Questões de Concurso Para médico oncologista clínico

Foram encontradas 834 questões

Resolva questões gratuitamente!

Junte-se a mais de 4 milhões de concurseiros!

Q2411224 Português

Texto I

Escrever

Joaquim Ferreira dos Santos

A estudante perguntou como era essa coisa de escrever. Eu fiz o gênero fofo. Moleza, disse.

Primeiro, evite estes coloquialismos de “fofo” e “moleza”, passe longe das gírias ainda não

dicionarizadas e de tudo que soe mais falado do que escrito. Isto aqui não é rádio FM. De vez em

quando, para não acharem que você mora trancado com o Domingos Paschoal Cegalla ou outro

5 gramático de chicote, aplique uma gíria como se fosse um piparote de leve no cangote do texto, mas,

em geral, evite. Fuja dessas rimas bobinhas, desses motes sonoros. O leitor pode se achar diante de

um rapper frustrado e dar cambalhotas. Mas, atenção, se soar muito escrito, reescreva.

Quando quiser aplicar um “mas”, tome fôlego, ligue para o 0800 do Instituto Fernando Pessoa,

peça autorização ao bispo de plantão e, por favor, volte atrás. É um cacoete facilitador.

10 Dele deve ter vindo a expressão “cheio de mas-mas”, ou seja, uma pessoa cheia de “não é bem

assim”, uma chata que usa o truque de afirmar e depois, como se fosse estilo, obtemperar.

Não tergiverse, não diga palavras complicadas, não escreva nas entrelinhas. Seja acima de tudo

afirmativo, reto no assunto. [...]

[...]

Sempre cabe uma linha a menos no texto, é o efeito Rexona aplicado na axila gramatical. Evite

15 metáforas complicadas, passe por cima de expressões como “em geral”, como está no primeiro

parágrafo, pois elas têm a mesma função do paralelepípedo dos parênteses, dos travessões. Chute

para fora da página tudo mais que faça as pessoas tropeçarem na leitura ou darem aquela ré em

busca do verdadeiro sentido da frase que passou.

Deixe tudo em pratos limpos, sem tamanho lugar-comum. Ouça a voz do flanelinha semântico

20 gritando a chave para o bom texto. “Deixa solto”.

É mais ou menos por aí, eu disse para a menina que me perguntou como é essa coisa de

escrever.

Para sinalizar o trânsito das ideias, use apenas o ponto e vírgula, nunca juntos. Faça com que o

primeiro chegue logo, e a outra apareça o mínimo possível. Vista Hemingway, só frases curtas. Ouça

25 João Cabral, nada de perfumar a rosa com adjetivos.

Mergulhe Rubem Braga, palavras, de preferência de até três sílabas. “Pormenorizada”, vista de

cima, é um palavrão absurdo. Dispense, sem pormenores.

O texto deve correr sem obstáculos, interjeições, dois pontos, reticências e sinais que só

confundem os passageiros que quer chegar ao ponto final. Cuidado com o “que quer” da frase

30 anterior, pois da plateia um gaiato pode ecoar um “quequerequé” e estará coberto de razão. A

propósito, eu disse para a menina, perca a razão quando lhe aparecer um clichê desses pela frente.

Você já se livrou do “mas”, agora vai cuidar do “que” e em breve ficará livre da tentação de

sofisticar o texto com uma expressão estrangeira. É out. Escreva em português. Aproveite e diga ao

diagramador para colocar o título da matéria na horizontal e não de cabeça para baixo, como está na

35 moda, como se estivesse em um jornal japonês.

Pode-se escrever baixinho, como faz o Verissimo, que ouviu muito Mario Reis para chegar àquela

perfeição de texto de câmara. Outra opção é desabafar pelos cinco mil alto-falantes o que vai na pena

da alma, como faz o Xico Sá, que aprendeu a escrever com o Waldick Soriano. Escreva com a

sonoridade que lhe aprouver, nunca com cacófatos assim ou verbos que façam o leitor perguntar para

40 o vizinho do lado que maluquice é essa de “aprouver”. Fuja da voz passiva, da forma negativa, do

gerundismo e principalmente da voz dos outros. Se falo fino, se falo grosso, ninguém tem nada com

isso. [...]

De vez em quando, abra um parágrafo para o leitor respirar. Alguns deles têm a mania de pegar o

bonde no meio do caminho e, com mais parágrafos abertos, mais possibilidades de ele embarcar na

45 viagem que o texto oferece. Escrever é dar carona. Eu disse isso e outro tanto do mesmo para a

menina. Jamais afirmei, jamais expliquei, jamais contei ou usei qualquer outro verbo de carregação da

frase que não fosse o dizer. Evitei também qualquer advérbio em seguida, como “enfaticamente”,

“seriamente”, “bem-humoradamente”. Antes do ponto final, eu disse para a menina que tantas regras,

e outras a serem ditas num próximo encontro, serviam apenas de lençol. Elas forram o texto, deixam

50 limpo e dão conforto. Escrever é desarrumar a cama.



Fonte: adaptado por Augusto Nunes Revista Veja, 31 de julho de 2020. Disponível em: https://veja.abril.com.br/blog/augustonunes/8220-escrever-8221-um-texto-de-joaquim-ferreira-dos-santos/




Com base no Texto I, responda às questões de números 1 a 6.

“Não tergiverse, não diga palavras complicadas, não escreva nas entrelinhas.” (l. 12). O verbo sublinhado pode ser substituído, sem prejuízo de sentido, por:

Alternativas
Q2411223 Português

Texto I

Escrever

Joaquim Ferreira dos Santos

A estudante perguntou como era essa coisa de escrever. Eu fiz o gênero fofo. Moleza, disse.

Primeiro, evite estes coloquialismos de “fofo” e “moleza”, passe longe das gírias ainda não

dicionarizadas e de tudo que soe mais falado do que escrito. Isto aqui não é rádio FM. De vez em

quando, para não acharem que você mora trancado com o Domingos Paschoal Cegalla ou outro

5 gramático de chicote, aplique uma gíria como se fosse um piparote de leve no cangote do texto, mas,

em geral, evite. Fuja dessas rimas bobinhas, desses motes sonoros. O leitor pode se achar diante de

um rapper frustrado e dar cambalhotas. Mas, atenção, se soar muito escrito, reescreva.

Quando quiser aplicar um “mas”, tome fôlego, ligue para o 0800 do Instituto Fernando Pessoa,

peça autorização ao bispo de plantão e, por favor, volte atrás. É um cacoete facilitador.

10 Dele deve ter vindo a expressão “cheio de mas-mas”, ou seja, uma pessoa cheia de “não é bem

assim”, uma chata que usa o truque de afirmar e depois, como se fosse estilo, obtemperar.

Não tergiverse, não diga palavras complicadas, não escreva nas entrelinhas. Seja acima de tudo

afirmativo, reto no assunto. [...]

[...]

Sempre cabe uma linha a menos no texto, é o efeito Rexona aplicado na axila gramatical. Evite

15 metáforas complicadas, passe por cima de expressões como “em geral”, como está no primeiro

parágrafo, pois elas têm a mesma função do paralelepípedo dos parênteses, dos travessões. Chute

para fora da página tudo mais que faça as pessoas tropeçarem na leitura ou darem aquela ré em

busca do verdadeiro sentido da frase que passou.

Deixe tudo em pratos limpos, sem tamanho lugar-comum. Ouça a voz do flanelinha semântico

20 gritando a chave para o bom texto. “Deixa solto”.

É mais ou menos por aí, eu disse para a menina que me perguntou como é essa coisa de

escrever.

Para sinalizar o trânsito das ideias, use apenas o ponto e vírgula, nunca juntos. Faça com que o

primeiro chegue logo, e a outra apareça o mínimo possível. Vista Hemingway, só frases curtas. Ouça

25 João Cabral, nada de perfumar a rosa com adjetivos.

Mergulhe Rubem Braga, palavras, de preferência de até três sílabas. “Pormenorizada”, vista de

cima, é um palavrão absurdo. Dispense, sem pormenores.

O texto deve correr sem obstáculos, interjeições, dois pontos, reticências e sinais que só

confundem os passageiros que quer chegar ao ponto final. Cuidado com o “que quer” da frase

30 anterior, pois da plateia um gaiato pode ecoar um “quequerequé” e estará coberto de razão. A

propósito, eu disse para a menina, perca a razão quando lhe aparecer um clichê desses pela frente.

Você já se livrou do “mas”, agora vai cuidar do “que” e em breve ficará livre da tentação de

sofisticar o texto com uma expressão estrangeira. É out. Escreva em português. Aproveite e diga ao

diagramador para colocar o título da matéria na horizontal e não de cabeça para baixo, como está na

35 moda, como se estivesse em um jornal japonês.

Pode-se escrever baixinho, como faz o Verissimo, que ouviu muito Mario Reis para chegar àquela

perfeição de texto de câmara. Outra opção é desabafar pelos cinco mil alto-falantes o que vai na pena

da alma, como faz o Xico Sá, que aprendeu a escrever com o Waldick Soriano. Escreva com a

sonoridade que lhe aprouver, nunca com cacófatos assim ou verbos que façam o leitor perguntar para

40 o vizinho do lado que maluquice é essa de “aprouver”. Fuja da voz passiva, da forma negativa, do

gerundismo e principalmente da voz dos outros. Se falo fino, se falo grosso, ninguém tem nada com

isso. [...]

De vez em quando, abra um parágrafo para o leitor respirar. Alguns deles têm a mania de pegar o

bonde no meio do caminho e, com mais parágrafos abertos, mais possibilidades de ele embarcar na

45 viagem que o texto oferece. Escrever é dar carona. Eu disse isso e outro tanto do mesmo para a

menina. Jamais afirmei, jamais expliquei, jamais contei ou usei qualquer outro verbo de carregação da

frase que não fosse o dizer. Evitei também qualquer advérbio em seguida, como “enfaticamente”,

“seriamente”, “bem-humoradamente”. Antes do ponto final, eu disse para a menina que tantas regras,

e outras a serem ditas num próximo encontro, serviam apenas de lençol. Elas forram o texto, deixam

50 limpo e dão conforto. Escrever é desarrumar a cama.



Fonte: adaptado por Augusto Nunes Revista Veja, 31 de julho de 2020. Disponível em: https://veja.abril.com.br/blog/augustonunes/8220-escrever-8221-um-texto-de-joaquim-ferreira-dos-santos/




Com base no Texto I, responda às questões de números 1 a 6.

O texto traz, em sua estrutura, várias metáforas. O fragmento em que se percebe um exemplo de metáfora está em:

Alternativas
Q2411222 Português

Texto I

Escrever

Joaquim Ferreira dos Santos

A estudante perguntou como era essa coisa de escrever. Eu fiz o gênero fofo. Moleza, disse.

Primeiro, evite estes coloquialismos de “fofo” e “moleza”, passe longe das gírias ainda não

dicionarizadas e de tudo que soe mais falado do que escrito. Isto aqui não é rádio FM. De vez em

quando, para não acharem que você mora trancado com o Domingos Paschoal Cegalla ou outro

5 gramático de chicote, aplique uma gíria como se fosse um piparote de leve no cangote do texto, mas,

em geral, evite. Fuja dessas rimas bobinhas, desses motes sonoros. O leitor pode se achar diante de

um rapper frustrado e dar cambalhotas. Mas, atenção, se soar muito escrito, reescreva.

Quando quiser aplicar um “mas”, tome fôlego, ligue para o 0800 do Instituto Fernando Pessoa,

peça autorização ao bispo de plantão e, por favor, volte atrás. É um cacoete facilitador.

10 Dele deve ter vindo a expressão “cheio de mas-mas”, ou seja, uma pessoa cheia de “não é bem

assim”, uma chata que usa o truque de afirmar e depois, como se fosse estilo, obtemperar.

Não tergiverse, não diga palavras complicadas, não escreva nas entrelinhas. Seja acima de tudo

afirmativo, reto no assunto. [...]

[...]

Sempre cabe uma linha a menos no texto, é o efeito Rexona aplicado na axila gramatical. Evite

15 metáforas complicadas, passe por cima de expressões como “em geral”, como está no primeiro

parágrafo, pois elas têm a mesma função do paralelepípedo dos parênteses, dos travessões. Chute

para fora da página tudo mais que faça as pessoas tropeçarem na leitura ou darem aquela ré em

busca do verdadeiro sentido da frase que passou.

Deixe tudo em pratos limpos, sem tamanho lugar-comum. Ouça a voz do flanelinha semântico

20 gritando a chave para o bom texto. “Deixa solto”.

É mais ou menos por aí, eu disse para a menina que me perguntou como é essa coisa de

escrever.

Para sinalizar o trânsito das ideias, use apenas o ponto e vírgula, nunca juntos. Faça com que o

primeiro chegue logo, e a outra apareça o mínimo possível. Vista Hemingway, só frases curtas. Ouça

25 João Cabral, nada de perfumar a rosa com adjetivos.

Mergulhe Rubem Braga, palavras, de preferência de até três sílabas. “Pormenorizada”, vista de

cima, é um palavrão absurdo. Dispense, sem pormenores.

O texto deve correr sem obstáculos, interjeições, dois pontos, reticências e sinais que só

confundem os passageiros que quer chegar ao ponto final. Cuidado com o “que quer” da frase

30 anterior, pois da plateia um gaiato pode ecoar um “quequerequé” e estará coberto de razão. A

propósito, eu disse para a menina, perca a razão quando lhe aparecer um clichê desses pela frente.

Você já se livrou do “mas”, agora vai cuidar do “que” e em breve ficará livre da tentação de

sofisticar o texto com uma expressão estrangeira. É out. Escreva em português. Aproveite e diga ao

diagramador para colocar o título da matéria na horizontal e não de cabeça para baixo, como está na

35 moda, como se estivesse em um jornal japonês.

Pode-se escrever baixinho, como faz o Verissimo, que ouviu muito Mario Reis para chegar àquela

perfeição de texto de câmara. Outra opção é desabafar pelos cinco mil alto-falantes o que vai na pena

da alma, como faz o Xico Sá, que aprendeu a escrever com o Waldick Soriano. Escreva com a

sonoridade que lhe aprouver, nunca com cacófatos assim ou verbos que façam o leitor perguntar para

40 o vizinho do lado que maluquice é essa de “aprouver”. Fuja da voz passiva, da forma negativa, do

gerundismo e principalmente da voz dos outros. Se falo fino, se falo grosso, ninguém tem nada com

isso. [...]

De vez em quando, abra um parágrafo para o leitor respirar. Alguns deles têm a mania de pegar o

bonde no meio do caminho e, com mais parágrafos abertos, mais possibilidades de ele embarcar na

45 viagem que o texto oferece. Escrever é dar carona. Eu disse isso e outro tanto do mesmo para a

menina. Jamais afirmei, jamais expliquei, jamais contei ou usei qualquer outro verbo de carregação da

frase que não fosse o dizer. Evitei também qualquer advérbio em seguida, como “enfaticamente”,

“seriamente”, “bem-humoradamente”. Antes do ponto final, eu disse para a menina que tantas regras,

e outras a serem ditas num próximo encontro, serviam apenas de lençol. Elas forram o texto, deixam

50 limpo e dão conforto. Escrever é desarrumar a cama.



Fonte: adaptado por Augusto Nunes Revista Veja, 31 de julho de 2020. Disponível em: https://veja.abril.com.br/blog/augustonunes/8220-escrever-8221-um-texto-de-joaquim-ferreira-dos-santos/




Com base no Texto I, responda às questões de números 1 a 6.

No texto I, Joaquim Ferreira dos Santos apresenta algumas orientações sobre como escrever. A partir da leitura do texto, afirma-se que o autor defende o(a):

Alternativas
Q2369900 Medicina
Analise as afirmativas a seguir: 

I. O sucesso atingido nas últimas décadas com o tratamento combinado de quimioterapia e radioterapia para o Linfoma de Hodgkin foi tão afirmativo que muitos do tratamento modernos para diversas neoplasias, baseiam-se na sua estrutura. 
II. A mortalidade pela recidiva de doença de Hodgkin é a menor causa de mortalidade dos pacientes até 15 anos do fim do tratamento.

Marque a alternativa CORRETA: 
Alternativas
Q2369899 Medicina
Analise as afirmativas a seguir: 

I. Independentemente do tipo de tumor, todas as formas de linfoma não têm potencial de disseminação para tecidos do sistema mononuclear fagocitário. Em estádio mais avançado, o comprometimento sanguíneo cria quadro semelhante ao da leucemia.
II. Os linfomas não Hodgkin (LNH) são neoplasias primárias derivadas de linfócitos, manifestadas como tumores sólidos em linfonodos e estruturas orofaríngeas, baço, fígado, submucosa gastrointestinal, medula óssea e pulmão. 

Marque a alternativa CORRETA: 
Alternativas
Respostas
176: D
177: A
178: D
179: B
180: C