Questões de Concurso
Para psicopedagogo
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O sentido maior
Quando eu era jovem, um padre dava aulas sobre Tomás de Aquino (1225-1274), doutor da igreja e teólogo global. O tema eram as cinco provas da existência de Deus. Após a exposição, o jesuíta contou, como arremate de uma boa aula, um caso sobre o doutor angélico. Disse que, após o italiano ter escrito coisas profundas e enormes sobre a divindade, teve um êxtase místico e, segundo a narrativa, uma compreensão de Deus além da Razão, além da Escolástica, além de Aristóteles e de toda a gramática possível de um cérebro humano. Ao sair da “divina possessão”, ele emudeceu e resistiu a continuar escrevendo sua já famosa obra. Motivo? Para ele, após o contato com Deus na forma direta que os místicos vivem, o que ele escrevera sob o rigor acadêmico e com base erudita, parecia-lhe superficial, fraco, pífio, irrelevante e tão distante do que experimentara que ficou abatido. Bem, antes de partir precocemente do mundo, Tomás terminou ditando comentários ao Cântico dos Cânticos, o poema amoroso salomônico que possui dezenas de interpretações. Curioso que a última obra do grande intelectual católico seja sobre o amor.
A história narrada traz uma questão que sempre me assombrou. Em todos os campos, inúmeras pessoas ao meu redor falam de uma densidade maior atrás do simples discurso ou do sentimento imediato. Sim, você pode ler os mais refinados teólogos, porém, sempre serão pálida sombra do objeto sagrado em si. O mesmo valeria para as emoções humanas como o amor. Romeu indica várias vezes a Julieta (e é correspondido) que as palavras são irrelevantes, que o que eles sentem está além da expressão delas. Já vi discursos semelhantes sobre arte e até sexo. Haveria uma densidade, uma complexidade, algo tão imenso que tudo o que eu possa expressar seria incompleto.
Sempre desconfiei um pouco da afirmação sobre a densidade extraordinária que tornaria as coisas indizíveis. Por vezes acho que devo ter uma capacidade melhor de expressão ou uma capacidade menor de sentir. Um dos itens explica o fato de eu achar que as coisas são no limite do que consigo expressar e que não possuem uma película que esconde o “mais além” de uma metafísica absoluta.
A leitura de boas obras sempre me pareceu muito prazerosa, muito, exatamente porque as ideias, a estética da escrita, o encadeamento de personagens ou de fatos e as soluções dos bons autores me seduzem. Uma taça boa de vinho ou uma noite amorosa são extraordinárias pelo que são em si, pelo prazer ali contido, pelas papilas gustativas agraciadas, pelos hormônios atiçados, pelos disparos de adrenalina e outras coisas. Não perco a consciência, não letivo, não transfiguro, não tenho êxtase: apenas gosto e sinto o motivo de eu gostar, alguns surpreendentes. Seria bom em descrever ou ruim em sentir de forma mais densa? Faltaria metafísica ou abundaria consciência? A descrição que alguns fazem de suas experiências sempre me pareceu fascinante e sedutora e profundamente distante do plano no qual eu sinto. Idiossincrasia? Couraça racional? Seria lucidez ou secura? Nunca saberei de fato, mas o vinho sempre pareceu bom, o texto fascinante, o sexo envolvente, o afeto belo, a boa música avassaladora e a paisagem produtora de paz interna. Já chorei de alegria diante de experiências lindas como um quadro que eu desejava conhecer ou quando desci ao Grand Canyon nos Estados Unidos. Eram lágrimas provocadas pela emoção de beleza, uma invasão positiva de muitos bons sentimentos que antigas expectativas estimularam. Era emoção, não transcendência que me derrubasse ao solo impactado pelo eterno. Vários filósofos chamaram isso de maravilhar-se, uma suspensão momentânea da racionalidade junto de incapacidade de narrar o experienciado. Mas, passado alguns instantes, recuperamos a lógica narrativa. Eu estava feliz porque era bom estar ali, porque eu desejara estar ali, porque eu me preparara para estar ali e porque, enfim estando, se fechava um ciclo de ansiedade-desejo-prazer produzindo o momento único e... lacrimoso. Foi muito bom, excelente até, todavia foi aquilo e eu posso descrever o início, o meio e o fim daquele instante. Por vezes lembro-me da experiência de um “banho xamânico” em Oaxaca, no México. A guia da experiência dizia que aspirássemos as plantas naquela sauna e que imaginássemos a luz lilás sobre nós. Aluno fiel, eu aspirava a planta acre que ela jogara às brasas e imaginava a luz lilás. Ao final de meia hora de exercício imaginativo, ela me perguntou o que eu tinha sentido e eu disse: “Um cheiro forte dessa planta”. Ela insistia: “E?”. “Só”, eu respondia à desolada senhora. Eu sentira o cheiro e imaginara a luz. Foi minha experiência xamânica. Na verdade, é minha experiência de vida. As coisas são no limite do que existem, sem energias ou algo muito mais denso escondido pelo véu do discurso. Onde alguns descrevem alguém de “energia pesada”, eu vejo um chato agressivo. Não há uma “aura”, apenas frases desagradáveis ou reclamações incessantes. Onde identificam “vampiros de energia” eu vejo alguém irritante. Seria a mesma coisa? Volto ao que eu sinto (sem fazer disso uma definição de valor universal): as coisas são no limite do que existem. Dou a elas sentido, simbolismo, signos aleatórios e que dependem da minha imaginação, sem “energia”. Essa é imensa solidão da consciência, ou, ao menos, da minha consciência. Uma boa semana para todos.
(KARNAL, Leandro. Sentido maior. O Estado de São Paulo, São Paulo,
19/01/2020. Caderno 2, p. C2.)
(MALUF, 2006.)
A partir da citação, analise as afirmativas a seguir.
I. Nas etapas mais iniciais do aprendizado, a criança não chega a compreender com clareza as relações entre a oralidade e a escrita, o que caracteriza a chamada hipótese pré-silábica. II. A partir do momento em que a segmentação silábica é alcançada, parece ocorrer um direcionamento da atenção da criança para componentes menores das palavras, mais especificamente para os fonemas, marcando as chamadas fases silábico-alfabética e alfabética. III. Quando a criança alcança o nível alfabético significa o encerramento de um ciclo de aprendizagem e a superação de “erros” antigos e novos. IV. Pensando nas características linguísticas que a criança deve dominar a partir da fase pré-silábica, pode-se verificar que a noção de maior complexidade diz respeito à compreensão das relações entre letras e sílabas.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
(MALUF, 2006.)
Com referência ao exposto sobre a Psicopedagogia Institucional, é INCORRETO afirmar que:
I. Nessa concepção, o todo se revela nas partes e delimita a manifestação das partes em relação às suas infinitas possibilidades. II. Esse pensar holográfico impossibilita a compreensão dos movimentos simultâneos, restringindo aos ambientes macro as redes de relações entre sujeitos e culturas. III. Considerar as interações de forças desses diferentes contextos e sujeitos (organismo vivo, pessoas, grupos, instituições) é deslocar-se alternadamente do olhar focado ao olhar panorâmico, numa visão ecossistêmica.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
I. Construída através de estudos sobre as interações energético-estruturais da identidade como fator de grande importância que influencia a aprendizagem. II. Consiste em observar três aspectos: a temática que é tudo o que é dito pelo sujeito; a dinâmica que consiste em tudo o que o sujeito faz; e o produto que consiste em tudo o que o sujeito deixa registrado por sua produção. III. Verificam-se os significados e o vínculo que cada pessoa cria em relação ao que se ensina e o que se aprende com os objetos da aprendizagem.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
Sobre a relação entre ensinante/aprendente, é correto afirmar que:
(CASTANHO e SCICCHITANO, 2013.)
“Considerando a informação anterior e a obra das autoras citadas, pode-se inferir que o profissional da psicopedagogia institucional age como um ____________ da aprendizagem; ele trabalha fazendo um mapeamento da instituição para um diagnóstico institucional.” Assinale a alternativa que completa corretamente a afirmativa anterior.
I. Esse processo se dá a partir da montagem de cenários, onde os alunos utilizam caixas de areia e pequenos objetos para formar ou construir cenas direcionadas pelo Psicopedagogo, através de perguntas ou histórias. II. A partir da construção do JAP, são traçadas as estratégias de diagnóstico e intervenção como sondagem dos aspectos afetivo-emocionais, ou seja, o nível de desenvolvimento do pensamento desse sujeito é investigado. Ainda, a sondagem da linguagem oral, que é a leitura e interpretação; a sondagem da linguagem escrita; e a sondagem do raciocínio lógico e matemático. III.O JAP desenvolve a lógica, faz uso das operações cognitivas, como a seriação, a classificação, a numeração, a conservação e a compensação. Possibilita o trabalho das habilidades psicomotoras, a criatividade e a oralidade.
Está(ão) correto(s) o(s) pressuposto(s)
Com base no exposto, é correto afirmar que:
(MALUF, 2006.)
A partir da citação, é INCORRETO afirmar que:
I. O educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão. II. Ensinar, aprender e pesquisar lidam com esses dois momentos do ciclo gnosiológico: em que se ensina e se aprende o conhecimento já existente; e em que se trabalha a produção do conhecimento ainda não existente. III. Ensinar exige estética e ética; a necessária promoção da ingenuidade à criticidade deve ser feita a distância de uma rigorosa formação ética acima sempre da estética.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
I. Oportunizar discussão entre os alunos, a partir de situações desencadeadoras. II. Realizar várias tarefas em grupos, duplas, investigando, teoricamente, as razões para as respostas apresentadas pela turma. III. Oportunizar aos alunos muitos momentos de expressar suas ideias.
Estão corretas as afirmativas