Questões de Vestibular
Sobre teoria literária em literatura
Foram encontradas 56 questões
Em HINO NACIONAL, identifica-se gradação no emprego das locuções verbais nas quais a forma verbal “precisamos” é seguida das formas de infinitivo “descobrir”, “colonizar”, “educar”, “louvar”, “adorar”, “esquecer”, entre as quais a que melhor corresponde ao sentimento nativista expresso no SONETO II é “esquecer”.
Considerando-se os dois poemas na perspectiva do sistema literário brasileiro, depreende-se que o texto de Drummond corresponde tanto à “posteridade” quanto à visão do país como “riquíssimo tesouro”, anunciadas no soneto de Cláudio Manuel da Costa.
Em SONETO II, manifesta-se o desejo do poeta de, pela literatura, resgatar o “pátrio Rio” do “sono vil do esquecimento frio”; em HINO NACIONAL, é formulada uma imagem semelhante - “O Brasil está dormindo, coitado” -, mas com sentido inteiramente diferente, evidenciado no verso “Precisamos, precisamos esquecer o Brasil!”.
As expressões “álamo copado”; “ninfa cantar”; “pastar o gado”, no SONETO II, bem como a proposta de assimilar “finas culturas”, abrir “dancings” e subvencionar “as elites”, em HINO NACIONAL, são índices poéticos que caracterizam a relação de dependência do país, no período colonial, com a metrópole e, no período de modernização do país no século XX, com o mercado internacional.
Embora sejam de períodos históricos diferentes, os dois poemas apresentam o mesmo elemento de crítica - um protesto contra a posição periférica do país na geopolítica mundial -, o que revela a ausência de mudança tanto da linguagem poética quanto dos problemas nacionais nos últimos dois séculos.
Os dois poemas têm uma dimensão épica, entretanto, no texto árcade, o caráter épico, embora crítico, é levado a sério, enquanto, no texto modernista, esse caráter é guiado por uma perspectiva satírica.
Assinale a opção correta no item, que é do tipo C.
Os dois textos poéticos em questão
C adotam como eixo compositivo a imagem pastoril, construída, no entanto, de forma inteiramente diversa em cada um deles.
O último verso de O pastor pianista expressa uma verdade da poesia que, até o momento, a mais alta tecnologia não pôde produzir: dar forma sensível, a partir da recriação da vida, ao “antigo clamor do homem” (terceiro verso da segunda estrofe).
jogos escolares desde as nove da manhã o time amarelo enfrenta o time vermelho. no teu tempo isso era educação física, podia ser também recreio. o telefone ainda não tocou, tudo na mesma, nenhum e-mail. a gritaria pela janela da cozinha informa a vitória do time amarelo. depois a casa se enche de silêncio. e você sente pena do time vermelho, mas é só mais tarde, depois do almoço, que se compadece também do amarelo.
FREITAS, Angélica. Canções de atormentar. São Paulo: Companhia das Letras, 2020. p. 59.
Sobre o poema em questão, assinale a alternativa INCORRETA:
Selva selvaggia
As palavras espiam como animais: umas, rajadas, sensuais, que nem panteras... outras, escuras, furtivas raposas... mas as mais belas palavras estão pousadas nas frondes mais altas, como pássaros... O poema está parado em meio da clareira.
O poema caiu na armadilha! debate-se e ora subdivide-se e entrechoca-se como esferas de vidro colorido ora é uma fórmula algébrica ora, como um sexo, palpita... Que importa que importa qual seja enfim o seu verdadeiro universo? Ele em breve será inteiramente devorado pelas palavras!
QUINTANA, M. Esconderijos do tempo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
Selva selvaggia exemplifica uma das características da poética de Mário Quintana:
“O estado para onde deslizava quando murmurava: eternidade.” / ”Aprofundava-se magicamente e alargava-se, sem propriamente um conteúdo e uma forma, mas sem dimensões também.”
Os trechos podem exemplificar a afirmação de críticos consagrados sobre uma das surpreendentes marcas estilísticas de Clarice Lispector. Essa característica se traduz como
Com base no seguinte excerto de Vidas Secas, assinale a alternativa correta.
[...]
Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.
Arrastaram-se para lá, devagar, sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.
Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.
[...]
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 144ª ed. Rio de Janeiro: Record,
2020.
Texto 3:Canção amiga
Eu preparo uma canção
Em que minha mãe se reconheça,
Todas as mães se reconheçam,
E que fale como dois olhos.
Caminho por uma rua
Que passa em muitos países.
Se não me veem, eu vejo
E saúdo velhos amigos.
Eu distribuo um segredo
Como quem ama ou sorri.
No jeito mais natural
Dois carinhos se procuram.
Minha vida, nossas vidas
Formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
E tornei outras mais belas.
Eu preparo uma canção
Que faça acordar os homens
E adormecer as crianças.
(DRUMMOND, Carlos. In: Novos Poemas)
Sobre a linguagem do poema,
nota-se que foi empregada com o
objetivo principal de:
Legado
Que lembrança darei ao país que me deu
tudo que lembro e sei, tudo quanto senti?
Na noite do sem-fim, breve o tempo esqueceu
minha incerta medalha, e a meu nome se ri.
E mereço esperar mais do que os outros, eu?
Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti.
Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu,
a vagar, taciturno, entre o talvez e o se.
Não deixarei de mim nenhum canto radioso,
uma voz matinal palpitando na bruma
e que arranque de alguém seu mais secreto espinho.
De tudo quanto foi meu passo caprichoso
na vida, restará, pois o resto se esfuma,
uma pedra que havia em meio do caminho.
Disponível em:<https://www.companhiadasletras.com.br/trechos/13225.pdf> . Acesso em: 20 ago. 2019.
Considerando-se a obra Claro Enigma, de Carlos Drummond de Andrade, no contexto histórico em que foi escrita, e o poema Legado, marque com V as afirmativas verdadeiras e com F, as demais.
( ) A obra Claro Enigma foi publicada durante o período da Guerra Fria, e alguns dos seus poemas fazem questionamentos sobre o futuro em tom pessimista.
( ) O poema Legado exemplifica uma fonte de inspiração comum aos poemas da obra Claro Enigma: foi inspirado pelas incertezas e angústias da época em que foram escritos.
( ) No poema Legado, pode-se constatar o tom melancólico do poeta.
( ) No poema Legado, fica claro que o sujeito poético passa de um estado contemplativo e melancólico para outro de renovação e de descoberta.
( ) No poema Legado, assim como na obra como um todo (Claro Enigma), o sujeito poético esboça um projeto de vida voltado para a superação da amargura e do sofrimento que o acompanharam durante toda a sua existência.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para
baixo, é a
Trecho 02 Lúcia saiu um instante e voltou. [...] o fato é que a aparição já desvanecida surgira de repente aos meus olhos. — Agora lembro-me! Estou vendo-a como a vi pela primeira vez! — Como daquela vez não me verá mais nunca! — O que lhe falta? — Falta o que o senhor pensava e não tornará a pensar! disse ela com a voz pungida por dor íntima! ALENCAR, José de. Senhora, São Paulo, FTD, 1991. p. 24.
Trecho 03 Quando porém os meus lábios se colaram na tez de cetim e meu peito estreitou as formas encantadoras que debuxavam a seda, pareceu-me que o sangue lhe refluía ao coração. As palpitações eram bruscas e precípites. Estava lívida e mais branca do que o alvo colarinho do seu roupão. ALENCAR, José de. Senhora, São Paulo, FTD, 1991. p. 25
Considerando-se os fragmentos destacados do romance Senhora e considerando-se a totalidade da obra, assinale o único item cujas afirmações não podem ser comprovadas com a leitura da obra.
Fragmento II Também não creias que fosse outrora rico e adúltero, aberto de mãos, quando vinha de dizer adeus às suas amigas. Ni cet excès d´honneur, nit cette indignité. Era um pobre diabo sem mais ofício que a devoção. ASSIS, Machado de. Esaú e Jacó, São Paulo, FTD, 2011. p. 21.
Observando os fragmentos (I e II) destacados do romance Esaú e Jacó e considerando a totalidade da obra, pode-se afirmar:
O lançamento da obra Quarto de despejo, em 1960, fez de Carolina de Jesus o maior sucesso editorial da história da literatura brasileira, com cerca de um milhão de cópias vendidas. A autora deixou registrado o seguinte depoimento:
“Enquanto escrevo vou pensando que resido num castelo cor de ouro que reluz na luz do sol. Que as janelas são de prata e as luzes de brilhantes. Que a minha vista circula no jardim e eu contemplo as flores de todas as qualidades.”(1976).
O depoimento de Carolina de Jesus atesta o seguinte sobre
sua relação com a vida e com a sua obra Quarto de despejo: