Questões de Vestibular de Português - Figuras de Linguagem
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A QUESTÃO REFERE-SE AO ROMANCE O MEU AMIGO PINTOR, DE LYGIA BOJUNGA (Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2015).
Levei um susto tão grande que a fala nem saiu logo. Ela disse:
– Ele se matou. E diz que quem se mata vai pro inferno.
(...)
Empurrei o diabo da garota longe e vim m’embora. (p. 21-23)
A passagem acima indica certa compreensão do suicídio, associada a algumas crenças. Em relação a tal compreensão, a alternância entre as palavras “inferno” e “diabo” nas falas dos personagens sugere uma crítica.
Essa crítica se constrói por meio da seguinte figura de linguagem:
[...] E os dois imigrantes, no silêncio dos caminhos, unidos enfim numa mesma comunhão de esperança e admiração, puseram-se a louvar a Terra de Canaã.
Eles disseram que ela era formosa com os seus trajes magníficos, vestida de sol, coberta com o manto do voluptuoso e infinito azul; que era amimada pelas coisas; sobre o seu colo águas dos rios fazem voltas e outras enlaçam-lhe a cintura desejada; [...]
Eles disseram que ela era opulenta, porque no seu bojo fantástico guarda a riqueza inumerável, o ouro puro e a pedra iluminada; porque os seus rebanhos fartam as suas nações e o fruto das suas árvores consola o amargor da existência; porque um só grão das suas areias fecundas fertilizaria o mundo inteiro e apagaria para sempre a miséria e a fome entre os homens. Oh! poderosa!...
Eles disseram que ela, amorosa, enfraquece o sol com as suas sombras; para o orvalho da noite fria tem o calor da pele aquecida, e os homens encontram nela, tão meiga e consoladora, o esquecimento instantâneo da agonia eterna...
Eles disseram que ela era feliz entre as outras, porque era a mãe abastada, a casa de ouro, a providência dos filhos despreocupados, que a não enjeitam por outra, não deixam as suas vestes protetoras e a recompensam com o gesto perpetuamente infantil e carinhoso, e cantam-lhe hinos saídos de um peito alegre...
Eles disseram que ela era generosa, porque distribui os seus dons preciosos aos que deles têm desejo; a sua porta não se fecha, as suas riquezas não têm dono; não é perturbada pela ambição e pelo orgulho; os seus olhos suaves e divinos não distinguem as separações miseráveis; o seu seio maternal se abre a todos como um farto e tépido agasalho... Oh! esperança nossa!
Eles disseram esses e outros louvores e caminharam dentro da luz...
ARANHA, G. (1868-1931). Canaã. 3 ed. São Paulo: Martins Claret, 2013.
A presença constante da repetição de termos e de expressões no início do parágrafo é conhecida como anáfora.
O uso da anáfora – Eles disseram – , no contexto, expressa tom
I. “Que a gente tá engolindo cada sapo no caminho” (linha 57-58) — METÁFORA II. “Meu caro amigo, eu quis até telefonar/ Mas a tarifa não tem graça” (linhas 52-53) — METONÍMIA III. “Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll/ Uns dias chove, noutros dias bate o sol” (linhas 32-33) — EUFEMISMO IV. “Mas o correio andou arisco” (linha 64) — CATACRESE
Estão corretas as classificações contidas em
Em relação a essa diversidade, na representação cultural de Moçambique, cada uma dessas mulheres pode ser compreendida pela seguinte figura de linguagem:
1. receita (linha 07)
2. rocha (linhas 12 e 25)
3. discussão (linha 13)
4. britadeira (linha 27)
5. vazio (linha 28) 6. frio (linha 32)
As palavras _________ têm sentido figurado no texto.
Leia
o quadrinho.
(Quino. Mafalda inédita, 1993.)
Acrítica que se depreende do quadrinho decorre do emprego de
“E aí aconteceu o imprevisto; num gesto aparentemente desesperado,
Clocky saltou pela amurada.” (l. 12-13)
No trecho, destaca-se a seguinte figura de linguagem:
O texto a seguir é referência para a questão.
(Peter Burke. Quando foi a globalização? In: O historiador como colunista: ensaios da Folha. RJ: Civilização Brasileira, 2009. Adaptado.)
Leia o poema a seguir para responder à questão:
Índia Velha
Índia Velha índia velha
se lembra do cheiro verde
na fonte limpa
onde se matava a sede
água boa de beber
índia velha
se lembra
do teu tempo de criança
tinha festa e tinha dança
pra chover.
índia velha
se lembra
do primeiro
do segundo
do terceiro branco
que chegou
se lembra?
se lembra
Quando tu andavas nua
olha a cor de teu vestido
encardido
quando andas pela rua.
se lembra!
se lembra de teus colares
teus amores a lua cheia
lençóis de flores na aldeia
se lembra?
índia velha
se lembra
dos pés pisando no mato
olha a cor de teu sapato
pisando asfalto e areia.
índia velha
se lembra
tantos brancos que
chegaram
tantos
que até perdestes as contas
e as contas de teus colares
hoje andas tonta nos bares
e é tão grande a dor que
sentes e que o amor de tua gente
foi junto ao rio
foi junto ao rio
por onde os brancos chegaram
se lembra?
se lembra?
(MARINHO, Emmanuel. Cantos de terra. Campo Grande: Letra Livre, 2016. A primeira edição foi publicada em 1981 [2]).
A Via Láctea
Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Mas não me diga isso
Hoje a tristeza não é passageira
Hoje fiquei com febre a tarde inteira
E quando chegar a noite
Cada estrela parecerá uma lágrima
Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza das coisas com humor
Mas não me diga isso
É só hoje e isso passa
Só me deixe aqui quieto isso passa
Amanhã é um outro dia, não é?
Eu nem sei porque me sinto assim
Vem de repente um anjo triste perto de mim
E essa febre que não passa
E meu sorriso sem graça
Não me dê atenção
Mas obrigado por pensar em mim
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Eu me sinto tão sozinho
Quando tudo está perdido
Não quero mais ser quem eu sou
Mas não me diga isso
Não me dê atenção
E obrigado por pensar em mim
(LEGIÃO URBANA. A tempestade ou O livro dos dias (álbum). Rio de Janeiro: EMI Music Ltda, 1996).
(Criaturas bizarras de outro planeta!: as aventuras de Calvin & Haroldo, 2011.)
No último quadrinho, o garoto Calvin faz uso do seguinte recurso expressivo: