Questões de Vestibular
Sobre simbolismo em literatura
Foram encontradas 53 questões
Observe a imagem e leia o texto a seguir para responder à questão.
AMARAL, Tarsila do. Os operários, 1931. Disponível em: <http://www.arteeartistas.com.br/operarios-tarsila-do-amaral/>. Acesso em: 01 out. 2018.
Mulher proletária – única fábrica que o operário tem, (fabrica filhos)
tu
na tua superprodução de máquina humana
forneces anjos para o Senhor Jesus,
forneces braços para o senhor burguês.
Mulher proletária,
o operário, teu proprietário
há de ver, há de ver:
a tua produção ao contrário das máquinas burguesas
salvar o teu proprietário.
LIMA, Jorge de. Mulher proletária. In: Antologia poética. São Paulo: José Olympio, 1978, p. 21.
Observe a imagem e leia o fragmento a seguir para responder à questão.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.
Leia os versos de Camilo Pessanha para responder à questão.
De sob o cômoro1
quadrangular
Da terra fresca que me há-de inumar2
,
E depois de já muito ter chovido,
Quando a erva alastrar com o olvido3
,
Ainda, amigo, o mesmo meu olhar
Há-de ir humilde, atravessando o mar,
Envolver-te de preito4
enternecido,
Como o de um pobre cão agradecido.
(Clepsidra, 1987.)
1cômoro: elevação de terreno não muito alta.
2inumar: enterrar.
3olvido: esquecimento.
4preito: tributo, homenagem.
Leia os versos de Camilo Pessanha para responder à questão.
De sob o cômoro1
quadrangular
Da terra fresca que me há-de inumar2
,
E depois de já muito ter chovido,
Quando a erva alastrar com o olvido3
,
Ainda, amigo, o mesmo meu olhar
Há-de ir humilde, atravessando o mar,
Envolver-te de preito4
enternecido,
Como o de um pobre cão agradecido.
(Clepsidra, 1987.)
1cômoro: elevação de terreno não muito alta.
2inumar: enterrar.
3olvido: esquecimento.
4preito: tributo, homenagem.
Leia o seguinte poema de Cruz e Sousa.
Vida obscura
Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,
Ó ser humilde entre os humildes seres.
Embriagado, tonto dos prazeres,
O mundo para ti foi negro e duro.
Atravessaste num silêncio escuro
A vida presa a trágicos deveres
E chegaste ao saber de altos saberes
Tornando-te mais simples e mais puro.
Ninguém Te viu o sentimento inquieto,
Magoado, oculto e aterrador, secreto,
Que o coração te apunhalou no mundo.
Mas eu que sempre te segui os passos
Sei que cruz infernal prendeu-te os braços
E o teu suspiro como foi profundo!
SOUSA, João da Cruz e. Vida obscura. In: MOISÉS, Massaud. A literatura brasileira através dos textos. 21 ed. São Paulo: Cultrix, 2000. p. 314.
No final do século XIX, a arte simbolista surgiu, como uma proposta voltada para a hegemonia do sujeito e contrária à supremacia do materialismo.
Sabendo disso, assinale a alternativa que apresenta elementos simbolistas presentes no texto.
Assinale a alternativa que possui uma característica desse movimento artístico presente no poema.
“Nero, com o manto grego ondeado ao ombro, assoma Entre os libertos, e ébrio, engrinaldada a fronte, Lira em punho, celebra a destruição de Roma”.
“Ah! por estes sinfônicos ocasos A terra exala aromas de áureos vasos, Incensos de turíbulos divinos”.
Os ______ haviam “civilizado” a imagem do índio, injetando nele os padrões do cavalheirismo convencional. Os _________, ao contrário, procuraram nele e no negro o primitivismo, que injetaram nos padrões da civilização dominante como renovação e quebra das convenções acadêmicas.
(Antonio Candido. Iniciação à literatura brasileira, 2010. Adaptado.)
As lacunas do texto devem ser preenchidas, respectivamente, por
Considere o trecho da Obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, que se segue:
Virgília? Mas era a mesma senhora, que alguns anos depois...? (...) Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é um romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação. Era isto Virgília, e era clara, muito clara, faceira, ignorante, pueril, cheia de uns ímpetos misteriosos; muita preguiça e alguma devoção – devoção, ou talvez medo; creio que medo. (ASSIS, Machado, 1994, p. 55)
Com base na leitura do trecho, considerando a referida obra e o conhecimento sobre as escolas literárias, podemos afirmar que há uma crítica explícita à seguinte estética:
Texto II e III: base para a questão.
VASO GREGO
(Texto 2)
Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de ais deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que a suspendia
Então, e, ora repleta ora esvasada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada.
Depois...Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e de ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,
Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se fosse a voz de Anacreonte fosse.
(Alberto de Oliveira)
CÁRCERE DAS ALMAS
(Texto3)
Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.
Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo Espaço da Pureza.
Ó almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço atroz, funéreo!
Nesses silêncios solitários, graves,
Que chaveiro do Céu possui as chaves
Para abrir-vos as portas do Mistério?!
(Cruz e Souza)
Ao lermos o texto 3, percebemos diferenças e pontos de contato em relação ao texto 2, tanto na forma quanto no conteúdo. Isso se explicita, pois:
I - Em ambos se mantém uma estrutura poética formal em consonância com os modelos clássicos da literatura: versos decassílabos, rimas regulares, valorização de um estilo rebuscado sob os aspectos linguísticos.
II - Os pontos que diferem estão inseridos na temática.
III - No texto 2, a temática é calcada na observação pura e simples de um objeto de arte, o que provoca o distanciamento do eu-lírico para questões mais profundas da existência humana; no texto 3, tal fato não ocorre, pois nele o eu-lírico desnuda e se aprofunda em um dos grandes temas da humanidade: a vida e a morte.
A partir das assertivas acima, julgue-as e marque a alternativa correta.
Tal movimento não era apenas um movimento europeu
de caráter universal, conquistando uma nação após outra
e criando uma linguagem literária universal que, em última
análise, era tão inteligível na Rússia e na Polônia quanto na
Inglaterra e na França; ele também provou ser uma daquelas
correntes que, como o Classicismo da Renascença, subsistiu
como fator duradouro no desenvolvimento da arte. Na verdade, não existe produto da arte moderna, nenhum impulso emocional, nenhuma impressão ou estado de espírito do
homem moderno, que não deva sua sutileza e variedade à
sensibilidade que se desenvolveu a partir desse movimento.
Toda exuberância, anarquia e violência da arte moderna, seu
lirismo balbuciante, seu exibicionismo irrestrito e profuso, derivaram dele. E essa atitude subjetiva e egocêntrica tornou-se
de tal modo natural para nós, tão absolutamente inevitável,
que nos parece impossível reproduzir sequer uma sequência abstrata de pensamento sem fazer referência aos nossos
sentimentos.
(Arnold Hauser. História social da arte e da literatura, 1995. Adaptado.)
O texto refere-se ao movimento denominado
No bloco superior abaixo, estão listados os movimentos literários brasileiros; no inferior, características desses movimentos.
Associe adequadamente o bloco inferior ao superior.
1 - Arcadismo
2 - Parnasianismo
3 - Simbolismo
( ) Representa um afastamento dos problemas sociais brasileiros, seguindo uma estética rígida.
( ) Surge na periferia intelectual brasileira: Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
( ) Recupera o padrão estético clássico, fazendo ressurgir a epopeia.
( ) Busca transfigurar a condição humana, dando-lhe horizontes transcendentais.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
Texto 1
Os teus olhos espalham luz divina,
a quem a luz do sol em vão se atreve;
papoila ou rosa delicada e fina
te cobre as faces, que são cor da neve.
Os teus cabelos são uns fios d’ouro;
teu lindo corpo bálsamo vapora.
Ah! não, não fez o céu, gentil pastora,
para a glória de amor igual tesouro!
Graças, Marília bela,
graças à minha estrela!
(Tomás Antônio Gonzaga, Obras Completas)
Texto 2
Jerônimo levantou-se, quase que maquinalmente, e, seguido por Piedade, aproximou-se da grande roda que se formara em torno dos dois mulatos. Aí, de queixo grudado às costas das mãos contra uma cerca de jardim, permaneceu, sem tugir nem mugir, entregue de corpo e alma àquela cantiga sedutora e voluptuosa que o enleava e tolhia, como à robusta gameleira brava o cipó flexível, carinhoso e traiçoeiro.
E viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e braços nus, para dançar. A lua destoldara-se nesse momento, envolvendo-a na sua cama de prata, a cujo refulgir os meneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível, simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de serpente e muito de mulher.
(Aluísio Azevedo, O Cortiço, 1991)
Esse movimento descobriu algo que ainda não havia sido conhecido ou enfatizado antes: a “poesia pura”, a poesia que surge do espírito irracional, não conceitual da linguagem, oposto a toda interpretação lógica. Assim, a poesia nada mais é do que a expressão daquelas relações e correspondências, que a linguagem, abandonada a si mesma, cria entre o concreto e o abstrato, o material e o ideal, e entre as diferentes esferas dos sentidos.
Sendo a vida misteriosa e inexplicável, como pensavam os adeptos desse movimento, era natural que fosse representada de maneira imprecisa, vaga, nebulosa, ilógica e ininteligível.
(Afrânio Coutinho. Introdução à literatura no Brasil, 1976. Adaptado.)
O comentário do crítico Afrânio Coutinho refere-se ao movimento literário denominado
Podre meu Pai! A Morte o olhar lhe vidra. Em seus lábios que os meus lábios osculam Microrganismos fúnebres pululam Numa fermentação gorda de cidra.
Duras leis as que os homens e a hórrida hidra A uma só lei biológica vinculam, E a marcha das moléculas regulam, Com a invariabilidade da clepsidra!...
Podre meu Pai! E a mão que enchi de beijos Roída toda de bichos, como os queijos Sobre a mesa de orgíacos festins!...
Amo meu Pai na atômica desordem Entre as bocas necrófagas que o mordem E a terra infecta que lhe cobre os rins!
I. As estrofes que começam por “Podre meu Pai!” reiteram a ideia de que, por trás da Morte, há a presença de bichos e microrganismos cuja função é servir à lei biológica, que conduz todo ser vivo ao seu fim e à dissolução. II. O poema, por ser um soneto, contrasta com a produção de Augusto dos Anjos, em geral marcada pela presença de versos livres e pela renovação formal. III. O uso de vocabulário científico, transformado em linguagem poética pelo autor, é percebido na poesia de Augusto dos Anjos. A(s) afirmativa(s) correta(s) é/são