Leia o texto a seguir:
'Ler é mais importante que estudar', Ziraldo repetia como um
bordão eterno
Obras como 'O Menino Maluquinho' do cartunista, morto aos 91
anos neste sábado, integram o inventário simbólico do Brasil
Ziraldo sempre disse que escrever e desenhar um livro são como
gerar e criar um filho. Depois da morte, aos 91 anos, do poeta,
designer de primeira, também cartunista, jornalista e cronista
que ele foi, sua obra, mais do que nunca, pertence a todos os
brasileiros, integra o inventário simbólico do país.
O autor do personagem Menino Maluquinho inventou um padrão
visual e um estilo de escrever para o público infantil — nisso
reside a principal contribuição para a formação da criança que
tinha entre cinco e 12 anos entre 1966 a 1980.
O artista mineiro vivia recluso desde 2018, por causa da saúde
debilitada. A causa da morte foi uma falência múltipla dos órgãos,
segundo sua filha, Daniela Thomas.
Onde atuou, o Ziraldo deixou marca própria e original. O Pasquim
é considerado o principal jornal crítico da contemporaneidade.
Ziraldo foi preso político pelo conjunto de edições e produção no
semanário, publicado durante a ditadura militar no Brasil, de 1964
a 1985. Entre os intelectuais que o criaram se destacam Paulo
Francis, Millôr Fernandes, Jaguar, Luís Carlos Maciel. Nesse
momento, o texto vale tanto quanto o cartum, que fala mais alto
em tempos de vozes silenciadas, exílios e prisões.
A partir de "A Turma do Pererê", de 1961, e em forma de
histórias em quadrinhos, Ziraldo deu início à revisão da literatura
infantojuvenil que se produzia na nação. Leitor de Monteiro
Lobato, mas fã mesmo de Machado de Assis, o autor cumpriu a
fase da releitura dos mitos difundidos às crianças.
Com isso, pôs em xeque o imaginário brasileiro durante pelo
menos 50 anos, já que o gibi se transformou em coleções de livros
adquiridos pelo governo para escolas públicas. A lenda sincrética
do Saci convive com a figura da onça e do indígena brasileiro e
com a tartaruga das fábulas herdada do Oriente.
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2024/04/ler-e-mais-importanteque-estudar-ziraldo-repetia-como-um-bordao.shtml?utm_source=facebook&utm_
medium=social&utm_campaign=fbfolha. Excerto. Acesso em 06 abr. 2024.