Questões de Vestibular de Português - Figuras de Linguagem

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Q1676036 Português

Leia o fragmento abaixo e assinale a resposta CORRETA:


“Existe um povo que a bandeira empresta

P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria!...

Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,

Que impudente na gávea tripudia?

Silêncio. Musa... chora, e chora tanto

Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...

Auriverde pendão de minha terra,

Que a brisa do Brasil beija e balança,

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperança...

Tu que, da liberdade após a guerra,

Foste hasteado dos heróis na lança

Antes te houvessem roto na batalha,

Que servires a um povo de mortalha!...

(ALVES, Castro.[Trecho de] O navio negreiro.

Disponível em <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv 000068.pdf>.)

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Ano: 2021 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2021 - UPE - Vestibular - 2º Fase - 1º Dia |
Q1675817 Português

              Texto 2


IV


Era um sonho dantesco... o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho,

Em sangue a se banhar.

Tinir de ferros... estalar de açoite...

Legiões de homens negros como a noite,

Horrendos a dançar... 


Negras mulheres, suspendendo às tetas

Magras crianças, cujas bocas pretas

Rega o sangue das mães:

Outras, moças, mas nuas e espantadas,

No turbilhão de espectros arrastadas,

Em ânsia e mágoa vãs!


E ri-se a orquestra irônica, estridente...

E da ronda fantástica a serpente

Faz doudas espirais...

Se o velho arqueja, se no chão resvala,

Ouvem-se gritos... o chicote estala.

E voam mais e mais...


Presa nos elos de uma só cadeia,

A multidão faminta cambaleia,

E chora e dança ali!

Um de raiva delira, outro enlouquece,

Outro, que de martírios embrutece,

Cantando, geme e ri!


No entanto o capitão manda a manobra,

E após, fitando o céu que se desdobra,

Tão puro sobre o mar,

Diz do fumo entre os densos nevoeiros:

"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!

Fazei-os mais dançar!..."

 [...]


ALVES, Castro. O Navio Negreiro. Excertos. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000068.pdf Acesso em: 12 set. 2020.


Texto 3



Texto 4

PAI CONTRA MÃE
Machado de Assis

   A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de folha-de-flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dous para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. [...] Era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras. O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa também à direita ou à esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. [...]

ASSIS, Machado de. Pai contra mãe. Excertos. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/autores/11-textos-dos-autores/451-machado-de-assis-textos-selecionados Acesso em: 12/09/2020.

Texto 5 



Texto 6

   A onda de protestos após a morte de George Floyd por um policial de Mineápolis, nos Estados Unidos, fez a hashtag #BlackLivesMatter (Vidas Negras Importam, em tradução livre) ganhar manifestações nas ruas e nas redes sociais. Famosos e anônimos têm usado o termo nos últimos dias, no online e no offline, como forma de apoio ao movimento antirracista e para cobrar das autoridades que resguardem vidas negras.

   O Black Lives Matter, às vezes citado nos cartazes como BLM, é uma organização que nasceu em 2013 por três ativistas norte-americanas: Alicia Garza, da aliança nacional de trabalhadoras domésticas; Patrisse Cullors, da coalizão contra a violência policial em Los Angeles; e Opal Tometi, da aliança negra pela imigração justa. Hoje, é uma fundação global cuja missão é "erradicar a supremacia branca e construir poder local para intervir na violência infligida às comunidades negras" pelo Estado e pela polícia.

Disponível em: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2020/06/03/black-livesmatter-conheca-o-movimento-fundado-por-tresmulheres.htm?cmpid=copiaecola Acesso em: 12/09/2020.

Os textos poéticos são os mais ricos em recursos expressivos. Em O Navio Negreiro (Texto 2), magnífico exemplo desse princípio, Castro Alves lança mão de inúmeros recursos expressivos para obter determinados efeitos estéticos e discursivos. Acerca dos recursos expressivos empregados pelo poeta e dos efeitos pretendidos, analise as afirmativas a seguir.
1) O eufemismo "sonho dantesco" é usado a fim de preparar o expectador, com serenidade e delicadeza, para uma cena que se mostrará demasiado impactante. 2) Criando imagens fortes, como a hipérbole "(o tombadilho) em sangue a se banhar", o poeta procura provocar indignação e obter apoio e engajamento para a causa que defende. 3) Ao usar termos que remetem a cores (avermelha o brilho, homens negros, bocas pretas), sons (tinir, estalar, estridente) e movimentos (dançar, arrastadas, doudas espirais), o poeta leva o ouvinte/leitor a perceber a cena descrita em todo o seu horror. 4) Compondo cenas com homens e mulheres; mães, crianças e velhos, todos brutalizados, o poeta afeta os ouvintes/leitores nas suas características igualmente humanas e os convida a intervir na realidade social em que vivem.
Estão CORRETAS:
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Q1672510 Português

De maneira que, assim como a natureza faz de feras homens, matando e comendo, assim também a graça faz de feras homens, doutrinando e ensinando. Ensinastes o gentio bárbaro e rude, e que cuidais que faz aquela doutrina? Mata nele a fereza, e introduz a humanidade; mata a ignorância, e introduz o conhecimento; mata a bruteza, e introduz a razão; mata a infidelidade, e introduz a fé; e deste modo, por uma conversão admirável, o que era fera fica homem, o que era gentio fica cristão, o que era despojo do pecado fica membro de Cristo e de S. Pedro. […] Tende-os [os escravos], cristãos, e tende muitos, mas tende-os de modo que eles ajudem a levar a vossa alma ao céu, e vós as suas. Isto é o que vos desejo, isto é o que vos aconselho, isto é o que vos procuro, isto é o que vos peço por amor de Deus e por amor de vós, e o que quisera que leváreis deste sermão metido na alma.

(Antônio Vieira. “Sermão do Espírito Santo” (1657). http://tupi.fflch.usp.br.)


O Sermão do Espírito Santo foi pregado pelo Padre Antônio Vieira em São Luís do Maranhão, em 1657, e recorre

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Q1672495 Português

Para responder à questão, leia o trecho da peça A mais-valia vai acabar, seu Edgar, de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha. A peça foi encenada em 1960 na arena da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Brasil e promoveu um amplo debate. A mobilização resultante desse debate desencadeou a criação do Centro Popular de Cultura (CPC).


Coro dos desgraçados: Trabalhamos noite e dia, dia e noite sem parar! Então de nada precisamos, se só precisamos trabalhar! Há mil anos sem parar! Fizemos as correntes que nos botaram nos pés, fizemos a Bastilha onde fomos morar, fizemos os canhões que vão nos apontar. Há mil anos sem parar! Não mandamos, não fugimos, não cheiramos, não matamos, não fingimos, não coçamos, não corremos, não deitamos, não sentamos: trabalhamos. Há mil anos sem parar! Ninguém sabe nosso nome, não conhecemos a espuma do mar, somos tristes e cansados. Há mil anos sem parar! Eu nunca ri — eu nunca ri — sempre trabalhei. Eu faço charutos e fumo bitucas, eu faço tecidos e ando pelado, eu faço vestido pra mulher, e nunca vi mulher desvestida. Há mil anos sem parar! Maria esqueceu de mim e foi morar com seu Joaquim. Há mil anos sem parar!

(Apito longo. Um cartaz aparece:

“Dois minutos de descanso e lamba as unhas.”

Todos vão tentar sentar.

Menos o Desgraçado 4 que fica de pé furioso.)

Desgraçado 1: Ajuda-me aqui, Dois. Eu quero me dá uma sentadinha.

(Desgraçado 2 ri de tudo.)

Desgraçado 3: Senta. (Desgraçado 1 vai pôr a cabeça no chão.) De assim, não. Acho que não é com a cabeça não.

Desgraçado 1: Eu esqueci.

Desgraçado 3: A bunda, põe ela no chão. A perna é que eu não sei.

Desgraçado 2: A perna tira.

(Desgraçado 3 e Desgraçado 2

desistem de descobrir. Se atiram no chão.)

Desgraçado 1: A perna dobra! (Senta. Satisfeito.)

Desgraçado 2: Quero ver levantar.

(Todos olham para Desgraçado 4,

fazem sinais para que ele se sente.)

Desgraçado 4: Não! Chega pra mim! Eu só trabalho, trabalho, trabalho… (Perde o fôlego.)

Desgraçado 3: Eu te ajudo: trabalho, trabalho, trabalho...

Desgraçado 4: E tenho dois minutos de descanso? Nunca vi o sol, não tomei leite condensado, não canto na rua, esqueci do sentar, quando chega a hora de descansar, fico pensando na hora de trabalhar! Chega!

Slide: Quem canta seus males espanta.

Desgraçado 1: (cantando) A paga vem depois que a gente morre! Você vira um anjo todo branco, rindo sempre da brancura, bebe leite em teta de nuvem, não tem mais fome, não tem saudade, pinta o céu de cor de felicidade!

(Peças do CPC, 2016. Adaptado.)

Considerado no contexto, constitui exemplo de eufemismo o verbo sublinhado no trecho
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Ano: 2019 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2019 - IF-PE - Vestibular - Técnico PROEJA |
Q1643520 Português
Observando o uso de figuras de linguagem no TEXTO 2, analise as afirmativas abaixo como verdadeiras ou falsas. ( ) O termo “papel” é uma metáfora para “planeta”, na tirinha. ( ) Ao dizer “este é o meu planeta”, a criança cria um paradoxo, já que não existiria um mundo só de crianças. ( ) A tirinha trabalha com antíteses: tanto o tamanho do adulto e da criança quanto seus pontos de vista se chocam. ( ) A fala da criança “eu vi você deixar cair o papel” é um eufemismo para “eu vi você jogar lixo no chão”. ( ) O termo “Coroa” é utilizado como uma personificação, que atribui características humanas a objetos inanimados. A sequência CORRETA é
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Q1642827 Português
Leia a crônica a seguir, de Luis Fernando Veríssimo, e responda à questão:

Ser um tímido notório é uma contradição. O tímido tem horror a ser notado, quanto mais a ser notório. Se ficou notório por ser tímido, então tem que se explicar. Afinal, que retumbante timidez é essa, que atrai tanta atenção? Se ficou notório apesar de ser tímido, talvez estivesse se enganando junto com os outros e sua timidez seja apenas um estratagema para ser notado. Tão secreto que nem ele sabe. É como no paradoxo psicanalítico: só alguém que se acha muito superior procura o analista para tratar um complexo de inferioridade, porque só ele acha que se sentir inferior é doença.
Todo mundo é tímido, os que parecem mais tímidos são apenas os mais salientes. Defendo a tese de que ninguém é mais tímido do que o extrovertido. O extrovertido faz questão de chamar atenção para sua extroversão, assim ninguém descobre sua timidez. Já no notoriamente tímido a timidez que usa para disfarçar sua extroversão tem o tamanho de um carro alegórico. Daqueles que sempre quebram na concentração. Segundo minha tese, dentro de cada Elke Maravilha existe um tímido tentando se esconder e dentro de cada tímido existe um exibido gritando “Não me olhem! Não me olhem!”, só para chamar a atenção.
O tímido nunca tem a menor dúvida de que, quando entra numa sala, todas as atenções se voltam para ele e para sua timidez espetacular. Se cochicham, é sobre ele. Se riem, é dele. Mentalmente, o tímido nunca entra num lugar. Explode no lugar, mesmo que chegue com a maciez estudada de uma noviça. Para o tímido, não apenas todo mundo mas o próprio destino não pensa em outra coisa a não ser nele e no que pode fazer para embaraçá-lo.
O tímido vive acossado pela catástrofe possível. Vai tropeçar e cair e levar junto a anfitriã. Vai ser acusado do que não fez, vai descobrir que estava com a braguilha aberta o tempo todo. E tem certeza de que cedo ou tarde vai acontecer o que o tímido mais teme, o que tira o seu sono e apavora os seus dias: alguém vai lhe passar a palavra.
O tímido tenta se convencer de que só tem problemas com multidões, mas isto não é vantagem. Para o tímido, duas pessoas são uma multidão. Quando não consegue escapar e se vê diante de uma platéia, o tímido não pensa nos membros da platéia como indivíduos. Multiplica-os por quatro, pois cada indivíduo tem dois olhos e dois ouvidos. Quatro vias, portanto, para receber suas gafes. Não adianta pedir para a platéia fechar os olhos, ou tapar um olho e um ouvido para cortar o desconforto do tímido pela metade. Nada adianta. O tímido, em suma, é uma pessoa convencida de que é o centro do Universo, e que seu vexame ainda será lembrado quando as estrelas virarem pó.
VERISSIMO, Luis Fernando. Da Timidez. In: Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 111-112.
Acerca dos recursos linguístico-semânticos utilizados nos dois primeiros parágrafos da crônica, assinale a alternativa correta.
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Ano: 2020 Banca: UniREDENTOR Órgão: UniREDENTOR Prova: UniREDENTOR - 2020 - UniREDENTOR - Vestibular - Medicina - Vagas Remanescentes |
Q1406120 Português
Texto: Aos estudantes de Medicina

Na coluna de hoje vou resumir-lhes as lições mais importantes que aprendi em quarenta anos de atividade clínica. Na verdade, a ideia de reuni-las surgiu semanas atrás quando o diretor Wolf Maia me convidou para fazer uma pequena palestra para atrizes e atores que interpretavam papéis de estudantes de medicina numa cena da novela das nove. “Haverá uma classe com alunos e nenhuma dramaturgia, diga o que quiser”, propôs ele. Hesitei diante do convite inusitado, mas no fim achei que seria boa oportunidade para dizer aos alunos: 1- Tenham sempre em mente que encontrarão mais dificuldade para receber os cuidados de vocês justamente as pessoas que mais necessitarão deles. O médico deve lutar por condições dignas de trabalho e por remuneração condizente com as exigências do exercício profissional, mas sem esquecer de cobrar da sociedade o acesso universal dos brasileiros ao sistema de saúde. 2- É fundamental ouvir as queixas dos doentes. Sem ouvi-las com atenção, como descobrir o mal que os aflige? Embora as características do atendimento em ambulatórios, hospitais e unidades de saúde criem restrições de tempo, cabe a nós exigirmos para cada consulta a duração mínima que nos permita recolher as informações imprescindíveis. Com a prática vocês verão que ficará mais fácil, porque aprenderão a orientar o interrogatório, especialmente no caso de pessoas prolixas e pouco objetivas. O desconhecimento da história e da evolução da enfermidade é causa de erros graves. 3- Medicina se faz com as mãos. Os exames laboratoriais e as imagens radiológicas ajudam bastante, mas não substituem o exame físico. Esse ensinamento dos tempos de Hipócrates deve ser repetido à exaustão, porque a tendência do ensino nas faculdades tem sido a ênfase nos exames subsidiários em prejuízo da palpação, da ausculta e da observação atenta aos sinais que o corpo emite. Como consequência, cada vez são mais frequentes as queixas de que o médico pediu e analisou os exames e preencheu a prescrição sem chegar perto do doente. Não culpem a falta de tempo nem tenham preguiça, em cinco minutos é possível fazer um exame físico razoável. Tocar o corpo do outro faz parte dos fundamentos de nossa profissão. 4- Procurem colocar-se na pele da pessoa enferma. Quanto mais empatia houver, mais fácil será compreender suas angústias, seus desejos e seu modo de encarar a vida. Não cabe ao médico fazer julgamentos morais, impor soluções nem decidir por ela, mas orientá-la para encontrar o caminho que mais atenda suas necessidades. 5- Medicina é profissão para quem gosta muito. Exige do estudante bem mais do que as outras: são seis anos de graduação, dos quais os dois últimos dedicados ao internato, que não por acaso recebeu esse nome. Depois vem a residência, com três, quatro e até cinco anos de duração. O dia inteiro nos hospitais públicos, os plantões de vinte e quatro horas, as jornadas intermináveis. É a única profissão que obriga o trabalhador a cumprir horários que a abolição da escravatura eliminou. Por exemplo, trabalhar o dia inteiro, entrar no plantão noturno e emendar o expediente do dia seguinte; trinta e seis horas sem dormir. Existe outra categoria de profissionais em que essa prática desumana faça parte da rotina? Se o exercício da medicina já é árduo para os apaixonados por ela, é possível que se torne insuportável para os demais. Se vocês escolheram segui-la apenas em busca de reconhecimento social ou recompensa financeira, estão no caminho errado, existem opções menos sacrificadas e bem mais vantajosas. 6- Medicina é para quem pretende estudar a vida inteira. É para gente curiosa que tem fascínio pelo funcionamento corpo humano e quer aprender como ele reage nas diversas circunstâncias que se apresentam. O médico que não estuda é mais do que irresponsável, coloca em risco a vida alheia. 7- Finalmente, para que foi criada a medicina? Qual a função desse ofício que resiste à passagem dos séculos? Embora a arte de curar encante os jovens e encha de prazer os mais experientes, não é esse o papel mais importante do médico. É interminável a lista de doenças que não sabemos curar. A finalidade primordial de nossa profissão é aliviar o sofrimento humano. (Drauzio Varella é médico cancerologista e escritor. Foi um dos pioneiros no tratamento da aids no Brasil. Disponível em https://drauziovarella.uol.com.br/dra uzio/aos-estudantes-de-medicina/)
O texto apresenta algumas passagens em que a ironia, figura de estilo que expressa a intenção de criticar, é visível. Assinale a opção em que se encontra essa figura de estilo, considerando seu contexto de apresentação no texto.
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Ano: 2018 Banca: UECE-CEV Órgão: UECE Prova: UECE-CEV - 2018 - UECE - Vestibular - Língua Portuguesa |
Q1405722 Português

 

 

VERÍSSIMO, Luís Fernando. Exigências da vida

moderna. Disponível em:

http://www.refletirpararefletir.com.br/4-cronicas-de-luis-fernando-verissimo. Acesso: 22.06.2018.

Assinale a opção em que o trecho destacado da crônica NÃO corresponde à figura de linguagem indicada.
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Ano: 2018 Banca: UNICENTRO Órgão: UNICENTRO Prova: UNICENTRO - 2018 - UNICENTRO - Vestibular - PAC - 1ª Etapa |
Q1405662 Português
Assinale a alternativa em que não existe, em seu teor, ideia de paradoxo:
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Ano: 2018 Banca: UNICENTRO Órgão: UNICENTRO Prova: UNICENTRO - 2018 - UNICENTRO - Vestibular - PAC - 1ª Etapa |
Q1405659 Português

"Mar, belo mar selvagem

das nossas praias solitárias. Tigre

a que as brisas da terra o sono embalam

a que o vento do largo eriça o pelo.”

                                  (Vicente de Carvalho)



A palavra “Tigre”, em relação a ”mar selvagem”, representa uma imagem figurativa conhecida como

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Ano: 2017 Banca: UNICENTRO Órgão: UNICENTRO Prova: UNICENTRO - 2017 - UNICENTRO - Vestibular - PAC - 2ª Etapa |
Q1404140 Português
Leia o texto a seguir para responder a questão

      Um humano sai em busca de um mamute, persegue-o durante o dia, arma a emboscada e, depois de inúmeras tentativas, consegue matá-lo e abocanhar seu quinhão de carne.
      Em seguida, exausto, volta para casa com o firme propósito de deitar e rolar no tapete com o filho, contar historinhas repetitivas e ignorar a bronca merecida do pimpolho, pois, afinal, trata-se de um pai/mãe ausente o dia todo.
      Antes de dormir, ainda se verá no espelho com um olhar de feroz reprovação pela falta de tempo e de pique para a ginástica, para o sexo e para a vida social.
  Bem-vindo à geração cem por cento, que acredita que pode e deve dar conta de tudo e de fazer escolhas que não impliquem perdas.
      Uma aluna comentou esse fenômeno sabiamente: "Escolha sua perda!". Sim, é disso que se trata. Uma ínfima parcela da população pode se dar ao luxo de não ter que caçar seu mamute diariamente. Além disso, temos outras aspirações, que nos fazem mais do que caçadores, que nos fazem humanos.
  Ainda assim, somos assombrados pela ideia de que nossos filhos serão traumatizados pela nossa ausência. Aqui funciona a lógica de que pai e mãe são oxigênio, de que qualquer outro adulto cuidando deles será fatal. [...]
      Nossos filhos viverão em média 4 a 5 décadas mais do que nós -ou seja, os deixaremos órfãos, na melhor das hipóteses. Ausência fundamental que marca o sentido da parentalidade, pois acarreta criar sujeitos rumo à autonomia.
[...]
   Há, ainda, outras ausências, menos radicais do que a morte, com as quais devemos aprender a lidar. Ausentamonos trabalhando, amando outras pessoas, amando outras coisas e amando a nós mesmos. [...] Ninguém merece ser tudo para um pai ou uma mãe. Por outro lado, nenhum adulto merece criar uma criança sem ajuda, sem respiro, tendo que gostar de brincar por obrigação. [...]
      A tarefa parental é imensa e vitalícia. Será exercida por quem assumir essa responsabilidade radical, não cabendo aqui fazer diferença entre homens e mulheres, pais e mães. Quem tomar para si essa missão só poderá cumpri-la a partir de suas escolhas e consequentes perdas, sem fazer da parentalidade um poço de ressentimento e culpas, cuja conta quem paga são os filhos.
      Então, façamos a lição de casa. O que realmente é possível para cada família específica, para além de um mundo fantasioso no qual os pais se dedicariam integralmente aos filhos como se isso fosse bom para as crianças? Perguntemo-nos também o que é desejável para nós, pois a presença ressentida não passa desapercebida aos pequenos.
      Ao deixá-los com outros, sejam familiares ou profissionais, cabe assumir essa escolha, não valendo controlar à distância avós, babás e professores, o que é enlouquecedor. Enfim, escolha sua perda e aprenda a se ausentar.
(Folha de São Paulo, VERA IACONELLI, 10 set. 2017, com adaptações)
No trecho “Uma ínfima parcela da população pode se dar ao luxo de não ter que caçar seu mamute diariamente”, o termo em destaque, refere-se a
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Ano: 2017 Banca: UNICENTRO Órgão: UNICENTRO Prova: UNICENTRO - 2017 - UNICENTRO - Vestibular - PAC - 1ª Etapa |
Q1403826 Português

Leia o texto a seguir para responder a questão


O ambiente escolar é um excelente laboratório para a vida adulta de nossas crianças e adolescentes. Entre inúmeras virtudes, a escola desenvolve resiliência às frustrações e propicia a convivência com a diversidade, pois é um espaço de aprendizado e alegria.

Ademais, a escola tem legitimidade e autoridade intelectual e moral para ser um agente de transformação da comunidade na qual está inserida. Desgraçadamente, no entanto, não é isso que ocorre em uma boa parte de nossos estabelecimentos de ensino. Mesmo reconhecida por uma maioria como a “nova riqueza das nações”, a escola, no Brasil, tem sido exacerbadamente o espaço de frequentes agressões físicas e morais, muito acima da média mundial, como bem demonstram estatísticas comparativas internacionais.

Sem forças para reverter uma dura realidade boa parte de nossas escolas é um escoadouro das mazelas sociais e éticas. Destarte, vivenciam-se a violência física e o bullying, cuja frequência e intensidade indicam o quanto a escola está moralmente comprometida, como decorrência da falta de regras claras e de punição adequada, conflitos mal resolvidos e ausência de uma cultura mais humana no colégio ou em casa.

[...] Além disso, nos últimos anos temos passado por um agravamento de toda essa problemática, uma vez que o Brasil vivencia a imbricação de três graves crises: econômica, política e, a mais avassaladora delas, a crise moral. E, como professa Aristóteles, “o homem guiado pela ética é o melhor dos animais; quando sem ela, é o pior”.

Assim, quando os valores, virtudes, mérito, dedicação aos estudos e ao trabalho duro são relegados por uma boa parcela de nossos políticos e da população, cabe à pergunta: que força tem a escola para romper os grilhões de violências físicas e morais? Quando o entorno é conflagrado, a agressividade e a intimidação adentram as escolas – se não for pelas portas ou pelas janelas, será pelas frestas. E como estancar essa invasão indesejada e deletéria?[...] Um bom educador é comprometido com a sua comunidade escolar, pois ele carrega dentro de si a chama esplendorosa do entusiasmo em promover o ser humano nos espectros ético, cognitivo, social e espiritual. (Gazeta do Povo, Jacir J. Venturi, coordenador da Universidade Positivo, 10 set. 2017, com adaptações

As figuras de linguagem são importantes recursos expressivos recorridos pelo autor. No trecho: “Quando o entorno é conflagrado, a agressividade e a intimidação adentram as escolas – se não for pelas portas ou pelas janelas, será pelas frestas”. O termo em destaque pode ser considerado.
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Ano: 2016 Banca: UNICENTRO Órgão: UNICENTRO Prova: UNICENTRO - 2016 - UNICENTRO - Vestibular - PAC - 3ª Etapa |
Q1403478 Português

ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar,

1964. p. 70.

Sobre o poema, é correto afirmar:
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Ano: 2018 Banca: UNICENTRO Órgão: UNICENTRO Prova: UNICENTRO - 2018 - UNICENTRO - Vestibular - PAC - 2ª Etapa |
Q1403040 Português

Relacione as figuras de linguagem indicadas à direita com os seus respectivos exemplos, à esquerda, assinaladas com grifo.


1. Antítese

2. Antonomásia

3. Catacrese

4. Metáfora

5. Metonímia

6. Sinestesia


( ) Nascia o Sol, leão dourado, emoldurando a aurora.

( ) Vivemos um mundo de desencontros: uns caem, outros se levantam; uns creem em Deus, outros são ateus.

( ) O hóspede de Santa Helena se autonomeou Imperador da França.

( ) Ela, enfim, experimentou o doce e amargo de suas paixões.

( ) Só poderia estar muito alcoolizado para estacionar o carro na boca do Túnel Américo Simas.

( ) Os jovens devem ser orientados a ler Machado de Assis, um dos gênios da Literatura Universal. 



A alternativa correta, marcada de cima para baixo, é a


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Ano: 2019 Banca: UECE-CEV Órgão: UECE Prova: UECE-CEV - 2019 - UECE - Vestibular - Português 1° Dia |
Q1402741 Português
No poema O Açúcar, encontram-se figuras de linguagem como recursos que ampliam as possibilidades de construção do significado. Assim, relacionam-se, a seguir, trechos do poema a uma figura de linguagem. Considerando esse aspecto, atente para as seguintes afirmações:

I. Os versos “Vejo-o puro / e afável ao paladar / como beijo de moça, água / na pele, flor / que se dissolve na boca” (linhas 145-149) representam uma metáfora.
II. Os versos “Em usinas escuras, / homens de vida amarga / e dura / produziram este açúcar / branco e puro / com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.” (linhas 170-176) contêm antítese.
III. Os versos “Em lugares distantes, onde não há hospital / nem escola, / homens que não sabem ler e morrem de fome / aos 27 anos [...]” (linhas 163-167) apresentam eufemismo.

Estão corretas as assertivas contidas em
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Ano: 2016 Banca: UNICENTRO Órgão: UNICENTRO Prova: UNICENTRO - 2016 - UNICENTRO - Vestibular - PAC - 2ª Etapa |
Q1402585 Português

TEXTO I.


SEUS OLHOS

Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,

De vivo luzir,

São meigos infantes, gentis, engraçados

Brincando a sorrir.

                              [...].

Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,

assim é que são.

Às vezes luzindo, serenos, tranquilos,

Às vezes vulcão!


Às vezes oh! Sim, derramam tão fraco,

Tão frouxo brilhar,

Que a mim me parece que o ar lhe falece.

E os olhos tão meigos, que o pranto umedece

Me fazem chorar.”


Dias, Gonçalves. Seus olhos. Disponível em:

http://www.vidaempoesia.com.br/goncalvesdias.htm.

Acesso em: 22 set.2016. Adaptado.



TEXTO II.

O GONDOLEIRO DO AMOR

Teus olhos são negros, negros
Como as noites sem luar...
São ardentes, são profundos,
Como o negrume do mar;
                  [...]
Teu seio é vaga dourada
Ao tíbio clarão da lua,
Que, ao murmúrio das volúpias,
Arqueja, palpita nua;

Como é doce, em pensamento,
Do teu colo no langor
Vagar, naufragar, perder-se
O Gondoleiro do amor!?
                   [...]
Por isso eu te amo, querida,
Quer no prazer, quer na dor...
Rosa! Canto! Sombra! Estrela!
Do Gondoleiro do amor.

ALVES, Castro. In: Presença da Literatura Brasileira: D
Romantismo ao Simbolismo. 9. ed. São Paulo: DIFEL, 198 p. 60-2..
Adaptado.
A caracterização do amor e da amada, nos poemas I e II, comprova-se, respectivamente, com a utilização constante das figuras de linguagem denominadas de
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Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: FGV Prova: FGV - 2015 - FGV - Administração - Vestibular |
Q1401262 Português
Para responder à questão, leia o seguinte texto, em que a autora, colunista de gastronomia, recorda cenas de sua infância: 


Uma tia-avó 


    Fico abismada de ver de quanta coisa não me lembro. Aliás, não me lembro de nada.
    Por exemplo, as férias em que eu ia para uma cidade do interior de Minas, acho que nem cidade era, era uma rua, e passava por Belo Horizonte, onde tinha uma tia-avó. 
    Não poderia repetir o rosto dela, sei que muito magra, vestido até o chão, fantasma em cinzentos, levemente muda, deslizando por corredores de portas muito altas. 
    O clima da casa era de passado embrulhado em papel de seda amarfanhado, e posto no canto para que não se atrevesse a voltar à tona. Nem um riso, um barulho de copos tinindo. Quem estava ali sabia que quanto menos se mexesse menor o perigo de sofrer. Afinal o mundo era um vale de lágrimas. 
    A casa dava para a rua, não tinha jardim, a não ser que você se aventurasse a subir uma escada de cimento, lateral, que te levava aos jardins suspensos da Babilônia. 
    Nem precisava ser sensível para sentir a secura, a geometria esturricada dos canteiros sob o céu de anil de Minas. Nada, nem uma flor, só coisas que espetavam e buxinhos com formatos rígidos e duras palmas e os urubus rodando alto, em cima, esperando… O quê? Segredos enterrados, medo, sentia eu destrambelhando escada abaixo. 
    Na sala, uma cristaleira antiga com um cacho enorme de uvas enroladas em papel brilhante azul. 
    Para mim, pareciam uvas de chocolate, recheadas de bebida, mas não tinha coragem de pedir, estavam lá ano após ano, intocadas. A avó, baixinho, permitia, “Quer, pode pegar”, com voz neutra, mas eu declinava, doida de desejo. 
    Das comidas comuns da casa, não me lembro de uma couvinha que fosse, não me lembro de empregadas, cozinheiras, sala de jantar, nada. 
    Enfim, Belo Horizonte para mim era uma terra triste, de mulheres desesperadas e mudas enterradas no tempo, chocolates sedutores e proibidos. Só valia como passagem para a roça brilhante de sol que me esperava. 

Nina Horta, Folha de S. Paulo, 17/07/2013. Adaptado.
Embora tenha sido publicado em jornal, o texto contém recursos mais comuns na linguagem literária do que na jornalística. Exemplificam tais recursos a hipérbole e a metáfora, que ocorrem, respectivamente, nos seguintes trechos:
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Ano: 2017 Banca: FUVEST Órgão: FUVEST Prova: FUVEST - 2017 - FUVEST - Vestibular - Primeira Fase |
Q1401135 Português

 


 Guimarães Rosa, Sagarana.

No texto de Sarapalha, constitui exemplo de personificação o seguinte trecho:
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Ano: 2018 Banca: UNICENTRO Órgão: UNICENTRO Prova: UNICENTRO - 2018 - UNICENTRO - Vestibular - Português |
Q1399839 Português
Leia o texto a seguir e responda à questão:

Viver em cima do muro é prejudicial à saúde
Élida Ramirez
    Ocre. Sempre me incomodou essa cor. Sabe aquele marrom amarelado? O tal burro fugido? Exato isso! Quando vejo alguém com roupa ocre, tenho maior aflição. Certa feita, entrei em um consultório médico to-di-nho ocre. Paredes, chão, quadros. Tive uma gastura horrorosa. A sensação é que o ocre existe no dilema de não ser amarelo nem marrom. Invejando o viço das outras colorações definidas e nada fazendo para mudar sua tonalidade. Isso explica meu desconforto. O ocre, para mim, ultrapassa o sentido de cor. Ele dá o tom da existência do viver em cima do muro. E conviver com gente assim é um transtorno.
    É fato que a tal “modernidade líquida”, definida por Bauman, favorece o comportamento. Pensemos. Segundo o sociólogo, a globalização trouxe o encurtamento das distâncias, borrando fronteiras. E, ao reconfigurar esses limites geográficos, mudou a concepção de si do sujeito bem como sua relação com as instituições. Muito rapidamente houve um esfacelamento de estruturas rígidas como a família e o estado. Essa mudança do sólido para líquido detonou o processo de individualização generalizado no mundo ocidental reforçando o conceito de que “Nada é para durar” (Bauman). Então, desse jeito dá para ser mutante pleno nesse viver em cima do muro. Nem amarelo ou marrom. Ocre. Por isso, discursos ocos de pessoas com personalidades fluidas ganham espaço. E vão tomando a forma do ambiente, assim como a água. Uma fusão quase nebulosa que embaça o comprometimento.
    Nota-se ainda certo padrão do viver em cima do muro. Como uma receitinha básica. Vejam só: Misture meias palavras em um discurso politicamente correto. Inclua, com ar de respeito, a posição contrária. Cozinhe em banho-maria. Deixe descansar, para sempre, se puder. Se necessário, volte ao fogo brando. Não mexa mais. Sirva morno. Viu? Simples de fazer. Difícil é digerir.
    É porque, na prática, a legião de ocres causa a maior complicação. Quem vive do meio de campo, sem decidir sua cor publicamente, não tem o inconveniente de arcar com as escolhas. Quase nunca se tornará um desafeto. Fará pouco e, muitas vezes, será visto com um sujeito comedido. Quem não escolhe tem mais liberdade para mudar de ideia. Não fica preso ao dito anteriormente. Exatamente porque não disse nada. Não se comprometeu com nada. Apenas proferiu ideias genéricas e inconclusivas estando liberado para transitar por todos os lados, segundo sua necessidade. Ao estar em tudo não estando em nada, seja para evitar responsabilidades, não se expor à crítica ou fugir de polêmicas, o em cima do muro se esconde, sobrecarrega e expõe aqueles que bancam opiniões.
    Portanto, conviver com quem não toma posição, de forma crônica, atrasa a vida. Ao se esquivar de escolher, o indivíduo condena o outro a fazê-lo em seu lugar. Reconheço que, às vezes, a gente leva tempo para se decidir por algo. Todos temos medos que nos impedem de agir. Mas ouso dizer: nunca tomar partido nas situações é covardia. Parece, inclusive, que o viver em cima do muro é mais confortável que a situação do mau-caráter. É que o sacana, ao menos, se define. Embora atue na surdina, sua ação reflete um posicionamento. Já o indefinido, não. Ele vive na toada do alheio. E, curiosamente, também avacalha o próprio percurso por delegar ao outro a sua existência.
    Recorro outra vez a Bauman para esclarecer: “Escapar da incerteza é um ingrediente fundamental presumido, de todas e quaisquer imagens compósitas da felicidade genuína, adequada e total, sempre parece residir em algum lugar à frente”. Por isso, atenção! Viver em cima do muro é prejudicial à sua própria saúde. Facilita a queda e impede novos caminhos. Um deles, o da alegria de poder ser. Talvez seja isso a que Bauman se refere quando trata da fuga da incerteza para alcançar a felicidade genuína. E, pensando bem, desconheço imagem de alegria predominantemente ocre.
    
Texto adaptado e disponível em: https://www.revistabula.com/16514-viver-em-cima-do-muro-e-prejudicial-a-saude/. Acesso em 14 de ago. 2018.
Nas frases “É porque, na prática, a legião de ocres causa a maior complicação” e “ao estar em tudo não estando em nada”, as figuras de linguagem presentes, respectivamente, são:
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Q1399812 Português
Leia os minicontos, de Dalton Trevisan, para responder a QUESTÃO.
9 A menina ao pai divorciado: - Pai. Me diga, pai. - Sim, filhinha. - Você já tem namorada? - Não, ainda não. - Sabe, pai... - O que é? -...minha mãe está livre.
27 O casal divorciado assim que a filha nasceu. Aos três anos, ela passa férias com o pai, morando noutra cidade. De volta, com a mãe, folheia um álbum de fotos. - Olha só, mãe. Esse aqui com você... Gritinho de espanto: - Ei, você conhece meu pai!

Fonte: TREVISAN, Dalton. Pico na veia. Rio de Janeiro: Record, 2008, p. 13 e 34.



Considerando-se os dois minicontos, assinale a opção CORRETA.
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Respostas
41: B
42: D
43: C
44: E
45: D
46: D
47: E
48: D
49: D
50: C
51: D
52: C
53: D
54: C
55: A
56: A
57: B
58: B
59: D
60: C