Um dia, sem muitas palavras, Stela foi embora.
- Alguma ressaca oracular deve ter lhe dito que eu não
- era bom para seu futuro. Não a culpo.
Adaptado de: CORSO, M. O valor da ressaca. Zero Hora, n. 18489,
02/04/2016. Disponível em: http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a5711255.xml&template=3916.dwt&edition=28691§ion=4572. Acessado em 02/04/2016.
Em qual das linhas do texto referidas abaixo a palavra que é uma conjunção integrante?
Instrução: As questões 11 a 20 referem-se ao texto abaixo.
- _____Todo mundo teve ao menos uma namorada esquisita,
- comigo não foi diferente. Beber é trivial, bebe-se por
- prazer, para comemorar, para esquecer, para suportar
- a vida, mas beber para ficar de ressaca nunca tinha
- visto. Essa era Stela, ela bebia em busca do lado escuro
- do porre. Acreditava que precisava desse terremoto
- orgânico para seu reequilíbrio espiritual.
- _____Sua ressaca era diferente, não como a nossa, tingida
- de culpa pelo excesso. A dela era almejada, portanto
- com propriedades metafísicas. Nem por isso passava
- menos mal, sofria muito, o desconforto era visível,
- pungente. Tomava coisas que poucos profissionais
- do copo se arriscariam, destilados das marcas mais
- diabo. Ou então era revés de um vinho da Serra com
- nome de Papa, algo que nem ao menos rolha tinha,
- era de tampinha. Bebida que, com sua qualidade,
- desonrava, simultaneamente, os vinhos e o pontífice.
- _____Não era masoquismo. Acompanhando suas
- peregrinações etílicas, cheguei a outra conclusão: ela
- realmente precisava daquilo. Stela inventara uma
- religião do Santo Daime particular, caseira, sabia que
- era preciso passar pelo inferno para vislumbrar o céu.
- Os porres eram uma provação cósmica, um ordálio
- voluntário, um encontro reverencial com o sagrado.
- _____Depois da devastação do pileque, ela ficava melhor.
- Uma lucidez calma a invadia, sua beleza readquiria os
- traços que a marcavam, seus olhos voltavam ao
- brilho que me encantara. Tinha mergulhado no poço
- da existência e reavaliado seus rumos. Durante dias a
- paz reinava entre nós e entre ela e o mundo.
- _____Mas bastava uma nova dúvida em sua vida, uma
- decisão a tomar, e ela requisitava mais um inferno para
- se repensar. A rotina era extenuante. Quem aguenta uma
- mulher que, em vez de falar sobre a vida, mergulha
- num porre xamânico? Mas o amor perdoa. Lá estava
- eu ajudando-a a levantar-se de mais uma triste
- manguaça. Fiquei expert em reidratar e reanimar mortos,
- em contornar enxaquecas siderais e em amparar dengues
- existenciais
- _____Amava Stela pela inusitada maneira de consultar o
- destino. Triste era o desencontro. Eu cansado por
- cuidá-la depois de uma noite mal dormida, servindo de
- enfermeiro, e ela radiante, prenha da energia que a
- purgação lhe rendera.
- _____Stela era irredutível no seu método terapêutico,
- dizia que só nesse estado se encontrava com o melhor
- de seu ser. Reiterava que era mais sábia durante o
- martírio. Insistia que, sóbria, em seu estado normal,
- sofria de um otimismo injustificado que lhe turvava a
- realidade. Seu lema era: “Só na ressaca enxergamos o
- mundo como ele é”.
- _____Um dia, sem muitas palavras, Stela foi embora.
- Alguma ressaca oracular deve ter lhe dito que eu não
- era bom para seu futuro. Não a culpo.
Adaptado de: CORSO, M. O valor da ressaca. Zero Hora, n. 18489,
02/04/2016. Disponível em: http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a5711255.xml&template=3916.dwt&edition=28691§ion=4572. Acessado em 02/04/2016.
Assinale a alternativa em que a palavra extraída do texto NÃO apresenta, em sua formação, processo de derivação prefixal.
Instrução: As questões 06 a 10 referem-se ao texto abaixo
A língua do Brasil amanhã
- ____Ouvimos com frequência opiniões alarmantes a
- respeito do futuro da nossa língua. ___ vezes se diz
- que ela vai simplesmente desaparecer, em benefício de
- outras línguas supostamente expansionistas (em especial
- o inglês, atual candidato número um a língua universal);
- ou que vai se “misturar” com o espanhol, formando o
- “portunhol”; ou, simplesmente, que vai se corromper
- pelo uso da gíria e das formas populares de expressão
- (do tipo: o casaco que cê ia sair com ele tá rasgado).
- Aqui pretendo trazer uma opinião mais otimista: a
- nossa língua, estou convencido, não está em perigo de
- desaparecimento, muito menos de mistura. Por outro
- lado (e não é possível agradar a todos) acredito que
- nossa língua está mudando, e certamente não será a
- mesma dentro de vinte, cem ou trezentos anos.
- ____O que é que poderia ameaçar a integridade ou
- a existência da nossa língua? Um dos fatores,
- frequentemente citado, é a influência do inglês – o
- mundo de empréstimos que andamos fazendo para
- nos expressarmos sobre certos assuntos.
- ____Não se pode negar que o fenômeno existe; o que
- mais se faz hoje em dia é surfar, deletar ou tratar do
- marketing. Mas isso não significa o desaparecimento
- da língua portuguesa. Empréstimos são um fato da
- vida e sempre existiram. Hoje pouca gente sabe disso,
- mas avalanche, alfaiate, tenor e pingue-pongue
- são palavras de origem estrangeira; hoje já se
- naturalizaram, e certamente ninguém vê ameaça
- nelas. Afinal de contas, quando se começou a jogar
- aquela bolinha em cima da mesa, precisou-se de um
- nome; podíamos dizer tênis de mesa, e alguns tentaram,
- mas a palavra estrangeira venceu – só que virou
- portuguesa, hoje vive entre nós como uma imigrante já
- casada, com filhos brasileiros etc. Perdeu até o sotaque.
- ____Quero dizer que não há o menor sintoma de que os
- empréstimos estrangeiros estejam causando lesões na
- língua portuguesa; a maioria, aliás, desaparece em
- pouco tempo, e os que ficam se assimilam. Como toda
- língua, o português precisa crescer para dar conta das
- novidades sociais, tecnológicas, artísticas e culturais; e
- pode aceitar empréstimos – ravióli, ioga, chucrute,
- balé – e também pode (e com maior frequência)
- criar palavras a partir de seus próprios recursos –
- como computador, ecologia, poluição – ou então esten-
- der o uso de palavras antigas a novos significados –
- executivo ou celular, que significam coisas hoje que
- não significavam ___ vinte anos. Isso está acontecendo
- a todo o tempo com todas as línguas, e nunca levou
- nenhuma delas ___ extinção.
Adaptado de PERINI, M. A. A língua do Brasil amanhã
e outros mistérios. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.
Páginas 11-14.
Assinale a alternativa que contém apenas palavras empregadas como adjetivos no texto.
Carlos, 25 anos de idade, é trabalhador rural e teve 18% de sua superfície corporal queimada, após tentar conter queimada na lavoura onde trabalha. Com base nessa situação hipotética, assinale a alternativa que indica o atendimento correto a essa situação clínica.
A realização de procedimentos cirúrgicos determina agressão ao organismo, com aumento do consumo de energia que será utilizada na cicatrização e na mobilização da resposta imunológica do indivíduo ao trauma e ao estresse cirúrgico. Considerando o exposto, assinale a alternativa correta acerca do paciente operado.
As pneumonias são importantes causas de morbidade nos pacientes de diferentes faixas etárias, mesmo imunocompetentes. Quanto às atuais recomendações e diretrizes para pneumonia adquirida em comunidade, assinale a alternativa correta.
No que se refere à profilaxia do tétano, assinale a alternativa correta.
A vacinação é uma medida de grande impacto na redução da morbimortalidade das populações humanas, nas diferentes faixas etárias. No que se refere às imunizações em seres humanos, assinale a alternativa correta.
Texto 2 para responder as questões de 6 a 10.
1 Um estudo divulgado pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT) indica que mais de dois
milhões de pessoas morrem por ano, no mundo, em
4 consequência de doenças relacionadas ao trabalho.
De acordo com o estudo, 317 milhões de acidentes
laborais não mortais ocorrem a cada ano. Isso significa que,
7 a cada 15 segundos, um trabalhador morre de acidentes ou
doenças relacionadas ao trabalho, e também a cada 15
segundos, 115 trabalhadores sofrem um acidente laboral.
10 Entre os principais problemas, estão as doenças
pulmonares causadas pela inalação de partículas de silício,
carbono e amianto. Na China, essa enfermidade, segundo o
13 estudo, atinge 80% dos casos. Na Índia, cerca de 10 milhões
de trabalhadores em minas apresentaram problemas por
inalação de silício. No Brasil, o estudo aponta que 6,6
16 milhões de trabalhadores estão expostos a essas substâncias
tóxicas.
O estudo aponta ainda que os transtornos
19 musculoesqueléticos e mentais (TME) atingem
principalmente os trabalhadores da Europa. As empresas
enfrentam o assédio cada vez mais psicológico, assédio
22 moral, assédio sexual e outras formas de violência
psicológica. Para lidar com o estresse, os trabalhadores, às
vezes, adotam comportamentos pouco saudáveis, como o
25 abuso do álcool ou o uso de drogas, o que pode desenvolver
doenças psíquicas, tais como a depressão ou a dependência
química.
28 Para a OIT, a ausência de uma prevenção adequada
das enfermidades profissionais tem profundos efeitos
negativos não somente nos trabalhadores e suas famílias,
31 mas também na sociedade devido ao enorme custo gerado,
particularmente no que diz respeito à perda de produtividade
e à sobrecarga dos sistemas de seguridade social. A
34 prevenção é mais eficaz e tem menos custo que o tratamento
e a reabilitação. Todos os países podem tomar medidas
concretas para melhorar sua capacidade de prevenção das
37 enfermidades profissionais ou relacionadas ao trabalho.
Disponível em: < http://g1.globo.com>. com adaptações.
Texto 1 para responder as questões de 1 a 5.
1 O trabalho, no decorrer da história, foi ocupando a
maior parte do tempo do ser humano. O que, de início, era
para suprir suas necessidades básicas de subsistência passa
4 a ser, principalmente após a Revolução Industrial, o ponto
central da vida do homem.
O homem, dessa forma, passa maior parte de sua
7 vida em seus locais de trabalho, dedicando sua força, energia
e esforços para as organizações. Ou seja, disponibilizando
maior parte do seu tempo ao trabalho do que propriamente
10 com suas famílias e amigos.
Além disso, com o avanço tecnológico, o “local de
trabalho” pode ser em qualquer lugar: em viagens, casa,
13 hotéis etc; em todos os locais, pode-se “trabalhar” para a
organização.
Indo mais além, mesmo quando o homem tenta “se
16 desligar”, não estando no local de trabalho e nem mesmo
conectado utilizando os recursos tecnológicos, mesmo
assim, a vida do homem gira em função do trabalho. O nível
19 de pressão por resultados, a concorrência e a complexidade
por um espaço no mercado fazem com que o trabalho seja
uma constante na vida do homem moderno.
22 A organização, por outro lado, percebe, cada vez
mais, a importância do ser humano para o alcance de
resultados, pois a capacidade de raciocínio, de criatividade,
25 de solucionar problemas está presente nas pessoas, e não nas
máquinas. Dessa forma, a organização passa a se preocupar
em oferecer um ambiente que traga ao indivíduo conforto,
28 respeito, segurança e bem-estar, entre outros. Ou seja, a
organização deve oferecer um ambiente propício e que
favoreça o uso de suas capacidades.
31 ___Muitos fatores contribuem para uma não qualidade
de vida, por isso devem ser identificados e combatidos com
políticas e ações que visem minimizar, ou mesmo eliminar,
34 esses males que afetam, não somente o trabalho, mas
35 também a vida familiar e social dos colaboradores.
SIMPEP , XII. Anais. Bauru: Universidade Estadual Paulista, 2006, com adaptações
No período “O trabalho, no decorrer da história, foi ocupando a maior parte do tempo do ser humano.” (linhas 1 e 2), o uso das vírgulas justifica-se para
Texto para responder às questões de 01 a 15.
Uma vela para Dario
Dario vinha apressado, o guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminui o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Foi escorregando por ela, de costas, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva e descansou na pedra o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no, indagando se ele não está se sentindo bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, mas não se ouviu resposta. Um senhor gordo, de branco, sugeriu que ele devia sofrer de ataque.
Estendeu-se mais um pouco, deitado agora na calçada, e o cachimbo a seu lado tinha apagado. Um rapaz de bigode pediu ao grupo que se afastasse, deixando-o respirar. E abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe tiram os sapatos, Dario roncou pela garganta e um fio de espuma saiu no canto da boca.
Cada pessoa que chegava se punha na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram acordadas e vieram de pijama às janelas. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao lado dele.
Uma velhinha de cabeça grisalha gritou que Dario estava morrendo. Um grupo transportou-o na direção do táxi estacionado na esquina. Já tinham introduzido no carro a metade do corpo, quando o motorista protestou: se ele morresse na viagem? A turba concordou em chamar a ambulância. Dario foi conduzido de volta e encostado à parede - não tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.
Alguém afirmou que na outra rua havia uma farmácia. Carregaram Dario até a esquina; a farmácia era no fim do quarteirão e, além do mais, ele estava muito pesado. Foi largado ali na porta de uma peixaria. Imediatamente um enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse o menor gesto para espantá-las.
As mesas de um café próximo foram ocupadas pelas pessoas que tinham vindo apreciar o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozavam as delícias da noite. Dario ficara torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso.
Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os documentos. Vários objetos foram retirados de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do seu nome, idade, cor dos olhos, sinais de nascença, mas o endereço na carteira era de outra cidade.
Registrou-se tumulto na multidão de mais de duzentos curiosos que, a essa hora ocupava toda a rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investiu contra o povo e várias pessoas tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.
O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo – os bolsos vazios. Restava apenas a aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio – quando vivo – não podia retirar do dedo senão umedecendo-o com o sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão.
A última boca repetiu – “Ele morreu, ele morreu”, e então a gente começou a se dispersar. Dario havia levado quase duas horas para morrer e ninguém acreditara que estivesse no fim. Agora, os que podiam olhá-lo, viam que tinha todo o ar de um defunto.
Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não lhe pôde fechar os olhos ou a boca, onde as bolhas de espuma haviam desaparecido. Era apenas um homem morto e a multidão se espalhou rapidamente, as mesas do café voltaram a ficar vazias. Demoravam-se nas janelas alguns moradores, que haviam trazido almofadas para descansar os cotovelos.
Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.
Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario esperando o rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade, apagando-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.
TREVISAN, Dalton. . Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1964, p.33-35.
O termo destacado em “Dois ou três passantes rodearam-no, indagando SE ele não está se sentindo bem.”, no contexto, é: