Questões de Vestibular de Literatura - Escolas Literárias
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Leia o poema de Manoel de Barros extraído do Livro das Ignorãças (1993):
“Ocupo muito de mim com o meu desconhecer./ Sou um sujeito letrado em dicionários./ Não tenho mais que 100 palavras./ Pelo menos uma vez por dia me vou no Morais ou no Viterbo. -/ A fim de consertar minha ignorãça,/ mas só acrescenta./ Despesas para minha erudição tiro nos almanaques:/ - Ser ou não ser, eis a questão./ Ou na porta dos cemitérios:/ - Lembra que és pó e que ao pó tu voltarás./ Ou no verso das folhinhas:/- Conhece-te a ti mesmo./ Ou na boca do povinho:/ - Coisa que não acaba no mundo é gente besta / e pau seco./ Etc / Etc / Etc / Maior que o infinito é a encomenda.”
Assinale a alternativa correta.
Leia o excerto a seguir, extraído do primeiro capítulo de A cidade e as serras, para responder a questão,
- Aqui tens tu, Zé Fernandes - começou Jacinto, encostado à janela do mirante -, a teoria que me governa, bem comprovada. Com estes olhos que recebemos da Madre natureza, lestos e sãos, nós podemos apenas distinguir além, através da Avenida, naquela loja, uma vidraça alumiada. Mais nada! Se eu porém aos meus olhos juntar os dois vidros simples dum binóculo de corridas, percebo, por trás da vidraça, presuntos, queijos, boiões de geleia e caixas de ameixa seca. Concluo portanto que é uma mercearia. Obtive uma noção: tenho sobre ti, que com os olhos desarmados vês só o luzir da vidraça, uma vantagem positiva. Se agora, em vez destes vidros simples, eu usasse os do meu telescópio, de composição mais científica, poderia avistar além, no planeta Marte, os mares, as neves, os canais, o recorte dos golfos, toda a geografia dum astro que circula a milhares de léguas dos Campos Elísios. É outra noção, e tremenda! Tens aqui pois o olho primitivo, o da Natureza, elevado pela Civilização à sua máxima potência de visão. E desde já, pelo lado do olho portanto, eu, civilizado, sou mais feliz que o incivilizado, porque descubro realidades do Universo que ele não suspeita e de que está privado. Aplica esta prova a todos os órgãos e compreenderás o meu princípio.
(Queirós, Eça de. A cidade e as serras. São Paulo: Ateliê, 2007, p. 63-64)
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo; diferença radical entre este livro e o Pentateuco. Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! (...) (ASSIS, Machado. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ateliê, 2001, p. 69)
Memórias póstumas de Brás Cubas, obra inaugural do Realismo no Brasil, apresenta vários procedimentos literários que configuram o estilo de Machado de Assis. Dentre esses procedimentos, a leitura dos primeiros parágrafos do romance já permite identificar