Questões de Concurso
Comentadas para oficial bombeiro militar
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Lira XIV
Minha bela Marília, tudo passa; A sorte deste mundo é mal segura; Se vem depois dos males a ventura, Vem depois dos prazeres a desgraça, Estão os mesmos Deuses Sujeitos ao poder do ímpio Fado: Apolo já fugiu do céu brilhante Já foi Pastor de gado.
A devorante mão da negra Morte Acaba de roubar o bem que temos Até na triste campa não podemos Zombar do braço da inconstante sorte; Qual fica no Sepulcro, Que seus avós ergueram, descansado; Qual no campo, e lhe arranca os frios ossos Ferro do torto arado.
Ah! enquanto os Destinos impiedosos Não voltam contra nós a face irada, Façamos, sim, façamos, doce amada, Os nossos breves dias mais ditosos. Um coração que, frouxo, A grata posse de seu bem difere, A si, Marília, a si próprio rouba, E a si próprio fere.
Ornemos nossas testas com as flores E façamos de feno um brando leito; Prendamo-nos, Marília, em laço estreito, Gozemos do prazer de sãos Amores, Sobre as nossas cabeças, Sem que o possa deter, o tempo corre; E para nós o tempo, que se passa, Também, Marília, morre.
Com os anos, Marília, o gosto falta, E se entorpece o corpo já cansado; Triste, o velho cordeiro está deitado, E o leve filho sempre alegre salta. A mesma formosura É dote que só goza a mocidade: Rugam-se as faces, o cabelo alveja, Mal chega a longa idade.
Que havemos d’esperar, Marília bela? Que vão passando os florescentes dias? As glórias, que vêm tarde, já vêm frias; E pode enfim mudar-se a nossa estrela.
Ah! não, minha Marília, Aproveite-se o tempo, antes que faça O estrago de roubar ao corpo as forças, E ao semblante a graça.
GONZAGA, Tomás Antonio. Marília de Dirceu. Org.e edição de Melânia Silva de Aguiar. Rio de Janeiro: Garnier, 1992.
Considerando a lira, a integridade do livro e as características gerais do poeta, assinale a alternativa correta.
3 de fevereiro (1959) Tenho de dizer que não escrevi nos dias que decorreram porque eu fiquei doente. Vou recapitular o que ocorreu comigo nestes dias (...) A Fernanda veio e perguntou-me se eu sei onde está o cigano. É a mesma coisa que ela perguntar-me onde é a casa do vento. Disse que ele é muito bonito e que ela ia lá comprar pimenta só para vê-lo. Durante os dias que eu estive doente o senhor Manoel não me deixou sem dinheiro.
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014. p. 159.
“E tudo nela repugnava a Ruth: a estupidez, a humildade, a cor, a forma, o cheiro; mas percebera que também ali havia uma alma e sofrimento, e então, com lágrimas nos olhos, perguntava a Deus, ao grande Pai misericordioso, por que a criara, a ela, tão branca e tão bonita, e fizera com o mesmo sopro aquela carne de trevas, aquele corpo feio da Sancha imunda? Que reparasse aquela injustiça e alegrasse em felicidade perfeita o coração da negra.”
ALMEIDA, Júlia Lopes de. A Falência. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2019. p. 200.
Com base na leitura integral do livro de Júlia Lopes de Almeida e do fragmento destacado acima, assinale a alternativa correta.
— Silêncio, moços! acabai com essas cantilenas horríveis! Não vedes que as mulheres dormem ébrias, macilentas como defuntos? Não sentis que o sono da embriaguez pesa negro naquelas pálpebras onde a beleza cinzelou os olhares da volúpia? — Cala-te, Johann! Enquanto as mulheres dormem e Arnold-o-loiro cambaleia e adormece murmurando as canções de orgia de Tieck, que música mais bela que o alarido da saturnal? Quando as nuvens correm negras no céu, como um bando de corvos errantes, e a lua desmaia, como a luz de uma lâmpada sobre a alvura de uma beleza que dorme, que melhor noite que a passada ao reflexo das taças?
AZEVEDO, Álvares de. Noite na Taverna. Lisboa: Tipografia de J.H. Verde, 1878, p. 1.
Em relação às histórias envolvendo os três personagens mencionados na abertura de Noite na Taverna, assinale a alternativa correta.
“O golpe militar contra o governo de Salvador Allende no fatídico dia 11 de setembro de 1973 foi provavelmente o mais brutal de todos nas ações para consolidar seu êxito. Nos primeiros dias após o bombardeio do palácio La Moneda, milhares de pessoas foram levadas ao Estádio Nacional, em Santiago do Chile, submetidas a interrogatórios, surras e toda sorte de arbitrariedade. Cerca de mil detidos foram sumariamente executados. Os direitos civis foram suspensos e a população devia obedecer ao toque de recolher, enquanto casas eram invadidas e os suspeitos de contrariar a nova ordem, levados na calada da noite. Muitas vezes para nunca mais voltar.”
PRADO, Maria Ligia; PELLEGRINO, Gabriela. História da América Latina. São Paulo: Contexto, 2014. p. 179.
Entre junho e setembro de 1973, Uruguai e Chile tiveram a derrubada de governos democráticos levada a cabo por ditaduras militares. Esses movimentos foram apenas dois dos vários que ocorreram nos anos 1950, 1960 e 1970 na América Latina. Com base no trecho acima e nos conhecimentos sobre História Contemporânea, assinale a alternativa correta.
“Art. 5.º: Compete privativamente à União: […] XIX – Legislar sobre: m) Incorporação dos silvícolas à comunhão nacional” (ref.)
OBS: silvícolas era a denominação dada aos indígenas na constituição de 1934.
A partir dos conhecimentos sobre as políticas indigenistas do Estado brasileiro no século XX, é correto afirmar que a política indigenista estabelecida pela Constituição de 1988:
“Meu avô lá no Congo Foi Rei Bantu Mas aqui eu sou rei Do Maracatu Eu fiz meu reinado Fiz meu tarbuco Lá nos carnaviá Do meu Pernambuco [...].”
Rei Bantu, música de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, 1950.
A música “Rei Bantu”, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, faz referência aos enraizamentos culturais africanos no Brasil ocasionados pelo tráfico forçado de pessoas escravizadas, um fenômeno histórico que pode ser visto em toda a América. Partindo do trecho acima e dos conhecimentos sobre cultura no Brasil Colonial, assinale a alternativa correta.
“O advento da segunda metade do século XVIII coincidiu com a realização de um enorme esforço de renovação do conhecimento que envolveu indivíduos e instituições e que foi, em grande medida, promovido, financiado e suportado pelo Estado (...). A Coroa [portuguesa] participou, de forma quase onipresente, neste processo de renovação cultural e científica.”
DOMINGUES, Ângela. Para um melhor conhecimento dos domínios coloniais: a constituição de redes de informação no Império português em finais do Setecentos. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. VIII (suplemento), 823-38, 2001. p. 824.
A partir dos conhecimentos sobre o período da América Portuguesa e do império colonial português no século XVIII, assinale a alternativa que relaciona corretamente essas iniciativas descritas acima com o governo em vigência em Portugal na época e seus impactos sobre a América Portuguesa.
“E se soube que o capitão já estava retornando, que vinha de Tepeyacac. Acompanhavam-no muitos espanhóis e muitos muitos tlaxcaltecas e cempoaltecas, em grande número, em grande quantidade, em imensa cópia. Eles não vinham à toa, vinham para a guerra, vinham armados, vinham vestidos para a guerra, com os seus escudos, com as suas espadas de obsidiana, com seus bastões pontiagudos que levavam no ombro.”
BAUDOT, Georges; TODOROV, Tzvetan (orgs.). Relatos Astecas da Conquista. São Paulo: Editora UNESP, 2019. p. 137-138.
O excerto acima faz parte dos relatos coletados pelo frei Bernardino de Sahagún sobre a invasão espanhola do México que culmina com a captura de Tenochtitlan em 1521. Nesse contexto, vários fatores contribuíram para a dominação espanhola, dentre os quais podemos citar:
“Artigo I: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. (...)”
Há 75 anos, em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi aprovada em sessão da Organização das Nações Unidas (ONU) por 48 países-membros, entre eles Estados Unidos e França, que passavam, respectivamente, por um período de:
“Embora os macedônicos fossem orgulhosos, sabiam que o restante do mundo considerava seu reino arcaico, tribal e insignificante. [...] Naquele tempo, o Oriente era o foco da civilização, bem iluminado pela História, e o Ocidente, um território escuro e selvagem onde viviam os bárbaros. No atlas das percepções e dos preconceitos geográficos, a Macedônia ocupava a periferia do mundo civilizado. Provavelmente poucos egípcios saberiam localizar no mapa a pátria do seu próximo rei.”
VALLEHO, Irene. O infinito em um junco: a invenção dos livros no mundo antigo. Tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2022. p. 33.
O trecho acima faz referência ao rei Ptolomeu, que governou o Egito a partir de 305 a.C. durante um período conhecido pela historiografia como helenístico. Considerando os conhecimentos sobre Antiguidade, é correto afirmar que a cultura helenística foi:
CAMPOS, E. et al. Geografia. São José dos Campos (SP): Editora Poliedro, 2019, v. 4. p. 76.
Com base nos conhecimentos de geografia política, assinale a alternativa correta.
CRUZ, M. M. N. Geografia, ensino médio. São José dos Campos (SP): Editora Poliedro, 2022 (Coleção Lumen, v. 3). p. 65.
No que diz respeito aos biomas, assinale a alternativa correta.