Questões de Concurso Para médico psiquiatra

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Q2002999 Português
Leia o texto a seguir, observando o contexto das palavras grifadas. 
“Havia já mais de oito anos que andava atrás dela. E só agora conseguira que ela se resolvesse a ouvi-lo. Há tantos anos, santo Deus! Ainda ele estava moço na mercearia da Rua dos Olivais, ainda nem sonhava que lhe haviam de dar sociedade na casa, nem tinha amealhado os seis contos de réis que tinha agora na Caixa Geral de Depósitos, já gostava dela, já gostava de a ver passar, pisando no seu passinho grácil e desenvolto a calçada de pedras pontiagudas. Os gritinhos que ela dava quando punha o pé em falso, o pé de boneca calçado de sapatinhos de verniz com saltos de palmo e meio! E quando entrava na loja! O cubículo escuro, sujo, feio, era de repente um grande salão feérico todo cheio de luzes, deslumbrante de asseio, bonito como nenhum. O pobre caixeirito, de mãos deformadas pelas frieiras, de larga cara bonacheirona e ingénua, ridículo no seu fato de cotim da mangas curtas, de cabeleira encrespada e sobrancelhas hirsutas, ficava a olhar para ela, esquecido do que lhe haviam pedido, vendo apenas na sua frente a boca fresca e os olhos gaiatos da rapariguinha risonha que, sem piedade, troçava dele constantemente. Mas que lindo riso o dela! Muito aberto, muito sonoro, enchia a casa de trilos de pássaros, mostrava-lhe os dentes todos muito sãos, muito brancos, e toda branca por dentro, muito cor-de-rosa como a polpa carnuda e sumarenta dum morango acabado de colher numa manhã de Primavera.”
 (ESPANCA, Florbela. O dominó preto. In:______. O dominó preto. Lisboa: Bertrand, 1982.)
Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela que apresenta palavras que podem substituir, respectivamente, as duas expressões em destaque no texto, sem prejuízo de sentido ao contexto da narrativa.
Alternativas
Q2002993 Português

Leia a crônica a seguir e responda:


As piscinas


     Passei uma infância cercada de plantas, bichos e amigos. Nada nos faltava. Até mesmo uma pedreira rodeada por eucaliptos fazia parte de minha meninice. Criada no meio de homens, aprendi a andar de carrinho de rolimã, descer de uma roldana presa a uma corda, que ia de uma árvore a outra, pegar sapo no brejo e coisas do tipo. Tudo era perfeito. A única coisa de que eu, meus três irmãos, primos e amigos sentíamos falta era um local para nos refrescar nos dias de calor, e, desde pequenos, ouvíamos a promessa de nosso pai em nos presentear com uma piscina.      A primeira “piscina” que ele nos deu foi um velho tanque de cimento, ex-qualquer coisa, que, além de fundíssimo e perigosíssimo, vivia sujo. Acabou virando horta.      A segunda “piscina” foi um tanque quadrado de mais ou menos 80 cm de profundidade, também de cimento. Tinha até escorregador. Mas, no final, acabou virando a casa da Florípedes, nossa cobra-cipó. Depois, antes de ser destruída, transformou-se no local ideal para minha criação de sapos e rãs.      Nunca fui chegada a cobras, mas a Florípedes era diferente: verde, mansa e sem veneno, andava enrolada no braço de meus irmãos pra cima e pra baixo. Até que um dia apareceu em nossa casa um filhote de cobracoral. Não sei por que cargas d’água, no lugar de darmos um sumiço na bichinha, a colocamos no tanque junto a Florípedes. Tragédia!      Em questão de minutos, Florípedes começou a comer a outra, sob nosso olhar atônito e total impotência. Petrificada, confesso que nenhuma cena me chocou mais do que essa, e nunca mais quis saber de nossa cobracipó.      Nosso sonho só foi se concretizar no final da década de 70, quando finalmente pudemos estrear nossa primeira piscina de verdade, motivo de muitas alegrias, mas também de tristezas, como no dia em que deparamos com nosso pastor-alemão boiando em suas águas.      Certa vez, minha mãe, olhando da varanda, percebeu um estranho movimento no gramado. Intrigada, chamou meu pai, que também nos chamou. Tal foi nosso susto ao ver oito vacas, surgidas Deus sabe de onde, espalhadas no jardim comendo lírios e petúnias, e, como se o insólito da cena não bastasse, outra se “refrescava” dentro da piscina. Tirá-la de lá foi uma luta, sendo necessária a ajuda do Corpo de Bombeiros.      À noite, uma tia nos telefonou querendo saber da vaca: “Mas como você soube disso?”, perguntou minha mãe. E ela: “Pela rádio Itatiaia!”      Gostaria que minhas filhas tivessem tido a oportunidade de viver aquilo que vivi: banhos de lama e mangueira, tanques de cimento, buracos pavimentados, caixas-d’água e outros tantos que chamávamos de piscina. Cada qual com sua história... seu destino... usufruídos até o último momento.      Nadávamos de dia e também à noite, muitas vezes de madrugada, escondidos de nossos pais. Nadávamos na chuva, no frio e no calor, desfrutando cada instante daquele momento de prazer.      Hoje, ao ver os jovens e as crianças pendurados o dia inteiro nos computadores e celulares, me assusto. Para eles, “navegar” na internet tornou-se bem mais atraente que nadar. Enfim, outros tempos, novos desejos.
(MEDIOLI, L. As piscinas. O Tempo, 10 out. 2020. Disponível em: https://www.otempo.com.br/opiniao/laura-medioli/as-piscinas-1.2397076. Acesso em: 23 out. 2020).
Segundo o texto:
Alternativas
Q2002750 Português
Leia o texto a seguir.
“– Draco Malfoy – explicou Harry. – Ele me odeia. – Draco Malfoy? – perguntou Jorge, virando-se. – O filho de Lúcio Malfoy? – Deve ser, não é um nome muito comum, é? – Disse Harry. – Por quê? – Já ouvi papai falar nele. Era um grande seguidor de Você-Sabe-Quem. – E quando Você-Sabe-Quem desapareceu – acrescentou Fred, esticando-se para olhar para Harry –, Lúcio Malfoy voltou dizendo que nunca tivera intenção de fazer nada. Um monte de [...]... Papai acha que ele fazia parte do círculo íntimo de Você-Sabe-Quem.”
(ROWLING, J. K. Harry Potter e a câmara secreta. Rio de Janeiro: Rocco, 2000. p. 31.)
O processo de formação de palavras que deu origem ao substantivo “Você-Sabe-Quem”, conforme se apresentam suas características, é a:
Alternativas
Q2002748 Português
Assinale a alternativa que apresenta desvio de colocação do acento indicativo de crase. 
Alternativas
Q2002747 Português
Na língua portuguesa, a voz passiva dos verbos pode ser feita de duas formas: a analítica, que se vale de um verbo auxiliar e de outro no particípio, e a sintética, formada pelo verbo com o pronome apassivador SE. A frase que representa o uso desse SE como formador de voz passiva é:
Alternativas
Q2002745 Português

Leia o título da notícia, observando a oração em destaque.


“Besouro que aguenta carga 39 mil vezes maior que seu peso inspira engenheiros.” (Galileu, 21/10/2020)


Segundo a norma padrão, a oração sublinhada é classificada como: 

Alternativas
Q1956747 Raciocínio Lógico
Um grupo de 8 pessoas, incluindo Luciano e Paula, deseja formar uma comitiva com três representantes.
Quantas comitivas diferentes são possíveis formar, se Luciano e Paula não podem participar juntos na mesma comitiva?
Alternativas
Q1956746 Raciocínio Lógico
Em uma empresa com 120 funcionários, 55% do total de funcionários sabe programar e 40% do total de funcionários não é fluente em inglês. Sabe-se ainda que 3/4 das pessoas que são fluentes em inglês sabem programar.
Escolhendo ao acaso um dos funcionários da empresa, a probabilidade de essa pessoa saber programar e não ser fluente em inglês é:
Alternativas
Q1956745 Raciocínio Lógico
Uma pessoa recebe um carro de presente, porém a pintura do mesmo será escolhida aleatoriamente, e poderá ser de uma cor só ou de duas cores.
As opções dentre as quais a(s) cor(es) da pintura será(ão) escolhida(s) são: verde, vermelha, azul, prata, branca e preta, bege e preta, amarela e preta.
Logo, a probabilidade de a pintura escolhida incluir a cor preto é:
Alternativas
Q1956744 Noções de Informática
Quais tipos de gráfico do MS Excel do Microsoft 365 em português permitem a configuração de posição do Rótulo, dentre as Opções de Eixo do Eixo Vertical?

1. Colunas
2. Cascata
3. Barras

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
Alternativas
Q1956743 Noções de Informática
São opções de pasta do Explorador de Arquivos do Windows 10 em português:

1. Abrir pastas na mesma janela ou abrir cada pasta em sua própria janela.
2. Clicar uma ou duas vezes para abrir um item.
3. Mostrar arquivos ou pastas mais usadas em Acesso rápido (mas não ambos).

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
Alternativas
Q1956742 Noções de Informática
Analise as afirmativas abaixo com relação à computação em nuvem (Cloud computing).

1. Implementa o dimensionamento elástico ou escalável, o que significa fornecer a quantidade adequada de recursos de TI sempre que necessário, dinamicamente.
2. Exige conhecimento específico e especializado em configuração de hardware e atualização de software básico, incluindo atualizações de segurança e correções.
3. Reduz o gasto de capital com aquisição de hardware e software, uma vez que são consumidos sob demanda.

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas
Alternativas
Q1956741 Noções de Informática
A guia do MS Powerpoint do Microsoft 365 em português responsável por imprimir um dinamismo às trocas entre slides, aplicando efeitos de troca de slide como Transformar, Apagar, Revelar, dentre outros, é a:
Alternativas
Q1956740 Português
Observe a tirinha.

Imagem associada para resolução da questão

Sobre a tirinha e sobre concordância verbal e nominal, analise as afirmativas abaixo:

1. A concordância a que se refere o personagem da primeira fala é a concordância nominal.
2. Uma das respostas dada às perguntas feitas também apresenta erro de concordância, só que verbal.
3. As frases: “Precisa-se de profissionais qualificados” e “Contrata-se profissionais qualificados” estão certas quanto à concordância verbal.
4. Está certa a concordância verbal em: “A maioria dos candidatos vai se sair bem”.
5. Está certa a concordância verbal e nominal em: “Nós, os coordenadores e vocês iremos manter a discrição, isso ela mesma, Josefina, garante.”

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
Alternativas
Q1956738 Português
Texto 2.

Inimigos

O apelido de Maria Tereza, para Norberto, era ‘Quequinha’. Depois do casamento, sempre que queria contar para os outros uma de sua mulher, o Norberto pegava na sua mão, carinhosamente, e começava:

— Pois a Quequinha…

E a Quequinha, dengosa, protestava:

— Ora, Beto!

Com o passar do tempo o Norberto deixou de chamar a Maria Tereza de Quequinha. Se ela estivesse ao seu lado e ele quisesse se referir a ela, dizia:

— A mulher aqui…

Ou, às vezes:

— Esta mulherzinha…

Mas nunca mais Quequinha.

(O tempo, o tempo. O amor tem mil inimigos, mas o pior deles é o tempo. O tempo ataca o silêncio. O tempo usa armas químicas.)

Com o tempo, Norberto passou a tratar a mulher por Ela.

— Ela odeia o Charles Bronson.

— Ah, não gosto mesmo.

Deve-se dizer que o Norberto, a esta altura, embora a chamasse de Ela, ainda usava um vago gesto de mão para indicá-la. Pior foi quando passou a dizer ‘essa aí’ e a apontava com o queixo.

— Essa aí…

E apontava com o queixo, até curvando a boca com um certo desdém.

(O tempo, o tempo. Tempo captura o amor e não o mata na hora. Vai tirando uma asa, depois cura.)

Hoje, quando quer contar alguma coisa da mulher, o Norberto nem olha na direção. Faz um meneio de lado com a cabeça e diz:

— Aquilo…

Luis Fernando Veríssimo
Sobre regência verbal, assinale a alternativa correta, analisando a frase retirada do texto 2 e a afirmação posta depois dela entre parênteses.
Alternativas
Q1956737 Português
Texto 2.

Inimigos

O apelido de Maria Tereza, para Norberto, era ‘Quequinha’. Depois do casamento, sempre que queria contar para os outros uma de sua mulher, o Norberto pegava na sua mão, carinhosamente, e começava:

— Pois a Quequinha…

E a Quequinha, dengosa, protestava:

— Ora, Beto!

Com o passar do tempo o Norberto deixou de chamar a Maria Tereza de Quequinha. Se ela estivesse ao seu lado e ele quisesse se referir a ela, dizia:

— A mulher aqui…

Ou, às vezes:

— Esta mulherzinha…

Mas nunca mais Quequinha.

(O tempo, o tempo. O amor tem mil inimigos, mas o pior deles é o tempo. O tempo ataca o silêncio. O tempo usa armas químicas.)

Com o tempo, Norberto passou a tratar a mulher por Ela.

— Ela odeia o Charles Bronson.

— Ah, não gosto mesmo.

Deve-se dizer que o Norberto, a esta altura, embora a chamasse de Ela, ainda usava um vago gesto de mão para indicá-la. Pior foi quando passou a dizer ‘essa aí’ e a apontava com o queixo.

— Essa aí…

E apontava com o queixo, até curvando a boca com um certo desdém.

(O tempo, o tempo. Tempo captura o amor e não o mata na hora. Vai tirando uma asa, depois cura.)

Hoje, quando quer contar alguma coisa da mulher, o Norberto nem olha na direção. Faz um meneio de lado com a cabeça e diz:

— Aquilo…

Luis Fernando Veríssimo
Assinale a alternativa que traz uma afirmação correta sobre o texto 2.
Alternativas
Q1956736 Português
Texto 2.

Inimigos

O apelido de Maria Tereza, para Norberto, era ‘Quequinha’. Depois do casamento, sempre que queria contar para os outros uma de sua mulher, o Norberto pegava na sua mão, carinhosamente, e começava:

— Pois a Quequinha…

E a Quequinha, dengosa, protestava:

— Ora, Beto!

Com o passar do tempo o Norberto deixou de chamar a Maria Tereza de Quequinha. Se ela estivesse ao seu lado e ele quisesse se referir a ela, dizia:

— A mulher aqui…

Ou, às vezes:

— Esta mulherzinha…

Mas nunca mais Quequinha.

(O tempo, o tempo. O amor tem mil inimigos, mas o pior deles é o tempo. O tempo ataca o silêncio. O tempo usa armas químicas.)

Com o tempo, Norberto passou a tratar a mulher por Ela.

— Ela odeia o Charles Bronson.

— Ah, não gosto mesmo.

Deve-se dizer que o Norberto, a esta altura, embora a chamasse de Ela, ainda usava um vago gesto de mão para indicá-la. Pior foi quando passou a dizer ‘essa aí’ e a apontava com o queixo.

— Essa aí…

E apontava com o queixo, até curvando a boca com um certo desdém.

(O tempo, o tempo. Tempo captura o amor e não o mata na hora. Vai tirando uma asa, depois cura.)

Hoje, quando quer contar alguma coisa da mulher, o Norberto nem olha na direção. Faz um meneio de lado com a cabeça e diz:

— Aquilo…

Luis Fernando Veríssimo
Observe as frases retiradas do texto 2.

• Frase 1: … o Norberto pegava na sua mão, carinhosamente, e começava…
 Frase 2: Com o tempo, Norberto passou a tratar a mulher por Ela.

Analise as afirmativas abaixo feitas sobre elas.
1. Na frase 1, na primeira oração, o adjunto adverbial pode ser deslocado, sem prejuízo de sentido.

2. Na frase 1, seu sentido seria alterado se fosse assim redigida: “… carinhosamente, o Norberto pegava na sua mão e começava…
3. Em 1, o sentido da frase não seria alterado se fosse assim redigida: “… o Norberto, na sua mão pegava, carinhosamente, e começava…
4. Na frase 2 há dois sujeitos simples, já que há dois nomes próprios: “Norberto e Ela”; o último referindo-se à Maria Teresa.
5. Na frase 2, a vírgula usada não é obrigatória. Foi usada para enfatizar a expressão “Com o tempo” que é adjunto adverbial deslocado.

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
Alternativas
Q1956735 Português
Texto 1.

Notícia de jornal

Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor branca, trinta anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante setenta e duas horas, para finalmente morrer de fome.

Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos de comerciantes, uma ambulância do Pronto Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome.

Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome) era da alçada da Delegacia de Mendicância, especialista em homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome.

O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Médico Legal sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome. Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa – não é homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.

Não é da alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem morrer de fome.

E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As autoridades nada mais puderam fazer senão remover o corpo do homem. Deviam deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome.

E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, um homem morreu de fome.

Morreu de fome.

Fernando Sabino
Avalie se os sinônimos usados para a(s) palavra(s) entre parênteses estão corretos e coloque ( V ) para verdadeiro e ( F ) para falso.

( ) Um homem de cor branca, trinta anos plausíveis. (presumíveis)
( ) Depois de setenta e duas horas de diligência em plena rua, morreu. (inanição)
( ) Um marginalizado, um preterido morreu na rua. (pária, proscrito)
( ) Para reprimenda dos outros homens. (escarmento)
( ) Com um olhar de nojo e deferência. (desdém)

Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.
Alternativas
Q1956734 Redação Oficial
Texto 1.

Notícia de jornal

Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor branca, trinta anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante setenta e duas horas, para finalmente morrer de fome.

Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos de comerciantes, uma ambulância do Pronto Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome.

Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome) era da alçada da Delegacia de Mendicância, especialista em homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome.

O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Médico Legal sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome. Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa – não é homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.

Não é da alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem morrer de fome.

E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As autoridades nada mais puderam fazer senão remover o corpo do homem. Deviam deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome.

E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, um homem morreu de fome.

Morreu de fome.

Fernando Sabino
Na Redação Oficial, o pronome de tratamento confere ao texto a formalidade necessária a esse tipo de correspondência e possui aspectos peculiares de concordância.
Assinale a alternativa correta de acordo com a afirmação acima.
Alternativas
Q1956733 Português
Texto 1.

Notícia de jornal

Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor branca, trinta anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante setenta e duas horas, para finalmente morrer de fome.

Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos de comerciantes, uma ambulância do Pronto Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome.

Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome) era da alçada da Delegacia de Mendicância, especialista em homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome.

O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Médico Legal sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome. Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa – não é homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.

Não é da alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem morrer de fome.

E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As autoridades nada mais puderam fazer senão remover o corpo do homem. Deviam deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome.

E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, um homem morreu de fome.

Morreu de fome.

Fernando Sabino
Analise as afirmativas sobre o texto 1.

1. O autor mostra sua indignação diante da morte por inanição.
2. O autor critica a insensibilidade de pessoas da sociedade diante da miséria dos desabrigados.
3. O autor mostra a naturalização da morte no cotidiano das pessoas.
4. O autor, no terceiro parágrafo, prestando um serviço de utilidade pública, informa o fato de que os mendigos são da competência de autoridades especializadas, como a Delegacia de Mendicância.
5. O autor critica o fato de um homem estar morto na calçada, durante setenta e duas horas, e ser ignorado pelos transeuntes.

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
Alternativas
Respostas
4641: B
4642: D
4643: D
4644: B
4645: A
4646: C
4647: C
4648: E
4649: C
4650: D
4651: B
4652: C
4653: B
4654: D
4655: A
4656: A
4657: D
4658: E
4659: A
4660: B