Questões de Concurso Para secretário de escola

Foram encontradas 611 questões

Resolva questões gratuitamente!

Junte-se a mais de 4 milhões de concurseiros!

Q3023578 Português
Quem tem olhos

      Eu vinha andando na rua e vi a mulher na janela. Uma mulher como as de antigamente. De cabeça branca e braços pálidos apoiados no peitoril. Sentada, olhava para fora. Uma mulher como as de antigamente, posta à janela, espiando o mundo.
      Mas a janela não era ao nível da rua, como as de antigamente. Nem era de uma casa. Era acima da entrada do prédio, acima da garagem, acima do playground. Era lá no alto. E diante daquela janela a única coisa que havia para se ver era, do lado oposto da rua, a parede cega de um edifício.
      Não havia árvores. Ou outras janelas. Somente a parede lisa e cinzenta, manchada de umidade. Alta, muito alta.
      De onde estava, assim sentada, a mulher não podia ver a rua, o movimento da rua, as pessoas passando. Teria tido que debruçar-se, para vê-los. E não se debruçava.
      Também não via o céu. Teria tido que esticar o pescoço e torcer a cabeça para vê-lo lá no alto, acima da parede cinzenta e do seu próprio edifício, faixa de céu estreita como uma passadeira. E a mulher mantinha-se composta, o olhar lançado para a frente. Serena, a mulher olhava a parede cinzenta.
      Não era como nas pequenas cidades onde ficar à janela é estar numa frisa ou camarote para ver e ser vista, é maneira astuciosa de estar na rua sem perder o recato da casa, de meter-se na vida alheia sem expor a própria. Não era uma forma barricada de participação. Ali ninguém falava com ela, ninguém a cumprimentava ou via – a não ser eu que parada na calçada a observava – e não havia nada para ela ver.
      A mulher olhava para a parede cinzenta. E parecia estar bem.
      E por um instante o bem-estar dela me doeu, porque acreditei que sorrisse em plena renúncia à vitalidade, que se mantivesse serena debaixo da canga de solidão e cimento que a cidade lhe impunha, tendo aberto mão de qualquer protesto. Desejei tirá-la dali ou dar-lhe outra vista. Depois, entendi.
      A mulher olhava a parede cinzenta, mas diante dela não havia uma parede cinzenta. Havia um telão. Um telão imenso, imperturbável, onde histórias se passavam. Que ela própria projetava, mas das quais era devotada espectadora e eventual personagem. Suas fantasias, suas lembranças, seus desejos moviam-se sobre a parede que já não era cinzenta, que era o suporte do mundo, ao vivo e a cores. Só ela os via. Mas com que nitidez! (...)
      Quem tem ouvidos ouça, disse o profeta. E, Ele não disse, mas digo eu, quem tem olhos veja.

(COLASANTI, Marina. In: PINTO, Manuel da Costa (Org.). Crônica brasileira contemporânea: antologia de crônicas. São Paulo: Moderna, 2005. Fragmento.)
A alegação feita pelo narrador no final da crônica foi retirada do texto bíblico. Jesus teria dito aos apóstolos “Quem tem ouvidos ouça”, quando contava a eles as parábolas e esperava que eles extraíssem delas significados mais sutis, como ensinamentos. Dessa forma, podemos perceber que a autora utiliza um recurso intertextual ao trazer elementos de outras obras para dentro da sua, estabelecendo, assim, uma relação entre elas. Ao fazer a afirmação “Quem tem olhos veja”, depreende-se que: 
Alternativas
Q3023577 Português
Quem tem olhos

      Eu vinha andando na rua e vi a mulher na janela. Uma mulher como as de antigamente. De cabeça branca e braços pálidos apoiados no peitoril. Sentada, olhava para fora. Uma mulher como as de antigamente, posta à janela, espiando o mundo.
      Mas a janela não era ao nível da rua, como as de antigamente. Nem era de uma casa. Era acima da entrada do prédio, acima da garagem, acima do playground. Era lá no alto. E diante daquela janela a única coisa que havia para se ver era, do lado oposto da rua, a parede cega de um edifício.
      Não havia árvores. Ou outras janelas. Somente a parede lisa e cinzenta, manchada de umidade. Alta, muito alta.
      De onde estava, assim sentada, a mulher não podia ver a rua, o movimento da rua, as pessoas passando. Teria tido que debruçar-se, para vê-los. E não se debruçava.
      Também não via o céu. Teria tido que esticar o pescoço e torcer a cabeça para vê-lo lá no alto, acima da parede cinzenta e do seu próprio edifício, faixa de céu estreita como uma passadeira. E a mulher mantinha-se composta, o olhar lançado para a frente. Serena, a mulher olhava a parede cinzenta.
      Não era como nas pequenas cidades onde ficar à janela é estar numa frisa ou camarote para ver e ser vista, é maneira astuciosa de estar na rua sem perder o recato da casa, de meter-se na vida alheia sem expor a própria. Não era uma forma barricada de participação. Ali ninguém falava com ela, ninguém a cumprimentava ou via – a não ser eu que parada na calçada a observava – e não havia nada para ela ver.
      A mulher olhava para a parede cinzenta. E parecia estar bem.
      E por um instante o bem-estar dela me doeu, porque acreditei que sorrisse em plena renúncia à vitalidade, que se mantivesse serena debaixo da canga de solidão e cimento que a cidade lhe impunha, tendo aberto mão de qualquer protesto. Desejei tirá-la dali ou dar-lhe outra vista. Depois, entendi.
      A mulher olhava a parede cinzenta, mas diante dela não havia uma parede cinzenta. Havia um telão. Um telão imenso, imperturbável, onde histórias se passavam. Que ela própria projetava, mas das quais era devotada espectadora e eventual personagem. Suas fantasias, suas lembranças, seus desejos moviam-se sobre a parede que já não era cinzenta, que era o suporte do mundo, ao vivo e a cores. Só ela os via. Mas com que nitidez! (...)
      Quem tem ouvidos ouça, disse o profeta. E, Ele não disse, mas digo eu, quem tem olhos veja.

(COLASANTI, Marina. In: PINTO, Manuel da Costa (Org.). Crônica brasileira contemporânea: antologia de crônicas. São Paulo: Moderna, 2005. Fragmento.)
O fragmento de texto a seguir relacionado que denota ideia de intensificação é: 
Alternativas
Q3023576 Português
Quem tem olhos

      Eu vinha andando na rua e vi a mulher na janela. Uma mulher como as de antigamente. De cabeça branca e braços pálidos apoiados no peitoril. Sentada, olhava para fora. Uma mulher como as de antigamente, posta à janela, espiando o mundo.
      Mas a janela não era ao nível da rua, como as de antigamente. Nem era de uma casa. Era acima da entrada do prédio, acima da garagem, acima do playground. Era lá no alto. E diante daquela janela a única coisa que havia para se ver era, do lado oposto da rua, a parede cega de um edifício.
      Não havia árvores. Ou outras janelas. Somente a parede lisa e cinzenta, manchada de umidade. Alta, muito alta.
      De onde estava, assim sentada, a mulher não podia ver a rua, o movimento da rua, as pessoas passando. Teria tido que debruçar-se, para vê-los. E não se debruçava.
      Também não via o céu. Teria tido que esticar o pescoço e torcer a cabeça para vê-lo lá no alto, acima da parede cinzenta e do seu próprio edifício, faixa de céu estreita como uma passadeira. E a mulher mantinha-se composta, o olhar lançado para a frente. Serena, a mulher olhava a parede cinzenta.
      Não era como nas pequenas cidades onde ficar à janela é estar numa frisa ou camarote para ver e ser vista, é maneira astuciosa de estar na rua sem perder o recato da casa, de meter-se na vida alheia sem expor a própria. Não era uma forma barricada de participação. Ali ninguém falava com ela, ninguém a cumprimentava ou via – a não ser eu que parada na calçada a observava – e não havia nada para ela ver.
      A mulher olhava para a parede cinzenta. E parecia estar bem.
      E por um instante o bem-estar dela me doeu, porque acreditei que sorrisse em plena renúncia à vitalidade, que se mantivesse serena debaixo da canga de solidão e cimento que a cidade lhe impunha, tendo aberto mão de qualquer protesto. Desejei tirá-la dali ou dar-lhe outra vista. Depois, entendi.
      A mulher olhava a parede cinzenta, mas diante dela não havia uma parede cinzenta. Havia um telão. Um telão imenso, imperturbável, onde histórias se passavam. Que ela própria projetava, mas das quais era devotada espectadora e eventual personagem. Suas fantasias, suas lembranças, seus desejos moviam-se sobre a parede que já não era cinzenta, que era o suporte do mundo, ao vivo e a cores. Só ela os via. Mas com que nitidez! (...)
      Quem tem ouvidos ouça, disse o profeta. E, Ele não disse, mas digo eu, quem tem olhos veja.

(COLASANTI, Marina. In: PINTO, Manuel da Costa (Org.). Crônica brasileira contemporânea: antologia de crônicas. São Paulo: Moderna, 2005. Fragmento.)
Mas a janela não era ao nível da rua, como as de antigamente.” (2º§) As expressões destacadas podem ser substituídas, sem alterar o sentido do texto, respectivamente, por: 
Alternativas
Q3023575 Português
Quem tem olhos

      Eu vinha andando na rua e vi a mulher na janela. Uma mulher como as de antigamente. De cabeça branca e braços pálidos apoiados no peitoril. Sentada, olhava para fora. Uma mulher como as de antigamente, posta à janela, espiando o mundo.
      Mas a janela não era ao nível da rua, como as de antigamente. Nem era de uma casa. Era acima da entrada do prédio, acima da garagem, acima do playground. Era lá no alto. E diante daquela janela a única coisa que havia para se ver era, do lado oposto da rua, a parede cega de um edifício.
      Não havia árvores. Ou outras janelas. Somente a parede lisa e cinzenta, manchada de umidade. Alta, muito alta.
      De onde estava, assim sentada, a mulher não podia ver a rua, o movimento da rua, as pessoas passando. Teria tido que debruçar-se, para vê-los. E não se debruçava.
      Também não via o céu. Teria tido que esticar o pescoço e torcer a cabeça para vê-lo lá no alto, acima da parede cinzenta e do seu próprio edifício, faixa de céu estreita como uma passadeira. E a mulher mantinha-se composta, o olhar lançado para a frente. Serena, a mulher olhava a parede cinzenta.
      Não era como nas pequenas cidades onde ficar à janela é estar numa frisa ou camarote para ver e ser vista, é maneira astuciosa de estar na rua sem perder o recato da casa, de meter-se na vida alheia sem expor a própria. Não era uma forma barricada de participação. Ali ninguém falava com ela, ninguém a cumprimentava ou via – a não ser eu que parada na calçada a observava – e não havia nada para ela ver.
      A mulher olhava para a parede cinzenta. E parecia estar bem.
      E por um instante o bem-estar dela me doeu, porque acreditei que sorrisse em plena renúncia à vitalidade, que se mantivesse serena debaixo da canga de solidão e cimento que a cidade lhe impunha, tendo aberto mão de qualquer protesto. Desejei tirá-la dali ou dar-lhe outra vista. Depois, entendi.
      A mulher olhava a parede cinzenta, mas diante dela não havia uma parede cinzenta. Havia um telão. Um telão imenso, imperturbável, onde histórias se passavam. Que ela própria projetava, mas das quais era devotada espectadora e eventual personagem. Suas fantasias, suas lembranças, seus desejos moviam-se sobre a parede que já não era cinzenta, que era o suporte do mundo, ao vivo e a cores. Só ela os via. Mas com que nitidez! (...)
      Quem tem ouvidos ouça, disse o profeta. E, Ele não disse, mas digo eu, quem tem olhos veja.

(COLASANTI, Marina. In: PINTO, Manuel da Costa (Org.). Crônica brasileira contemporânea: antologia de crônicas. São Paulo: Moderna, 2005. Fragmento.)
Assinale a alternativa em que a expressão grifada NÃO pertence à classe gramatical das demais. 
Alternativas
Q3023574 Português
Quem tem olhos

      Eu vinha andando na rua e vi a mulher na janela. Uma mulher como as de antigamente. De cabeça branca e braços pálidos apoiados no peitoril. Sentada, olhava para fora. Uma mulher como as de antigamente, posta à janela, espiando o mundo.
      Mas a janela não era ao nível da rua, como as de antigamente. Nem era de uma casa. Era acima da entrada do prédio, acima da garagem, acima do playground. Era lá no alto. E diante daquela janela a única coisa que havia para se ver era, do lado oposto da rua, a parede cega de um edifício.
      Não havia árvores. Ou outras janelas. Somente a parede lisa e cinzenta, manchada de umidade. Alta, muito alta.
      De onde estava, assim sentada, a mulher não podia ver a rua, o movimento da rua, as pessoas passando. Teria tido que debruçar-se, para vê-los. E não se debruçava.
      Também não via o céu. Teria tido que esticar o pescoço e torcer a cabeça para vê-lo lá no alto, acima da parede cinzenta e do seu próprio edifício, faixa de céu estreita como uma passadeira. E a mulher mantinha-se composta, o olhar lançado para a frente. Serena, a mulher olhava a parede cinzenta.
      Não era como nas pequenas cidades onde ficar à janela é estar numa frisa ou camarote para ver e ser vista, é maneira astuciosa de estar na rua sem perder o recato da casa, de meter-se na vida alheia sem expor a própria. Não era uma forma barricada de participação. Ali ninguém falava com ela, ninguém a cumprimentava ou via – a não ser eu que parada na calçada a observava – e não havia nada para ela ver.
      A mulher olhava para a parede cinzenta. E parecia estar bem.
      E por um instante o bem-estar dela me doeu, porque acreditei que sorrisse em plena renúncia à vitalidade, que se mantivesse serena debaixo da canga de solidão e cimento que a cidade lhe impunha, tendo aberto mão de qualquer protesto. Desejei tirá-la dali ou dar-lhe outra vista. Depois, entendi.
      A mulher olhava a parede cinzenta, mas diante dela não havia uma parede cinzenta. Havia um telão. Um telão imenso, imperturbável, onde histórias se passavam. Que ela própria projetava, mas das quais era devotada espectadora e eventual personagem. Suas fantasias, suas lembranças, seus desejos moviam-se sobre a parede que já não era cinzenta, que era o suporte do mundo, ao vivo e a cores. Só ela os via. Mas com que nitidez! (...)
      Quem tem ouvidos ouça, disse o profeta. E, Ele não disse, mas digo eu, quem tem olhos veja.

(COLASANTI, Marina. In: PINTO, Manuel da Costa (Org.). Crônica brasileira contemporânea: antologia de crônicas. São Paulo: Moderna, 2005. Fragmento.)
Analise as transcrições textuais a seguir e o tipo de circunstância que elas expressam no texto. A indicação NÃO está correta em: 
Alternativas
Respostas
31: C
32: A
33: D
34: C
35: B