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Fernando Gonsales. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/cartum/cartunsdiarios/#29/6/2022. Acesso em: 19 jul. 2022.
Na tirinha de Fernando Gonsales, observa-se a presença da variedade
Fernando Gonsales. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/cartum/cartunsdiarios/#29/6/2022. Acesso em: 19 jul. 2022.
Em junho de 2022, Fernando Gonsales publicou a tirinha apresentada no site da Folha de S. Paulo.
No diálogo entre os dois ratinhos, o humor é construído a partir
No carnaval de 2015, o Ministério Público do Paraná (MPPR), em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, promoveu a Campanha “Não desvie o olhar”, pelo fim da violência contra crianças e adolescentes, com a seguinte peça:
Disponível em: https://crianca.mppr.mp.br/2015/02/11939,37/#. Acesso em: 19 abr. 2022.
As campanhas comunitárias, assim como as propagandas, têm como objetivo central o convencimento do público.
Dessa forma, é comum encontrar nesses textos, assim como se percebe na campanha do MPPR, o uso de verbos no
No carnaval de 2015, o Ministério Público do Paraná (MPPR), em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, promoveu a Campanha “Não desvie o olhar”, pelo fim da violência contra crianças e adolescentes, com a seguinte peça:
Disponível em: https://crianca.mppr.mp.br/2015/02/11939,37/#. Acesso em: 19 abr. 2022.
Não é fácil matar uma rainha
Folha comete erro crasso ao publicar indevidamente obituário de Elizabeth 2ª
Por José Henrique Mariante
16.abr.2022 às 23h15
Deu no Twitter e em tudo o que é canto. A Folha matou a rainha Elizabeth 2ª, “aos XX anos”, em uma desastrosa publicação na manhã de segunda-feira (11). A ressuscitação levou absurdos 25 minutos, que em tempo de internet é eternidade multiplicada, como anos de cachorro. O jornal apontou para um erro técnico em seu pedido de desculpas. Explicou também que é prática do jornalismo ter obituários prontos. Apanhou feio.
[...].
Não é a primeira vez que a Folha mata alguém antes da hora. [...] Antes da rainha, foi o rei. Ninguém menos do que Pelé já foi levado desta para melhor algumas vezes, por CNN, O Globo e outros veículos. Na onda mais recente, em fevereiro, o próprio foi ao Instagram fazer troça: “Estão dizendo por aí que eu não estou bem. Vocês não acham que eu estou bonitão?”, indagou o craque, em pose de pugilista.
[...].
Argumentar que houve um erro técnico parece esquiva e lembrar que obituários são feitos com antecedência é o mínimo. A Folha tem em torno de 200 artigos desse tipo prontos ou encaminhados. Alguns personagens, pela importância, têm edições preparadas. Longevo, Oscar Niemeyer obrigou a Redação a reeditar seus textos várias vezes, assim como a apresentação gráfica, por mais de uma década. Michael Jackson, no outro extremo, pegou o mundo de surpresa. Em 2021, a Folha publicou o obituário de Carlos Menem escrito por Clóvis Rossi, morto dois anos antes. A correspondente Sylvia Colombo atualizou o original.
Vale tudo, só não vale matar antes. Aí é vexame. Bom jornalismo se faz com antecedência, planejamento e, evidentemente, sem erros. Apresentar material digno à magnitude de uma figura pública, localizar e discutir seu legado, é papel básico da imprensa, o chamado registro histórico.
Porém, as horas de ruminação que o impresso às vezes permitia, a depender do horário de chegada da má notícia, não existem mais. No site, pronto é um apertar de botão, tornando cada vez mais sedutora a ideia de notícia feita em linha de montagem, eficiente na corrida por audiência até a próxima falha, técnica ou não. Mas jornalismo não é fábrica.
Vida longa à rainha. E ao rei.
Folha de S. Paulo. Disponível em: https://www1.folha.uol.com. br/colunas/jose-henrique-mariante-ombudsman/2022/04/nao-e-facil-matar-uma-rainha.shtml.
Acesso em: 19 abr. 2022.
Não é fácil matar uma rainha
Folha comete erro crasso ao publicar indevidamente obituário de Elizabeth 2ª
Por José Henrique Mariante
16.abr.2022 às 23h15
Deu no Twitter e em tudo o que é canto. A Folha matou a rainha Elizabeth 2ª, “aos XX anos”, em uma desastrosa publicação na manhã de segunda-feira (11). A ressuscitação levou absurdos 25 minutos, que em tempo de internet é eternidade multiplicada, como anos de cachorro. O jornal apontou para um erro técnico em seu pedido de desculpas. Explicou também que é prática do jornalismo ter obituários prontos. Apanhou feio.
[...].
Não é a primeira vez que a Folha mata alguém antes da hora. [...] Antes da rainha, foi o rei. Ninguém menos do que Pelé já foi levado desta para melhor algumas vezes, por CNN, O Globo e outros veículos. Na onda mais recente, em fevereiro, o próprio foi ao Instagram fazer troça: “Estão dizendo por aí que eu não estou bem. Vocês não acham que eu estou bonitão?”, indagou o craque, em pose de pugilista.
[...].
Argumentar que houve um erro técnico parece esquiva e lembrar que obituários são feitos com antecedência é o mínimo. A Folha tem em torno de 200 artigos desse tipo prontos ou encaminhados. Alguns personagens, pela importância, têm edições preparadas. Longevo, Oscar Niemeyer obrigou a Redação a reeditar seus textos várias vezes, assim como a apresentação gráfica, por mais de uma década. Michael Jackson, no outro extremo, pegou o mundo de surpresa. Em 2021, a Folha publicou o obituário de Carlos Menem escrito por Clóvis Rossi, morto dois anos antes. A correspondente Sylvia Colombo atualizou o original.
Vale tudo, só não vale matar antes. Aí é vexame. Bom jornalismo se faz com antecedência, planejamento e, evidentemente, sem erros. Apresentar material digno à magnitude de uma figura pública, localizar e discutir seu legado, é papel básico da imprensa, o chamado registro histórico.
Porém, as horas de ruminação que o impresso às vezes permitia, a depender do horário de chegada da má notícia, não existem mais. No site, pronto é um apertar de botão, tornando cada vez mais sedutora a ideia de notícia feita em linha de montagem, eficiente na corrida por audiência até a próxima falha, técnica ou não. Mas jornalismo não é fábrica.
Vida longa à rainha. E ao rei.
Folha de S. Paulo. Disponível em: https://www1.folha.uol.com. br/colunas/jose-henrique-mariante-ombudsman/2022/04/nao-e-facil-matar-uma-rainha.shtml.
Acesso em: 19 abr. 2022.
A escolha do tempo verbal usado por José Henrique Mariante, na chamada do artigo de opinião, é uma prática comum em textos jornalísticos.
“Folha comete erro crasso ao publicar indevidamente obituário de Elizabeth 2ª”
Observa-se que o verbo grifado na chamada do artigo está flexionado no
Não é fácil matar uma rainha
Folha comete erro crasso ao publicar indevidamente obituário de Elizabeth 2ª
Por José Henrique Mariante
16.abr.2022 às 23h15
Deu no Twitter e em tudo o que é canto. A Folha matou a rainha Elizabeth 2ª, “aos XX anos”, em uma desastrosa publicação na manhã de segunda-feira (11). A ressuscitação levou absurdos 25 minutos, que em tempo de internet é eternidade multiplicada, como anos de cachorro. O jornal apontou para um erro técnico em seu pedido de desculpas. Explicou também que é prática do jornalismo ter obituários prontos. Apanhou feio.
[...].
Não é a primeira vez que a Folha mata alguém antes da hora. [...] Antes da rainha, foi o rei. Ninguém menos do que Pelé já foi levado desta para melhor algumas vezes, por CNN, O Globo e outros veículos. Na onda mais recente, em fevereiro, o próprio foi ao Instagram fazer troça: “Estão dizendo por aí que eu não estou bem. Vocês não acham que eu estou bonitão?”, indagou o craque, em pose de pugilista.
[...].
Argumentar que houve um erro técnico parece esquiva e lembrar que obituários são feitos com antecedência é o mínimo. A Folha tem em torno de 200 artigos desse tipo prontos ou encaminhados. Alguns personagens, pela importância, têm edições preparadas. Longevo, Oscar Niemeyer obrigou a Redação a reeditar seus textos várias vezes, assim como a apresentação gráfica, por mais de uma década. Michael Jackson, no outro extremo, pegou o mundo de surpresa. Em 2021, a Folha publicou o obituário de Carlos Menem escrito por Clóvis Rossi, morto dois anos antes. A correspondente Sylvia Colombo atualizou o original.
Vale tudo, só não vale matar antes. Aí é vexame. Bom jornalismo se faz com antecedência, planejamento e, evidentemente, sem erros. Apresentar material digno à magnitude de uma figura pública, localizar e discutir seu legado, é papel básico da imprensa, o chamado registro histórico.
Porém, as horas de ruminação que o impresso às vezes permitia, a depender do horário de chegada da má notícia, não existem mais. No site, pronto é um apertar de botão, tornando cada vez mais sedutora a ideia de notícia feita em linha de montagem, eficiente na corrida por audiência até a próxima falha, técnica ou não. Mas jornalismo não é fábrica.
Vida longa à rainha. E ao rei.
Folha de S. Paulo. Disponível em: https://www1.folha.uol.com. br/colunas/jose-henrique-mariante-ombudsman/2022/04/nao-e-facil-matar-uma-rainha.shtml.
Acesso em: 19 abr. 2022.
Releia o trecho a seguir do artigo publicado na Folha de S. Paulo, observando o trecho grifado:
“Em 2021, a Folha publicou o obituário de Carlos Menem escrito por Clóvis Rossi, morto dois anos antes.”
Entre as passagens a seguir, assinale aquela em que o termo grifado tenha mesma função sintática do termo assinalado no trecho apresentado anteriormente.
Não é fácil matar uma rainha
Folha comete erro crasso ao publicar indevidamente obituário de Elizabeth 2ª
Por José Henrique Mariante
16.abr.2022 às 23h15
Deu no Twitter e em tudo o que é canto. A Folha matou a rainha Elizabeth 2ª, “aos XX anos”, em uma desastrosa publicação na manhã de segunda-feira (11). A ressuscitação levou absurdos 25 minutos, que em tempo de internet é eternidade multiplicada, como anos de cachorro. O jornal apontou para um erro técnico em seu pedido de desculpas. Explicou também que é prática do jornalismo ter obituários prontos. Apanhou feio.
[...].
Não é a primeira vez que a Folha mata alguém antes da hora. [...] Antes da rainha, foi o rei. Ninguém menos do que Pelé já foi levado desta para melhor algumas vezes, por CNN, O Globo e outros veículos. Na onda mais recente, em fevereiro, o próprio foi ao Instagram fazer troça: “Estão dizendo por aí que eu não estou bem. Vocês não acham que eu estou bonitão?”, indagou o craque, em pose de pugilista.
[...].
Argumentar que houve um erro técnico parece esquiva e lembrar que obituários são feitos com antecedência é o mínimo. A Folha tem em torno de 200 artigos desse tipo prontos ou encaminhados. Alguns personagens, pela importância, têm edições preparadas. Longevo, Oscar Niemeyer obrigou a Redação a reeditar seus textos várias vezes, assim como a apresentação gráfica, por mais de uma década. Michael Jackson, no outro extremo, pegou o mundo de surpresa. Em 2021, a Folha publicou o obituário de Carlos Menem escrito por Clóvis Rossi, morto dois anos antes. A correspondente Sylvia Colombo atualizou o original.
Vale tudo, só não vale matar antes. Aí é vexame. Bom jornalismo se faz com antecedência, planejamento e, evidentemente, sem erros. Apresentar material digno à magnitude de uma figura pública, localizar e discutir seu legado, é papel básico da imprensa, o chamado registro histórico.
Porém, as horas de ruminação que o impresso às vezes permitia, a depender do horário de chegada da má notícia, não existem mais. No site, pronto é um apertar de botão, tornando cada vez mais sedutora a ideia de notícia feita em linha de montagem, eficiente na corrida por audiência até a próxima falha, técnica ou não. Mas jornalismo não é fábrica.
Vida longa à rainha. E ao rei.
Folha de S. Paulo. Disponível em: https://www1.folha.uol.com. br/colunas/jose-henrique-mariante-ombudsman/2022/04/nao-e-facil-matar-uma-rainha.shtml.
Acesso em: 19 abr. 2022.
O texto jornalístico apresenta, no título, elementos que visam o interesse do leitor, ao mesmo tempo em que se conecta com as informações centrais apresentadas.
O título do artigo “Não é fácil matar uma rainha” justifica-se no decorrer do texto, principalmente, pela (o)
Não é fácil matar uma rainha
Folha comete erro crasso ao publicar indevidamente obituário de Elizabeth 2ª
Por José Henrique Mariante
16.abr.2022 às 23h15
Deu no Twitter e em tudo o que é canto. A Folha matou a rainha Elizabeth 2ª, “aos XX anos”, em uma desastrosa publicação na manhã de segunda-feira (11). A ressuscitação levou absurdos 25 minutos, que em tempo de internet é eternidade multiplicada, como anos de cachorro. O jornal apontou para um erro técnico em seu pedido de desculpas. Explicou também que é prática do jornalismo ter obituários prontos. Apanhou feio.
[...].
Não é a primeira vez que a Folha mata alguém antes da hora. [...] Antes da rainha, foi o rei. Ninguém menos do que Pelé já foi levado desta para melhor algumas vezes, por CNN, O Globo e outros veículos. Na onda mais recente, em fevereiro, o próprio foi ao Instagram fazer troça: “Estão dizendo por aí que eu não estou bem. Vocês não acham que eu estou bonitão?”, indagou o craque, em pose de pugilista.
[...].
Argumentar que houve um erro técnico parece esquiva e lembrar que obituários são feitos com antecedência é o mínimo. A Folha tem em torno de 200 artigos desse tipo prontos ou encaminhados. Alguns personagens, pela importância, têm edições preparadas. Longevo, Oscar Niemeyer obrigou a Redação a reeditar seus textos várias vezes, assim como a apresentação gráfica, por mais de uma década. Michael Jackson, no outro extremo, pegou o mundo de surpresa. Em 2021, a Folha publicou o obituário de Carlos Menem escrito por Clóvis Rossi, morto dois anos antes. A correspondente Sylvia Colombo atualizou o original.
Vale tudo, só não vale matar antes. Aí é vexame. Bom jornalismo se faz com antecedência, planejamento e, evidentemente, sem erros. Apresentar material digno à magnitude de uma figura pública, localizar e discutir seu legado, é papel básico da imprensa, o chamado registro histórico.
Porém, as horas de ruminação que o impresso às vezes permitia, a depender do horário de chegada da má notícia, não existem mais. No site, pronto é um apertar de botão, tornando cada vez mais sedutora a ideia de notícia feita em linha de montagem, eficiente na corrida por audiência até a próxima falha, técnica ou não. Mas jornalismo não é fábrica.
Vida longa à rainha. E ao rei.
Folha de S. Paulo. Disponível em: https://www1.folha.uol.com. br/colunas/jose-henrique-mariante-ombudsman/2022/04/nao-e-facil-matar-uma-rainha.shtml.
Acesso em: 19 abr. 2022.
O artigo de opinião está no grupo dos textos dissertativos-argumentativos, em que se defende uma tese a partir da apresentação de fatos e argumentos.
A leitura integral do texto de José Henrique Mariante permite afirmar que há uma defesa da(o)
INSTRUÇÃO: Leia a crônica de Moacyr Scliar para responder à questão.
O aprendiz de escritor
Moacyr Scliar
Escrevo há muito tempo. Costumo dizer que, se ainda não aprendi – e acho mesmo que não aprendi, a gente nunca para de aprender –, não foi por falta de prática. Porque comecei muito cedo. Na verdade, todas as minhas recordações estão ligadas a isso, a ouvir e contar histórias. Não só as histórias das personagens que me encantaram, o Saci-Pererê, o Negrinho do Pastoreio, a Cuca, Hércules, Mickey Mouse, Tarzan e os piratas. Mas também as minhas próprias histórias, as histórias de minhas personagens, estas criaturas reais ou imaginárias com quem convivi desde a infância.
“Na verdade”, eu escrevi ali em cima. Verdade é uma palavra muito relativa para um escritor de ficção. O que é verdade, o que é imaginação? No colégio onde fiz o segundo grau, o Júlio de Castilhos, havia um rapaz que tinha fama de mentiroso.
Todo mundo sabia que ele era mentiroso. Todo mundo, menos ele.
Uma vez, o rádio deu uma notícia alarmante: um avião em dificuldades sobrevoava Porto Alegre. Podia cair a qualquer momento. Fomos para o colégio, naquele dia, preocupados; e conversávamos sobre o assunto, quando apareceu ele, o Mentiroso. Pálido:
– Vocês nem podem imaginar!
Uma pausa dramática, e logo em seguida:
– Sabem este avião que está em perigo? Caiu perto da minha casa. Escapamos por pouco. Gente, que coisa horrível!
E começou a descrever o avião incendiado, o piloto gritando por socorro... Uma cena impressionante. Aí veio um colega correndo, com a notícia: o avião acabara de aterrissar, são e salvo. Todo mundo começou a rir. Todo mundo, menos o Mentiroso:
– Não pode ser! – repetia, incrédulo, irritado. – Eu vi o avião cair!
Agora, quando lembro este fato, concluo que não estava mentindo. Ele vira, realmente, o avião cair. Com os olhos da imaginação, decerto; mas para ele o avião tinha caído, e tinha incendiado, e tudo o mais. E ele acreditava no que dizia, porque era um ficcionista. Tudo que precisava, naquele momento, era um lápis e papel. Se tivesse escrito o que dizia, seria um escritor; como não escrevera, tratava-se de um mentiroso. Uma questão de nomes, de palavras.
Palavras. São tudo, para quem escreve. Ou quase tudo. Como a serra, o martelo, a plaina, a madeira, a cola e os pregos para o marceneiro; como a colher, o prumo, os tijolos e a argamassa para o pedreiro; como a fazenda, a linha, a tesoura e a agulha para o alfaiate. Estou falando em instrumentos de trabalho, porque literatura nem sempre parece trabalho.
Há uma história (sempre contando histórias, Moacyr Scliar! Sempre contando histórias!) sobre um escritor e seu vizinho. O vizinho olhava o escritor que estava sentado, quieto, no jardim, e perguntava: Descansando, senhor escritor? Ao que o escritor respondia: Não, trabalhando. Daí a pouco o vizinho via o escritor mexendo na terra, cuidando das plantas: Trabalhando? Não, respondia o escritor, descansando. As aparências enganam; enganaram até o próprio escritor.
SCLIAR, Moacyr. Memórias de um aprendiz de escritor.
São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1984.
INSTRUÇÃO: Leia a crônica de Moacyr Scliar para responder à questão.
O aprendiz de escritor
Moacyr Scliar
Escrevo há muito tempo. Costumo dizer que, se ainda não aprendi – e acho mesmo que não aprendi, a gente nunca para de aprender –, não foi por falta de prática. Porque comecei muito cedo. Na verdade, todas as minhas recordações estão ligadas a isso, a ouvir e contar histórias. Não só as histórias das personagens que me encantaram, o Saci-Pererê, o Negrinho do Pastoreio, a Cuca, Hércules, Mickey Mouse, Tarzan e os piratas. Mas também as minhas próprias histórias, as histórias de minhas personagens, estas criaturas reais ou imaginárias com quem convivi desde a infância.
“Na verdade”, eu escrevi ali em cima. Verdade é uma palavra muito relativa para um escritor de ficção. O que é verdade, o que é imaginação? No colégio onde fiz o segundo grau, o Júlio de Castilhos, havia um rapaz que tinha fama de mentiroso.
Todo mundo sabia que ele era mentiroso. Todo mundo, menos ele.
Uma vez, o rádio deu uma notícia alarmante: um avião em dificuldades sobrevoava Porto Alegre. Podia cair a qualquer momento. Fomos para o colégio, naquele dia, preocupados; e conversávamos sobre o assunto, quando apareceu ele, o Mentiroso. Pálido:
– Vocês nem podem imaginar!
Uma pausa dramática, e logo em seguida:
– Sabem este avião que está em perigo? Caiu perto da minha casa. Escapamos por pouco. Gente, que coisa horrível!
E começou a descrever o avião incendiado, o piloto gritando por socorro... Uma cena impressionante. Aí veio um colega correndo, com a notícia: o avião acabara de aterrissar, são e salvo. Todo mundo começou a rir. Todo mundo, menos o Mentiroso:
– Não pode ser! – repetia, incrédulo, irritado. – Eu vi o avião cair!
Agora, quando lembro este fato, concluo que não estava mentindo. Ele vira, realmente, o avião cair. Com os olhos da imaginação, decerto; mas para ele o avião tinha caído, e tinha incendiado, e tudo o mais. E ele acreditava no que dizia, porque era um ficcionista. Tudo que precisava, naquele momento, era um lápis e papel. Se tivesse escrito o que dizia, seria um escritor; como não escrevera, tratava-se de um mentiroso. Uma questão de nomes, de palavras.
Palavras. São tudo, para quem escreve. Ou quase tudo. Como a serra, o martelo, a plaina, a madeira, a cola e os pregos para o marceneiro; como a colher, o prumo, os tijolos e a argamassa para o pedreiro; como a fazenda, a linha, a tesoura e a agulha para o alfaiate. Estou falando em instrumentos de trabalho, porque literatura nem sempre parece trabalho.
Há uma história (sempre contando histórias, Moacyr Scliar! Sempre contando histórias!) sobre um escritor e seu vizinho. O vizinho olhava o escritor que estava sentado, quieto, no jardim, e perguntava: Descansando, senhor escritor? Ao que o escritor respondia: Não, trabalhando. Daí a pouco o vizinho via o escritor mexendo na terra, cuidando das plantas: Trabalhando? Não, respondia o escritor, descansando. As aparências enganam; enganaram até o próprio escritor.
SCLIAR, Moacyr. Memórias de um aprendiz de escritor.
São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1984.
Releia a frase a seguir transcrita do texto:
“[...] havia um rapaz que tinha fama de mentiroso.”
Ao se passar o termo “um rapaz” para o plural, a frase, de acordo com a norma padrão, ficará:
INSTRUÇÃO: Leia a crônica de Moacyr Scliar para responder à questão.
O aprendiz de escritor
Moacyr Scliar
Escrevo há muito tempo. Costumo dizer que, se ainda não aprendi – e acho mesmo que não aprendi, a gente nunca para de aprender –, não foi por falta de prática. Porque comecei muito cedo. Na verdade, todas as minhas recordações estão ligadas a isso, a ouvir e contar histórias. Não só as histórias das personagens que me encantaram, o Saci-Pererê, o Negrinho do Pastoreio, a Cuca, Hércules, Mickey Mouse, Tarzan e os piratas. Mas também as minhas próprias histórias, as histórias de minhas personagens, estas criaturas reais ou imaginárias com quem convivi desde a infância.
“Na verdade”, eu escrevi ali em cima. Verdade é uma palavra muito relativa para um escritor de ficção. O que é verdade, o que é imaginação? No colégio onde fiz o segundo grau, o Júlio de Castilhos, havia um rapaz que tinha fama de mentiroso.
Todo mundo sabia que ele era mentiroso. Todo mundo, menos ele.
Uma vez, o rádio deu uma notícia alarmante: um avião em dificuldades sobrevoava Porto Alegre. Podia cair a qualquer momento. Fomos para o colégio, naquele dia, preocupados; e conversávamos sobre o assunto, quando apareceu ele, o Mentiroso. Pálido:
– Vocês nem podem imaginar!
Uma pausa dramática, e logo em seguida:
– Sabem este avião que está em perigo? Caiu perto da minha casa. Escapamos por pouco. Gente, que coisa horrível!
E começou a descrever o avião incendiado, o piloto gritando por socorro... Uma cena impressionante. Aí veio um colega correndo, com a notícia: o avião acabara de aterrissar, são e salvo. Todo mundo começou a rir. Todo mundo, menos o Mentiroso:
– Não pode ser! – repetia, incrédulo, irritado. – Eu vi o avião cair!
Agora, quando lembro este fato, concluo que não estava mentindo. Ele vira, realmente, o avião cair. Com os olhos da imaginação, decerto; mas para ele o avião tinha caído, e tinha incendiado, e tudo o mais. E ele acreditava no que dizia, porque era um ficcionista. Tudo que precisava, naquele momento, era um lápis e papel. Se tivesse escrito o que dizia, seria um escritor; como não escrevera, tratava-se de um mentiroso. Uma questão de nomes, de palavras.
Palavras. São tudo, para quem escreve. Ou quase tudo. Como a serra, o martelo, a plaina, a madeira, a cola e os pregos para o marceneiro; como a colher, o prumo, os tijolos e a argamassa para o pedreiro; como a fazenda, a linha, a tesoura e a agulha para o alfaiate. Estou falando em instrumentos de trabalho, porque literatura nem sempre parece trabalho.
Há uma história (sempre contando histórias, Moacyr Scliar! Sempre contando histórias!) sobre um escritor e seu vizinho. O vizinho olhava o escritor que estava sentado, quieto, no jardim, e perguntava: Descansando, senhor escritor? Ao que o escritor respondia: Não, trabalhando. Daí a pouco o vizinho via o escritor mexendo na terra, cuidando das plantas: Trabalhando? Não, respondia o escritor, descansando. As aparências enganam; enganaram até o próprio escritor.
SCLIAR, Moacyr. Memórias de um aprendiz de escritor.
São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1984.
Nas crônicas, textos ligados ao cotidiano, é comum a presença de marcas de informalidade na linguagem. Na crônica “O aprendiz de escritor”, de Moacyr Scliar, vê-se uma inadequação no seguinte período:
“Na verdade, todas as minhas recordações estão ligadas a isso, a ouvir e contar histórias.”
O desvio de norma padrão na frase acima decorre do uso
INSTRUÇÃO: Leia a crônica de Moacyr Scliar para responder à questão.
O aprendiz de escritor
Moacyr Scliar
Escrevo há muito tempo. Costumo dizer que, se ainda não aprendi – e acho mesmo que não aprendi, a gente nunca para de aprender –, não foi por falta de prática. Porque comecei muito cedo. Na verdade, todas as minhas recordações estão ligadas a isso, a ouvir e contar histórias. Não só as histórias das personagens que me encantaram, o Saci-Pererê, o Negrinho do Pastoreio, a Cuca, Hércules, Mickey Mouse, Tarzan e os piratas. Mas também as minhas próprias histórias, as histórias de minhas personagens, estas criaturas reais ou imaginárias com quem convivi desde a infância.
“Na verdade”, eu escrevi ali em cima. Verdade é uma palavra muito relativa para um escritor de ficção. O que é verdade, o que é imaginação? No colégio onde fiz o segundo grau, o Júlio de Castilhos, havia um rapaz que tinha fama de mentiroso.
Todo mundo sabia que ele era mentiroso. Todo mundo, menos ele.
Uma vez, o rádio deu uma notícia alarmante: um avião em dificuldades sobrevoava Porto Alegre. Podia cair a qualquer momento. Fomos para o colégio, naquele dia, preocupados; e conversávamos sobre o assunto, quando apareceu ele, o Mentiroso. Pálido:
– Vocês nem podem imaginar!
Uma pausa dramática, e logo em seguida:
– Sabem este avião que está em perigo? Caiu perto da minha casa. Escapamos por pouco. Gente, que coisa horrível!
E começou a descrever o avião incendiado, o piloto gritando por socorro... Uma cena impressionante. Aí veio um colega correndo, com a notícia: o avião acabara de aterrissar, são e salvo. Todo mundo começou a rir. Todo mundo, menos o Mentiroso:
– Não pode ser! – repetia, incrédulo, irritado. – Eu vi o avião cair!
Agora, quando lembro este fato, concluo que não estava mentindo. Ele vira, realmente, o avião cair. Com os olhos da imaginação, decerto; mas para ele o avião tinha caído, e tinha incendiado, e tudo o mais. E ele acreditava no que dizia, porque era um ficcionista. Tudo que precisava, naquele momento, era um lápis e papel. Se tivesse escrito o que dizia, seria um escritor; como não escrevera, tratava-se de um mentiroso. Uma questão de nomes, de palavras.
Palavras. São tudo, para quem escreve. Ou quase tudo. Como a serra, o martelo, a plaina, a madeira, a cola e os pregos para o marceneiro; como a colher, o prumo, os tijolos e a argamassa para o pedreiro; como a fazenda, a linha, a tesoura e a agulha para o alfaiate. Estou falando em instrumentos de trabalho, porque literatura nem sempre parece trabalho.
Há uma história (sempre contando histórias, Moacyr Scliar! Sempre contando histórias!) sobre um escritor e seu vizinho. O vizinho olhava o escritor que estava sentado, quieto, no jardim, e perguntava: Descansando, senhor escritor? Ao que o escritor respondia: Não, trabalhando. Daí a pouco o vizinho via o escritor mexendo na terra, cuidando das plantas: Trabalhando? Não, respondia o escritor, descansando. As aparências enganam; enganaram até o próprio escritor.
SCLIAR, Moacyr. Memórias de um aprendiz de escritor.
São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1984.
Releia o trecho final da crônica:
“O vizinho olhava o escritor que estava sentado, quieto, no jardim, e perguntava: Descansando, senhor escritor? Ao que o escritor respondia: Não, trabalhando. Daí a pouco o vizinho via o escritor mexendo na terra, cuidando das plantas: Trabalhando? Não, respondia o escritor, descansando. As aparências enganam; enganaram até o próprio escritor.”
Na conclusão do texto, o trecho grifado sugere que
INSTRUÇÃO: Leia a crônica de Moacyr Scliar para responder à questão.
O aprendiz de escritor
Moacyr Scliar
Escrevo há muito tempo. Costumo dizer que, se ainda não aprendi – e acho mesmo que não aprendi, a gente nunca para de aprender –, não foi por falta de prática. Porque comecei muito cedo. Na verdade, todas as minhas recordações estão ligadas a isso, a ouvir e contar histórias. Não só as histórias das personagens que me encantaram, o Saci-Pererê, o Negrinho do Pastoreio, a Cuca, Hércules, Mickey Mouse, Tarzan e os piratas. Mas também as minhas próprias histórias, as histórias de minhas personagens, estas criaturas reais ou imaginárias com quem convivi desde a infância.
“Na verdade”, eu escrevi ali em cima. Verdade é uma palavra muito relativa para um escritor de ficção. O que é verdade, o que é imaginação? No colégio onde fiz o segundo grau, o Júlio de Castilhos, havia um rapaz que tinha fama de mentiroso.
Todo mundo sabia que ele era mentiroso. Todo mundo, menos ele.
Uma vez, o rádio deu uma notícia alarmante: um avião em dificuldades sobrevoava Porto Alegre. Podia cair a qualquer momento. Fomos para o colégio, naquele dia, preocupados; e conversávamos sobre o assunto, quando apareceu ele, o Mentiroso. Pálido:
– Vocês nem podem imaginar!
Uma pausa dramática, e logo em seguida:
– Sabem este avião que está em perigo? Caiu perto da minha casa. Escapamos por pouco. Gente, que coisa horrível!
E começou a descrever o avião incendiado, o piloto gritando por socorro... Uma cena impressionante. Aí veio um colega correndo, com a notícia: o avião acabara de aterrissar, são e salvo. Todo mundo começou a rir. Todo mundo, menos o Mentiroso:
– Não pode ser! – repetia, incrédulo, irritado. – Eu vi o avião cair!
Agora, quando lembro este fato, concluo que não estava mentindo. Ele vira, realmente, o avião cair. Com os olhos da imaginação, decerto; mas para ele o avião tinha caído, e tinha incendiado, e tudo o mais. E ele acreditava no que dizia, porque era um ficcionista. Tudo que precisava, naquele momento, era um lápis e papel. Se tivesse escrito o que dizia, seria um escritor; como não escrevera, tratava-se de um mentiroso. Uma questão de nomes, de palavras.
Palavras. São tudo, para quem escreve. Ou quase tudo. Como a serra, o martelo, a plaina, a madeira, a cola e os pregos para o marceneiro; como a colher, o prumo, os tijolos e a argamassa para o pedreiro; como a fazenda, a linha, a tesoura e a agulha para o alfaiate. Estou falando em instrumentos de trabalho, porque literatura nem sempre parece trabalho.
Há uma história (sempre contando histórias, Moacyr Scliar! Sempre contando histórias!) sobre um escritor e seu vizinho. O vizinho olhava o escritor que estava sentado, quieto, no jardim, e perguntava: Descansando, senhor escritor? Ao que o escritor respondia: Não, trabalhando. Daí a pouco o vizinho via o escritor mexendo na terra, cuidando das plantas: Trabalhando? Não, respondia o escritor, descansando. As aparências enganam; enganaram até o próprio escritor.
SCLIAR, Moacyr. Memórias de um aprendiz de escritor.
São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1984.
A crônica “O aprendiz de escritor”, de Moacyr Scliar, passa pela discussão acerca da matéria-prima utilizada na profissão de escritor.
O fato narrado acerca de um colega considerado mentiroso contribui com a reflexão da crônica porque