Questões de Vestibular de Português - Funções da Linguagem: emotiva, apelativa, referencial, metalinguística, fática e poética.

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Ano: 2011 Banca: VUNESP Órgão: UNESP Prova: VUNESP - 2011 - UNESP - Vestibular |
Q580916 Português
                                  Uma campanha alegre, IX
Há muitos anos que a política em Portugal apresenta este
singular estado:
Doze ou quinze homens, sempre os mesmos, alternadamente
possuem o Poder, perdem o Poder, reconquistam o Poder,
trocam o Poder... O Poder não sai duns certos grupos,
como uma pela* que quatro crianças, aos quatro cantos de
uma sala, atiram umas às outras, pelo ar, num rumor de risos.
Quando quatro ou cinco daqueles homens estão no Poder,
esses homens são, segundo a opinião, e os dizeres de todos os
outros que lá não estão — os corruptos, os esbanjadores da
Fazenda, a ruína do País!
Os outros, os que não estão no Poder, são, segundo a sua
própria opinião e os seus jornais — os verdadeiros liberais, os
salvadores da causa pública, os amigos do povo, e os interesses
do País.
Mas, coisa notável! — os cinco que estão no Poder fazem
tudo o que podem para continuar a ser os esbanjadores da
Fazenda e a ruína do País, durante o maior tempo possível! E
os que não estão no Poder movem-se, conspiram, cansam-se,
para deixar de ser o mais depressa que puderem — os verdadeiros
liberais, e os interesses do País!
Até que enfim caem os cinco do Poder, e os outros, os
verdadeiros liberais, entram triunfantemente na designação
herdada de esbanjadores da Fazenda e ruína do País; em tanto
que os que caíram do Poder se resignam, cheios de fel e de tédio
— a vir a ser os verdadeiros liberais e os interesses do País.
Ora como todos os ministros são tirados deste grupo de
doze ou quinze indivíduos, não há nenhum deles que não tenha
sido por seu turno esbanjador da Fazenda e ruína do País...
Não há nenhum que não tenha sido demitido, ou obrigado
a pedir a demissão, pelas acusações mais graves e pelas votações
mais hostis...
Não há nenhum que não tenha sido julgado incapaz de
dirigir as coisas públicas — pela Imprensa, pela palavra dos
oradores, pelas incriminações da opinião, pela afirmativa
constitucional do poder moderador...
E todavia serão estes doze ou quinze indivíduos os que
continuarão dirigindo o País, neste caminho em que ele vai,
feliz, abundante, rico, forte, coroado de rosas, e num chouto**
tão triunfante!
(*) Pela: bola.
(**) Chouto: trote miúdo.
                    (Eça de Queirós. Obras. Porto: Lello & Irmão-Editores, [s.d.].)
... cheios de fel e de tédio...
Nesta passagem do sexto parágrafo, o cronista se utiliza figuradamente da palavra fel para significar
Alternativas
Ano: 2010 Banca: VUNESP Órgão: UNESP Prova: VUNESP - 2010 - UNESP - Vestibular - Primeiro Semestre |
Q577793 Português
Instrução: A questão toma por base duas passagens do livro A linguagem harmônica da Bossa Nova, do docente e pesquisador da Unesp José Estevam Gava.

                                                                 Momento Bossa Nova

Nos anos 1940, o samba-canção já era uma alternativa para o samba tradicional, batucado, quadrado. Em sua gênese foram empregados recursos correntes na música erudita europeia e na música popular norte-americana. Já era algo mais sofisticado, praticado por compositores e arranjadores com maior preparo musical e sempre de ouvido aberto para as soluções propostas pela música estrangeira. O jazz, por exemplo, mais tarde permitiria fusões interessantes como o “samba-jazz” e o “samba moderno”, com arranjos grandiosos e com base nos instrumentos de sopro. Mas, em termos de poesia e expressividade, o samba-canção tendia a manter seu caráter escuro, sombrio, com muitos elementos que lembravam a atmosfera tensa e pessimista do tango argentino e do bolero, gêneros latinos por excelência.
O samba-canção esteve desde logo ambientado em Copacabana, lugar de vida noturna intensa, boates enfumaçadas, mulheres adultas e fatais envoltas num clima de pecado e traição, enquanto a Bossa Nova ambientou-se mais para o Sul, em Ipanema, além de tornar-se representativa de um público mais passou a ser a garota da praia, a namorada. Deu-se um descanso às imagens de “amante proibida e vingativa, com uma navalha na liga. E as letras da Bossa Nova não tinham nada de enfumaçado. Eram uma saga oceânica: a nado, numa prancha ou num barquinho, seus compositores prestaram todas as homenagens possíveis ao mar e ao verão. Esse mar e esse verão eram os de Ipanema” (Castro, 1999, p. 59).
A Bossa Nova levou aos extremos a tendência intimista de cantar sobre temas do cotidiano, sem muita complicação poética. Em vez da negatividade do samba-canção, explorou ao máximo a positividade expressiva e um otimismo sem precedentes. Esse foi o grande traço distintivo entre a Bossa Nova e o samba-canção. O otimismo diante do amor trouxe consigo imagens de paz e estabilidade possibilitadas por relacionamentos amorosos felizes e amores correspondidos, sem as cores patológicas e dramáticas que tanto marcavam os sambas-canções. Mesmo a dor, quando ocorria, era encarada como um estágio passageiro, deixando de assumir o antigo caráter terminal.
Em plenos anos 1950, quando nas rádios predominava o derramamento vocal e sentimental, Tom Jobim já buscava um retraimento expressivo pautado por um discurso poético/musical mais sereno, mais em tom de conversa do que de súplica. Se os mais jovens identificavam-se com essas coisas novas, os mais velhos e tradicionalistas viam-nas com estranheza, sendo compreensível que as descrevessem como canções bobas e ingênuas, não obstante a sofisticação harmônica e rítmica.

(José Estevam Gava. A linguagem harmônica da Bossa Nova.São Paulo: Editora Unesp, 2002.)

Seguindo as lições do fragmento apresentado sobre as características temáticas de cada gênero musical, aponte quais dos
quatro seguintes exemplos fazem parte de letras de sambas-canções.

I. Não falem dessa mulher perto de mim, / Não falem pra não me lembrar minha dor.
                                         (Cabelos brancos, de Marino Pinto e Herivelto Martins.)

II. Doce é sonhar / E pensar que você / Gosta de mim / Como eu de você.
                                                           (Este seu olhar, de A. C. Jobim.)

III. Eu não seria essa mulher que chora / Eu não teria perdido você.
                                                         (Castigo, de Dolores Duran.)

IV. Ah! se eu pudesse te mostrar as flores / Que cantam suas cores pra manhã que nasce.
                                          (Ah! se eu pudesse, de Roberto Menescal e Ronaldo Boscoli.)
A alternativa correta é:
Alternativas
Ano: 2010 Banca: VUNESP Órgão: UNESP Prova: VUNESP - 2010 - UNESP - Vestibular - Primeiro Semestre |
Q577792 Português
Instrução: A questão toma por base duas passagens do livro A linguagem harmônica da Bossa Nova, do docente e pesquisador da Unesp José Estevam Gava. 

                                                                 Momento Bossa Nova

Nos anos 1940, o samba-canção já era uma alternativa para o samba tradicional, batucado, quadrado. Em sua gênese foram empregados recursos correntes na música erudita europeia e na música popular norte-americana. Já era algo mais sofisticado, praticado por compositores e arranjadores com maior preparo musical e sempre de ouvido aberto para as soluções propostas pela música estrangeira. O jazz, por exemplo, mais tarde permitiria fusões interessantes como o “samba-jazz” e o “samba moderno”, com arranjos grandiosos e com base nos instrumentos de sopro. Mas, em termos de poesia e expressividade, o samba-canção tendia a manter seu caráter escuro, sombrio, com muitos elementos que lembravam a atmosfera tensa e pessimista do tango argentino e do bolero, gêneros latinos por excelência.
O samba-canção esteve desde logo ambientado em Copacabana, lugar de vida noturna intensa, boates enfumaçadas, mulheres adultas e fatais envoltas num clima de pecado e traição, enquanto a Bossa Nova ambientou-se mais para o Sul, em Ipanema, além de tornar-se representativa de um público mais jovem, amante do sol e da praia. Nesse ambiente solar, a mulher passou a ser a garota da praia, a namorada. Deu-se um descanso às imagens de “amante proibida e vingativa, com uma navalha na liga. E as letras da Bossa Nova não tinham nada de enfumaçado. Eram uma saga oceânica: a nado, numa prancha ou num barquinho, seus compositores prestaram todas as homenagens possíveis ao mar e ao verão. Esse mar e esse verão eram os de Ipanema” (Castro, 1999, p. 59).
A Bossa Nova levou aos extremos a tendência intimista de cantar sobre temas do cotidiano, sem muita complicação poética. Em vez da negatividade do samba-canção, explorou ao máximo a positividade expressiva e um otimismo sem precedentes. Esse foi o grande traço distintivo entre a Bossa Nova e o samba-canção. O otimismo diante do amor trouxe consigo imagens de paz e estabilidade possibilitadas por relacionamentos amorosos felizes e amores correspondidos, sem as cores patológicas e dramáticas que tanto marcavam os sambas-canções. Mesmo a dor, quando ocorria, era encarada como um estágio passageiro, deixando de assumir o antigo caráter terminal.
Em plenos anos 1950, quando nas rádios predominava o derramamento vocal e sentimental, Tom Jobim já buscava um retraimento expressivo pautado por um discurso poético/musical mais sereno, mais em tom de conversa do que de súplica. Se os mais jovens identificavam-se com essas coisas novas, os mais velhos e tradicionalistas viam-nas com estranheza, sendo compreensível que as descrevessem como canções bobas e ingênuas, não obstante a sofisticação harmônica e rítmica.

(José Estevam Gava. A linguagem harmônica da Bossa NovaSão Paulo: Editora Unesp, 2002.)
Segundo o texto, o principal traço distintivo da Bossa Nova com relação ao samba-canção foi:
Alternativas
Q527230 Português
Entre os vários fatores que diferenciam a espécie humana das outras espécies animais, está a linguagem, não a linguagem em si, se for considerado que outros animais também apresentam formas de comunicação, mas o que o homem pode fazer com a linguagem, a sua capacidade de transformar, de produzir, de criar e de ser diferente: o pensar sobre a linguagem.

Essa ideia encontra evidência no poema rabiscado de Valdelice Pinheiro:

Marque C, se a proposição é certo; E, se a proposição é errado.



Imagem associada para resolução da questão


Alternativas
Ano: 2013 Banca: SENAC-SP Órgão: SENAC-SP Prova: SENAC-SP - 2013 - SENAC-SP - Vestibular - Inglês |
Q524681 Português
                                                                   
                                                 CÓDIGOS E LINGUAGENS
Atenção: Para responder a questão, considere o texto abaixo.

            Em 1876, os Estados Unidos comemoraram o centenário de sua independência com um evento de encher os olhos. Realizada na Filadélfia, a “Exposição internacional de arte, manufatura e produtos do solo e das minas" ocupava uma área quase do tamanho do parque do Ibirapuera, em São Paulo.
             Nesse ambiente de excitação e curiosidade, o professor escocês Alexandre Graham Bell, de 29 anos, parecia deslocado.Seus primeiros dias na feira foram de desânimo e frustração. Ele trazia de Boston, cidade em que morava, uma engenhoca chamada de “novo aparato acionado pela voz humana". A organização da feira lhe destinara uma pequena mesa escondida no fundo de um corredor. Era um espaço fora do roteiro dos juízes encarregados de avaliar e premiar as invenções. Como se inscrevera na última hora, seu nome nem sequer aparecia na programação oficial.
             Tudo isso mudou devido a uma extraordinária coincidência. Em um final de tarde, uma voz fina e esganiçada chamou-lhe a atenção:
             − Mr. Graham Bell?
             Ao se virar, ele deparou-se com o imperador do Brasil, dom Pedro II. Os dois tinham se conhecido semanas antes, em Boston, onde Graham Bell criara uma escola para surdos-mudos.
            − O que o sr. está fazendo aqui? − perguntou dom Pedro.
            Graham Bell contou-lhe que acabara de patentear um mecanismo capaz de transmitir a voz humana. A cena que se seguiu é hoje parte dos grandes momentos da história da ciência. Escoltado pelo imperador do Brasil, por um batalhão de repórteres e pelos juízes, que, àquela altura, estavam por perto, Graham Bell pediu que dom Pedro II se postasse a cerca de cem metros e mantivesse junto aos ouvidos uma pequena concha metálica conectada a um fio de cobre. No extremo oposto da fiação, pronunciou as seguintes palavras, da peça Hamlet, de William Shakespeare:
             − To be or not to be (ser ou não ser).
             − Meu Deus, isso fala! Exclamou dom Pedro II.
             Mais tarde rebatizado como telefone, o aparato seria considerado um dos marcos do século XIX, chamado de “Século das luzes" devido às inovações científicas que mudaram radicalmente a vida das pessoas. Encomendado por dom Pedro II pessoalmente a Graham Bell, o telefone chegou ao Rio de Janeiro antes mesmo de ser adotado em alguns países europeus supostamente mais desenvolvidos do que o Brasil.
                           (Adaptado de Laurentino Gomes. 1889. São Paulo, Editora Globo, 2013, formato ebook)
O que o sr. está fazendo aqui? − perguntou dom Pedro.
Quanto às funções de linguagem, no segmento acima, predomina a função
Alternativas
Respostas
86: A
87: B
88: C
89: C
90: A