Questões de Concurso
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GAB: Uma das suas preocupações no livro Segredos Internos, foi a demografia da escravatura, apesar de não se ter fechado numa perspectiva quantitativa. Teve a preocupação de abordar a escravatura a partir de outros pontos de vista. Parece-me que um dos ângulos de análise mais em falta hoje em dia no estudo da escravatura e do tráfico de escravos é a sua dimensão mais humana. Como lhe parece que poderá ser concretizada essa abordagem?
SBS: Esse é um dos problemas com que o historiador se confronta permanentemente. É que os documentos não estão escritos para os nossos fins, eram escritos para outros fins. Os registos paroquiais, por exemplo, são muito interessantes para os historiadores que fazem história social, mas os padres que produziam esses registos tinham interesses completamente diferentes. Então, temos que os ler com muito cuidado e um pouco de criatividade. No meu livro sobre os engenhos na Bahia, os registos paroquiais eram importantíssimos. Fiz um estudo também sobre alforria e sobre compadrio, por exemplo, com material muito interessante. O baptismo de um novo membro da Igreja é um ato católico essencial, mas olhando para este ato com uma determinada lente, vemos que os registos de baptismo, documentos produzidos para os fins da Igreja na época colonial, produzem muita informação social, demográfica e étnica. Acho que a leitura dos documentos depende da habilidade do historiador, da sua imaginação, mais do que do próprio conteúdo do documento. O documento não diz nada por si mesmo, é a pergunta que levamos ao documento que produz a informação que procuramos no documento, é a pergunta do historiador que faz o documento falar. A grande chave do sucesso do historiador é a sua imaginação e criatividade.
Fonte: Borges, Graça Almeida. O historiador como língua do passado. Entrevista a Stuart B. Schwartz, Ler História, n. 70, 2017, pp. 199-215.
Com base na entrevista, assinale a afirmativa que descreve corretamente as possibilidades do uso de fontes para revelar as dimensões humanas do tema da escravidão no Brasil.
Fonte: Bloch, Agata. Livres e Escravizados. As vozes dos subalternos na História do Império Colonial Português na perspectiva de redes, Varsóvia: Museu da História do Movimento Popular Polonês, 2022, p. 13.
A respeito da perspectiva de rede, assinale a afirmativa que apresenta corretamente como eles representam uma renovação teórico-metodológica para a História.
A respeito dessa iniciativa, assinale a afirmativa que descreve corretamente seu valor relacionado à narrativa e representação do passado.
Fonte: https://bndigital.bn.gov.br/artigos/centenario-semana-de-arte-modernauma-jovem-centenaria/
Assinale a alternativa que descreve corretamente aspectos da Semana de Arte Moderna de 1922 relacionados com a construção da identidade brasileira.
Fonte: GERVÁSIO, Flávia; Filho, Hilario Figueiredo; Brandão, Joseane. História Oral e Patrimônio cultural: Projeto Memória Oral do IPHAN entre práticas e desafios, Estudos Históricos, Vol. 34, 74, p. 578.
Com base na leitura, assinale a afirmativa que menciona corretamente os movimentos sociais e suas demandas contemporâneas em relação ao patrimônio cultural.
Fonte: CELESTINO, Maria Regina. Populações indígenas e Estados nacionais latinoamericanos: novas abordagens historiográficas, In: Azevedo, Cecília; Raminelli, Ronald. História das Américas: novas perspectivas, Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2011.
As afirmativas a seguir descrevem corretamente as “ideias” historiográficas que não são mais sustentadas pelas renovações sofridas pela história dos indígenas no Brasil mencionadas no trecho, à exceção de uma. Assinale-a.
Adaptado de: NORA, Pierre. Entre Memória e História. A problemática dos lugares, Prof. História, São Paulo (10) dez, 1993, pp. 21- 22.
Com base no trecho, é correto afirmar que, segundo Pierre Nora, o conceito de Lugar de Memória
Adaptado de: Lynn Hunt. La escritura de la historia en la era global. Valencia: Publicaciones de la Universitat de València, 2022, p. 19
A respeito das mudanças inerentes na disciplina História, assinale a afirmativa que apresenta corretamente aspectos que caracterizam essas mudanças.
I. A desagregação do regime escravocrata e senhorial se operou, no Brasil, sem que se cercasse a destituição dos antigos agentes de trabalho escravo de assistência e garantias que os protegessem na transição para o sistema de trabalho livre. Os senhores foram eximidos da responsabilidade pela manutenção e segurança dos libertos, sem que o Estado, a Igreja ou outra qualquer instituição assumissem encargos especiais, que tivessem por objeto prepará-los para o novo regime de organização da vida e do trabalho. O liberto se viu convertido, sumária e abruptamente, em senhor de si mesmo, tornando-se responsável por sua pessoa e por seus dependentes, embora não dispusesse de meios materiais e morais para realizar essa proeza nos quadros de uma economia competitiva.
Fonte: FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes, Volume 1. São Paulo: Editora Globo, 2008, p. 29.
II. Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo – há muita gente de jenipapo ou mancha mongólica pelo Brasil – a sombra, ou pelo menos a pinta do indígena ou do negro. A influência direta ou vaga e remota, do africano. Na música, no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão sincera de vida, trazemos quase todos a marca da influência negra. Da escrava que nos embalou. Que nos deu de mamar. Que nos deu de comer, ela própria amolengando na mão o bolão de comida. Da negra velha que nos contou as primeiras histórias de bicho e de mal-assombrado. Da mulata que nos tirou o primeiro bicho-de-pé de uma coceira tão boa. Da que nos iniciou no amor físico e nos transmitiu, ao ranger da cama-de-vento, a primeira sensação completa de homem.
Adaptado de: FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal, São Paulo: Global, 2003, p. 367.
Avalie as afirmativas que interpretam os trechos e assinale (V) para a verdadeira e (F) para a falsa.
( ) I interpreta a incorporação da população afrodescendente na sociedade brasileira através da análise do mercado de trabalho, responsabilizando os próprios libertos pela falta de melhoria em suas condições.
( ) II interpreta a integração dos afrodescendentes à sociedade brasileira como um processo marcado pela violência, concentrando-se principalmente nos abusos cometidos contra as mulheres escravizadas.
( ) I compreende a sociedade pós-abolição como perpetuadora dos mecanismos de manutenção da desigualdade. II observa as interações sociais entre os grupos formadores do Brasil de forma positiva e atribui centralidade aos afrodescendentes em sua análise.
As afirmativas são, respectivamente,
Antes mesmo dessa medida, em 2021, uma rua no município de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, teve seu nome alterado. A antiga Rua Coronel Moreira César, nome de um oficial do Exército brasileiro responsável por assassinatos, passou a se chamar Rua Ator Paulo Gustavo, como homenagem ao humorista.
Fonte: https://www.jb.com.br/fotos-e-videos/2021/05/1030282-niteroi-mudanome-da-principal-rua-do-bairro-de-icarai-para-ator-paulo-gustavo.html
As afirmativas a seguir descrevem corretamente essas iniciativas, à exceção de uma. Assinale-a.
( ) Assegura o acesso equitativo a todos, reconhecendo o direito de todos os cidadãos de usufruir dos bens culturais provenientes de todo o mundo.
( ) Reconhece a soberania da Organização das Nações Unidas para adotar medidas de proteção e promoção da diversidade cultural nos territórios signatários.
( ) Compreende a proteção, promoção e manutenção da diversidade cultural como condição essencial para o desenvolvimento sustentável.
As afirmativas são, respectivamente,
Adaptado de: BARROS, José D´Assunção. A história serial e história quantitativa no movimento dos Annales, Hist. R., Goiânia, v. 17, n. 1, p. 203-222, jan./jun. 2012, p. 206.
A respeito da metodologia empregada pela História Serial, é correto afirmar que esta
Adaptado de: FRAGOSO, João; BICALHO, Maria Fernanda. Uma releitura do “Brasil colonial” a partir da obra de António Manuel Hespanha, Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n. 83, p. 42.
Com base no texto, assinale a afirmativa que descreve corretamente a inovação do conceito utilizado por António Manuel Hespanha para compreender a relação entre a monarquia portuguesa e seu território luso americano.
É correto afirmar que esse reconhecimento ocorreu por ser um
I. O fato é que, a relação entre biografia e história acabou por inserir-se em um conjunto mais vasto de contraposições que opõe indivíduo a sociedade; individual a coletivo; social a particular; estrutura a contexto. Nessa rede de dualidades, oscilamos entre ver o personagem como apenas a reiteração de impasses sociais e ligados a seu grupo, ou, em buscar nele um caso único, particular e afeito a uma memória de si. É claro que não se trata de “opção” e muito menos de imaginar que os modelos são necessariamente excludentes.
Adaptado de: SCHWARCZ, Lilia. Biografia como gênero e problema. História Social, n. 24, 2013.
II. A importância da biografia é permitir uma descrição das normas e de seu funcionamento efetivo, sendo este considerado não mais o resultado exclusivo de um desacordo entre regras e práticas, mas também de incoerências estruturais e inevitáveis entre as próprias normas. Parece-me que assim evitamos abordar a realidade histórica a partir de um esquema único de ações e reações, mostrando, ao contrário, que a repartição desigual do poder, por maior e mais coercitiva que seja, sempre deixa alguma margem de manobra para os dominados; estes podem então impor aos dominantes mudanças nada desprezíveis.
Adaptado de: LEVI, Giovanni. Usos da biografia. In: Ferreira, M. e Amado, J. Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: Editora FGV. 2006, p. 180.
III. Os acontecimentos biográficos se definem como colocações e deslocamentos no espaço social, isto é, mais precisamente nos diferentes estados sucessivos da estrutura da distribuição das diferentes espécies de capital que estão em jogo no campo considerado. O sentido dos movimentos que conduzem de uma posição a outra evidentemente se define na relação objetiva entre o sentido e o valor, no momento considerado, dessas posições num espaço orientado. O que equivale dizer que não podemos compreender uma trajetória sem que tenhamos previamente construído os estados sucessivos do campo no qual ela se desenrolou.
Adaptado de: BOURDIEU, Pierre. A ilusão da biografia. In: Ferreira, M. e Amado, J. Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: Editora FGV. 2006.p. 190
Assinale a afirmativa que interpreta corretamente as afirmativas.
( ) Os grupos humanos, ao realizar o exercício da memória coletiva, reconstroem um passado histórico com base em um método crítico científico, que permite distinguir o que realmente ocorreu do que é inventado.
( ) A memória histórica, como a História, requer referências tangíveis e materiais para sua construção, tendo uma das suas maiores expressões os arquivos históricos.
( ) A História e a Memória compartilham o objetivo de se aproximar do passado, mas possuem limites conceituais distintos. Enquanto a História evita os anacronismos e se baseia em documentos, a memória não está sujeita ao mesmo rigor.
As afirmativas são, respectivamente,
Fonte: https://museuhistorianaturalmt.com.br
Ela retrata a Casa Dom Aquino, uma construção de tipo colonial, construída em 1842 e atualmente é a sede do Museu de História Natural de Mato Grosso.
A respeito do uso dessa residência como espaço museológico, é correto afirmar que
Adaptado de: FERNANDO, Tamara. Seeing like the sea: a multispecies history of the Ceylon Pearl Fishery 1800-1925, Past and Present, n. 254, 2022, p. 129
Com base no trecho, é correto afirmar que a História Ambiental compreende