Questões de Vestibular
Comentadas sobre figuras de linguagem em português
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(Edgar Morin, A religação dos saberes: o desafio do século XXI. Jornadas temáticas idealizadas e dirigidas por Edgar Morin. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil Ltda, 2012, p. 157.)
A expressão programa genético, mencionada no trecho anterior, é
(Carolina Maria de Jesus, Quarto de despejo. São Paulo: Ática, 2014, p. 43.)
O trecho anterior faz parte das considerações políticas que aparecem repetidamente em Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. Considerando o conjunto dessas observações, indique a alternativa que resume de modo adequado a posição da autora sobre a lógica política das eleições.
O conteúdo denotativo de uma palavra corresponde ao seu sentido usual, isto é, próprio, não figurado, não metafórico. Nessa perspectiva, o sentido dessa palavra é o mesmo para todos os membros de uma mesma comunidade linguística. “Uma palavra assim empregada é entendida independentemente de interpretações individuais, interpretações de natureza afetiva ou emocional. Se, no entanto, a significação de uma palavra não é a mesma para certa comunidade linguística; se a palavra não sugere ou evoca por associação outras ideias de ordem abstrata, de natureza afetiva ou emocional, então se diz que seu valor, i. e., seu sentido, é conotativo ou afetivo”.
(Othon Moacyr Garcia)
Leia com atenção os seguintes excertos:
1. “E lá ia ela remedando um pássaro que se dispõe a voar” (linhas 28-29);
2. “Luciana recusava as princesas e as estrelas. Seu Adão coçaria o pixaim, encolheria os ombros. Levá-la-ia para a gaiola. Mamãe recebê-la-ia zangadíssima” (linhas 133-136).
Compare as duas expressões destacadas nos excertos acima, e assinale com V o que for verdadeiro e com F o que for falso.
( ) Os dois enunciados constituem metáforas.
( ) O verbo remedar, da maneira como foi empregado no texto, equivale à partícula comparativa como.
( ) Deve-se considerar os dois enunciados como duas imagens independentes que fecham o sentido do conto.
( ) O primeiro enunciado, “E lá ia ela remedando um pássaro que se dispõe a voar” fala do desejo de liberdade que caracterizava Luciana.
( ) O segundo enunciado, “Levá-la-ia para a gaiola”, fecha a imagem iniciada pelo primeiro, exprimindo a recusa da satisfação desse desejo.
( ) O texto, como um único signo, isto é, um todo formado por significante (aspecto material e significado (representação mental) fecha-se com a legitimação da sujeição e com a não deslegitimação da liberdade.
Está correta, de cima para baixo, a seguinte sequência:
A QUESTÃO REFERE-SE À OBRA “O ALIENISTA”, DE MACHADO DE ASSIS.
A loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha perdida no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente. (capítulo IV)
Ao definir o campo de seu objeto de estudos, o alienista recorre à figura de linguagem
denominada:
“Escuso contar o que se passou depois. Quem não sabe a história simples e eterna de um amor inocente, que começa por um olhar, passa ao sorriso, chega ao aperto de mão às escondidas e acaba afinal por um beijo e por um sim, palavras sinônimas no dicionário do coração? ” (linhas 17-22)
O trecho sublinhado exemplifica a figura de
linguagem:
Leia o soneto “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia”, do poeta Gregório de Matos (1636-1696), para responder à questão.
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
(Poemas escolhidos, 2010.)
Sarapalha
– Ô calorão, Primo!... E que dor de cabeça excomungada!
– É um instantinho e passa... É só ter paciência....
– É... passa... passa... passa... Passam umas mulheres vestidas de cor de água, sem olhos na cara, para não terem de olhar a gente... Só ela é que não passa, Primo Argemiro!... E eu já estou cansado de procurar, no meio das outras... Não vem!... Foi, rio abaixo, com o outro... Foram p’r’os infernos!...
– Não foi, Primo Ribeiro. Não foram pelo rio... Foi trem-de-ferro que levou...
– Não foi no rio, eu sei... No rio ninguém não anda... Só a maleita é quem sobe e desce, olhando seus mosquitinhos e pondo neles a benção... Mas, na estória... Como é mesmo a estória, Primo? Como é?...
– O senhor bem que sabe, Primo... Tem paciência, que não é bom variar...
– Mas, a estória, Primo!... Como é?... Conta outra vez...
– O senhor já sabe as palavras todas de cabeça... “Foi o moço-bonito que apareceu, vestido com roupa de dia-de-domingo e com a viola enfeitada de fitas... E chamou a moça p’ra ir se fugir com ele”...
– Espera, Primo, elas estão passando... Vão umas atrás das outras... Cada qual mais bonita... Mas eu não quero, nenhuma!... Quero só ela... Luísa...
– Prima Luísa...
– Espera um pouco, deixa ver se eu vejo... Me ajuda, Primo! Me ajuda a ver...
– Não é nada, Primo Ribeiro... Deixa disso!
– Não é mesmo não...
– Pois então?!
– Conta o resto da estória!...
– ...“Então, a moça, que não sabia que o moço-bonito era o capeta, ajuntou suas roupinhas melhores numa trouxa, e foi com ele na canoa, descendo o rio...”
Guimarães Rosa, Sagarana.
A QUESTÃO REFERE-SE AO ROMANCE A HORA DA ESTRELA , DE CLARICE LISPECTOR.
Metonímia é a figura de linguagem em que a parte representa o todo, ou vice-versa.
No romance, a protagonista Macabéa constitui uma metonímia de todos os:
Leia o trecho extraído do artigo “Cosmologia, 100”, de Antonio Augusto Passos Videira e Cássio Leite Vieira, para responder à questão.
“Vou conduzir o leitor por uma estrada que eu mesmo percorri, árdua e sinuosa.” A frase – que tem algo da essência do hoje clássico A estrada não percorrida (1916), do poeta norte-americano Robert Frost (1874-1963) – está em um artigo científico publicado há cem anos, cujo teor constitui um marco histórico da civilização.
Pela primeira vez, cerca de 50 mil anos depois de o Homo sapiens deixar uma mão com tinta estampada em uma pedra, a humanidade era capaz de descrever matematicamente a maior estrutura conhecida: o Universo. A façanha intelectual levava as digitais de Albert Einstein (1879-1955).
Ao terminar aquele artigo de 1917, o físico de origem alemã escreveu a um colega dizendo que o que produzira o habilitaria a ser “internado em um hospício”. Mais tarde, referiu-se ao arcabouço teórico que havia construído como um “castelo alto no ar”.
O Universo que saltou dos cálculos de Einstein tinha três características básicas: era finito, sem fronteiras e estático – o derradeiro traço alimentaria debates e traria arrependimento a Einstein nas décadas seguintes.
Em “Considerações Cosmológicas na Teoria da Relatividade Geral”, publicado em fevereiro de 1917 nos Anais da Academia Real Prussiana de Ciências, o cientista construiu (de modo muito visual) seu castelo usando as ferramentas que ele havia forjado pouco antes: a teoria da relatividade geral, finalizada em 1915, esquema teórico já classificado como a maior contribuição intelectual de uma só pessoa à cultura humana.
Esse bloco matemático impenetrável (mesmo para físicos) nada mais é do que uma teoria que explica os fenômenos gravitacionais. Por exemplo, por que a Terra gira em torno do Sol ou por que um buraco negro devora avidamente luz e matéria.
Com a introdução da relatividade geral, a teoria da gravitação do físico britânico Isaac Newton (1642-1727) passou a ser um caso específico da primeira, para situações em que massas são bem menores do que as das estrelas e em que a velocidade dos corpos é muito inferior à da luz no vácuo (300 mil km/s).
Entre essas duas obras de respeito (de 1915 e de 1917), impressiona o fato de Einstein ter achado tempo para escrever uma pequena joia, “Teoria da Relatividade Especial e Geral”, na qual populariza suas duas teorias, incluindo a de 1905 (especial), na qual mostrara que, em certas condições, o espaço pode encurtar, e o tempo, dilatar.
Tamanho esforço intelectual e total entrega ao raciocínio cobraram seu pedágio: Einstein adoeceu, com problemas no fígado, icterícia e úlcera. Seguiu debilitado até o final daquela década.
Se deslocados de sua época, Einstein e sua cosmologia podem ser facilmente vistos como um ponto fora da reta. Porém, a historiadora da ciência britânica Patricia Fara lembra que aqueles eram tempos de “cosmologias”, de visões globais sobre temas científicos. Ela cita, por exemplo, a teoria da deriva dos continentes, do geólogo alemão Alfred Wegener (1880-1930), marcada por uma visão cosmológica da Terra.
Fara dá a entender que várias áreas da ciência, naquele início de século, passaram a olhar seus objetos de pesquisa por meio de um prisma mais amplo, buscando dados e hipóteses em outros campos do conhecimento.
(Folha de S.Paulo, 01.01.2017. Adaptado.)
Emprega-se a vírgula para indicar, às vezes, a elipse do verbo: “Ele sai agora: eu, logo mais.”
(Evanildo Bechara. Moderna gramática portuguesa, 2009. Adaptado.)
Verifica-se a ocorrência de vírgula para indicar a elipse do verbo no seguinte trecho:
TEXTO PARA A QUESTÃO
Texto 1
Pessoas habitadas
MEDEIROS, Martha. In: Org. e Int. SANTOS, Joaquim Ferreira dos. As Cem Melhores Crônicas Brasileiras. Objetiva, 324-325.