Questões de Concurso
Para prefeitura de belo horizonte - mg
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Atenção às frases a seguir:
I. Esses sapatos não custam tão caros.
II. Meditação é bom para o bem-estar.
III. Os Suspeitos é um ótimo filme.
A concordância nominal está correta em
Considere o trecho a seguir:
Talvez ele já tenha dito tudo o que há para dizer sobre o assunto.
A alternativa que apresenta o mesmo tipo de flexão verbal em destaque é:
“Mais que todos deserdamos deste nosso oblíquo modo um menino inda não nado (e melhor não fora nado) que de nada lhe daremos sua parte de nonada e que nada, porém nada o há de ter desenganado.”
(Carlos Drummond de Andrade, “Os bens e o sangue”, em CLARO ENIGMA, Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1992, p. 230)
Sobre o emprego do vocábulo “nado” na estrofe acima é correto afirmar que
Considere o trecho abaixo para responder à questão.
“De todas as obras que alguma vez se escreveram sobre política, talvez nenhuma provoque a sensação de perene atualidade que, desde há quinhentos anos, continua a desprender-se das páginas d’O PRÍNCIPE. A terminologia, os conceitos e, por maioria de razão, os exemplos nele invocados, sejam da Europa do Quattrocento, ou da Antiguidade grecoromana, estão, obviamente, datados. Porém, a impressão que se colhe da sua leitura é a de que o livro se dirige a nós, aqui e agora, e de que existe no seu significado alguma coisa que sobrevive e extravasa as circunstâncias em que, sucessiva e diferentemente, foi sendo lido. Dir-se-ia que a fortuna d’O PRÍNCIPE é uma “fortuna verde”, igual à que Maquiavel atribui a César Borgia, uma fortuna reiteradamente verde, cuja verdura desafia o passar dos tempos com a mesma temeridade com que desafia as coisas da política, trazendo à superfície de um texto literariamente soberbo o que nessas mesmas coisas se tem por indizível e impensável, ou que, muito simplesmente, não se ousa nomear.
Esse caráter de permanente novidade do texto, que transparece em leituras tão diferentes como aquelas que dele fizeram Espinosa, Bayle, Fichte, Hegel, Clausewitz, Gramsci, Cassirer, Leo Strauss ou Althusser, para citar apenas alguns dos mais relevantes, não se resume unicamente à sua condição de clássico. Decerto os clássicos são autores que nos continuam a questionar e a tocar, quer ao entendimento, quer ao afeto, e em cujas obras se desenha um cânon, intelectual, moral ou estético, que prevalece muito para lá do seu tempo. Contudo, a forma como somos tocados e questionados por Maquiavel é, literalmente, insólita. Nele, não existe uma teoria claramente identificável, uma doutrina que se compare a tantas outras que enxameiam a história do pensamento político e que, a esse título, suscitasse, hoje em dia, adesão ou rejeição. A insistente condenação do livro, como do seu autor, envolta ao longo dos tempos num caudal de senso comum e de ideologias várias, é mais um estado de alma, um esconjuro da imoralidade em política – o maquiavelismo – do que propriamente uma rejeição de possíveis teses por ele sustentadas. Tampouco se vislumbra, em toda a obra de Maquiavel, uma organização coerente da experiência, uma súmula de fatos a que pudesse atribuir-se um significado inequívoco ou de onde se extraísse uma orientação prática para situações análogas. A interminável discussão entre aqueles que o têm por metre de soberanos, eficientes mas pouco escrupulosos, e os que preferem ver nele um avisado inspirador da república e da liberdade – seja a dos cidadãos, seja a dos povos – é bem a imagem dessa ambiguidade que parece inscrita no cerne das suas proposições. Em rigor, talvez seja impossível garantir nesses termos “o que pensava Maquiavel”, ou mesmo “o que diz O PRÍNCIPE”: será, de fato, uma obra onde o mal se faz passar por bem, “escrita pelo punho do diabo”, como tanta gente suspeitou, desde muito cedo, e que tenta legitimar a prepotência dos soberanos absolutos? Ou será antes uma sátira, que os homens avisados sempre perceberam como tal, mas que, de tão engenhosa e camuflada, passou e ainda passa por elogio aos soberanos, como pretenderam, por exemplo, Espinosa, Rousseau e a ENCYCLOPÉDIE? Ou não será uma coisa nem outra, antes “uma espécie de manifesto político”, como viria a sustentar Antonio Gramsci? As opiniões sucedem-se e o “enigma” de Maquiavel, como lhe chama Claude Lefort, na sequência, aliás, do que à sua maneira já assegurara Croce, persiste. No entanto, apesar da indeterminação que envolve o seu significado, este livro inclassificável, porventura definitivamente incompreensível sob certos aspectos, interpelanos de modo tal, esteve e está de tal maneira presente em toda a Modernidade, que é impossível ficar-lhe indiferente ou arrumálo definitivamente numa época – a sua – com a qual já pouco ou nada tivéssemos a ver. A que é que se deve esse fascínio sempre renovado, essa sensação de proximidade, essa “fortuna verde” d’O PRÍNCIPE?”
(Diogo Pires Aurélio, O PRÍNCIPE, Nicolau
Maquiavel, Tradução, introdução e notas, São
Paulo, Editora 34, 2020, pp.8-9.).
A expressão “sobrevive e extravasa as circunstâncias”, do ponto de vista conteudístico, só não se afina com
Considere o trecho abaixo para responder à questão.
“De todas as obras que alguma vez se escreveram sobre política, talvez nenhuma provoque a sensação de perene atualidade que, desde há quinhentos anos, continua a desprender-se das páginas d’O PRÍNCIPE. A terminologia, os conceitos e, por maioria de razão, os exemplos nele invocados, sejam da Europa do Quattrocento, ou da Antiguidade grecoromana, estão, obviamente, datados. Porém, a impressão que se colhe da sua leitura é a de que o livro se dirige a nós, aqui e agora, e de que existe no seu significado alguma coisa que sobrevive e extravasa as circunstâncias em que, sucessiva e diferentemente, foi sendo lido. Dir-se-ia que a fortuna d’O PRÍNCIPE é uma “fortuna verde”, igual à que Maquiavel atribui a César Borgia, uma fortuna reiteradamente verde, cuja verdura desafia o passar dos tempos com a mesma temeridade com que desafia as coisas da política, trazendo à superfície de um texto literariamente soberbo o que nessas mesmas coisas se tem por indizível e impensável, ou que, muito simplesmente, não se ousa nomear.
Esse caráter de permanente novidade do texto, que transparece em leituras tão diferentes como aquelas que dele fizeram Espinosa, Bayle, Fichte, Hegel, Clausewitz, Gramsci, Cassirer, Leo Strauss ou Althusser, para citar apenas alguns dos mais relevantes, não se resume unicamente à sua condição de clássico. Decerto os clássicos são autores que nos continuam a questionar e a tocar, quer ao entendimento, quer ao afeto, e em cujas obras se desenha um cânon, intelectual, moral ou estético, que prevalece muito para lá do seu tempo. Contudo, a forma como somos tocados e questionados por Maquiavel é, literalmente, insólita. Nele, não existe uma teoria claramente identificável, uma doutrina que se compare a tantas outras que enxameiam a história do pensamento político e que, a esse título, suscitasse, hoje em dia, adesão ou rejeição. A insistente condenação do livro, como do seu autor, envolta ao longo dos tempos num caudal de senso comum e de ideologias várias, é mais um estado de alma, um esconjuro da imoralidade em política – o maquiavelismo – do que propriamente uma rejeição de possíveis teses por ele sustentadas. Tampouco se vislumbra, em toda a obra de Maquiavel, uma organização coerente da experiência, uma súmula de fatos a que pudesse atribuir-se um significado inequívoco ou de onde se extraísse uma orientação prática para situações análogas. A interminável discussão entre aqueles que o têm por metre de soberanos, eficientes mas pouco escrupulosos, e os que preferem ver nele um avisado inspirador da república e da liberdade – seja a dos cidadãos, seja a dos povos – é bem a imagem dessa ambiguidade que parece inscrita no cerne das suas proposições. Em rigor, talvez seja impossível garantir nesses termos “o que pensava Maquiavel”, ou mesmo “o que diz O PRÍNCIPE”: será, de fato, uma obra onde o mal se faz passar por bem, “escrita pelo punho do diabo”, como tanta gente suspeitou, desde muito cedo, e que tenta legitimar a prepotência dos soberanos absolutos? Ou será antes uma sátira, que os homens avisados sempre perceberam como tal, mas que, de tão engenhosa e camuflada, passou e ainda passa por elogio aos soberanos, como pretenderam, por exemplo, Espinosa, Rousseau e a ENCYCLOPÉDIE? Ou não será uma coisa nem outra, antes “uma espécie de manifesto político”, como viria a sustentar Antonio Gramsci? As opiniões sucedem-se e o “enigma” de Maquiavel, como lhe chama Claude Lefort, na sequência, aliás, do que à sua maneira já assegurara Croce, persiste. No entanto, apesar da indeterminação que envolve o seu significado, este livro inclassificável, porventura definitivamente incompreensível sob certos aspectos, interpelanos de modo tal, esteve e está de tal maneira presente em toda a Modernidade, que é impossível ficar-lhe indiferente ou arrumálo definitivamente numa época – a sua – com a qual já pouco ou nada tivéssemos a ver. A que é que se deve esse fascínio sempre renovado, essa sensação de proximidade, essa “fortuna verde” d’O PRÍNCIPE?”
(Diogo Pires Aurélio, O PRÍNCIPE, Nicolau
Maquiavel, Tradução, introdução e notas, São
Paulo, Editora 34, 2020, pp.8-9.).
Os termos “entendimento” e “afeto” encontram correspondência semântica, respectivamente, em
Considere o trecho abaixo para responder à questão.
“De todas as obras que alguma vez se escreveram sobre política, talvez nenhuma provoque a sensação de perene atualidade que, desde há quinhentos anos, continua a desprender-se das páginas d’O PRÍNCIPE. A terminologia, os conceitos e, por maioria de razão, os exemplos nele invocados, sejam da Europa do Quattrocento, ou da Antiguidade grecoromana, estão, obviamente, datados. Porém, a impressão que se colhe da sua leitura é a de que o livro se dirige a nós, aqui e agora, e de que existe no seu significado alguma coisa que sobrevive e extravasa as circunstâncias em que, sucessiva e diferentemente, foi sendo lido. Dir-se-ia que a fortuna d’O PRÍNCIPE é uma “fortuna verde”, igual à que Maquiavel atribui a César Borgia, uma fortuna reiteradamente verde, cuja verdura desafia o passar dos tempos com a mesma temeridade com que desafia as coisas da política, trazendo à superfície de um texto literariamente soberbo o que nessas mesmas coisas se tem por indizível e impensável, ou que, muito simplesmente, não se ousa nomear.
Esse caráter de permanente novidade do texto, que transparece em leituras tão diferentes como aquelas que dele fizeram Espinosa, Bayle, Fichte, Hegel, Clausewitz, Gramsci, Cassirer, Leo Strauss ou Althusser, para citar apenas alguns dos mais relevantes, não se resume unicamente à sua condição de clássico. Decerto os clássicos são autores que nos continuam a questionar e a tocar, quer ao entendimento, quer ao afeto, e em cujas obras se desenha um cânon, intelectual, moral ou estético, que prevalece muito para lá do seu tempo. Contudo, a forma como somos tocados e questionados por Maquiavel é, literalmente, insólita. Nele, não existe uma teoria claramente identificável, uma doutrina que se compare a tantas outras que enxameiam a história do pensamento político e que, a esse título, suscitasse, hoje em dia, adesão ou rejeição. A insistente condenação do livro, como do seu autor, envolta ao longo dos tempos num caudal de senso comum e de ideologias várias, é mais um estado de alma, um esconjuro da imoralidade em política – o maquiavelismo – do que propriamente uma rejeição de possíveis teses por ele sustentadas. Tampouco se vislumbra, em toda a obra de Maquiavel, uma organização coerente da experiência, uma súmula de fatos a que pudesse atribuir-se um significado inequívoco ou de onde se extraísse uma orientação prática para situações análogas. A interminável discussão entre aqueles que o têm por metre de soberanos, eficientes mas pouco escrupulosos, e os que preferem ver nele um avisado inspirador da república e da liberdade – seja a dos cidadãos, seja a dos povos – é bem a imagem dessa ambiguidade que parece inscrita no cerne das suas proposições. Em rigor, talvez seja impossível garantir nesses termos “o que pensava Maquiavel”, ou mesmo “o que diz O PRÍNCIPE”: será, de fato, uma obra onde o mal se faz passar por bem, “escrita pelo punho do diabo”, como tanta gente suspeitou, desde muito cedo, e que tenta legitimar a prepotência dos soberanos absolutos? Ou será antes uma sátira, que os homens avisados sempre perceberam como tal, mas que, de tão engenhosa e camuflada, passou e ainda passa por elogio aos soberanos, como pretenderam, por exemplo, Espinosa, Rousseau e a ENCYCLOPÉDIE? Ou não será uma coisa nem outra, antes “uma espécie de manifesto político”, como viria a sustentar Antonio Gramsci? As opiniões sucedem-se e o “enigma” de Maquiavel, como lhe chama Claude Lefort, na sequência, aliás, do que à sua maneira já assegurara Croce, persiste. No entanto, apesar da indeterminação que envolve o seu significado, este livro inclassificável, porventura definitivamente incompreensível sob certos aspectos, interpelanos de modo tal, esteve e está de tal maneira presente em toda a Modernidade, que é impossível ficar-lhe indiferente ou arrumálo definitivamente numa época – a sua – com a qual já pouco ou nada tivéssemos a ver. A que é que se deve esse fascínio sempre renovado, essa sensação de proximidade, essa “fortuna verde” d’O PRÍNCIPE?”
(Diogo Pires Aurélio, O PRÍNCIPE, Nicolau
Maquiavel, Tradução, introdução e notas, São
Paulo, Editora 34, 2020, pp.8-9.).