Questões de Concurso
Para técnico em assuntos educacionais
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Leia o texto a seguir.
O FIM DO SONHO
Ruy Castro
Eles nunca mais vestirão a camisa do clube que amavam ou viriam a amar. Nunca mais a suarão nos treinos, em que davam tudo para se superar e superar os colegas com quem dividiam o esforço, a dedicação e os sonhos — dividiam também o alojamento fatal. Nunca mais esperarão a hora de ser chamados no banco, tirar o agasalho e entrar em campo para mostrar o que sabiam. Nunca mais ansiarão pela bola que viria do alto para o seu domínio ou pelo passe de um companheiro, à feição do chute que levaria ao gol consagrador. Nunca mais receberão uma bola.
O goleiro nunca mais precisará exercitar sua capacidade de concentração, a ser desenvolvida nas menores ocorrências do dia a dia — para que, sob seu gol, ele pudesse esperar pelo inesperado, prever o imprevisível e defender o indefensável. Como último baluarte, atrás da linha de seus companheiros, estas eram suas responsabilidades. Agora essas responsabilidades cessaram — ele pode finalmente relaxar. O mesmo com o zagueiro — a ameaça do atacante adversário invadindo a área com seu poder de choque, a ser enfrentada com poder equivalente e neutralizada, fica agora suprimida. Quem sabe os dois não eram amigos, quase irmãos, fora de campo? Pois agora o serão para sempre — e apenas isto, não mais adversários [...].
Era um sonho maravilhoso, interrompido por uma entrada cruel e desleal do destino quando apenas começava a se tornar realidade. Eles nunca mais sonharão.
Disponível em: https://wwwl.folha.uol.com.br/colunas/ ruycastro/2019/02/o-fim-do sonho.shtml. Acesso em 20 fev. 2019.
De acordo com Koch, "a progressão ou sequenciação textual diz respeito aos procedimentos linguísticos por meio dos quais se estabelecem, entre segmentos do texto, diversos tipos de relações semânticas e/ou pragmáticas, à medida que se faz o texto progredir" (KOCH, Ingedore. Escrever e argumentar. São Paulo: Contexto, 2016. p. 100). Considerando esta afirmação, assinale a alternativa correta no que diz respeito aos procedimentos linguísticos de sequenciação presentes no texto.
HA DOIS TIPOS DE PALAVRAS: AS PROPAROXÍTONAS E O RESTO
Eduardo Affonso
As proparoxítonas são o ápice da cadeia alimentar do léxico.
Estão para as outras palavras assim como os mamíferos para os artrópodes. As palavras mais pernósticas são sempre proparoxítonas. Das mais lânguidas às mais lúgubres.
Das anônimas às célebres.
Se o idioma fosse um espetáculo, permaneceriam longe do público, fingindo que fogem dos fotógrafos e se achando o máximo.
Para pronunciá-las, há que ter ânimo, falar com ímpeto - e, despóticas, ainda exigem acento na sílaba tônica!
Sob qualquer ângulo, a proparoxítona tem mais crédito.
É inequívoca a diferença entre o arruaceiro e o vândalo.
O inclinado e o íngreme.
O irregular e o áspero.
O grosso e o ríspido.
O brejo e o pântano.
O quieto e o tímido.
Uma coisa é estar na ponta - outra, no vértice.
Uma coisa é estar no topo - outra, no ápice.
Uma coisa é ser fedido - outra é ser fétido.
É fácil ser valente, mas é árduo ser intrépido.
Ser artesão não é nada, perto de ser artífice.
Legal ser eleito Papa, mas bom mesmo é ser Pontífice. (Este último parágrafo contém algo raríssimo: proparoxítonas que rimam. Porque elas se acham únicas, exóticas, esdrúxulas. As figuras mais antipáticas da gramática.)
Quer causar um impacto insólito? Elogie com proparoxítonas.
É como se o elogio tivesse mais mérito, tocasse no mais íntimo.
O sujeito pode ser bom, competente, talentoso, inventivo - mas não há nada como ser considerado ótimo, magnífico, esplêndido.
Da mesma forma, errar é humano. Épico mesmo é cometer um equívoco.
Escapar sem maiores traumas é escapar ileso - tem que ter classe pra escapar incólume.
O que você não conhece é só desconhecido. O que você não tem a mínima ideia do que seja - aí já é uma incógnita.
Ao centro qualquer um chega - poucos chegam ao âmago.
O desejo de ser uma proparoxítona é tão atávico que mesmo os vocábulos mais básicos têm o privilégio (efêmero) de pertencer a esse círculo do vernáculo - e são chamados de oxítonos e paroxítonos. Não é o cúmulo?
Revista Língua Portuguesa, ed. 73, p. 6.
Sobre o texto, é correto afirmar que
Assinale a alternativa que identifica corretamente a função sintática relativa aos termos destacados no texto.
No mundo todo (1). o principal componente do shoyu, condimento fundamental da culinária asiática, é a soja. No Brasil (2). é diferente. Aqui, muitas empresas substituem, ou trocam, a soja pelo milho. A conclusão é de um grupo de pesquisadores do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) e da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), ambos da Universidade de São Paulo (USP), que analisou a composição química de 70 amostras de shoyu de marcas comercializadas no país. Em países como Japão, China e Coreia do Sul (3) , o molho shoyu é feito de soja com proporções pequenas de outros cereais como trigo ou cevada. "O que a indústria brasileira oferece ao consumidor não é shoyu propriamente dito, é um molho escuro e salgado elaborado a partir de milho, que deveria ter outro nome", destaca a bióloga Maristela Morais, uma das coordenadoras do grupo, ao lado do engenheiro agrônomo Luiz Antonio Martinelli.
Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br/2018/04/24/shoyu- produzido-no-brasil-e-feito-a-base-de-milho/. Acesso em: 20 de fev. 2019. (Excerto).
Observe no texto a seguir o uso das vírgulas.
As flores das quase 800 espécies de plantas da família das anacardiáceas, comuns em regiões tropicais, (1) produzem néctar, que serve de recompensa para os polinizadores. Raríssimas, porém, liberam odores, que podem funcionar como pista de onde está o néctar. Os botânicos, Elisabeth Tolke e Sandra Guerreiro, da Universidade Estadual de Campinas, e Diego Demarco, da Universidade de São Paulo, já haviam notado que as flores do cajueiro, (2) da mangueira e do cajuzinho-do-campo liberam um aroma adocicado. Agora, com técnicas de microscopia, viram que, nas flores do cajuzinho e da mangueira, as glândulas de odor estão na base interna das pétalas. A primeira produz 39 compostos voláteis, a segunda, (3) 21.
Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br/2018/04/24/shoyu- produzido-no-brasil-e-feito-a-base-de-milho/. Acesso em: 14 fev. 2019. (Excerto).
Assinale a alternativa que apresenta corretamente as justificativas para o uso da vírgula nos trechos apontados no texto.
Leia o texto que segue.
FIOS E TRAMAS
Gláucia Leal
A máxima de que à medida que ampliamos nosso conhecimento sobre algo mais teremos consciência de que ainda há muito para aprender parece se aplicar muito bem ao funcionamento do cérebro. Um bom exemplo disso: durante mais de um século, as células gliais - existentes aos milhares em nossa cabeça - atraíram pouca atenção dos neurocientistas. No entanto, à medida que o conhecimento sobre o funcionamento cerebral se ampliou, as descobertas trouxeram indagações a respeito da implicação das gliais na instalação de doenças neurológicas e transtornos psiquiátricos, bem como no processo de aprendizado.
"Até recentemente nossa compreensão do cérebro se baseava em ideias conhecidas como doutrina neural, mas essa teoria de mais de 100 anos, segundo a qual toda a comunicação do sistema nervoso é transmitida por impulsos elétricos através de redes de neurônicos, está equivocada", afirma o neurocientista R. Douglas Fields, autor do tema de capa desta edição. "Hoje sabemos que muitas informações passam ao largo dos neurônios, fluindo sem eletricidade, pela rede de células gliais", explica.
Um tema complexo que novas pesquisas ajudam a compreender melhor é a memória, uma das funções da inteligência. Os dados que fixamos proporcionam não só aos humanos, mas aos seres vivos de forma geral, aptidões diversas, que favorecem a sobrevivência e a qualidade de vida: por meio desse processo complexo obtemos benefícios de experiências passadas que nos ajudam a resolver problemas e tomar melhores decisões. Na prática, se algumas situações de esquecimento são incômodas, ainda que nem sempre as consequências não sejam trágicas, as falhas da memória costumam despertar a sensação, mesmo que momentânea, de "perda de si mesmo". Nesses casos, pode ser muito útil investigar as causas desse sintoma e também recorrer a estratégias comprovadamente eficazes para exercitar a memória e, assim, driblar as armadilhas que nos tornam tão inseguros quando somos "traídos" por esse aspecto mental. Como se seguíssemos "fios de Ariadne" - a princesa de Creta que, segundo a mitologia grega, ajudou seu amado Teseu a escapar do labirinto onde vivia o minotauro, sugerindo a ele que desenrolasse um novelo de lã para encontrar o caminho de volta -, podemos entender melhor as tramas que enredam os fios de nossas lembranças. E, ainda que não possamos retê-las, talvez seja possível ao menos nos apropriar da possibilidade de saber mais sobre nós mesmos...
Disponível em: http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/fios_ e_ tramas.html. Acesso em: 14 fev. 2019.
De acordo com o texto, é correto afirmar que
A partir da leitura da tirinha, depreende-se que