Questões de Concurso Para uerj

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Q2411222 Português

Texto I

Escrever

Joaquim Ferreira dos Santos

A estudante perguntou como era essa coisa de escrever. Eu fiz o gênero fofo. Moleza, disse.

Primeiro, evite estes coloquialismos de “fofo” e “moleza”, passe longe das gírias ainda não

dicionarizadas e de tudo que soe mais falado do que escrito. Isto aqui não é rádio FM. De vez em

quando, para não acharem que você mora trancado com o Domingos Paschoal Cegalla ou outro

5 gramático de chicote, aplique uma gíria como se fosse um piparote de leve no cangote do texto, mas,

em geral, evite. Fuja dessas rimas bobinhas, desses motes sonoros. O leitor pode se achar diante de

um rapper frustrado e dar cambalhotas. Mas, atenção, se soar muito escrito, reescreva.

Quando quiser aplicar um “mas”, tome fôlego, ligue para o 0800 do Instituto Fernando Pessoa,

peça autorização ao bispo de plantão e, por favor, volte atrás. É um cacoete facilitador.

10 Dele deve ter vindo a expressão “cheio de mas-mas”, ou seja, uma pessoa cheia de “não é bem

assim”, uma chata que usa o truque de afirmar e depois, como se fosse estilo, obtemperar.

Não tergiverse, não diga palavras complicadas, não escreva nas entrelinhas. Seja acima de tudo

afirmativo, reto no assunto. [...]

[...]

Sempre cabe uma linha a menos no texto, é o efeito Rexona aplicado na axila gramatical. Evite

15 metáforas complicadas, passe por cima de expressões como “em geral”, como está no primeiro

parágrafo, pois elas têm a mesma função do paralelepípedo dos parênteses, dos travessões. Chute

para fora da página tudo mais que faça as pessoas tropeçarem na leitura ou darem aquela ré em

busca do verdadeiro sentido da frase que passou.

Deixe tudo em pratos limpos, sem tamanho lugar-comum. Ouça a voz do flanelinha semântico

20 gritando a chave para o bom texto. “Deixa solto”.

É mais ou menos por aí, eu disse para a menina que me perguntou como é essa coisa de

escrever.

Para sinalizar o trânsito das ideias, use apenas o ponto e vírgula, nunca juntos. Faça com que o

primeiro chegue logo, e a outra apareça o mínimo possível. Vista Hemingway, só frases curtas. Ouça

25 João Cabral, nada de perfumar a rosa com adjetivos.

Mergulhe Rubem Braga, palavras, de preferência de até três sílabas. “Pormenorizada”, vista de

cima, é um palavrão absurdo. Dispense, sem pormenores.

O texto deve correr sem obstáculos, interjeições, dois pontos, reticências e sinais que só

confundem os passageiros que quer chegar ao ponto final. Cuidado com o “que quer” da frase

30 anterior, pois da plateia um gaiato pode ecoar um “quequerequé” e estará coberto de razão. A

propósito, eu disse para a menina, perca a razão quando lhe aparecer um clichê desses pela frente.

Você já se livrou do “mas”, agora vai cuidar do “que” e em breve ficará livre da tentação de

sofisticar o texto com uma expressão estrangeira. É out. Escreva em português. Aproveite e diga ao

diagramador para colocar o título da matéria na horizontal e não de cabeça para baixo, como está na

35 moda, como se estivesse em um jornal japonês.

Pode-se escrever baixinho, como faz o Verissimo, que ouviu muito Mario Reis para chegar àquela

perfeição de texto de câmara. Outra opção é desabafar pelos cinco mil alto-falantes o que vai na pena

da alma, como faz o Xico Sá, que aprendeu a escrever com o Waldick Soriano. Escreva com a

sonoridade que lhe aprouver, nunca com cacófatos assim ou verbos que façam o leitor perguntar para

40 o vizinho do lado que maluquice é essa de “aprouver”. Fuja da voz passiva, da forma negativa, do

gerundismo e principalmente da voz dos outros. Se falo fino, se falo grosso, ninguém tem nada com

isso. [...]

De vez em quando, abra um parágrafo para o leitor respirar. Alguns deles têm a mania de pegar o

bonde no meio do caminho e, com mais parágrafos abertos, mais possibilidades de ele embarcar na

45 viagem que o texto oferece. Escrever é dar carona. Eu disse isso e outro tanto do mesmo para a

menina. Jamais afirmei, jamais expliquei, jamais contei ou usei qualquer outro verbo de carregação da

frase que não fosse o dizer. Evitei também qualquer advérbio em seguida, como “enfaticamente”,

“seriamente”, “bem-humoradamente”. Antes do ponto final, eu disse para a menina que tantas regras,

e outras a serem ditas num próximo encontro, serviam apenas de lençol. Elas forram o texto, deixam

50 limpo e dão conforto. Escrever é desarrumar a cama.



Fonte: adaptado por Augusto Nunes Revista Veja, 31 de julho de 2020. Disponível em: https://veja.abril.com.br/blog/augustonunes/8220-escrever-8221-um-texto-de-joaquim-ferreira-dos-santos/




Com base no Texto I, responda às questões de números 1 a 6.

No texto I, Joaquim Ferreira dos Santos apresenta algumas orientações sobre como escrever. A partir da leitura do texto, afirma-se que o autor defende o(a):

Alternativas
Q2167614 Libras
A surdocegueira é uma deficiência que compromete, em diferentes graus, os sentidos da visão e da audição. Essa condição é classificada em dois grupos, respectivamente, como: 
Alternativas
Q2167613 Libras
Em uma universidade, há alunos surdos incluídos no curso de pedagogia. Uma professora de psicologia do desenvolvimento infantil necessita apresentar um vídeo que demonstra a diferença do processo de aquisição da linguagem de uma criança ouvinte e de uma criança surda. Porém, o vídeo não é acessível aos surdos, pois só apresenta o conteúdo em áudio com voz em off. Nesse caso, a professora precisará de um tradutor/intérprete de Libras e língua portuguesa para desempenhar a função de: 
Alternativas
Q2167612 Libras
Existem vários tipos de tradução e interpretação que podem ser desempenhados pelo tradutor/intérprete de Libras e língua portuguesa em contextos bilíngues. No caso de o profissional interpretar uma palestra da Libras para a língua portuguesa ao mesmo tempo, essa atividade de interpretação é denominada: 
Alternativas
Q2167611 Libras
De acordo com Quadros (2019), para que a escola seja efetivamente bilíngue, precisa ser reorganizada também a partir da Libras. É muito fácil centrar na língua portuguesa e deixar a Libras no esquecimento, porque as pessoas estão acostumadas a se organizarem a partir da língua portuguesa. Nesse caso, é necessário desconstruir o “fonocentrismo’’. O conceito desse fenômeno linguístico é que a: 
Alternativas
Q2167610 Libras
Uma criança ouvinte cresceu em uma família de surdos com quem adquiriu a Libras de forma espontânea, além disso, conviveu com pessoas ouvintes que falavam a língua portuguesa. Mais tarde, teve a oportunidade de aprender inglês e a língua de sinais americana (ASL). Nesse caso, a Libras e a língua portuguesa constituem suas primeiras línguas (L1), enquanto o Inglês e a ASL são consideradas sua segunda língua (L2). Essa pessoa é considerada bilíngue: 
Alternativas
Q2167609 Libras
As pessoas surdocegas podem ser estimuladas a utilizarem vários recursos de comunicação. O texto abaixo foi escrito por Helen Keller, surdacega, educada a partir dos 7 anos, em 1887, pela professora Anne Mansfield Sullivan, que era parcialmente cega.

“Quem lê para mim ou conversa comigo vai compondo as palavras fazendo as letras com as mãos (...). Eu ponho a mão na sua, muito leve, para não impedir os movimentos. Com o tacto percebem-se as diferentes posições da mão, do mesmo modo que com a vista. Não sinto as letras em separado, mas agrupamento em palavras, tal como toda a gente que lê com os olhos. A prática traz notável agilidade aos dedos” (KELLER, 1939, p.78).

Nesse trecho, pode-se identificar que Helen Keller se refere ao sistema de comunicação denominado: 
Alternativas
Q2167608 Legislação Federal
Em uma turma e/ou escola inclusiva, uma das dificuldades reside na falta de um trabalho conjunto entre o professor regente e o tradutor/intérprete de Libras. Sobre a presença do tradutor/intérprete de Libras/língua portuguesa em sala de aula, o decreto nº 5.626/2005 esclarece que o profissional: 
Alternativas
Q2167607 Libras
De acordo com Moura (2014), para que a criança surda possua aquisição bilíngue com êxito, é necessário que a Libras esteja presente: 
Alternativas
Q2167606 Legislação Federal
Em uma turma do quarto ano do ensino fundamental I, um aluno escreveu o seguinte trecho na prova de história sobre o descobrimento do Brasil:

Pedro Álvares Cabral chegar Brasil ver indígenas muitos muitos muitos. Roubar árvore Pau-Brasil em 1500. Negros e indígenas escravos sofrer morrer muitos.

O professor de história, ao ler a produção textual do aluno, estipulou a nota máxima na questão. Esse professor está agindo de acordo com o decreto nº 5.626/2005, que dispõe sobre o direito de alunos surdos serem avaliados de forma diferenciada, afirmando que devem ser adotados mecanismos de avaliação que sejam coerentes com o aprendizado de:
Alternativas
Q2167605 Libras
A pedagogia visual é uma área do conhecimento que procura acompanhar os avanços tecnológicos e sociais, estando atenta às tendências da chamada sociedade da visualidade. As pessoas surdas são essencialmente visuais e, para que o aluno surdo apreenda com sucesso os conceitos ensinados, é necessário utilizar: 
Alternativas
Q2167604 Libras
Entre os princípios que o tradutor/intérprete de Libras e língua portuguesa precisa ter para exercer sua profissão com rigor técnico, zelando pelos valores éticos de acordo com a lei nº 12.319/2010, encontra(m)-se: 
Alternativas
Q2167603 Libras
Uma das formas de comunicação da pessoa surdocega ocorre mediante a percepção tátil das vibrações produzidas durante o ato de falar. Nesse sistema de comunicação, a pessoa surdocega posiciona a mão em ‘’L’’, de forma que o polegar fique próximo aos lábios enquanto o dedo indicador encosta na face, enquanto os demais dedos ficam em contato com o queixo/pescoço. Esse sistema de comunicação denomina-se: 
Alternativas
Q2167602 Libras
De acordo com Quadros (2019), na gestão de um espaço de ensino bilíngue, é imprescindível a participação de um agente atuando no planejamento pedagógico e contribuindo para a formação da identidade surda a partir das necessidades dos próprios surdos sobre o ensino-aprendizagem na relação com os demais colegas. Esse agente é o: 
Alternativas
Q2167601 Libras
A história da educação dos surdos se divide em três abordagens educacionais. A primeira defende o tratamento da deficiência auditiva com o acompanhamento fonoaudiólogo e se opõe ao uso da língua de sinais. A segunda não leva em consideração o meio pelo qual a pessoa surda irá se comunicar e utiliza-se do português sinalizado. A terceira se preocupa com a aquisição da Libras como primeira língua e defende que a língua de sinais deve ser a língua de instrução, sendo a língua portuguesa, sua segunda língua. Essas abordagens, respectivamente, são denominadas: 
Alternativas
Q2167600 Libras
A visão pedagógica que coaduna com a premissa de que o surdo é um sujeito diferente que luta pelos seus direitos de pertencer à sociedade representada pela língua de sinais, pelas identidades diferentes, pela presença do tradutor/intérprete de língua de sinais e língua portuguesa, por tecnologias especializadas, pela pedagogia da diferença, pelo povo surdo, pela comunidade surda é a educação: 
Alternativas
Q2167599 Libras
Segundo Quadros e Karnopp (2004), os tipos de verbos na Libras podem ser divididos em três categorias: simples, com concordância e espaciais. Os verbos que se enquadram, respectivamente, nessas categorias são: 
Alternativas
Q2167598 Libras
Os sinais que fazem uso da condição de simetria e de dominância na Libras, respectivamente, são: 
Alternativas
Q2167597 Libras
Para apresentar as figuras a seguir na Libras, deve-se utilizar os classificadores: 
Imagem associada para resolução da questão
Alternativas
Q2167596 Libras
A Libras e a língua portuguesa possuem estruturas gramaticais próprias, sendo diferentes entre si. A frase a seguir está na estrutura da Libras.

“passado viajar ver já espaço Disney World mas acabar férias triste voltar trabalho”

A tradução correspondente em língua portuguesa é: 
Alternativas
Respostas
481: D
482: B
483: D
484: C
485: C
486: D
487: C
488: B
489: C
490: A
491: D
492: B
493: A
494: A
495: D
496: D
497: A
498: D
499: B
500: A