Questões de Vestibular de Literatura - Teoria Literária
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jogos escolares desde as nove da manhã o time amarelo enfrenta o time vermelho. no teu tempo isso era educação física, podia ser também recreio. o telefone ainda não tocou, tudo na mesma, nenhum e-mail. a gritaria pela janela da cozinha informa a vitória do time amarelo. depois a casa se enche de silêncio. e você sente pena do time vermelho, mas é só mais tarde, depois do almoço, que se compadece também do amarelo.
FREITAS, Angélica. Canções de atormentar. São Paulo: Companhia das Letras, 2020. p. 59.
Sobre o poema em questão, assinale a alternativa INCORRETA:
Selva selvaggia
As palavras espiam como animais: umas, rajadas, sensuais, que nem panteras... outras, escuras, furtivas raposas... mas as mais belas palavras estão pousadas nas frondes mais altas, como pássaros... O poema está parado em meio da clareira.
O poema caiu na armadilha! debate-se e ora subdivide-se e entrechoca-se como esferas de vidro colorido ora é uma fórmula algébrica ora, como um sexo, palpita... Que importa que importa qual seja enfim o seu verdadeiro universo? Ele em breve será inteiramente devorado pelas palavras!
QUINTANA, M. Esconderijos do tempo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
Selva selvaggia exemplifica uma das características da poética de Mário Quintana:
“O estado para onde deslizava quando murmurava: eternidade.” / ”Aprofundava-se magicamente e alargava-se, sem propriamente um conteúdo e uma forma, mas sem dimensões também.”
Os trechos podem exemplificar a afirmação de críticos consagrados sobre uma das surpreendentes marcas estilísticas de Clarice Lispector. Essa característica se traduz como
Com base no seguinte excerto de Vidas Secas, assinale a alternativa correta.
[...]
Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.
Arrastaram-se para lá, devagar, sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.
Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.
[...]
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 144ª ed. Rio de Janeiro: Record,
2020.