Questões de Concurso
Para decea
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A nuvem como guia
Quando eu era criança, morava na Penha. Em
minha casa, havia quintal. Deitado na grama, eu via
estrelas, cometas, asteróides: via até a ponta das
barbas brancas de Deus. Em dia de lua cheia, via até
5 seu sorriso, encimando o bigode branco. As estrelas
eram tantas que pareciam confetes e lantejoulas, em noite
de terça-feira gorda. Brilhavam forte, com brilho que hoje
já não se vê: a luz foi soterrada no céu sombrio pela
poluição galopante, estufa onde nos esturricaremos todos
10 como torresmos, sem remissão, se os países poluentes
continuarem sua obra sufocante.
Na Praia das Morenas, no fim da minha rua,
tropeçando em siris e caranguejos - naquele tempo
havia até água-viva na Baía de Guanabara; hoje, nem
15 morta! - eu via barcos de pescadores e peixes
contorcionistas, mordendo as redes, como borboletas em
teias de aranha - que ainda existiam naqueles tempos,
aranhas e borboletas.
Criança, eu pensava: como seria possível aos
20 pescadores velejar tão longe da areia, perder-se da
nossa vista, perder-se no mar onde só havia vento em
ritmos tonitruantes, onde as ondas eram todas iguais,
sem traços distintivos, feitas da mesma água e mesma
espuma e, encharcados de tempestades, encontrar o
25 caminho de volta?
Meu pai explicava: os pescadores olhavam as
estrelas, guias seguras, honestas, que indicavam o
caminho de suas choupanas, na praia. Eu olhava o céu
e via que as estrelas se moviam, e me afligia: talvez
30 enganassem os pescadores. Meu pai esclarecia: os
pescadores haviam aprendido os movimentos estelares,
e as estrelas tinham hábitos inabaláveis, confiáveis, eram
sérias, seguiam sempre os mesmos caminhos seguros.
BOAL, Augusto. (adaptado).
E SE...não tivéssemos medo?
Quem diria: aquele frio na espinha na hora de pular
do trampolim é essencial para a nossa vida. O medo
acaba com a gente quando estamos vendo um filme de
terror ou tentando pular na piscina, mas, sem ele, não
5 seríamos nada, coisa nenhuma. Na ausência do medo,
não teríamos nenhuma reação em situações de perigo,
como a aproximação de mastodonte na idade do gelo ou
quando o carro vai dar de cara no poste. Essa proteção
acontece involuntariamente: a sensação de temor chega
10 antes às partes do cérebro que regem nossas ações
involuntárias que ao córtex, a casca cerebral onde está o
raciocínio.
Além desse medo primordial, existe o medo
criado pela mente. Afinal, não corremos risco iminente
15 de não perpetuar a espécie quando gaguejamos diante
de uma possível paquera, ao tentar pedir aumento para o
chefe ou quando construímos muralhas e bombas atômicas.
Pelo contrário. "O medo de ser ridicularizado ou
menos amado pelo outro é a fonte de neuroses e fobias
20 sociais, mas está presente em todas as pessoas", diz a
psicóloga Maria Tereza Giordan Góes, autora do livro
Vivendo Sem medo de Ter Medo. E o que aconteceria se
seguíssemos com o medo involuntário mas deixássemos
de ter o medo imaginário? Pois é, também não seríamos
25 muita coisa.
O medo é um conceito fundamental para Freud, o
pai da psicanálise. Segundo ele, é o medo da castração,
de ser ridicularizado ou menos amado, que faz os
homens lutarem por objetivos e se submeterem a provas
30 sexuais e sociais. Sem medo, poderíamos ficar sem
motivação de competir, inovar, ser melhor que o vizinho.
Pior: viveríamos num caos danado, já que o medo de ser
culpado e castigado é raiz para instituições e religiões.
"Nunca uma civilização concedeu tanto peso à culpa e
35 ao arrependimento quanto o cristianismo", afirma o historiador
francês Jean Delumeau, autor do livro História do
Medo no Ocidente.
"O medo se reproduz na forma da autoridade física
e espiritual", afirma a psicanalista Cleide Monteiro. "Ele
40 está na base de instituições que podem ser opressoras,
mas fazem a sociedade andar para a frente longe de
barbáries." Para a psicanálise, funciona assim: quando
eu reconheço em mim a possibilidade de fazer mal a
alguém, a enxergo também em você, então passo a temê-lo.
45 Para podermos conviver numa boa, criamos coisas
superiores para temer, como a polícia e a religião. Sem o
medo, não teríamos nada disso. Sairíamos direto na faca.
NARLOCK, Leandro. Revista Superinteressante. (adaptado).
E SE...não tivéssemos medo?
Quem diria: aquele frio na espinha na hora de pular
do trampolim é essencial para a nossa vida. O medo
acaba com a gente quando estamos vendo um filme de
terror ou tentando pular na piscina, mas, sem ele, não
5 seríamos nada, coisa nenhuma. Na ausência do medo,
não teríamos nenhuma reação em situações de perigo,
como a aproximação de mastodonte na idade do gelo ou
quando o carro vai dar de cara no poste. Essa proteção
acontece involuntariamente: a sensação de temor chega
10 antes às partes do cérebro que regem nossas ações
involuntárias que ao córtex, a casca cerebral onde está o
raciocínio.
Além desse medo primordial, existe o medo
criado pela mente. Afinal, não corremos risco iminente
15 de não perpetuar a espécie quando gaguejamos diante
de uma possível paquera, ao tentar pedir aumento para o
chefe ou quando construímos muralhas e bombas atômicas.
Pelo contrário. "O medo de ser ridicularizado ou
menos amado pelo outro é a fonte de neuroses e fobias
20 sociais, mas está presente em todas as pessoas", diz a
psicóloga Maria Tereza Giordan Góes, autora do livro
Vivendo Sem medo de Ter Medo. E o que aconteceria se
seguíssemos com o medo involuntário mas deixássemos
de ter o medo imaginário? Pois é, também não seríamos
25 muita coisa.
O medo é um conceito fundamental para Freud, o
pai da psicanálise. Segundo ele, é o medo da castração,
de ser ridicularizado ou menos amado, que faz os
homens lutarem por objetivos e se submeterem a provas
30 sexuais e sociais. Sem medo, poderíamos ficar sem
motivação de competir, inovar, ser melhor que o vizinho.
Pior: viveríamos num caos danado, já que o medo de ser
culpado e castigado é raiz para instituições e religiões.
"Nunca uma civilização concedeu tanto peso à culpa e
35 ao arrependimento quanto o cristianismo", afirma o historiador
francês Jean Delumeau, autor do livro História do
Medo no Ocidente.
"O medo se reproduz na forma da autoridade física
e espiritual", afirma a psicanalista Cleide Monteiro. "Ele
40 está na base de instituições que podem ser opressoras,
mas fazem a sociedade andar para a frente longe de
barbáries." Para a psicanálise, funciona assim: quando
eu reconheço em mim a possibilidade de fazer mal a
alguém, a enxergo também em você, então passo a temê-lo.
45 Para podermos conviver numa boa, criamos coisas
superiores para temer, como a polícia e a religião. Sem o
medo, não teríamos nada disso. Sairíamos direto na faca.
NARLOCK, Leandro. Revista Superinteressante. (adaptado).
E SE...não tivéssemos medo?
Quem diria: aquele frio na espinha na hora de pular
do trampolim é essencial para a nossa vida. O medo
acaba com a gente quando estamos vendo um filme de
terror ou tentando pular na piscina, mas, sem ele, não
5 seríamos nada, coisa nenhuma. Na ausência do medo,
não teríamos nenhuma reação em situações de perigo,
como a aproximação de mastodonte na idade do gelo ou
quando o carro vai dar de cara no poste. Essa proteção
acontece involuntariamente: a sensação de temor chega
10 antes às partes do cérebro que regem nossas ações
involuntárias que ao córtex, a casca cerebral onde está o
raciocínio.
Além desse medo primordial, existe o medo
criado pela mente. Afinal, não corremos risco iminente
15 de não perpetuar a espécie quando gaguejamos diante
de uma possível paquera, ao tentar pedir aumento para o
chefe ou quando construímos muralhas e bombas atômicas.
Pelo contrário. "O medo de ser ridicularizado ou
menos amado pelo outro é a fonte de neuroses e fobias
20 sociais, mas está presente em todas as pessoas", diz a
psicóloga Maria Tereza Giordan Góes, autora do livro
Vivendo Sem medo de Ter Medo. E o que aconteceria se
seguíssemos com o medo involuntário mas deixássemos
de ter o medo imaginário? Pois é, também não seríamos
25 muita coisa.
O medo é um conceito fundamental para Freud, o
pai da psicanálise. Segundo ele, é o medo da castração,
de ser ridicularizado ou menos amado, que faz os
homens lutarem por objetivos e se submeterem a provas
30 sexuais e sociais. Sem medo, poderíamos ficar sem
motivação de competir, inovar, ser melhor que o vizinho.
Pior: viveríamos num caos danado, já que o medo de ser
culpado e castigado é raiz para instituições e religiões.
"Nunca uma civilização concedeu tanto peso à culpa e
35 ao arrependimento quanto o cristianismo", afirma o historiador
francês Jean Delumeau, autor do livro História do
Medo no Ocidente.
"O medo se reproduz na forma da autoridade física
e espiritual", afirma a psicanalista Cleide Monteiro. "Ele
40 está na base de instituições que podem ser opressoras,
mas fazem a sociedade andar para a frente longe de
barbáries." Para a psicanálise, funciona assim: quando
eu reconheço em mim a possibilidade de fazer mal a
alguém, a enxergo também em você, então passo a temê-lo.
45 Para podermos conviver numa boa, criamos coisas
superiores para temer, como a polícia e a religião. Sem o
medo, não teríamos nada disso. Sairíamos direto na faca.
NARLOCK, Leandro. Revista Superinteressante. (adaptado).
E SE...não tivéssemos medo?
Quem diria: aquele frio na espinha na hora de pular
do trampolim é essencial para a nossa vida. O medo
acaba com a gente quando estamos vendo um filme de
terror ou tentando pular na piscina, mas, sem ele, não
5 seríamos nada, coisa nenhuma. Na ausência do medo,
não teríamos nenhuma reação em situações de perigo,
como a aproximação de mastodonte na idade do gelo ou
quando o carro vai dar de cara no poste. Essa proteção
acontece involuntariamente: a sensação de temor chega
10 antes às partes do cérebro que regem nossas ações
involuntárias que ao córtex, a casca cerebral onde está o
raciocínio.
Além desse medo primordial, existe o medo
criado pela mente. Afinal, não corremos risco iminente
15 de não perpetuar a espécie quando gaguejamos diante
de uma possível paquera, ao tentar pedir aumento para o
chefe ou quando construímos muralhas e bombas atômicas.
Pelo contrário. "O medo de ser ridicularizado ou
menos amado pelo outro é a fonte de neuroses e fobias
20 sociais, mas está presente em todas as pessoas", diz a
psicóloga Maria Tereza Giordan Góes, autora do livro
Vivendo Sem medo de Ter Medo. E o que aconteceria se
seguíssemos com o medo involuntário mas deixássemos
de ter o medo imaginário? Pois é, também não seríamos
25 muita coisa.
O medo é um conceito fundamental para Freud, o
pai da psicanálise. Segundo ele, é o medo da castração,
de ser ridicularizado ou menos amado, que faz os
homens lutarem por objetivos e se submeterem a provas
30 sexuais e sociais. Sem medo, poderíamos ficar sem
motivação de competir, inovar, ser melhor que o vizinho.
Pior: viveríamos num caos danado, já que o medo de ser
culpado e castigado é raiz para instituições e religiões.
"Nunca uma civilização concedeu tanto peso à culpa e
35 ao arrependimento quanto o cristianismo", afirma o historiador
francês Jean Delumeau, autor do livro História do
Medo no Ocidente.
"O medo se reproduz na forma da autoridade física
e espiritual", afirma a psicanalista Cleide Monteiro. "Ele
40 está na base de instituições que podem ser opressoras,
mas fazem a sociedade andar para a frente longe de
barbáries." Para a psicanálise, funciona assim: quando
eu reconheço em mim a possibilidade de fazer mal a
alguém, a enxergo também em você, então passo a temê-lo.
45 Para podermos conviver numa boa, criamos coisas
superiores para temer, como a polícia e a religião. Sem o
medo, não teríamos nada disso. Sairíamos direto na faca.
NARLOCK, Leandro. Revista Superinteressante. (adaptado).
E SE...não tivéssemos medo?
Quem diria: aquele frio na espinha na hora de pular
do trampolim é essencial para a nossa vida. O medo
acaba com a gente quando estamos vendo um filme de
terror ou tentando pular na piscina, mas, sem ele, não
5 seríamos nada, coisa nenhuma. Na ausência do medo,
não teríamos nenhuma reação em situações de perigo,
como a aproximação de mastodonte na idade do gelo ou
quando o carro vai dar de cara no poste. Essa proteção
acontece involuntariamente: a sensação de temor chega
10 antes às partes do cérebro que regem nossas ações
involuntárias que ao córtex, a casca cerebral onde está o
raciocínio.
Além desse medo primordial, existe o medo
criado pela mente. Afinal, não corremos risco iminente
15 de não perpetuar a espécie quando gaguejamos diante
de uma possível paquera, ao tentar pedir aumento para o
chefe ou quando construímos muralhas e bombas atômicas.
Pelo contrário. "O medo de ser ridicularizado ou
menos amado pelo outro é a fonte de neuroses e fobias
20 sociais, mas está presente em todas as pessoas", diz a
psicóloga Maria Tereza Giordan Góes, autora do livro
Vivendo Sem medo de Ter Medo. E o que aconteceria se
seguíssemos com o medo involuntário mas deixássemos
de ter o medo imaginário? Pois é, também não seríamos
25 muita coisa.
O medo é um conceito fundamental para Freud, o
pai da psicanálise. Segundo ele, é o medo da castração,
de ser ridicularizado ou menos amado, que faz os
homens lutarem por objetivos e se submeterem a provas
30 sexuais e sociais. Sem medo, poderíamos ficar sem
motivação de competir, inovar, ser melhor que o vizinho.
Pior: viveríamos num caos danado, já que o medo de ser
culpado e castigado é raiz para instituições e religiões.
"Nunca uma civilização concedeu tanto peso à culpa e
35 ao arrependimento quanto o cristianismo", afirma o historiador
francês Jean Delumeau, autor do livro História do
Medo no Ocidente.
"O medo se reproduz na forma da autoridade física
e espiritual", afirma a psicanalista Cleide Monteiro. "Ele
40 está na base de instituições que podem ser opressoras,
mas fazem a sociedade andar para a frente longe de
barbáries." Para a psicanálise, funciona assim: quando
eu reconheço em mim a possibilidade de fazer mal a
alguém, a enxergo também em você, então passo a temê-lo.
45 Para podermos conviver numa boa, criamos coisas
superiores para temer, como a polícia e a religião. Sem o
medo, não teríamos nada disso. Sairíamos direto na faca.
NARLOCK, Leandro. Revista Superinteressante. (adaptado).