Questões de Vestibular
Sobre modernismo em literatura
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( ) A crônica constrói-se por meio da crítica bemhumorada do autor à corrupção generalizada da classe política. ( ) O autor explora, nesse texto, a linguagem típica da notícia de jornal para apresentar a realidade brasileira de forma caricaturesca. ( ) A profissão de Suzette na crônica é apresentada de modo direto, sem eufemismos. ( ) FHC, Lula e Palocci são personagens reais a partir dos quais a fé da Velhinha na política se consolida. ( ) Luís Fernando Veríssimo é um autor que, em seus textos, explora outros gêneros textuais, como a notícia, o conto, o diálogo, a poesia. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
Todas as alternativas apresentam afirmações corretas, EXCETO:
Quando o enterro passou Os homens que se achavam no café Tiraram o chapéu maquinalmente Saudavam o morto distraídos Estavam todos voltados para a vida Absortos na vida Confiantes na vida.
Um no entanto se descobriu num gesto largo e [demorado Olhando o esquife longamente Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem [finalidade Que a vida é traição E saudava a matéria que passava Liberta para sempre da alma extinta.
( ) Entre as duas estrofes do poema, há uma relação de oposição quanto a visões sobre a vida. ( ) O uso de elementos cotidianos, por trás dos quais há uma revelação, é típico em Manuel Bandeira. ( ) Apesar de ser construído por versos livres, o ritmo do poema torna-se mais rápido a partir da segunda estrofe. ( ) Pode-se inferir, a partir da leitura do poema, que o elemento primordial, na visão do eu lírico, é a alma, não o corpo. ( ) O poeta é um dos principais representantes da poesia da geração de 45, junto com João Cabral de Melo Neto. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
“E, páginas adiante, o padre se portou ainda mais
excelentemente, porque era mesmo uma brava criatura.
Tanto assim, que, na despedida, insistiu:
– Reze e trabalhe, fazendo de conta que esta vida é um
dia de capina com sol quente, que às vezes custa muito
a passar, mas sempre passa. E você ainda pode ter
muito pedaço bom de alegria... Cada um tem a sua
hora e a sua vez: você há de ter a sua.” [p. 356]
[...]
“Quando ficou bom para andar, escorando-se nas
muletas que o preto fabricara, já tinha os seus planos,
menos maus, cujo ponto de início consistia em ir para
longe, para o sitiozinho perdido no sertão mais longínquo
[...] que era agora a única coisa que possuía de seu.
Antes de partir, teve com o padre uma derradeira
conversa, muito edificante e vasta. E, junto com o casal
de pretos samaritanos, que, ao hábito de se desvelarem,
agora não o podiam deixar nem por nada, pegou chão,
sem paixão.
Largaram à noite, porque o começo da viagem teria de
ser uma verdadeira escapada. E, ao sair, Nhô Augusto
se ajoelhou, no meio da estrada, abriu os braços em
cruz, e jurou:
– Eu vou p’ra o céu, e vou mesmo, por bem ou por
mal!... E a minha vez a de chegar... P’ra o céu eu vou,
nem que seja a porrete!...
E os negros aplaudiram, e a turminha pegou o passo, a
caminho do sertão.” [p. 357-358]
[...]
“E o povo, enquanto isso, dizia: – ‘Foi Deus quem
mandou esse homem no jumento, por mór de salvar as
famílias da gente!...’” [p. 385]
“Mas Nhô Augusto tinha o rosto radiante, e falou:
– Perguntem quem é aí que algum dia já ouviu falar no
nome de Nhô Augusto Esteves, das Pindaíbas! [...]
Então, Augusto Matraga fechou um pouco os olhos,
com sorriso intenso nos lábios lambuzados de sangue,
e de seu rosto subia um sagaz contentamento. [...]
Depois, morreu.” [p. 386]
(ROSA, João Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro: Record, 1984)
“Apuram o passo, por entre campinas ricas, onde pastam ou ruminam outros mil e mais bois. Mas os vaqueiros não esmorecem nos eias e cantigas, porque a boiada ainda tem passagens inquietantes: alarga-se e recomprime-se, sem motivo, e mesmo dentro da multidão movediça há giros estranhos, que não os deslocamentos normais do gado em marcha – quando sempre alguns disputam a colocação na vanguarda, outros procuram o centro, e muitos se deixam levar, empurrados, sobrenadando quase, com os mais fracos rolando para os lados e os mais pesados tardando para trás, no coice da procissão. – Eh, boi lá! ... Eh-ê-ê-eh, boi! ... Tou! Tou! Tou... As ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros, batendo com as caudas, mugindo no meio, na massa embolada, com atritos de couros, estralos de guampas, estrondos e baques, e o berro queixoso do gado Junqueira, de chifres imensos, com muita tristeza, saudade dos campos, querência dos pastos de lá do sertão...
‘Um boi preto, um boi pintado, cada um tem sua cor. Cada coração um jeito de mostrar o seu amor.’ Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando... Dança doido, dá de duro, dá de dentro, dá direito... Vai, vem, volta, vem na vara, vai não volta, vai varando...”
(ROSA, João Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro: Record, 1984. p. 37)
Leia atentamente os poemas retirados da obra Muitas Vozes, de Ferreira Gullar, e em seguida assinale a alternativa CORRETA.
Texto 1
REDUNDÂNCIAS
Ter medo da morte
é coisa dos vivos
o morto está livre
de tudo o que é vida
Ter apego ao mundo
é coisa dos vivos
para o morto não há
(não houve)
raios rios risos
E ninguém vive a morte
quer morto quer vivo
mera noção que existe
só enquanto existo
Texto 2
LIÇÃO DE UM GATO SIAMÊS
Só agora sei
que existe a eternidade: é a duração
finita
da minha precariedade
O tempo fora
de mim
é relativo
mas não o tempo vivo:
esse é eterno
porque afetivo
— dura eternamente
enquanto vivo
E como não vivo
além do que vivo
não é
tempo relativo:
dura em si mesmo
eterno (e transitivo)
I. Os dois textos abordam temáticas centrais da obra “Muitas Vozes”, que são a finitude da vida e as constantes reflexões existenciais sobre o viver e o estar no mundo.
II. O texto 1 claramente trata da temática da morte, enquanto o texto 2 se opõe ao primeiro, introduzindo a figura religiosa da eternidade, a felicidade e o sentido da experiência humana.
III. O texto 1 reflete o interesse do eu lírico nas questões do pós-morte, evidenciando que o mistério da morte é maior que o entendimento humano e só podemos percebê-la a partir da fé religiosa.
IV. No texto 2, o eu lírico, com base na ironia, reflete sobre a ideia de eternidade, a qual nos apresenta na primeira estrofe como sendo a “duração finita da minha precariedade”.
V. No texto 1, temos a ideia de que a morte só interessa aos vivos, só amedronta os vivos, pois os mortos já estão livres dela.
Leia atentamente o trecho do romance São Bernardo, de Graciliano Ramos, em que o seu narrador Paulo Honório reflete sobre o casamento, e assinale a alternativa CORRETA.
“Amanheci um dia pensando em casar. Foi uma ideia que me veio sem que nenhum rabo-de-saia a provocasse. Não me ocupo com amores, devem ter notado, e sempre me pareceu que mulher é um bicho esquisito, difícil de governar.
A que eu conhecia era a Rosa do Marciano, muito ordinária. Havia conhecido também a Germana e outras
dessa laia. Por elas eu julgava todas. Não me sentia, pois, inclinado para nenhuma: o que sentia era
desejo de preparar um herdeiro para as terras de S. Bernardo.”
Leia atentamente o trecho do conto Felicidade Clandestina de Clarice Lispector, e assinale a alternativa CORRETA.
“Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas
depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais
indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns
instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade
sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar...
Havia orgulho e puder em mim. Eu era uma rainha delicada. ”
- A excelentíssima, declarou Seu Ribeiro, entende de escrituração.
Seu Ribeiro morava aqui, trabalhava comigo, mas não gostava de mim. Creio que não gostava de ninguém. Tudo nele se voltava para o lugarejo que se transformou em cidade e que tinha, há meio século, bolandeira, terços, candeias de azeite e adivinhações em noites de São João. Com mais de setenta anos, andava a pé, de preferência pelas veredas. E só falava ao telefone constrangido. Odiava a época em que vivia, mas tirava-se de dificuldades empregando uns modos cerimoniosos e expressões que hoje não se usam. O reduzido calor que ainda guardava servia para aquecer aqueles livros grossos, de cantos e lombadas de couro. Escrevia neles com amor lançamentos complicados, e gastava quinze minutos para abrir um título, em letras grandes e curvas, um pouco trêmulas, as iniciais cheias de enfeites.
- Entende muito, continuou. E embora eu não concorde integralmente com o método que preconiza, reconheço que poderá, querendo, encarregar-se da escrita.
- Obrigada.
- Não há de quê. A excelentíssima conhece a matéria e tem caligrafia. Eu sou uma ruína. Qualquer dia destes ...
- A excelentíssima, declarou Seu Ribeiro, entende de escrituração.
Seu Ribeiro morava aqui, trabalhava comigo, mas não gostava de mim. Creio que não gostava de ninguém. Tudo nele se voltava para o lugarejo que se transformou em cidade e que tinha, há meio século, bolandeira, terços, candeias de azeite e adivinhações em noites de São João. Com mais de setenta anos, andava a pé, de preferência pelas veredas. E só falava ao telefone constrangido. Odiava a época em que vivia, mas tirava-se de dificuldades empregando uns modos cerimoniosos e expressões que hoje não se usam. O reduzido calor que ainda guardava servia para aquecer aqueles livros grossos, de cantos e lombadas de couro. Escrevia neles com amor lançamentos complicados, e gastava quinze minutos para abrir um título, em letras grandes e curvas, um pouco trêmulas, as iniciais cheias de enfeites.
- Entende muito, continuou. E embora eu não concorde integralmente com o método que preconiza, reconheço que poderá, querendo, encarregar-se da escrita.
- Obrigada.
- Não há de quê. A excelentíssima conhece a matéria e tem caligrafia. Eu sou uma ruína. Qualquer dia destes ...
Considere as seguintes comparações:
A personagem seu Ribeiro, tal como aparece no texto, e a célebre personagem José Dias, de Dom Casmurro, de Machado de Assis,
I têm, ambas, a mania do superlativo, que empregam como modo de compensar imaginariamente a condição subalterna e a dificuldade para formar juízo autônomo;
II diferenciam-se, na medida em que seu Ribeiro é um empregado assalariado, ao passo que José Dias é um agregado e, como tal, inteiramente dependente do favor dos proprietários;
III valem-se igualmente da bajulação ou do elogio desprovido de fundamento real e de sinceridade, como meio de alcançar as boas graças dos proprietários.
Está correto o que se afirma em
Poema tirado de uma notícia de jornal
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da
[Babilônia num barracão sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
Manuel Bandeira. Libertinagem.
Considere as seguintes afirmações:
A filiação do poema à estética do Modernismo revela-se na
I escolha de assunto pertencente à esfera do cotidiano humilde e prosaico, em oposição ao Parnasianismo antecendente, que cultivava os temas ditos nobres, solenes e elevados.
II utilização de objeto ou texto já pronto ou constituído, alegadamente encontrado na realidade exterior, como base da composição poética.
III ruptura das fronteiras entre os gêneros literários tradicionais, que aparecem mesclados no texto.
Está correto o que se afirma em
Poema tirado de uma notícia de jornal
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da
[Babilônia num barracão sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
Manuel Bandeira. Libertinagem.
INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia o fragmento de um capítulo do romance Dois irmãos, de Milton Hatoum, e analise a pintura da artista brasileira Tarsila Amaral, intitulada “O porto”.
Quando Yaqub chegou do Líbano, o pai foi buscá-lo no Rio de Janeiro. O cais Pharoux estava apinhado de parentes de pracinhas e oficiais que regressavam da Itália. Bandeiras brasileiras enfeitavam o balcão e a varanda dos apartamentos da Glória, rojões espocavam o céu, e para onde o pai olhava havia sinais de vitória. Ele avistou o filho no portaló do navio que acabara de chegar de Marselha. Não era mais o menino, mas o rapaz que passara cinco anos dos seus dezoito anos no sul do Líbano. O andar era o mesmo: passos rápidos e firmes que davam ao corpo um senso de equilíbrio e uma rigidez impensável no andar do outro filho, o Caçula.
Com base no texto e/ou na figura, NÃO é correto afirmar:
INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia o fragmento do poema de Carlos Drummond de Andrade, intitulado “O homem: as viagens”.
Restam outros sistemas fora
do solar a col-
onizar.
Ao acabarem todos
só resta ao homem
(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
pôr o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de con-viver.
De acordo com a estrofe apresentada, pode-se afirmar:
( ) O tema da viagem, explorado no texto, refere-se menos a uma viagem física, realizada por espaços desconhecidos e inexplorados, e mais a uma viagem íntima, aquela que o homem realiza ao interior de sua própria subjetividade.
( ) O poema apresenta certo traço narrativo,
valendo-se de recursos da oralidade e da
desconstrução de palavras para reforçar a ideia
da viagem interior.
( ) O poema aborda a difícil viagem interior para destacar uma outra mais difícil: aquela em que o homem precisa aprender uma nova maneira de se relacionar com os outros homens.
( ) Os versos livres com que Carlos Drummond de Andrade compõe seu poema encontram-se também em outras obras do mesmo autor, como Cadeira de balanço e Libertinagem.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses,
de cima para baixo, é
INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia o trecho do diário de viagem de Mário de Andrade, retirado de O turista aprendiz.
“Durante esta viagem pela Amazônia, muito resolvido a... escrever um livro modernista, provavelmente mais resolvido a escrever que a viajar, tomei muitas notas como vai se ver. Notas rápidas, telegráficas muitas vezes. Algumas porém se alongaram mais pacientemente, sugeridas pelos descansos forçados do vaticano de fundo chato, vencendo difícil a torrente do rio. Mas quase tudo anotado sem nenhuma intenção da obra-de-arte, reservada pra elaborações futuras, nem com a menor intenção de dar a conhecer aos outros a terra viajada. E a elaboração definitiva nunca realizei. Fiz algumas tentativas, fiz. Mas parava logo no princípio, nem sabia bem porque, desagradado. Decerto já devia me desgostar naquele tempo o personalismo do que anotava. Se gostei e gozei muito pelo Amazonas, a verdade é que vivi metido comigo por todo esse caminho largo de água.”
Com base no excerto e em seu contexto, preencha os parênteses com V para verdadeiro ou F para falso.
( ) O diário de viagem é uma modalidade de narrativa que relata não só os acontecimentos transcorridos durante o percurso, mas também os sentimentos do sujeito viajante.
( ) As anotações do diário acompanhavam a rotina do barco: às vezes eram breves, outras mais longas em função das paradas e do movimento da embarcação nas águas do rio.
( ) O narrador se assume como um tipo especial de viajante porque não se integra à paisagem e ao ambiente da Amazônia, uma vez que a viagem que empreende é de ordem subjetiva.
( ) Mário de Andrade se identifica como um turista aprendiz porque fez muitas anotações, escreveu um livro sobre a viagem, corrigiu os originais e experimentou um personalismo exacerbado.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses,
de cima para baixo, é:
INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia o trecho extraído de “Maria-Fumaça”, de autoria de Mario Quintana, e analise as afirmativas que seguem.
“As lentas, poeirentas, deliciosas viagens nos trens antigos. As famílias (viajavam famílias inteiras) levavam galinhas com farofa em cestas de vime, que ofereciam, pois não, aos viajantes solitários.
E os viajantes solitários (e os meninos) ainda desciam nas estaçõezinhas pobres... Para os pastéis, os sonhos, as laranjas...
(...)
O mal dos aviões é que não se pode descer a toda hora para comprar laranjas.
Nesses aviões, vamos todos imóveis e empacotados como encomendas. Às vezes encomendas para a Eternidade...
Cruzes, poeta! Deixa-te de ideias funéreas e pensa nas aeromoças, arejadas e amáveis como anjos.
E “anjos”, aplicado a elas, não é exagero nenhum.
(...)
Entre a monotonia irreparável das nuvens, nada vemos da viagem. Isto é, não viajamos: chegamos.
Pobres turistas de aeroportos, damos a volta ao mundo sem nada ver do mundo.
I. Nesse texto, Mario Quintana retira a matéria para sua criação literária do tema da viagem, comparando diferentes modalidades de transporte e hábitos dos viajantes.
II. Valendo-se de uma linguagem simples, com frases irônicas e com humor, Mario Quintana reflete sobre a função da viagem e o seu significado para o viajante.
III. Para o poeta, viajar de avião não concretiza o verdadeiro prazer da viagem, que estaria mais no ato de ver, experimentar, conhecer, do que no percurso partida-chegada.
A(s) afirmativa(s) correta(s) é/são: