Questões de Concurso Para fisioterapeuta

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Ano: 2024 Banca: IVIN Órgão: Prefeitura de Conceição do Canindé - PI Provas: IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Procurador | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Assistente Social | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Engenheiro Civil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor Português | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Matemática | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Inglês | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - História | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Geografia | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Educação Física | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Educação Infantil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - 1° ao 5° Ano | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Pedagogo - Educação Infantil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Pedagogo - Anos Iniciais (1° ao 5° ano) | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Nutricionista | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Médico Veterinário | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Médico - PSF | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Fisioterapeuta | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Cirurgião Dentista |
Q2527050 Português
Razão, intuição e um sentido para existir


1 A racionalidade humana é um tema recorrente nas coisas que escrevo, especialmente porque lendo os autores que mais gosto, vejo que a maioria deles concorda com o fato de que a razão não é algo que nos torna melhores do que qualquer outra coisa no universo. Na maior parte do tempo, cada um deles me diz, à sua maneira, que somos tapeados com a sensação de que a racionalidade nos mantém no controle de tudo.

2 Esses dias voltei para a leitura de “Rápido e devagar: duas formas de pensar”, do psicólogo e economista Daniel Kahneman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia por seus estudos sobre a tomada de decisões humanas. Ganhei esse livro faz um tempo, mas abandonei a leitura no começo – e nem lembro agora o motivo. Nesse livro, o autor explica que existem dois sistemas de pensamento que operam em nossa mente: o Sistema 1, que é rápido, intuitivo e emocional, e o Sistema 2, que é lento, racional e lógico.

3 O Sistema 1 é responsável por gerar impressões, intuições e sentimentos que influenciam nossas escolhas, mas também está sujeito a vários vieses e erros de julgamento. É com ele que lidamos com a maior parte das coisas. E, ao contrário do que o senso comum pressupõe, é com a intuição que fazemos muitas coisas na nossa vida, desde escovar os dentes até perceber que alguém que conhecemos está triste. O Sistema 2, por outro lado, é capaz de analisar criticamente as informações, fazer cálculos e planejar ações, mas requer mais esforço e atenção. Fazer uma conta complicada, pensar em melhorar um parágrafo num texto ou analisar um argumento complexo são coisas que se encontram nesse campo. Kahneman mostra como podemos usar o Sistema 2 para corrigir ou moderar as ilusões do Sistema 1, mas também reconhece os limites da racionalidade humana.

4 No começo do texto eu disse que a maioria dos autores que admiro questionam a centralidade da razão. E um deles, sobre o qual eu falo sempre, é o filósofo alemão Arthur Schopenhauer. Ele desenvolveu uma metafísica pessimista baseada na ideia de que a essência de todas as coisas é a Vontade. A Vontade é uma força cega, irracional e insaciável que impulsiona todos os seres vivos a existir e se afirmar, mas também os condena ao sofrimento, à frustração. E isso é ainda mais forte no ser humano, pois, apesar da vida não possuir nenhum objetivo ou finalidade maior, geramos para nós mesmos a sensação de que esse objetivo existe, e assim sofremos muito tentando justificar nossas ações e decisões. Schopenhauer considerava que o ser humano é menos racional do que imagina, pois está submetido à Vontade de viver, que o domina e o engana. Mas existem algumas válvulas de escape.

5 Schopenhauer afirmava que a única forma de escapar do sofrimento causado pela Vontade era negá-la. Isso poderia ser feito de duas maneiras: pela via ascética, que consiste em renunciar aos desejos, às paixões e aos prazeres mundanos, buscando uma vida simples e contemplativa – o que, na prática, é para pouquíssimas pessoas; ou pela via estética, que consiste em se libertar temporariamente da Vontade através da apreciação da arte, que expressa a essência do mundo. No momento da criação ou da fruição da arte suspendemos provisoriamente o desejo, e a Vontade deixa de agir sobre nós. Mas essa trégua é breve, e logo depois retornamos ao estágio de sofrimento.

6 Relacionando o pensamento de Kahneman e a proposta de Schopenhauer dá pra dizer que o Sistema 1 de Kahneman corresponderia à manifestação da Vontade de Schopenhauer na mente humana, pois é ele que nos faz agir impulsivamente, emocionalmente e irracionalmente, buscando satisfazer nossos desejos e evitar nossas perdas, mas também nos levando a cometer erros e sofrer as consequências. Já o Sistema 2 de Kahneman corresponderia à tentativa de superar ou controlar a Vontade apresentada por Schopenhauer, sendo que esse processo se daria, curiosamente, pela razão humana, pois é ela que nos permite avaliar criticamente as situações, fazer escolhas mais racionais e planejar nossas ações (requerendo, claro, mais esforço e atenção). Uma contradição nessa tentativa de aproximação se daria justamente por Schopenhauer considerar que a razão, na maior parte do tempo, potencializa a Vontade. Para ele, muitas decisões racionais tem, na verdade, fundamento no desejo, no querer, e não na necessidade real daquilo que acreditamos que é importante para nós. 

7 Esse é um tema que me intriga e me desafia, porque essas perguntas (que derivam da discussão) me parecem sempre sem resposta satisfatória: será que somos capazes de usar nossa racionalidade para nos libertarmos do sofrimento? Será que existe alguma esperança para a humanidade? Ou será que estamos fadados a viver em um ciclo de ilusão e dor?

8 Se você adotar a postura pessimista de Schopenhauer, vai concluir que as respostas serão sempre negativas. E vai entender que a nossa missão nessa vida não é a felicidade, mas sim fazer com que a existência, a nossa e a dos outros, seja mais suportável. Por outro lado, se estiver do lado de Kahneman, que parece bem mais otimista (o que, aliás, não é difícil, considerando o autor que coloquei ao lado dele), você vai acreditar que é possível utilizar a razão não para sermos ainda mais racionais, mas sim para aprendermos a lidar melhor com as nossas intuições e sentimentos. Com isso, podemos refletir melhor, sofrer menos e viver a felicidade possível, a partir do autoconhecimento e do reconhecimento de quem somos.

9 Se você me perguntar, vou dizer que sempre pensei mais ou menos como Schopenhauer, mas que quero acreditar na segunda opção; quero pensar que a razão não é uma outra forma de prisão, disfarçada de conhecimento, mas sim uma forma de ver e entender a realidade com uma postura crítica que pode nos ajudar a viver melhor. Não seria bom se fosse mesmo assim?


Extraído de https://marcosramon.net/posts/razao-intuicao/
Sobre este trecho do 7°parágrafo “Esse é um tema que me intriga e me desafia, porque essas perguntas (que derivam da discussão) me parecem sempre sem resposta satisfatória...” O segmento destacado funciona como: 
Alternativas
Ano: 2024 Banca: IVIN Órgão: Prefeitura de Conceição do Canindé - PI Provas: IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Procurador | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Assistente Social | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Engenheiro Civil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor Português | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Matemática | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Inglês | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - História | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Geografia | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Educação Física | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Educação Infantil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - 1° ao 5° Ano | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Pedagogo - Educação Infantil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Pedagogo - Anos Iniciais (1° ao 5° ano) | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Nutricionista | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Médico Veterinário | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Médico - PSF | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Fisioterapeuta | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Cirurgião Dentista |
Q2527049 Português
Razão, intuição e um sentido para existir


1 A racionalidade humana é um tema recorrente nas coisas que escrevo, especialmente porque lendo os autores que mais gosto, vejo que a maioria deles concorda com o fato de que a razão não é algo que nos torna melhores do que qualquer outra coisa no universo. Na maior parte do tempo, cada um deles me diz, à sua maneira, que somos tapeados com a sensação de que a racionalidade nos mantém no controle de tudo.

2 Esses dias voltei para a leitura de “Rápido e devagar: duas formas de pensar”, do psicólogo e economista Daniel Kahneman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia por seus estudos sobre a tomada de decisões humanas. Ganhei esse livro faz um tempo, mas abandonei a leitura no começo – e nem lembro agora o motivo. Nesse livro, o autor explica que existem dois sistemas de pensamento que operam em nossa mente: o Sistema 1, que é rápido, intuitivo e emocional, e o Sistema 2, que é lento, racional e lógico.

3 O Sistema 1 é responsável por gerar impressões, intuições e sentimentos que influenciam nossas escolhas, mas também está sujeito a vários vieses e erros de julgamento. É com ele que lidamos com a maior parte das coisas. E, ao contrário do que o senso comum pressupõe, é com a intuição que fazemos muitas coisas na nossa vida, desde escovar os dentes até perceber que alguém que conhecemos está triste. O Sistema 2, por outro lado, é capaz de analisar criticamente as informações, fazer cálculos e planejar ações, mas requer mais esforço e atenção. Fazer uma conta complicada, pensar em melhorar um parágrafo num texto ou analisar um argumento complexo são coisas que se encontram nesse campo. Kahneman mostra como podemos usar o Sistema 2 para corrigir ou moderar as ilusões do Sistema 1, mas também reconhece os limites da racionalidade humana.

4 No começo do texto eu disse que a maioria dos autores que admiro questionam a centralidade da razão. E um deles, sobre o qual eu falo sempre, é o filósofo alemão Arthur Schopenhauer. Ele desenvolveu uma metafísica pessimista baseada na ideia de que a essência de todas as coisas é a Vontade. A Vontade é uma força cega, irracional e insaciável que impulsiona todos os seres vivos a existir e se afirmar, mas também os condena ao sofrimento, à frustração. E isso é ainda mais forte no ser humano, pois, apesar da vida não possuir nenhum objetivo ou finalidade maior, geramos para nós mesmos a sensação de que esse objetivo existe, e assim sofremos muito tentando justificar nossas ações e decisões. Schopenhauer considerava que o ser humano é menos racional do que imagina, pois está submetido à Vontade de viver, que o domina e o engana. Mas existem algumas válvulas de escape.

5 Schopenhauer afirmava que a única forma de escapar do sofrimento causado pela Vontade era negá-la. Isso poderia ser feito de duas maneiras: pela via ascética, que consiste em renunciar aos desejos, às paixões e aos prazeres mundanos, buscando uma vida simples e contemplativa – o que, na prática, é para pouquíssimas pessoas; ou pela via estética, que consiste em se libertar temporariamente da Vontade através da apreciação da arte, que expressa a essência do mundo. No momento da criação ou da fruição da arte suspendemos provisoriamente o desejo, e a Vontade deixa de agir sobre nós. Mas essa trégua é breve, e logo depois retornamos ao estágio de sofrimento.

6 Relacionando o pensamento de Kahneman e a proposta de Schopenhauer dá pra dizer que o Sistema 1 de Kahneman corresponderia à manifestação da Vontade de Schopenhauer na mente humana, pois é ele que nos faz agir impulsivamente, emocionalmente e irracionalmente, buscando satisfazer nossos desejos e evitar nossas perdas, mas também nos levando a cometer erros e sofrer as consequências. Já o Sistema 2 de Kahneman corresponderia à tentativa de superar ou controlar a Vontade apresentada por Schopenhauer, sendo que esse processo se daria, curiosamente, pela razão humana, pois é ela que nos permite avaliar criticamente as situações, fazer escolhas mais racionais e planejar nossas ações (requerendo, claro, mais esforço e atenção). Uma contradição nessa tentativa de aproximação se daria justamente por Schopenhauer considerar que a razão, na maior parte do tempo, potencializa a Vontade. Para ele, muitas decisões racionais tem, na verdade, fundamento no desejo, no querer, e não na necessidade real daquilo que acreditamos que é importante para nós. 

7 Esse é um tema que me intriga e me desafia, porque essas perguntas (que derivam da discussão) me parecem sempre sem resposta satisfatória: será que somos capazes de usar nossa racionalidade para nos libertarmos do sofrimento? Será que existe alguma esperança para a humanidade? Ou será que estamos fadados a viver em um ciclo de ilusão e dor?

8 Se você adotar a postura pessimista de Schopenhauer, vai concluir que as respostas serão sempre negativas. E vai entender que a nossa missão nessa vida não é a felicidade, mas sim fazer com que a existência, a nossa e a dos outros, seja mais suportável. Por outro lado, se estiver do lado de Kahneman, que parece bem mais otimista (o que, aliás, não é difícil, considerando o autor que coloquei ao lado dele), você vai acreditar que é possível utilizar a razão não para sermos ainda mais racionais, mas sim para aprendermos a lidar melhor com as nossas intuições e sentimentos. Com isso, podemos refletir melhor, sofrer menos e viver a felicidade possível, a partir do autoconhecimento e do reconhecimento de quem somos.

9 Se você me perguntar, vou dizer que sempre pensei mais ou menos como Schopenhauer, mas que quero acreditar na segunda opção; quero pensar que a razão não é uma outra forma de prisão, disfarçada de conhecimento, mas sim uma forma de ver e entender a realidade com uma postura crítica que pode nos ajudar a viver melhor. Não seria bom se fosse mesmo assim?


Extraído de https://marcosramon.net/posts/razao-intuicao/
A passagem do texto em que ocorre um erro de concordância verbal está na opção: 
Alternativas
Ano: 2024 Banca: IVIN Órgão: Prefeitura de Conceição do Canindé - PI Provas: IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Procurador | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Assistente Social | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Engenheiro Civil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor Português | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Matemática | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Inglês | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - História | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Geografia | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Educação Física | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Educação Infantil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - 1° ao 5° Ano | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Pedagogo - Educação Infantil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Pedagogo - Anos Iniciais (1° ao 5° ano) | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Nutricionista | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Médico Veterinário | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Médico - PSF | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Fisioterapeuta | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Cirurgião Dentista |
Q2527048 Português
Razão, intuição e um sentido para existir


1 A racionalidade humana é um tema recorrente nas coisas que escrevo, especialmente porque lendo os autores que mais gosto, vejo que a maioria deles concorda com o fato de que a razão não é algo que nos torna melhores do que qualquer outra coisa no universo. Na maior parte do tempo, cada um deles me diz, à sua maneira, que somos tapeados com a sensação de que a racionalidade nos mantém no controle de tudo.

2 Esses dias voltei para a leitura de “Rápido e devagar: duas formas de pensar”, do psicólogo e economista Daniel Kahneman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia por seus estudos sobre a tomada de decisões humanas. Ganhei esse livro faz um tempo, mas abandonei a leitura no começo – e nem lembro agora o motivo. Nesse livro, o autor explica que existem dois sistemas de pensamento que operam em nossa mente: o Sistema 1, que é rápido, intuitivo e emocional, e o Sistema 2, que é lento, racional e lógico.

3 O Sistema 1 é responsável por gerar impressões, intuições e sentimentos que influenciam nossas escolhas, mas também está sujeito a vários vieses e erros de julgamento. É com ele que lidamos com a maior parte das coisas. E, ao contrário do que o senso comum pressupõe, é com a intuição que fazemos muitas coisas na nossa vida, desde escovar os dentes até perceber que alguém que conhecemos está triste. O Sistema 2, por outro lado, é capaz de analisar criticamente as informações, fazer cálculos e planejar ações, mas requer mais esforço e atenção. Fazer uma conta complicada, pensar em melhorar um parágrafo num texto ou analisar um argumento complexo são coisas que se encontram nesse campo. Kahneman mostra como podemos usar o Sistema 2 para corrigir ou moderar as ilusões do Sistema 1, mas também reconhece os limites da racionalidade humana.

4 No começo do texto eu disse que a maioria dos autores que admiro questionam a centralidade da razão. E um deles, sobre o qual eu falo sempre, é o filósofo alemão Arthur Schopenhauer. Ele desenvolveu uma metafísica pessimista baseada na ideia de que a essência de todas as coisas é a Vontade. A Vontade é uma força cega, irracional e insaciável que impulsiona todos os seres vivos a existir e se afirmar, mas também os condena ao sofrimento, à frustração. E isso é ainda mais forte no ser humano, pois, apesar da vida não possuir nenhum objetivo ou finalidade maior, geramos para nós mesmos a sensação de que esse objetivo existe, e assim sofremos muito tentando justificar nossas ações e decisões. Schopenhauer considerava que o ser humano é menos racional do que imagina, pois está submetido à Vontade de viver, que o domina e o engana. Mas existem algumas válvulas de escape.

5 Schopenhauer afirmava que a única forma de escapar do sofrimento causado pela Vontade era negá-la. Isso poderia ser feito de duas maneiras: pela via ascética, que consiste em renunciar aos desejos, às paixões e aos prazeres mundanos, buscando uma vida simples e contemplativa – o que, na prática, é para pouquíssimas pessoas; ou pela via estética, que consiste em se libertar temporariamente da Vontade através da apreciação da arte, que expressa a essência do mundo. No momento da criação ou da fruição da arte suspendemos provisoriamente o desejo, e a Vontade deixa de agir sobre nós. Mas essa trégua é breve, e logo depois retornamos ao estágio de sofrimento.

6 Relacionando o pensamento de Kahneman e a proposta de Schopenhauer dá pra dizer que o Sistema 1 de Kahneman corresponderia à manifestação da Vontade de Schopenhauer na mente humana, pois é ele que nos faz agir impulsivamente, emocionalmente e irracionalmente, buscando satisfazer nossos desejos e evitar nossas perdas, mas também nos levando a cometer erros e sofrer as consequências. Já o Sistema 2 de Kahneman corresponderia à tentativa de superar ou controlar a Vontade apresentada por Schopenhauer, sendo que esse processo se daria, curiosamente, pela razão humana, pois é ela que nos permite avaliar criticamente as situações, fazer escolhas mais racionais e planejar nossas ações (requerendo, claro, mais esforço e atenção). Uma contradição nessa tentativa de aproximação se daria justamente por Schopenhauer considerar que a razão, na maior parte do tempo, potencializa a Vontade. Para ele, muitas decisões racionais tem, na verdade, fundamento no desejo, no querer, e não na necessidade real daquilo que acreditamos que é importante para nós. 

7 Esse é um tema que me intriga e me desafia, porque essas perguntas (que derivam da discussão) me parecem sempre sem resposta satisfatória: será que somos capazes de usar nossa racionalidade para nos libertarmos do sofrimento? Será que existe alguma esperança para a humanidade? Ou será que estamos fadados a viver em um ciclo de ilusão e dor?

8 Se você adotar a postura pessimista de Schopenhauer, vai concluir que as respostas serão sempre negativas. E vai entender que a nossa missão nessa vida não é a felicidade, mas sim fazer com que a existência, a nossa e a dos outros, seja mais suportável. Por outro lado, se estiver do lado de Kahneman, que parece bem mais otimista (o que, aliás, não é difícil, considerando o autor que coloquei ao lado dele), você vai acreditar que é possível utilizar a razão não para sermos ainda mais racionais, mas sim para aprendermos a lidar melhor com as nossas intuições e sentimentos. Com isso, podemos refletir melhor, sofrer menos e viver a felicidade possível, a partir do autoconhecimento e do reconhecimento de quem somos.

9 Se você me perguntar, vou dizer que sempre pensei mais ou menos como Schopenhauer, mas que quero acreditar na segunda opção; quero pensar que a razão não é uma outra forma de prisão, disfarçada de conhecimento, mas sim uma forma de ver e entender a realidade com uma postura crítica que pode nos ajudar a viver melhor. Não seria bom se fosse mesmo assim?


Extraído de https://marcosramon.net/posts/razao-intuicao/
O autor ao afirmar que “sempre pensei mais ou menos como Schopenhauer” dá a entender que:
Alternativas
Ano: 2024 Banca: IVIN Órgão: Prefeitura de Conceição do Canindé - PI Provas: IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Procurador | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Assistente Social | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Engenheiro Civil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor Português | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Matemática | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Inglês | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - História | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Geografia | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Educação Física | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Educação Infantil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - 1° ao 5° Ano | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Pedagogo - Educação Infantil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Pedagogo - Anos Iniciais (1° ao 5° ano) | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Nutricionista | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Médico Veterinário | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Médico - PSF | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Fisioterapeuta | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Cirurgião Dentista |
Q2527047 Português
Razão, intuição e um sentido para existir


1 A racionalidade humana é um tema recorrente nas coisas que escrevo, especialmente porque lendo os autores que mais gosto, vejo que a maioria deles concorda com o fato de que a razão não é algo que nos torna melhores do que qualquer outra coisa no universo. Na maior parte do tempo, cada um deles me diz, à sua maneira, que somos tapeados com a sensação de que a racionalidade nos mantém no controle de tudo.

2 Esses dias voltei para a leitura de “Rápido e devagar: duas formas de pensar”, do psicólogo e economista Daniel Kahneman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia por seus estudos sobre a tomada de decisões humanas. Ganhei esse livro faz um tempo, mas abandonei a leitura no começo – e nem lembro agora o motivo. Nesse livro, o autor explica que existem dois sistemas de pensamento que operam em nossa mente: o Sistema 1, que é rápido, intuitivo e emocional, e o Sistema 2, que é lento, racional e lógico.

3 O Sistema 1 é responsável por gerar impressões, intuições e sentimentos que influenciam nossas escolhas, mas também está sujeito a vários vieses e erros de julgamento. É com ele que lidamos com a maior parte das coisas. E, ao contrário do que o senso comum pressupõe, é com a intuição que fazemos muitas coisas na nossa vida, desde escovar os dentes até perceber que alguém que conhecemos está triste. O Sistema 2, por outro lado, é capaz de analisar criticamente as informações, fazer cálculos e planejar ações, mas requer mais esforço e atenção. Fazer uma conta complicada, pensar em melhorar um parágrafo num texto ou analisar um argumento complexo são coisas que se encontram nesse campo. Kahneman mostra como podemos usar o Sistema 2 para corrigir ou moderar as ilusões do Sistema 1, mas também reconhece os limites da racionalidade humana.

4 No começo do texto eu disse que a maioria dos autores que admiro questionam a centralidade da razão. E um deles, sobre o qual eu falo sempre, é o filósofo alemão Arthur Schopenhauer. Ele desenvolveu uma metafísica pessimista baseada na ideia de que a essência de todas as coisas é a Vontade. A Vontade é uma força cega, irracional e insaciável que impulsiona todos os seres vivos a existir e se afirmar, mas também os condena ao sofrimento, à frustração. E isso é ainda mais forte no ser humano, pois, apesar da vida não possuir nenhum objetivo ou finalidade maior, geramos para nós mesmos a sensação de que esse objetivo existe, e assim sofremos muito tentando justificar nossas ações e decisões. Schopenhauer considerava que o ser humano é menos racional do que imagina, pois está submetido à Vontade de viver, que o domina e o engana. Mas existem algumas válvulas de escape.

5 Schopenhauer afirmava que a única forma de escapar do sofrimento causado pela Vontade era negá-la. Isso poderia ser feito de duas maneiras: pela via ascética, que consiste em renunciar aos desejos, às paixões e aos prazeres mundanos, buscando uma vida simples e contemplativa – o que, na prática, é para pouquíssimas pessoas; ou pela via estética, que consiste em se libertar temporariamente da Vontade através da apreciação da arte, que expressa a essência do mundo. No momento da criação ou da fruição da arte suspendemos provisoriamente o desejo, e a Vontade deixa de agir sobre nós. Mas essa trégua é breve, e logo depois retornamos ao estágio de sofrimento.

6 Relacionando o pensamento de Kahneman e a proposta de Schopenhauer dá pra dizer que o Sistema 1 de Kahneman corresponderia à manifestação da Vontade de Schopenhauer na mente humana, pois é ele que nos faz agir impulsivamente, emocionalmente e irracionalmente, buscando satisfazer nossos desejos e evitar nossas perdas, mas também nos levando a cometer erros e sofrer as consequências. Já o Sistema 2 de Kahneman corresponderia à tentativa de superar ou controlar a Vontade apresentada por Schopenhauer, sendo que esse processo se daria, curiosamente, pela razão humana, pois é ela que nos permite avaliar criticamente as situações, fazer escolhas mais racionais e planejar nossas ações (requerendo, claro, mais esforço e atenção). Uma contradição nessa tentativa de aproximação se daria justamente por Schopenhauer considerar que a razão, na maior parte do tempo, potencializa a Vontade. Para ele, muitas decisões racionais tem, na verdade, fundamento no desejo, no querer, e não na necessidade real daquilo que acreditamos que é importante para nós. 

7 Esse é um tema que me intriga e me desafia, porque essas perguntas (que derivam da discussão) me parecem sempre sem resposta satisfatória: será que somos capazes de usar nossa racionalidade para nos libertarmos do sofrimento? Será que existe alguma esperança para a humanidade? Ou será que estamos fadados a viver em um ciclo de ilusão e dor?

8 Se você adotar a postura pessimista de Schopenhauer, vai concluir que as respostas serão sempre negativas. E vai entender que a nossa missão nessa vida não é a felicidade, mas sim fazer com que a existência, a nossa e a dos outros, seja mais suportável. Por outro lado, se estiver do lado de Kahneman, que parece bem mais otimista (o que, aliás, não é difícil, considerando o autor que coloquei ao lado dele), você vai acreditar que é possível utilizar a razão não para sermos ainda mais racionais, mas sim para aprendermos a lidar melhor com as nossas intuições e sentimentos. Com isso, podemos refletir melhor, sofrer menos e viver a felicidade possível, a partir do autoconhecimento e do reconhecimento de quem somos.

9 Se você me perguntar, vou dizer que sempre pensei mais ou menos como Schopenhauer, mas que quero acreditar na segunda opção; quero pensar que a razão não é uma outra forma de prisão, disfarçada de conhecimento, mas sim uma forma de ver e entender a realidade com uma postura crítica que pode nos ajudar a viver melhor. Não seria bom se fosse mesmo assim?


Extraído de https://marcosramon.net/posts/razao-intuicao/
As ideias de Kahneman e Schopenhauer são cotejadas no texto por meio de:
Alternativas
Ano: 2024 Banca: IVIN Órgão: Prefeitura de Conceição do Canindé - PI Provas: IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Procurador | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Assistente Social | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Engenheiro Civil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor Português | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Matemática | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Inglês | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - História | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Geografia | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Educação Física | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Educação Infantil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - 1° ao 5° Ano | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Pedagogo - Educação Infantil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Pedagogo - Anos Iniciais (1° ao 5° ano) | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Nutricionista | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Médico Veterinário | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Médico - PSF | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Fisioterapeuta | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Cirurgião Dentista |
Q2527046 Português
Razão, intuição e um sentido para existir


1 A racionalidade humana é um tema recorrente nas coisas que escrevo, especialmente porque lendo os autores que mais gosto, vejo que a maioria deles concorda com o fato de que a razão não é algo que nos torna melhores do que qualquer outra coisa no universo. Na maior parte do tempo, cada um deles me diz, à sua maneira, que somos tapeados com a sensação de que a racionalidade nos mantém no controle de tudo.

2 Esses dias voltei para a leitura de “Rápido e devagar: duas formas de pensar”, do psicólogo e economista Daniel Kahneman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia por seus estudos sobre a tomada de decisões humanas. Ganhei esse livro faz um tempo, mas abandonei a leitura no começo – e nem lembro agora o motivo. Nesse livro, o autor explica que existem dois sistemas de pensamento que operam em nossa mente: o Sistema 1, que é rápido, intuitivo e emocional, e o Sistema 2, que é lento, racional e lógico.

3 O Sistema 1 é responsável por gerar impressões, intuições e sentimentos que influenciam nossas escolhas, mas também está sujeito a vários vieses e erros de julgamento. É com ele que lidamos com a maior parte das coisas. E, ao contrário do que o senso comum pressupõe, é com a intuição que fazemos muitas coisas na nossa vida, desde escovar os dentes até perceber que alguém que conhecemos está triste. O Sistema 2, por outro lado, é capaz de analisar criticamente as informações, fazer cálculos e planejar ações, mas requer mais esforço e atenção. Fazer uma conta complicada, pensar em melhorar um parágrafo num texto ou analisar um argumento complexo são coisas que se encontram nesse campo. Kahneman mostra como podemos usar o Sistema 2 para corrigir ou moderar as ilusões do Sistema 1, mas também reconhece os limites da racionalidade humana.

4 No começo do texto eu disse que a maioria dos autores que admiro questionam a centralidade da razão. E um deles, sobre o qual eu falo sempre, é o filósofo alemão Arthur Schopenhauer. Ele desenvolveu uma metafísica pessimista baseada na ideia de que a essência de todas as coisas é a Vontade. A Vontade é uma força cega, irracional e insaciável que impulsiona todos os seres vivos a existir e se afirmar, mas também os condena ao sofrimento, à frustração. E isso é ainda mais forte no ser humano, pois, apesar da vida não possuir nenhum objetivo ou finalidade maior, geramos para nós mesmos a sensação de que esse objetivo existe, e assim sofremos muito tentando justificar nossas ações e decisões. Schopenhauer considerava que o ser humano é menos racional do que imagina, pois está submetido à Vontade de viver, que o domina e o engana. Mas existem algumas válvulas de escape.

5 Schopenhauer afirmava que a única forma de escapar do sofrimento causado pela Vontade era negá-la. Isso poderia ser feito de duas maneiras: pela via ascética, que consiste em renunciar aos desejos, às paixões e aos prazeres mundanos, buscando uma vida simples e contemplativa – o que, na prática, é para pouquíssimas pessoas; ou pela via estética, que consiste em se libertar temporariamente da Vontade através da apreciação da arte, que expressa a essência do mundo. No momento da criação ou da fruição da arte suspendemos provisoriamente o desejo, e a Vontade deixa de agir sobre nós. Mas essa trégua é breve, e logo depois retornamos ao estágio de sofrimento.

6 Relacionando o pensamento de Kahneman e a proposta de Schopenhauer dá pra dizer que o Sistema 1 de Kahneman corresponderia à manifestação da Vontade de Schopenhauer na mente humana, pois é ele que nos faz agir impulsivamente, emocionalmente e irracionalmente, buscando satisfazer nossos desejos e evitar nossas perdas, mas também nos levando a cometer erros e sofrer as consequências. Já o Sistema 2 de Kahneman corresponderia à tentativa de superar ou controlar a Vontade apresentada por Schopenhauer, sendo que esse processo se daria, curiosamente, pela razão humana, pois é ela que nos permite avaliar criticamente as situações, fazer escolhas mais racionais e planejar nossas ações (requerendo, claro, mais esforço e atenção). Uma contradição nessa tentativa de aproximação se daria justamente por Schopenhauer considerar que a razão, na maior parte do tempo, potencializa a Vontade. Para ele, muitas decisões racionais tem, na verdade, fundamento no desejo, no querer, e não na necessidade real daquilo que acreditamos que é importante para nós. 

7 Esse é um tema que me intriga e me desafia, porque essas perguntas (que derivam da discussão) me parecem sempre sem resposta satisfatória: será que somos capazes de usar nossa racionalidade para nos libertarmos do sofrimento? Será que existe alguma esperança para a humanidade? Ou será que estamos fadados a viver em um ciclo de ilusão e dor?

8 Se você adotar a postura pessimista de Schopenhauer, vai concluir que as respostas serão sempre negativas. E vai entender que a nossa missão nessa vida não é a felicidade, mas sim fazer com que a existência, a nossa e a dos outros, seja mais suportável. Por outro lado, se estiver do lado de Kahneman, que parece bem mais otimista (o que, aliás, não é difícil, considerando o autor que coloquei ao lado dele), você vai acreditar que é possível utilizar a razão não para sermos ainda mais racionais, mas sim para aprendermos a lidar melhor com as nossas intuições e sentimentos. Com isso, podemos refletir melhor, sofrer menos e viver a felicidade possível, a partir do autoconhecimento e do reconhecimento de quem somos.

9 Se você me perguntar, vou dizer que sempre pensei mais ou menos como Schopenhauer, mas que quero acreditar na segunda opção; quero pensar que a razão não é uma outra forma de prisão, disfarçada de conhecimento, mas sim uma forma de ver e entender a realidade com uma postura crítica que pode nos ajudar a viver melhor. Não seria bom se fosse mesmo assim?


Extraído de https://marcosramon.net/posts/razao-intuicao/
De acordo com autor do texto para Schopenhauer a essência de todas as coisas é:
Alternativas
Ano: 2024 Banca: IVIN Órgão: Prefeitura de Conceição do Canindé - PI Provas: IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Procurador | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Assistente Social | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Engenheiro Civil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor Português | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Matemática | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Inglês | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - História | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Geografia | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Educação Física | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Educação Infantil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - 1° ao 5° Ano | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Pedagogo - Educação Infantil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Pedagogo - Anos Iniciais (1° ao 5° ano) | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Nutricionista | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Médico Veterinário | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Médico - PSF | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Fisioterapeuta | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Cirurgião Dentista |
Q2527045 Português
Razão, intuição e um sentido para existir


1 A racionalidade humana é um tema recorrente nas coisas que escrevo, especialmente porque lendo os autores que mais gosto, vejo que a maioria deles concorda com o fato de que a razão não é algo que nos torna melhores do que qualquer outra coisa no universo. Na maior parte do tempo, cada um deles me diz, à sua maneira, que somos tapeados com a sensação de que a racionalidade nos mantém no controle de tudo.

2 Esses dias voltei para a leitura de “Rápido e devagar: duas formas de pensar”, do psicólogo e economista Daniel Kahneman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia por seus estudos sobre a tomada de decisões humanas. Ganhei esse livro faz um tempo, mas abandonei a leitura no começo – e nem lembro agora o motivo. Nesse livro, o autor explica que existem dois sistemas de pensamento que operam em nossa mente: o Sistema 1, que é rápido, intuitivo e emocional, e o Sistema 2, que é lento, racional e lógico.

3 O Sistema 1 é responsável por gerar impressões, intuições e sentimentos que influenciam nossas escolhas, mas também está sujeito a vários vieses e erros de julgamento. É com ele que lidamos com a maior parte das coisas. E, ao contrário do que o senso comum pressupõe, é com a intuição que fazemos muitas coisas na nossa vida, desde escovar os dentes até perceber que alguém que conhecemos está triste. O Sistema 2, por outro lado, é capaz de analisar criticamente as informações, fazer cálculos e planejar ações, mas requer mais esforço e atenção. Fazer uma conta complicada, pensar em melhorar um parágrafo num texto ou analisar um argumento complexo são coisas que se encontram nesse campo. Kahneman mostra como podemos usar o Sistema 2 para corrigir ou moderar as ilusões do Sistema 1, mas também reconhece os limites da racionalidade humana.

4 No começo do texto eu disse que a maioria dos autores que admiro questionam a centralidade da razão. E um deles, sobre o qual eu falo sempre, é o filósofo alemão Arthur Schopenhauer. Ele desenvolveu uma metafísica pessimista baseada na ideia de que a essência de todas as coisas é a Vontade. A Vontade é uma força cega, irracional e insaciável que impulsiona todos os seres vivos a existir e se afirmar, mas também os condena ao sofrimento, à frustração. E isso é ainda mais forte no ser humano, pois, apesar da vida não possuir nenhum objetivo ou finalidade maior, geramos para nós mesmos a sensação de que esse objetivo existe, e assim sofremos muito tentando justificar nossas ações e decisões. Schopenhauer considerava que o ser humano é menos racional do que imagina, pois está submetido à Vontade de viver, que o domina e o engana. Mas existem algumas válvulas de escape.

5 Schopenhauer afirmava que a única forma de escapar do sofrimento causado pela Vontade era negá-la. Isso poderia ser feito de duas maneiras: pela via ascética, que consiste em renunciar aos desejos, às paixões e aos prazeres mundanos, buscando uma vida simples e contemplativa – o que, na prática, é para pouquíssimas pessoas; ou pela via estética, que consiste em se libertar temporariamente da Vontade através da apreciação da arte, que expressa a essência do mundo. No momento da criação ou da fruição da arte suspendemos provisoriamente o desejo, e a Vontade deixa de agir sobre nós. Mas essa trégua é breve, e logo depois retornamos ao estágio de sofrimento.

6 Relacionando o pensamento de Kahneman e a proposta de Schopenhauer dá pra dizer que o Sistema 1 de Kahneman corresponderia à manifestação da Vontade de Schopenhauer na mente humana, pois é ele que nos faz agir impulsivamente, emocionalmente e irracionalmente, buscando satisfazer nossos desejos e evitar nossas perdas, mas também nos levando a cometer erros e sofrer as consequências. Já o Sistema 2 de Kahneman corresponderia à tentativa de superar ou controlar a Vontade apresentada por Schopenhauer, sendo que esse processo se daria, curiosamente, pela razão humana, pois é ela que nos permite avaliar criticamente as situações, fazer escolhas mais racionais e planejar nossas ações (requerendo, claro, mais esforço e atenção). Uma contradição nessa tentativa de aproximação se daria justamente por Schopenhauer considerar que a razão, na maior parte do tempo, potencializa a Vontade. Para ele, muitas decisões racionais tem, na verdade, fundamento no desejo, no querer, e não na necessidade real daquilo que acreditamos que é importante para nós. 

7 Esse é um tema que me intriga e me desafia, porque essas perguntas (que derivam da discussão) me parecem sempre sem resposta satisfatória: será que somos capazes de usar nossa racionalidade para nos libertarmos do sofrimento? Será que existe alguma esperança para a humanidade? Ou será que estamos fadados a viver em um ciclo de ilusão e dor?

8 Se você adotar a postura pessimista de Schopenhauer, vai concluir que as respostas serão sempre negativas. E vai entender que a nossa missão nessa vida não é a felicidade, mas sim fazer com que a existência, a nossa e a dos outros, seja mais suportável. Por outro lado, se estiver do lado de Kahneman, que parece bem mais otimista (o que, aliás, não é difícil, considerando o autor que coloquei ao lado dele), você vai acreditar que é possível utilizar a razão não para sermos ainda mais racionais, mas sim para aprendermos a lidar melhor com as nossas intuições e sentimentos. Com isso, podemos refletir melhor, sofrer menos e viver a felicidade possível, a partir do autoconhecimento e do reconhecimento de quem somos.

9 Se você me perguntar, vou dizer que sempre pensei mais ou menos como Schopenhauer, mas que quero acreditar na segunda opção; quero pensar que a razão não é uma outra forma de prisão, disfarçada de conhecimento, mas sim uma forma de ver e entender a realidade com uma postura crítica que pode nos ajudar a viver melhor. Não seria bom se fosse mesmo assim?


Extraído de https://marcosramon.net/posts/razao-intuicao/
A estratégia do autor para defender seu ponto de vista é:
Alternativas
Ano: 2024 Banca: IVIN Órgão: Prefeitura de Conceição do Canindé - PI Provas: IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Procurador | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Assistente Social | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Engenheiro Civil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor Português | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Matemática | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Inglês | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - História | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Geografia | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Educação Física | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Educação Infantil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - 1° ao 5° Ano | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Pedagogo - Educação Infantil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Pedagogo - Anos Iniciais (1° ao 5° ano) | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Nutricionista | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Médico Veterinário | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Médico - PSF | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Fisioterapeuta | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Cirurgião Dentista |
Q2527044 Português
Razão, intuição e um sentido para existir


1 A racionalidade humana é um tema recorrente nas coisas que escrevo, especialmente porque lendo os autores que mais gosto, vejo que a maioria deles concorda com o fato de que a razão não é algo que nos torna melhores do que qualquer outra coisa no universo. Na maior parte do tempo, cada um deles me diz, à sua maneira, que somos tapeados com a sensação de que a racionalidade nos mantém no controle de tudo.

2 Esses dias voltei para a leitura de “Rápido e devagar: duas formas de pensar”, do psicólogo e economista Daniel Kahneman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia por seus estudos sobre a tomada de decisões humanas. Ganhei esse livro faz um tempo, mas abandonei a leitura no começo – e nem lembro agora o motivo. Nesse livro, o autor explica que existem dois sistemas de pensamento que operam em nossa mente: o Sistema 1, que é rápido, intuitivo e emocional, e o Sistema 2, que é lento, racional e lógico.

3 O Sistema 1 é responsável por gerar impressões, intuições e sentimentos que influenciam nossas escolhas, mas também está sujeito a vários vieses e erros de julgamento. É com ele que lidamos com a maior parte das coisas. E, ao contrário do que o senso comum pressupõe, é com a intuição que fazemos muitas coisas na nossa vida, desde escovar os dentes até perceber que alguém que conhecemos está triste. O Sistema 2, por outro lado, é capaz de analisar criticamente as informações, fazer cálculos e planejar ações, mas requer mais esforço e atenção. Fazer uma conta complicada, pensar em melhorar um parágrafo num texto ou analisar um argumento complexo são coisas que se encontram nesse campo. Kahneman mostra como podemos usar o Sistema 2 para corrigir ou moderar as ilusões do Sistema 1, mas também reconhece os limites da racionalidade humana.

4 No começo do texto eu disse que a maioria dos autores que admiro questionam a centralidade da razão. E um deles, sobre o qual eu falo sempre, é o filósofo alemão Arthur Schopenhauer. Ele desenvolveu uma metafísica pessimista baseada na ideia de que a essência de todas as coisas é a Vontade. A Vontade é uma força cega, irracional e insaciável que impulsiona todos os seres vivos a existir e se afirmar, mas também os condena ao sofrimento, à frustração. E isso é ainda mais forte no ser humano, pois, apesar da vida não possuir nenhum objetivo ou finalidade maior, geramos para nós mesmos a sensação de que esse objetivo existe, e assim sofremos muito tentando justificar nossas ações e decisões. Schopenhauer considerava que o ser humano é menos racional do que imagina, pois está submetido à Vontade de viver, que o domina e o engana. Mas existem algumas válvulas de escape.

5 Schopenhauer afirmava que a única forma de escapar do sofrimento causado pela Vontade era negá-la. Isso poderia ser feito de duas maneiras: pela via ascética, que consiste em renunciar aos desejos, às paixões e aos prazeres mundanos, buscando uma vida simples e contemplativa – o que, na prática, é para pouquíssimas pessoas; ou pela via estética, que consiste em se libertar temporariamente da Vontade através da apreciação da arte, que expressa a essência do mundo. No momento da criação ou da fruição da arte suspendemos provisoriamente o desejo, e a Vontade deixa de agir sobre nós. Mas essa trégua é breve, e logo depois retornamos ao estágio de sofrimento.

6 Relacionando o pensamento de Kahneman e a proposta de Schopenhauer dá pra dizer que o Sistema 1 de Kahneman corresponderia à manifestação da Vontade de Schopenhauer na mente humana, pois é ele que nos faz agir impulsivamente, emocionalmente e irracionalmente, buscando satisfazer nossos desejos e evitar nossas perdas, mas também nos levando a cometer erros e sofrer as consequências. Já o Sistema 2 de Kahneman corresponderia à tentativa de superar ou controlar a Vontade apresentada por Schopenhauer, sendo que esse processo se daria, curiosamente, pela razão humana, pois é ela que nos permite avaliar criticamente as situações, fazer escolhas mais racionais e planejar nossas ações (requerendo, claro, mais esforço e atenção). Uma contradição nessa tentativa de aproximação se daria justamente por Schopenhauer considerar que a razão, na maior parte do tempo, potencializa a Vontade. Para ele, muitas decisões racionais tem, na verdade, fundamento no desejo, no querer, e não na necessidade real daquilo que acreditamos que é importante para nós. 

7 Esse é um tema que me intriga e me desafia, porque essas perguntas (que derivam da discussão) me parecem sempre sem resposta satisfatória: será que somos capazes de usar nossa racionalidade para nos libertarmos do sofrimento? Será que existe alguma esperança para a humanidade? Ou será que estamos fadados a viver em um ciclo de ilusão e dor?

8 Se você adotar a postura pessimista de Schopenhauer, vai concluir que as respostas serão sempre negativas. E vai entender que a nossa missão nessa vida não é a felicidade, mas sim fazer com que a existência, a nossa e a dos outros, seja mais suportável. Por outro lado, se estiver do lado de Kahneman, que parece bem mais otimista (o que, aliás, não é difícil, considerando o autor que coloquei ao lado dele), você vai acreditar que é possível utilizar a razão não para sermos ainda mais racionais, mas sim para aprendermos a lidar melhor com as nossas intuições e sentimentos. Com isso, podemos refletir melhor, sofrer menos e viver a felicidade possível, a partir do autoconhecimento e do reconhecimento de quem somos.

9 Se você me perguntar, vou dizer que sempre pensei mais ou menos como Schopenhauer, mas que quero acreditar na segunda opção; quero pensar que a razão não é uma outra forma de prisão, disfarçada de conhecimento, mas sim uma forma de ver e entender a realidade com uma postura crítica que pode nos ajudar a viver melhor. Não seria bom se fosse mesmo assim?


Extraído de https://marcosramon.net/posts/razao-intuicao/
Segundo o autor do texto, para Kahneman:
Alternativas
Ano: 2024 Banca: IVIN Órgão: Prefeitura de Conceição do Canindé - PI Provas: IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Procurador | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Assistente Social | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Engenheiro Civil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor Português | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Matemática | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Inglês | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - História | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Geografia | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Educação Física | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Educação Infantil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - 1° ao 5° Ano | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Pedagogo - Educação Infantil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Pedagogo - Anos Iniciais (1° ao 5° ano) | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Nutricionista | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Médico Veterinário | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Médico - PSF | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Fisioterapeuta | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Cirurgião Dentista |
Q2527043 Português
Razão, intuição e um sentido para existir


1 A racionalidade humana é um tema recorrente nas coisas que escrevo, especialmente porque lendo os autores que mais gosto, vejo que a maioria deles concorda com o fato de que a razão não é algo que nos torna melhores do que qualquer outra coisa no universo. Na maior parte do tempo, cada um deles me diz, à sua maneira, que somos tapeados com a sensação de que a racionalidade nos mantém no controle de tudo.

2 Esses dias voltei para a leitura de “Rápido e devagar: duas formas de pensar”, do psicólogo e economista Daniel Kahneman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia por seus estudos sobre a tomada de decisões humanas. Ganhei esse livro faz um tempo, mas abandonei a leitura no começo – e nem lembro agora o motivo. Nesse livro, o autor explica que existem dois sistemas de pensamento que operam em nossa mente: o Sistema 1, que é rápido, intuitivo e emocional, e o Sistema 2, que é lento, racional e lógico.

3 O Sistema 1 é responsável por gerar impressões, intuições e sentimentos que influenciam nossas escolhas, mas também está sujeito a vários vieses e erros de julgamento. É com ele que lidamos com a maior parte das coisas. E, ao contrário do que o senso comum pressupõe, é com a intuição que fazemos muitas coisas na nossa vida, desde escovar os dentes até perceber que alguém que conhecemos está triste. O Sistema 2, por outro lado, é capaz de analisar criticamente as informações, fazer cálculos e planejar ações, mas requer mais esforço e atenção. Fazer uma conta complicada, pensar em melhorar um parágrafo num texto ou analisar um argumento complexo são coisas que se encontram nesse campo. Kahneman mostra como podemos usar o Sistema 2 para corrigir ou moderar as ilusões do Sistema 1, mas também reconhece os limites da racionalidade humana.

4 No começo do texto eu disse que a maioria dos autores que admiro questionam a centralidade da razão. E um deles, sobre o qual eu falo sempre, é o filósofo alemão Arthur Schopenhauer. Ele desenvolveu uma metafísica pessimista baseada na ideia de que a essência de todas as coisas é a Vontade. A Vontade é uma força cega, irracional e insaciável que impulsiona todos os seres vivos a existir e se afirmar, mas também os condena ao sofrimento, à frustração. E isso é ainda mais forte no ser humano, pois, apesar da vida não possuir nenhum objetivo ou finalidade maior, geramos para nós mesmos a sensação de que esse objetivo existe, e assim sofremos muito tentando justificar nossas ações e decisões. Schopenhauer considerava que o ser humano é menos racional do que imagina, pois está submetido à Vontade de viver, que o domina e o engana. Mas existem algumas válvulas de escape.

5 Schopenhauer afirmava que a única forma de escapar do sofrimento causado pela Vontade era negá-la. Isso poderia ser feito de duas maneiras: pela via ascética, que consiste em renunciar aos desejos, às paixões e aos prazeres mundanos, buscando uma vida simples e contemplativa – o que, na prática, é para pouquíssimas pessoas; ou pela via estética, que consiste em se libertar temporariamente da Vontade através da apreciação da arte, que expressa a essência do mundo. No momento da criação ou da fruição da arte suspendemos provisoriamente o desejo, e a Vontade deixa de agir sobre nós. Mas essa trégua é breve, e logo depois retornamos ao estágio de sofrimento.

6 Relacionando o pensamento de Kahneman e a proposta de Schopenhauer dá pra dizer que o Sistema 1 de Kahneman corresponderia à manifestação da Vontade de Schopenhauer na mente humana, pois é ele que nos faz agir impulsivamente, emocionalmente e irracionalmente, buscando satisfazer nossos desejos e evitar nossas perdas, mas também nos levando a cometer erros e sofrer as consequências. Já o Sistema 2 de Kahneman corresponderia à tentativa de superar ou controlar a Vontade apresentada por Schopenhauer, sendo que esse processo se daria, curiosamente, pela razão humana, pois é ela que nos permite avaliar criticamente as situações, fazer escolhas mais racionais e planejar nossas ações (requerendo, claro, mais esforço e atenção). Uma contradição nessa tentativa de aproximação se daria justamente por Schopenhauer considerar que a razão, na maior parte do tempo, potencializa a Vontade. Para ele, muitas decisões racionais tem, na verdade, fundamento no desejo, no querer, e não na necessidade real daquilo que acreditamos que é importante para nós. 

7 Esse é um tema que me intriga e me desafia, porque essas perguntas (que derivam da discussão) me parecem sempre sem resposta satisfatória: será que somos capazes de usar nossa racionalidade para nos libertarmos do sofrimento? Será que existe alguma esperança para a humanidade? Ou será que estamos fadados a viver em um ciclo de ilusão e dor?

8 Se você adotar a postura pessimista de Schopenhauer, vai concluir que as respostas serão sempre negativas. E vai entender que a nossa missão nessa vida não é a felicidade, mas sim fazer com que a existência, a nossa e a dos outros, seja mais suportável. Por outro lado, se estiver do lado de Kahneman, que parece bem mais otimista (o que, aliás, não é difícil, considerando o autor que coloquei ao lado dele), você vai acreditar que é possível utilizar a razão não para sermos ainda mais racionais, mas sim para aprendermos a lidar melhor com as nossas intuições e sentimentos. Com isso, podemos refletir melhor, sofrer menos e viver a felicidade possível, a partir do autoconhecimento e do reconhecimento de quem somos.

9 Se você me perguntar, vou dizer que sempre pensei mais ou menos como Schopenhauer, mas que quero acreditar na segunda opção; quero pensar que a razão não é uma outra forma de prisão, disfarçada de conhecimento, mas sim uma forma de ver e entender a realidade com uma postura crítica que pode nos ajudar a viver melhor. Não seria bom se fosse mesmo assim?


Extraído de https://marcosramon.net/posts/razao-intuicao/
Os autores estimados pelo escritor do texto têm em comum o fato de:
Alternativas
Ano: 2024 Banca: IVIN Órgão: Prefeitura de Conceição do Canindé - PI Provas: IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Procurador | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Assistente Social | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Engenheiro Civil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor Português | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Matemática | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Inglês | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - História | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Geografia | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Educação Física | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Educação Infantil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - 1° ao 5° Ano | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Pedagogo - Educação Infantil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Pedagogo - Anos Iniciais (1° ao 5° ano) | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Nutricionista | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Médico Veterinário | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Médico - PSF | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Fisioterapeuta | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Cirurgião Dentista |
Q2527042 Português
Razão, intuição e um sentido para existir


1 A racionalidade humana é um tema recorrente nas coisas que escrevo, especialmente porque lendo os autores que mais gosto, vejo que a maioria deles concorda com o fato de que a razão não é algo que nos torna melhores do que qualquer outra coisa no universo. Na maior parte do tempo, cada um deles me diz, à sua maneira, que somos tapeados com a sensação de que a racionalidade nos mantém no controle de tudo.

2 Esses dias voltei para a leitura de “Rápido e devagar: duas formas de pensar”, do psicólogo e economista Daniel Kahneman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia por seus estudos sobre a tomada de decisões humanas. Ganhei esse livro faz um tempo, mas abandonei a leitura no começo – e nem lembro agora o motivo. Nesse livro, o autor explica que existem dois sistemas de pensamento que operam em nossa mente: o Sistema 1, que é rápido, intuitivo e emocional, e o Sistema 2, que é lento, racional e lógico.

3 O Sistema 1 é responsável por gerar impressões, intuições e sentimentos que influenciam nossas escolhas, mas também está sujeito a vários vieses e erros de julgamento. É com ele que lidamos com a maior parte das coisas. E, ao contrário do que o senso comum pressupõe, é com a intuição que fazemos muitas coisas na nossa vida, desde escovar os dentes até perceber que alguém que conhecemos está triste. O Sistema 2, por outro lado, é capaz de analisar criticamente as informações, fazer cálculos e planejar ações, mas requer mais esforço e atenção. Fazer uma conta complicada, pensar em melhorar um parágrafo num texto ou analisar um argumento complexo são coisas que se encontram nesse campo. Kahneman mostra como podemos usar o Sistema 2 para corrigir ou moderar as ilusões do Sistema 1, mas também reconhece os limites da racionalidade humana.

4 No começo do texto eu disse que a maioria dos autores que admiro questionam a centralidade da razão. E um deles, sobre o qual eu falo sempre, é o filósofo alemão Arthur Schopenhauer. Ele desenvolveu uma metafísica pessimista baseada na ideia de que a essência de todas as coisas é a Vontade. A Vontade é uma força cega, irracional e insaciável que impulsiona todos os seres vivos a existir e se afirmar, mas também os condena ao sofrimento, à frustração. E isso é ainda mais forte no ser humano, pois, apesar da vida não possuir nenhum objetivo ou finalidade maior, geramos para nós mesmos a sensação de que esse objetivo existe, e assim sofremos muito tentando justificar nossas ações e decisões. Schopenhauer considerava que o ser humano é menos racional do que imagina, pois está submetido à Vontade de viver, que o domina e o engana. Mas existem algumas válvulas de escape.

5 Schopenhauer afirmava que a única forma de escapar do sofrimento causado pela Vontade era negá-la. Isso poderia ser feito de duas maneiras: pela via ascética, que consiste em renunciar aos desejos, às paixões e aos prazeres mundanos, buscando uma vida simples e contemplativa – o que, na prática, é para pouquíssimas pessoas; ou pela via estética, que consiste em se libertar temporariamente da Vontade através da apreciação da arte, que expressa a essência do mundo. No momento da criação ou da fruição da arte suspendemos provisoriamente o desejo, e a Vontade deixa de agir sobre nós. Mas essa trégua é breve, e logo depois retornamos ao estágio de sofrimento.

6 Relacionando o pensamento de Kahneman e a proposta de Schopenhauer dá pra dizer que o Sistema 1 de Kahneman corresponderia à manifestação da Vontade de Schopenhauer na mente humana, pois é ele que nos faz agir impulsivamente, emocionalmente e irracionalmente, buscando satisfazer nossos desejos e evitar nossas perdas, mas também nos levando a cometer erros e sofrer as consequências. Já o Sistema 2 de Kahneman corresponderia à tentativa de superar ou controlar a Vontade apresentada por Schopenhauer, sendo que esse processo se daria, curiosamente, pela razão humana, pois é ela que nos permite avaliar criticamente as situações, fazer escolhas mais racionais e planejar nossas ações (requerendo, claro, mais esforço e atenção). Uma contradição nessa tentativa de aproximação se daria justamente por Schopenhauer considerar que a razão, na maior parte do tempo, potencializa a Vontade. Para ele, muitas decisões racionais tem, na verdade, fundamento no desejo, no querer, e não na necessidade real daquilo que acreditamos que é importante para nós. 

7 Esse é um tema que me intriga e me desafia, porque essas perguntas (que derivam da discussão) me parecem sempre sem resposta satisfatória: será que somos capazes de usar nossa racionalidade para nos libertarmos do sofrimento? Será que existe alguma esperança para a humanidade? Ou será que estamos fadados a viver em um ciclo de ilusão e dor?

8 Se você adotar a postura pessimista de Schopenhauer, vai concluir que as respostas serão sempre negativas. E vai entender que a nossa missão nessa vida não é a felicidade, mas sim fazer com que a existência, a nossa e a dos outros, seja mais suportável. Por outro lado, se estiver do lado de Kahneman, que parece bem mais otimista (o que, aliás, não é difícil, considerando o autor que coloquei ao lado dele), você vai acreditar que é possível utilizar a razão não para sermos ainda mais racionais, mas sim para aprendermos a lidar melhor com as nossas intuições e sentimentos. Com isso, podemos refletir melhor, sofrer menos e viver a felicidade possível, a partir do autoconhecimento e do reconhecimento de quem somos.

9 Se você me perguntar, vou dizer que sempre pensei mais ou menos como Schopenhauer, mas que quero acreditar na segunda opção; quero pensar que a razão não é uma outra forma de prisão, disfarçada de conhecimento, mas sim uma forma de ver e entender a realidade com uma postura crítica que pode nos ajudar a viver melhor. Não seria bom se fosse mesmo assim?


Extraído de https://marcosramon.net/posts/razao-intuicao/
O texto é um artigo de opinião que trata explicitamente de uma temática:
Alternativas
Ano: 2024 Banca: IVIN Órgão: Prefeitura de Conceição do Canindé - PI Provas: IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Procurador | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Assistente Social | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Engenheiro Civil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor Português | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Matemática | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Inglês | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - História | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Geografia | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Educação Física | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - Educação Infantil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Professor - 1° ao 5° Ano | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Pedagogo - Educação Infantil | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Pedagogo - Anos Iniciais (1° ao 5° ano) | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Nutricionista | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Médico Veterinário | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Médico - PSF | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Fisioterapeuta | IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Cirurgião Dentista |
Q2527041 Português
Razão, intuição e um sentido para existir


1 A racionalidade humana é um tema recorrente nas coisas que escrevo, especialmente porque lendo os autores que mais gosto, vejo que a maioria deles concorda com o fato de que a razão não é algo que nos torna melhores do que qualquer outra coisa no universo. Na maior parte do tempo, cada um deles me diz, à sua maneira, que somos tapeados com a sensação de que a racionalidade nos mantém no controle de tudo.

2 Esses dias voltei para a leitura de “Rápido e devagar: duas formas de pensar”, do psicólogo e economista Daniel Kahneman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia por seus estudos sobre a tomada de decisões humanas. Ganhei esse livro faz um tempo, mas abandonei a leitura no começo – e nem lembro agora o motivo. Nesse livro, o autor explica que existem dois sistemas de pensamento que operam em nossa mente: o Sistema 1, que é rápido, intuitivo e emocional, e o Sistema 2, que é lento, racional e lógico.

3 O Sistema 1 é responsável por gerar impressões, intuições e sentimentos que influenciam nossas escolhas, mas também está sujeito a vários vieses e erros de julgamento. É com ele que lidamos com a maior parte das coisas. E, ao contrário do que o senso comum pressupõe, é com a intuição que fazemos muitas coisas na nossa vida, desde escovar os dentes até perceber que alguém que conhecemos está triste. O Sistema 2, por outro lado, é capaz de analisar criticamente as informações, fazer cálculos e planejar ações, mas requer mais esforço e atenção. Fazer uma conta complicada, pensar em melhorar um parágrafo num texto ou analisar um argumento complexo são coisas que se encontram nesse campo. Kahneman mostra como podemos usar o Sistema 2 para corrigir ou moderar as ilusões do Sistema 1, mas também reconhece os limites da racionalidade humana.

4 No começo do texto eu disse que a maioria dos autores que admiro questionam a centralidade da razão. E um deles, sobre o qual eu falo sempre, é o filósofo alemão Arthur Schopenhauer. Ele desenvolveu uma metafísica pessimista baseada na ideia de que a essência de todas as coisas é a Vontade. A Vontade é uma força cega, irracional e insaciável que impulsiona todos os seres vivos a existir e se afirmar, mas também os condena ao sofrimento, à frustração. E isso é ainda mais forte no ser humano, pois, apesar da vida não possuir nenhum objetivo ou finalidade maior, geramos para nós mesmos a sensação de que esse objetivo existe, e assim sofremos muito tentando justificar nossas ações e decisões. Schopenhauer considerava que o ser humano é menos racional do que imagina, pois está submetido à Vontade de viver, que o domina e o engana. Mas existem algumas válvulas de escape.

5 Schopenhauer afirmava que a única forma de escapar do sofrimento causado pela Vontade era negá-la. Isso poderia ser feito de duas maneiras: pela via ascética, que consiste em renunciar aos desejos, às paixões e aos prazeres mundanos, buscando uma vida simples e contemplativa – o que, na prática, é para pouquíssimas pessoas; ou pela via estética, que consiste em se libertar temporariamente da Vontade através da apreciação da arte, que expressa a essência do mundo. No momento da criação ou da fruição da arte suspendemos provisoriamente o desejo, e a Vontade deixa de agir sobre nós. Mas essa trégua é breve, e logo depois retornamos ao estágio de sofrimento.

6 Relacionando o pensamento de Kahneman e a proposta de Schopenhauer dá pra dizer que o Sistema 1 de Kahneman corresponderia à manifestação da Vontade de Schopenhauer na mente humana, pois é ele que nos faz agir impulsivamente, emocionalmente e irracionalmente, buscando satisfazer nossos desejos e evitar nossas perdas, mas também nos levando a cometer erros e sofrer as consequências. Já o Sistema 2 de Kahneman corresponderia à tentativa de superar ou controlar a Vontade apresentada por Schopenhauer, sendo que esse processo se daria, curiosamente, pela razão humana, pois é ela que nos permite avaliar criticamente as situações, fazer escolhas mais racionais e planejar nossas ações (requerendo, claro, mais esforço e atenção). Uma contradição nessa tentativa de aproximação se daria justamente por Schopenhauer considerar que a razão, na maior parte do tempo, potencializa a Vontade. Para ele, muitas decisões racionais tem, na verdade, fundamento no desejo, no querer, e não na necessidade real daquilo que acreditamos que é importante para nós. 

7 Esse é um tema que me intriga e me desafia, porque essas perguntas (que derivam da discussão) me parecem sempre sem resposta satisfatória: será que somos capazes de usar nossa racionalidade para nos libertarmos do sofrimento? Será que existe alguma esperança para a humanidade? Ou será que estamos fadados a viver em um ciclo de ilusão e dor?

8 Se você adotar a postura pessimista de Schopenhauer, vai concluir que as respostas serão sempre negativas. E vai entender que a nossa missão nessa vida não é a felicidade, mas sim fazer com que a existência, a nossa e a dos outros, seja mais suportável. Por outro lado, se estiver do lado de Kahneman, que parece bem mais otimista (o que, aliás, não é difícil, considerando o autor que coloquei ao lado dele), você vai acreditar que é possível utilizar a razão não para sermos ainda mais racionais, mas sim para aprendermos a lidar melhor com as nossas intuições e sentimentos. Com isso, podemos refletir melhor, sofrer menos e viver a felicidade possível, a partir do autoconhecimento e do reconhecimento de quem somos.

9 Se você me perguntar, vou dizer que sempre pensei mais ou menos como Schopenhauer, mas que quero acreditar na segunda opção; quero pensar que a razão não é uma outra forma de prisão, disfarçada de conhecimento, mas sim uma forma de ver e entender a realidade com uma postura crítica que pode nos ajudar a viver melhor. Não seria bom se fosse mesmo assim?


Extraído de https://marcosramon.net/posts/razao-intuicao/
De acordo com o autor e com base no primeiro parágrafo é correto afirmar que:
Alternativas
Q2526415 Fisioterapia

Sobre a bronquiolite, analise as assertivas abaixo, assinalando V, se verdadeiras, ou F, se falsas.


( ) A bronquiolite aguda é uma condição respiratória que afeta principalmente lactentes, com maior gravidade nos menores de 6 meses de idade.


( ) O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é o agente etiológico mais frequente e está associado a casos mais graves de bronquiolite viral aguda.


( ) A bronquiolite aguda pode resultar em inapetência e dificuldade respiratória durante a alimentação devido à incoordenação entre deglutição e respiração.


A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é: 

Alternativas
Q2526414 Fisioterapia
O que é neuroplasticidade e como ela se relaciona com a reabilitação de pacientes com traumatismo cranioencefálico (TCE)?
Alternativas
Q2526413 Fisioterapia
Sobre as órteses plantares, assinale a alternativa INCORRETA. 
Alternativas
Q2526412 Fisioterapia
Quanto à atuação do fisioterapeuta na assistência na saúde do trabalhador, é correto afirmar que: 
Alternativas
Q2526411 Fisioterapia

Relacione a Coluna 1 à Coluna 2, associando os seguintes testes para ombro à sua respectiva indicação.


Coluna 1


1. Sinal de Neer.

2. Teste de Yergason.

3. Teste de Speed.

4. Teste de Jobe.


Coluna 2


( ) Tendinite bicipital.

( ) Lesão do supraespinhal.

( ) Lesão do manguito rotador. 

( ) Lesão do tendão do bíceps.


A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:  

Alternativas
Q2526410 Fisioterapia
O córtex cerebral pode influenciar a respiração, mas não prevalece sob os centros respiratórios do tronco encefálico em condições normais. Sobre os centros respiratórios, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Q2526409 Fisioterapia
As micro-ondas são usadas na prática fisioterapêutica. São efeitos fisiológicos na terapia com micro-ondas, EXCETO: 
Alternativas
Q2526408 Fisioterapia

Sobre anatomia, analise a sentença abaixo:


O membro inferior é formado pelos ossos fêmur, patela, tíbia, fíbula, tarso, metatarsos e falanges (1ª parte). O fêmur é considerado o osso mais comprido e pesado do corpo e articula-se distalmente com a tíbia na articulação do joelho (2ª parte). A patela é um osso plano, formado no interior do tendão do quadríceps femoral, com a função de proteger a porção anterior da articulação do joelho (3ª parte).


Quais partes estão corretas?

Alternativas
Q2526407 Fisioterapia

O tipo de claudicação depende da localização da fraqueza e de seu grau, porém deve-se lembrar que, de modo geral, na marcha com fraqueza muscular, o centro da gravidade do corpo é desviado em direção ao músculo paralisado na fase de apoio. Sobre o tema, relacione a Coluna 1 à Coluna 2, associando a musculatura à sua respectiva relação com a marcha.


Coluna 1


1. Glúteo médio.

2. Glúteo máximo.

3. Gastrocnêmio-sóleo.

4. Quadríceps femoral 


Coluna 2


( ) Principal extensor do joelho, essencial para subir escadas e fornecer estabilidade ao joelho.

( ) Principal abdutor do quadril e atua elevando a pelve do lado oposto ao membro que está apoiado, equilibrando o tronco sobre o quadril de apoio. 

( ) Responsável pela propulsão final para a frente no desprendimento dos dedos na fase de apoio. 

( ) Principal extensor do quadril. O paciente com paralisia desse músculo hiperestende seu tronco para trás na articulação do quadril quando põe o peso do corpo no membro afetado, trazendo o centro de gravidade posterior ao eixo da articulação do quadril. 


A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:

Alternativas
Q2526406 Fisioterapia

O teste específico para avaliação da epicondilite lateral, “cotovelo do tenista”, tem a finalidade de reproduzir a dor experimentada pelo paciente. O teste é realizado da seguinte maneira: com o cotovelo em 90° de flexão e o antebraço em pronação, pede-se ao paciente que faça extensão ativa do punho contra a resistência que será imposta pelo examinador. O teste será positivo quando o paciente referir dor no epicôndilo lateral, origem da musculatura extensora do punho e dos dedos. Esse teste denomina-se: 

Alternativas
Respostas
4181: B
4182: D
4183: D
4184: C
4185: C
4186: B
4187: D
4188: A
4189: E
4190: E
4191: D
4192: B
4193: E
4194: A
4195: D
4196: C
4197: A
4198: C
4199: E
4200: B