Questões de Concurso
Comentadas sobre regência em português
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Olhador de anúncio
Eis que se aproxima o inverno, pelo menos nas revistas, cheias de anúncios de cobertores, lãs e malhas. O que é o desenvolvimento! Em outros tempos, se o indivíduo sentia frio, passava na loja e adquiria os seus agasalhos. Hoje são os agasalhos que lhe batem à porta, em belas mensagens coloridas.
E nunca vêm sós. O cobertor traz consigo uma linda mulher, que se apresenta para se recolher debaixo de sua “nova textura antialérgica”, e a legenda: “Nosso cobertor aquece os corpos de quem já tem o coração quente”. A mulher parece convidar-nos: “Venha também”. Ficamos perturbados. (...)
Não, a mulher absolutamente não faz parte do cobertor, que é que o senhor estava pensando? Nem adianta telefonar para a loja ou agência de publicidade, pedindo o endereço da moça do cobertor antialérgico. Modelo fotográfico é categoria profissional respeitável, como qualquer outra. Tome juízo, amigo. E leve só o cobertor.
São decepções do olhador de anúncios. Em cada anúncio uma sugestão erótica. Identificam-se o produto e o ser humano. A tônica do interesse recai sobre este último? É logo desviada para aquele. Operada a transferência, fecha-se o negócio. O erotismo fica sendo agente de vendas. Pobre Eros! Fizeram-te auxiliar de Mercúrio (*).
(*) Eros e Mercúrio são, respectivamente, o deus do amor e o deus dos negócios na mitologia clássica.
(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond. O poder ultrajovem. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 167)
Analise as afirmativas abaixo sobre regência verbal.
1 – Está correta quanto à regência verbal a seguinte frase: “Os alunos obedeceram às instruções da prova e responderam ao questionário”.
2 – As duas frases a seguir, mantendo o mesmo sentido, estão corretas quanto à regência: “A enfermeira assistiu o médico na operação” / “A enfermeira assistiu ao médico na operação”.
3 – “Banhou-se, barbeou-se e foi-se embora.” Nesta frase, temos exemplo de verbo pronominal.
4 – Na frase “Feijoada, o prato que todos os brasileiros gostam”, o verbo “gostar” é transitivo direto e, por isso, não é precedido de preposição.
Assinale a opção que indica as afirmativas corretas.
Roma
O filme Roma está constantemente entre dois caminhos. É pessoal e grandioso, popular e intelectual, tecnológico – rodado em 65 mm digital – e clássico – feito em preto e branco com a mesma ousadia dos movimentos cinematográficos das décadas de 1950 e 1960. O título, uma referência a Colonia Roma, bairro da Cidade do México, também remete a Roma, Cidade Aberta, filme-símbolo do neorrealismo italiano assinado por Roberto Rossellini.
Ao revisitar a própria memória, o cineasta Alfonso Cuarón escolhe olhar para Cleo, a empregada, de origem indígena, de uma família branca de classe média. Resgata, assim, não apenas os seus anos de formação, mas todas as particularidades do passado do país. O México no início dos anos 1970 fervilhava entre revoluções sociais e a influência da cultura estrangeira. Cleo, porém, se mantinha ingênua, centrada nas suas obrigações: lavar o pátio, buscar as crianças na escola, lavar a roupa, colocar os pequenos para dormir.
Até que tudo se transforma. A família perfeita desmorona, com o pai que sai de casa, a mãe que não se conforma com o fim do casamento e os filhos jogados de um lado para o outro na confusão dos adultos. Enquanto isso, Cleo se apaixona, engravida, é enganada e deixada à própria sorte. Duas mulheres de diferentes origens compartilham a dor do abandono. Juntas, reencontram a resiliência que segura o mundo frente às paixões autocentradas.
O cineasta, que além da direção e do roteiro assina a fotografia e a montagem (ao lado de Adam Gough), retrata sua história, entrelaçada com a de seu país, como se na vida adulta reencontrasse o olhar da infância, cujo fascínio por cada descoberta aumenta o tamanho e a importância de tudo.
O que Cuarón faz em Roma é raro. São camadas e camadas sobrepostas para reproduzir a complexidade do seu imaginário afetivo e das relações sociais de um país. Entre muitas inspirações, referências e técnicas, sua assinatura está na sinceridade com que olha para si mesmo e para os seus personagens, encontrando beleza e verdade no que muitos menosprezam. Esse é um filme simples e complicado, como a própria vida.
(Natália Bridi. Omelete. 11.01.2019. www.omelete.com.br. Adaptado)
Uma cantiga de roda diz o seguinte:
Eu fui no Tororó
beber água não achei
Achei bela morena
que no Tororó deixei
Aproveita minha gente
que uma noite não é nada
Se não dormir agora
dormirá de madrugada
Em relação a essa cantiga, assinale a afirmativa incorreta.
TEXTO: A palavra foi feita para dizer
Socorro Acioli, Publicado (01:30 | 15/09/2018)
Quando Vidas Secas foi publicado, na primeira metade do século XX, os artistas procuravam encontrar seu lugar depois que os portões da criação tinham sido escancarados pelas vanguardas. A partir de então era não só possível, mas necessário ousar em qualquer direção: nos temas, na forma e na linguagem. No Brasil, o modernismo já fincara suas bases e, quase nos anos quarenta, contava com um time de autores que a historiografia literária considerou pertencente ao que chamou de segunda fase do modernismo.
Quase todos eram regionalistas, essa alcunha tão mal compreendida e que, muitas vezes, desperta a reação equivocada de um rótulo que diminui, mas que fortalece e amplia. Um dos pulsos de qualquer literatura nacional está fundamentado justamente na capacidade de falar do próprio chão e de como homens e mulheres andaram, marcharam e caíram sobre ele.
No ano de 1938, foram publicados, entre outros: Olhai os lírios do campo, de Érico Veríssimo; Pedra Bonita, de José Lins do Rego; A estrada do mar, de Jorge Amado; Cazuza, de Viriato Correia; Porão e Sobrado, de Lygia Fagundes Telles e Vidas Secas, de Graciliano Ramos; talvez o aniversariante mais lembrado do grupo e que merece um olhar cuidadoso e atento para os motivos de sua permanência no cânone nacional.
Os homens e mulheres do Nordeste foram protagonistas de mais outras tantas obras dos contemporâneos de Graciliano Ramos. Considero que o maior mérito de Vidas Secas, justamente por ser o mais difícil de alcançar, é o trabalho com a linguagem e a narração. Apesar de ser contado por um narrador onisciente, o uso impecável e invisível do discurso indireto livre provoca o efeito de uma polifonia sofisticada.
Aos oitenta anos, não constato sinais de velhice neste livro. Ainda há muita vida aqui. É possível falar de Vidas Secas pelos olhos da história, da sociologia, da literatura, do seu lugar na trajetória do autor, na linha do tempo do Brasil, mas escolho outra via para dizer porque fechei o livro com a certeza de que essa obra continua forte: há um grande poema escondido em Vidas Secas, adormecido. Há música no chocalho das palavras. Barbicacho, trempe, macambira, suçuarana, baraúna, taramela, aió, pelame, enxó, marrã, mundéu, pucumã, jirau, losna, craveiro, arribação - as aves que cobrem o mundo de penas, expressão que quase batizou o livro.
Para além de um grande romance, Vidas Secas
é também poesia e música, um bloco de
camadas sobrepostas de sentidos que o tempo
tem tratado de realçar. Poucos octogenários
chegam tão vivos ao seu aniversário. Os
passos desse livro ainda estão vindo pela
estrada nos pés de Fabiano, Sinhá Vitória, os meninos sem nome e os olhos vivos da cadela
chamada Baleia, que também é Palavra.
Graciliano disse que a palavra não foi feita
para enfeitar, brilhar como ouro falso; a
palavra foi feita para dizer.
Disseminação da violência
A violência não se administra nem admite negociação: é da sua natureza impor a força como método. Sua lógica final é a adoção da barbárie. As instituições humanas existem para regulamentar nossos ímpetos, disciplinar nossas ações, impedir que se chegue à supremacia da violência. São chamados justamente de “supremacistas” (um neologismo, para atender a uma necessidade de nossos tempos violentos) aqueles que querem se impor pela força bruta, alcançar um poder hegemônico. Apoiam-se eles em ideologias que cantam a superioridade de uma etnia, de uma cultura, de uma classe social, de uma seita religiosa. Acabam por fazer de sua brutalidade primitiva uma “instituição” organizada pelo princípio brutal da lei do mais forte.
Talvez em nenhuma outra época foi tão premente a necessidade de se fortalecerem as instituições que de fato trabalham a favor do homem, da coletividade, do interesse público. A profusão e a difusão das chamadas redes sociais puseram a nu a violência que está em muitos e que já não se envergonha de si mesma, antes se proclama e se propaga com inaudito cinismo. Estamos todos diante de um grande espelho público e anônimo, onde se projeta o que se é ou o que se quer ser. Admirável como conquista tecnológica, a expansão da internet ainda não encontrou os meios necessários para canalizar acima de tudo os impulsos mais generosos, que devem reger nossa difícil caminhada civilizatória.
(Aníbal Tolentino, inédito)
A (in)segurança pública e os reflexos na sociedade
José Ricardo Bandeira
A cada dia que passa os cidadãos das grandes cidades e capitais brasileiras são obrigados a conviver com a explosão de violência e criminalidade que assola o país. Balas perdidas, arrastões, roubos e homicídios já não são surpresas em uma nação que tem a incrível taxa de mais de 60 mil assassinatos por ano.
E, nessa esteira de violência, muitos políticos são eleitos. Infelizmente, exploram a bandeira da repressão — a exemplo das últimas eleições — com um discurso muitas vezes demagógico e sem profundidade. Falam coisas que o cidadão cansado e acuado espera ouvir. Mas, assim como os anteriores, repetem as mesmas práticas de combate à criminalidade, que, por evidentes razões, não surtiram efeito.
A saber, nas últimas décadas, tornou-se prática obrigatória no Brasil combater a criminalidade por meio do enfrentamento policial em detrimento de muitas outras medidas racionais e científicas que poderiam trazer resultados sólidos.
Em uma caixa chamada segurança pública, onde existem diversas outras alternativas, a polícia é única e tão somente uma das ferramentas no combate à criminalidade.
Apenas para ilustrar como os nossos governantes priorizam o enfrentamento policial, a primeira grande operação no Brasil ocorreu no dia 21 de março de 1963 na “comunidade da favela”, hoje conhecida como morro da Providência, no Rio. Com o apoio de um helicóptero, cerca de 500 policiais cercaram a comunidade e fizeram 200 presos. Daí por diante, essa foi a política de segurança implementada por praticamente todos os governadores do Brasil.
Entretanto, ao priorizar o enfrentamento policial, os efeitos colaterais são inevitáveis. Há morte de inocentes, caos e transtornos nas grandes cidades e prejuízos ao comércio e turismo, além de graves sequelas psicológicas provocadas naqueles que vivenciam a violência diariamente.
A segurança pública é uma ciência e, como tal, deve ser tratada e conduzida. Logo, a forma mais eficiente de lidar com a violência nas grandes cidades é por meio de investimento em inteligência, impedindo que drogas, armas e munições cheguem às comunidades dominadas pelo tráfico de drogas e pelas organizações criminosas. Asfixia-se, assim, suas ações e corta-se seus recursos — sem drogas, armas e munições, o crime naturalmente sucumbe.
Todavia, nesse critério, o governo federal sempre foi o grande vilão da segurança pública, pois nunca impediu que drogas, armas e munições atravessassem fronteiras, percorressem estradas, portos e aeroportos e chegassem às comunidades.
Em paralelo à aplicação das medidas de inteligência, é necessário também um grande projeto de geração de emprego e renda em substituição ao dinheiro gerado pela narcoeconomia que circula nas comunidades. Infelizmente, enquanto tais medidas não forem implementadas, continuaremos a velha política de enfrentamento e com a triste classificação de termos a polícia que mais mata e que mais morre no mundo.
Disponível em:<https://www1.folha.uol.com.br>
Considere os dois trechos a seguir.
Trecho 1
Em uma caixa chamada segurança pública, onde existem diversas outras alternativas, a polícia é única e tão somente uma das ferramentas no combate à criminalidade.
Trecho 2
Há morte de inocentes, caos e transtornos nas grandes cidades e prejuízos ao comércio e turismo, além de graves sequelas psicológicas provocadas naqueles que vivenciam a violência diariamente.
Sobre os verbos em destaque, é correto afirmar:
Preenche corretamente a lacuna da frase acima:
A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto CB1A1-II, julgue o item que se segue.
O nível de formalidade do texto seria alterado caso a
expressão “faz de você” (ℓ.10) fosse substituída por lhe
tornam, mas os sentidos originais e a correção gramatical do
texto seriam mantidos.

É CORRETO o que se afirma apenas em:
Era noite e ela ainda não havia voltado. Ele fez de conta que não estava ligando, continuou assistindo à televisão como se não estivesse acontecendo nada. Olhava pela janela de vez em quando. Voltava para a frente da TV, obedecia ao controle remoto. Ficava olhando a telinha azul despencando imagens sem sentido. Havia imagens sem sentido. O controle remoto criou uma nova programação. São programas onde imagens aleatórias de desenhos animados e de comentaristas políticos se intercalam, numa corrida sem sentido. Não lhe agradava a programação da tv: são programas diferentes todos os dias, mas iguais em sua falta de objetividade. Desligou a TV, ligou o aparelho de som. Sintonizou uma rádio, para não precisar ficar trocando de CD. A música sertaneja invadiu as FMs. Ele era do tempo em que as FMs só tocavam música americana. Ou MPB. Não faz muito tempo não, até você deve se lembrar desse tempo.
Disponível em: <http://www.releituras.com/acarvalho_gata.asp> . Acesso em: 10 nov. 2017.
Considerando a regência e a concordância, dadas as reescritas com modificações dos trechos destacados,
I. Continuou vendo a televisão.
II. Existiam imagens sem sentido.
III. Você deve lembrar esse tempo.
verifica-se que não apresenta(m) mudança de sentido
Respeitando-se as regras de regência nominal e preservando-se o sentido original, o vocábulo destacado pode ser substituído por
Considerando as ideias, os sentidos e os aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item a seguir.
No trecho “poucos tentam compreender no que exatamente se
inscreveram” (l. 8 e 9), a substituição de “no que” por o que
comprometeria a correção gramatical do texto.
Leia, com atenção, a tirinha a seguir.
É incorreto afirmar:
Texto 2
“Em linhas gerais a arquitetura brasileira sempre conservou a boa tradição da arquitetura portuguesa. De Portugal, desde o descobrimento do Brasil, vieram para aqui os fundamentos típicos da arquitetura colonial. Não se verificou, todavia, uma transplantação integral de gosto e de estilo, porque as novas condições de vida em clima e terras diferentes impuseram adaptações e mesmo improvisações que acabariam por dar à do Brasil uma feição um tanto diferente da arquitetura genuinamente portuguesa ou de feição portuguesa. E como arquitetura portuguesa, nesse caso, cumpre reconhecer a de característica ou de estilo barroco”.
(Luís Jardim, Arquitetura brasileira. Cultura, SP: 1952)
As preposições, em língua portuguesa, ora são empregadas por uma exigência gramatical de um termo anterior, ora por necessidades semânticas, não sendo de emprego obrigatório.
No texto 2, o único exemplo de emprego obrigatório, exigido gramaticalmente, é:
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item que se segue.
Nos trechos “intenção de difamar” (l. 12 e 13) e “nem de
deplorar” (l. 13 e 14), a preposição “de” poderia ser
substituída por em, sem que a correção gramatical do texto
fosse comprometida.